Rouge
Este livro é surpreendente. Entramos nele pé ante pé. Páginas depois, caminhamos, em breve, estugamos o passo e, um pouco mais à frente, corremos e continuamos a correr até ao fim. Chegamos ofegantes. Paramos. Um silêncio profundo nos avassala.
Li ou sonhei? Entendi o que li ou entendi-me no que li? Terminei o livro ou o livro terminou comigo? Em que momento me perdi ou me achei ou me achei ao perder-me?
É um livro culto.
É um hino à cultura e um constante apostrofar contra os cânones que a procuram conter. É um hino à liberdade que rompe com as liberdades autorizadas.
É um livro desestabilizador.
É um livro destemido. O fogo da denúncia é devastador.
É um livro corporal. Leva a língua portuguesa até aos limites da sua ductilidade, mas não faz disso um exercício hermético e muito menos etéreo.
É um livro apaixonante. A pura fruição da maestria no uso da língua.
Podemos aprender muito sobre o mundo com os livros. Os livros raros são aqueles com que aprendemos a ser. Este é um deles.
Boaventura de Sousa Santos
| Editora | Poética Edições |
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| Categorias | |
| Editora | Poética Edições |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Luís Filipe Sarmento |
Luís Filipe Sarmento nasceu a 12 de Outubro de 1956. Estudou Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Escritor, Tradutor, editor, realizador de cinema e vídeo, professor de escrita criativa, alguns dos seus textos encontram-se traduzidos em inglês, espanhol, francês, italiano, árabe, mandarim, japonês, romeno, macedónio, croata e russo. Produziu e realizou a primeira experiência de Videolivro feita em Portugal no programa Acontece para a RTP (Radiotelevisão Portuguesa), durante sete anos assim como para outros programas de televisão. É membro do International P.E.N. Club, da Associação Portuguesa de Escritores; do International Comite of World Congress of Poets; Foi coordenador Internacional da Organization Mondial de Poétes (1994-1995) e Presidente da Associação Ibero-Americana de Escritores (1999-2000). Tem participado em vários encontros, festivais e congressos internacionais. É autor de mais de duas dezenas de títulos, sendo a presente obra a terceira com a chancela da Poética.
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A Vida Social dos OcultistasA Vida Social dos Ocultistas é um romance, um grande romance, e impecavelmente bem escrito! Um romance que se «bebe de um trago», avidamente, que prende qualquer leitor à surpreendente última página! Pouco importa, o tempo e os espaços em que a acção se desenrola, já que tudo se torna acessório e quase se esvanece, face ao desenlace final. E entretanto?... Provocatório? Sem dúvida! Denunciante? Com certeza! Construtivo? Paradoxalmente, sim! O herói, anti-herói, viaja por entre os esotéricos labirintos dos meios «para-Maçónicos», «para-Cavaleirescos», «para-Templários»... «para-Quê»?... No fundo e apenas em busca da resposta à mais fundamental pergunta da nossa efémera existência: «Porquê?»... Porquê Eu? Porquê Deus? Porquê o Caos? Porquê... Tudo!?... A resposta terá o leitor de a dar, se puder, a si próprio... Pelo meio fica uma narrativa hilariante, mas por vezes profundamente filosófica, que fará soltar um grito de «herético!» a todos aqueles que «da floresta apenas distinguem a primeira árvore»... A todos aqueles que, como a hiena, não sabem sequer do que riem ou do que choram, esquecendo que se o Homem não é o único animal da Criação que ri é, com certeza, aquele que possui a divina dádiva de «rir de si próprio»! E quando perde essa faculdade deixa de poder ser reconhecido como tal entre os seus irmãos... -
KNKFinalmente, o tão aguardado novo livro de Luís Filipe Sarmento. Inscrito na História da melhor poesia portuguesa de todos os tempos, o autor de KNK apresenta-nos um itinerário ao (quase) insondável interior humano, partilhando com o leitor a angústia, o medo e a impotência perante os vários terrorismos da deriva neoliberal, ao mesmo tempo que inaugura - aliás como sempre - uma estética livre de qualquer contaminação, ao serviço da libertação, que viabiliza a liberdade e, com ela, o legítimo direito à criatividade, à diferença, à autonomia individual. Ler este livro é uma forma de ser premiado com a competência poética de quem já nos habituou a ler as mais belas imagens, chão agregador de sons tão límpidos quanto a utopia eternizante a que o livro nos convoca. -
Gabinete de CuriosidadesUma obra híbrida em três partes com Generalidades, 24 poemas; Hipermodernidades, 24 artigos ensaísticos e Raridades, ficção com 24 micro capítulos.«Não me acordes o mar, agora; gosto deste deserto e do seu sabor a chá; aqui, tão longe dos anúncios, dos néons, dos ecrãs; despida nas areias em diálogo abstracto com a pele, sem conversa e muitos assuntos que se desvanecem na volúpia das cortinas; não me acordes o mar, agora: deixa-me ver-te descontinuado; não busques marés, esperemos a noite e o infinito sem notícias de avalanches; quero-te, aqui, tépido e seco; sente só o prazer das mãos, o seu eco perdido como notícia sem desespero; estamos vivos e ocultos, distantes das intermitências metálicas e dos artifícios contemporâneos; liberta dos móveis e dos ícones sagrados; nada mais sagrado que esta ausência dos templos. Temo os conflitos do regresso.» (excerto) -
Ao RubroA CONSAGRAÇÃO DE UM AUTOR INCONTORNÁVEL A obra "Ao Rubro" reúne a poesia de Luís Filipe Sarmento publicada ao longo dos seus 45 anos de vida literária, e ainda a primeira parte da obra inédita "Rouge", a ser editada na íntegra em 2021.
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira