Tem de Ser Navegando a Longa Noite
Leitor, dá-me a tua mão
e caminhemos ambos
entre os destroços das palavras.
Só tendo-te a ti
posso ainda inventar as sílabas
correndo entre linhas de água
reclinemos a cabeça entre as páginas
e esperemos o instante inaugural
da linguagem.
| Editora | Editora Exclamação |
|---|---|
| Categorias | |
| Editora | Editora Exclamação |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Maria João Cantinho |
Maria João Cantinho nasceu em Lisboa, em 1963, e viveu a sua infância em Angola. Regressou em 1975 a Portugal e estudou na Universidade Nova de Lisboa, onde se licenciou em Filosofia e realizou uma dissertação de mestrado tendo-se doutorado em Filosofia Contemporânea.
Atualmente é professora no Ensino Secundário e Professora Auxiliar no IADE (Creative University of Lisbon), Membro integrado do Centro de Filosofia da Faculdade de Letras de Lisboa, Membro Associado do Collège d’Études Juives et de Philosophie Contemporaine. É também Membro da Direção do Pen Clube Português, da APE (Associação Portuguesa de Escritores) e da APCL (Associação Portuguesa de Críticos Literários). É colaboradora na Revista Colóquio Letras e em diversas revistas literárias e académicas e membro do Conselho Editorial do Caderno do Grupo de Estudos Walter Benjamin.
-
Walter Benjamin - Melancolia e RevoluçãoAs ideias iniciais que constituem o fermento messiânico do pensamento benjaminiano conhecem um inopinado desenvolvimento com contacto com as suas leituras do materialismo dialéctico. Se, a partir de 1924, a sua leitura de Luckàcs o impressiona particularmente, é pelo facto de Benjamin descobrir na luta de classes do materialismo dialéctico um tema de eleição e que exprime uma imagem de revolução. -
Asas de SaturnoA sua alma não conhecia sossego. À medida que o representava, procurando destruí-lo, erradicá-lo da sua imaginação e memória, parecia abrir-se, então, uma nova clareira, convocando uma infinidade de visões que se confundiam com as representações. Finalmente, entorpecido pelo cansaço e pelo delírio, Gabriel escreveu numa folha de papel: De espelho em espelho. -
A Dança da MetamorfoseCreio que a poesia brota de um estado de coalescência de dois tecidos momentaneamente em contacto – sujeito e mundo –, quando nesse súbito e mútuo sentimento de pertença se intenta uma soldadura. Neste processo, a linguagem é o palco onde se manifesta o modo vibratório que atrai a si as “partículas em suspensão” que aguardam o sinal que lhes desperte o eidos, fazendo-as sair do caos informe para a ordem que as re-significará. (...) Entre as coisas que me agrada neste livro, a primeira é que estabeleça uma linhagem clara, sem trunfos na manga: é muito nítido que Maria João Cantinho se escreve ao escrever sobre estes outros. Há algo de sacrificial neste exercício de sondar o pensamento como ausência de afirmação de si mesma, embora, esta dádiva pelos limites do figurável a re-configurem. (Do prefácio de António Cabrita) -
Escopro e Luz"Composto por cerca de cinco dezenas de poemas, Escopro Luz é o título da sua mais recente obra de poesia, o quinto livro de poesia, pressupondo naturalmente um percurso de escrita anterior, mas destacando-se por alguns novos rumos e uma nova respiração. A dupla imagem do título, aparentemente paradoxal, pode gerar no leitor a expectativa equívoca de verticalidade e de instrumento cortante de perfuração (da pedra ou dos ossos humanos), por um lado; e, por outro, da horizontalidade envolvente da luz que se demanda. Manejar o escopro sobre a pedra, como no trabalho criativo do ancestral Fídias, pode ser lido, metaforicamente, como forma equivalente do uso da pena sobre a matéria de si próprio? Ambos os actos inscrevem, ferem e esculpem determinado objecto, seja estátua de granito, seja corpo de carne viva, seja a lapidar construção da escrita, num exercício de recomposição, que evita o barroco e o supérfluo. (Anote-se que a imagem da pedra dura, do seu polimento ou de outras valências semânticas associadas, mostra-se bem relevante na poética do citado Paul Celan, exarado na epígrafe inicial). A dupla metáfora do título indiciará assim o movimento ambíguo que vai intropecção ou cirurgia nocturna, até ao desejado encontro da luz, o mesmo é dizer, do corte a uma nova claridade, numa renovada escultura do Eu ou do rosto, se assim Podemos falar. Podemos encontrar a imagem rica do escopro na poesia de autores tão diversos como António Gedeão, Vitorino Nemésio ou Murilo Mendes, entre outros. De comum, a relação do escopro coma (re)construção da obra, do corpo ou da existência, partindo das metáforas tão diversas como o escopro de vidro ou a pedra aparelhada, assim associados ao ser e ao tempo da luz da criação artística. Nesta escrita, e numa aproximação ainda exterior, o leitor depara-se igualmente, et pour cause, com alguns marcos intertextuais explícitos, sob a forma de citação, epígrafe, dedicatória e referência: Paul Celan, Hussein Hasbach, Paul Valéry, Ruy Belo, Thomas Mann, Marcel Proust. Estas e outras menções, mais ou menos implícitas, denunciam afinidades electivas e, consequentemente, possíveis caminhos de enriquecimento de sentido.” In prefácio de José Candido de Oliveira Martins
-
Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira