Uma Conspiracção Permanente Contra o Mundo - Reflexões Sobre Guy Debord e os Situacionistas
Em 2013, o Estado francês dedicou a Guy Debord uma grande exposição na Biblioteca Nacional, depois de ter adquirido os seus arquivos, declarando-os um «tesouro nacional» que «se reveste de uma grande importância para a história das ideias na segunda metade do século xx e para o conhecimento do trabalho, sempre controverso, de um dos maiores intelectuais desse período». Debord goza há vários anos de uma grande reputação no seio da «sociedade do espectáculo» e é citado por ministros e por outras personalidades que querem exprimir a sua preferência por um capitalismo «sólido». Mais do que nunca, impõe-se uma pergunta: ter-se-á conseguido recuperar Debord, neutralizá-lo e inseri-lo no circo mediático?
Uma Conspiração Permanente contra o Mundo é fruto de quase vinte anos de reflexão sobre a obra de Guy Debord e o percurso dos situacionistas. Reúne ensaios e artigos que aprofundam a popularidade recente do autor e a incongruência entre a atenção de que tem sido alvo pelos mass media e uma produção teórica que critica a sociedade do espectáculo. Estudo sobre o legado do situacionismo, acentua a especificidade de Debord, estabelecendo diversos paralelismos com o pensamento de Hannah Arendt e de Theodor W. Adorno.
| Editora | Antígona |
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| Editora | Antígona |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Anselm Jappe |
Anselm Jappe nasceu em 1962 na Alemanha, tendo feito os seus estudos em Itália e em França, e é professor em Itália. Ex-membro do Grupo Krisis, é um teorizador da nova crítica do valor e especialista em Guy Debord. A sua obra articula o pensamento da Escola de Frankfurt com a teoria situacionista e a crítica global da sociedade actual. É autor de As Aventuras da Mercadoria (2006), Guy Debord (2008), Sobre a Balsa da Medusa (2012), Conferências de Lisboa (2013) e Uma Conspiração Permanente contra o Mundo (2014).
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As Aventuras da Mercadoria - Para uma nova crítica do valorTornou-se banal dizer que o mundo não é uma mercadoria, que é imperativo repudiar a «mercantilização» da vida. No entanto, ninguém ousa abordar a questão central: de onde advém exactamente esta impostura, esta inversão da realidade geralmente atribuída ao dinheiro e ao consumo? Marx respondeu a esta questão há mais de um século: os seres humanos fetichizam o «valor», fabricam um conceito todo-poderoso, um novo deus que nada tem a ver com a realidade das suas vidas nem com as respectivas necessidades. Filósofo, Anselm Jappe vai às fontes originais recuperar o projecto de Marx e de vários autores que a ele se referem. Analisa os fenómenos recentes da globalização, das crises monetárias e da bolsa, enfim, da decadência social. Evidencia ainda os motivos por que nos tornámos afinal prisioneiros de falsos conceitos e por que somos continuamente alienados por esse soberano «valor mercantil», pouco abalado pelo advento do capitalismo. Com um discurso de grande profundidade, embora sempre acessível, Jappe apresenta os fundamentos para uma crítica contemporânea ao neoliberalismo. -
Guy DebordAssinalando os 40 anos do Maio de 68, a Antígona apresenta Guy Debord, um dos ideólogos dessa verdadeira revolução cujos textos estiveram na base das manifestações. Este livro traça um resumo da actividade pública de Guy Debord, entre o letrismo e a fundação da Internacional Situacionista, dos confrontos com Henri Lefebvre e Socialisme ou Barbarie ao Maio de 68, de A Sociedade do Espectáculo à filmografia. Acima de tudo, o livro parte da afirmação de Debord em que declara ter «escrito expressamente para abalar a sociedade espectacular» e procura determinar o lugar do autor no pensamento moderno: a recuperação de certos conceitos marxianos – os mais relevantes e os mais esquecidos –, o aproveitamento de Lukács, enfim, a sua real e sempre actual importância para a construção de uma teoria crítica. O êxito alcançado com Guy Debord superou todas as expectativas de Anselm Jappe (n.1962), também autor de As Aventuras da Mercadoria (Antígona, 2006). Está traduzido em cinco línguas e se as recensões encontraram nele algo a criticar foi em geral a simpatia considerada excessiva pelo seu objecto. -
Sobre a Balsa da Medusa - Ensaios Acerca da Decomposição do CapitalismoOs media e as instâncias oficiais estão a avisar nos: muito em breve, vai se desencadear uma nova crise financeira, e será pior que em 2008. Fala se abertamente das «catástrofes» e dos «desastres». Mas o que vai acontecer depois? Como serão as nossas vidas depois de um colapso em larga escala dos bancos e das finanças públicas? -
Conferências de LisboaAnselm Jappe esteve em Lisboa em Abril de 2013, a convite do Teatro Maria Matos, no âmbito do ciclo «Transição», tendo apresentado «Depois do Fim do Trabalho: Rumo a Uma Humanidade Supérflua». Na mesma ocasião, proferiu uma conferência sobre a Internacional Situacionista, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e foi entrevistado para o jornal Público por Alexandra Prado Coelho. Além destes textos com um contexto português, Conferências de Lisboa reúne também o artigo «Estarmos livres para a libertação» e uma entrevista ao autor por um colaborador da Antígona, aprofundando temas como a crítica do valor e a decomposição do capitalismo. -
A Sociedade Autofágica: capitalismo, desmesura e autodestruiçãoO mito grego de Erisícton, o rei ganancioso que, ao violar a natureza, foi amaldiçoado pelos deuses com um apetite insaciável e se devorou a si mesmo, é o ponto de partida deste livro e a prefiguração da sociedade actual.Ensaio sobre o narcisismo contemporâneo, os mecanismos autodestrutivos da nossa época e a sua relação com o neoliberalismo desenfreado, A Sociedade Autofágica traça o retrato de um mundo que, como Erisícton, parece devorar-se a si próprio. Em diálogo com a tradição psicanalítica e a sociologia, de Sigmund Freud a Erich Fromm e Christopher Lasch, e rejeitando as ilusões de um sujeito livre e autónomo, forjadas pelas Luzes, Anselm Jappe prossegue neste livro a sua reflexão sobre a crise do capitalismo (já encetada em As Aventuras da Mercadoria), que não só destrói o planeta, pela sua abordagem predatória, mas também a réstia de humanidade no novo homem descartável, revelando o advento de uma nova subjectividade e as coordenadas de uma significativa regressão antropológica. -
Betão - Arma de Construção Maciça do CapitalismoPartindo do episódio da queda da Ponte Morandi, em Génova, em 2018, como caso exemplar da obsolescência programada, Anselm Jappe desenvolve a premissa de que o betão — um dos materiais de construção mais utilizados no planeta, produzido em quantidades astronómicas e com irreversíveis consequências sanitárias e ambientais — encarna por excelência a lógica desmesurada, descartável e destrutiva do capitalismo. Ensaio que associa a crítica do valor à crítica da arquitectura e do urbanismo contemporâneos, rememorando o historial problemático deste material — das intenções dos seus entusiastas às reservas dos seus detractores, da sua expansão durante a Revolução Industrial ao declínio de técnicas sustentáveis e ancestrais —, Betão (2020) é um protesto contra a uniformização económica, social e estética do mundo, uma recusa da habitação como activo rentável e um alerta para as insidiosas leis da mercadoria e do crescimento infinito.
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.