Yoko Meshi
COM FOTOS DA AUTORA
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(...) E sentada à mesa de café, como se estivesse sentada à secretária da escola, o dono do café, dono de um corpo com excesso de peso, talvez os bolos, talvez o álcool, talvez o acumular dos anos, tem idade para ser meu avô, a propósito da galaktoboureko e do seu avô turco, ensina-me um provérbio turco, contado em inglês com sotaque grego, que reza assim: When a clown moves into a palace, he doesn’t become a king. The palace becames a circus.
O que me deixa a pensar que um palácio não é uma casa, é outra construção, é uma metáfora, e que se pudesse pedir, querer, queria um pátio, um pátio soalheiro, grego ou andaluz, com um limoeiro.
E claro que não saí do café sem saber a história deste avô turco, não passou de uma história de amor, curta no contar porém longeva, sem mais peripécias do que as geográficas, como se o amor fosse coisa de somenos.
(...)
p.235
| Editora | Poética Edições |
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| Categorias | |
| Editora | Poética Edições |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Raquel Serejo Martins |
Raquel Serejo Martins (Trás-os-Montes, 1974), Economista, com pós-graduações em Direito Penal e em Direito Administrativo, vegetariana, dançava flamenco agora estuda violoncelo, tem três gatos, vive em Lisboa. Todos os dias ouve uma canção do Sinatra, do Sabina ou do Buarque. Todos os dias lê pelo menos um poema. Tem em papel dois romances: A Solidão dos Inconstantes (2009) e Pretérito Perfeito (2013), cinco livros de poesia: Aves de Incêndio (2016), Subúrbios de Veneza (2017), Os Invencíveis (2018), Plantas de Interior (2019) e Silêncio Sálico (2020), e uma peça de de teatro: Preferia estar em Filadélfia (2019). Jáescreveu duas canções.
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Os InvencíveisOnde? Diz-me, onde me queres? De quatro num quarto de hotel? Nos quartos de Hotel nâo parecíamos nós, de férias, audazes como peixes... -
Plantas de InteriorSim, envelhecer deve ser isto, uma absoluta falta de paciência para histórias repetidas, mesmo se já só canto canções antigas. -
Preferia estar em FiladélfiaDois romances e quatro livros de poesia depois, Raquel Serejo Martins dá à estampa a sua primeira obra dramática. O texto é o resultado feliz de um desafio lançado à autora pela Associação Cultural Ninho de Víboras (Almada), que levará a peça à cena. A estreia está marcada para fevereiro. Entre a infância e a idade adulta. Entre os subúrbios e a cidade. Entre a pobreza e a prosperidade. Entre a intimidade e a distância. Entre a opacidade e a transparência. Entre o amor e a indiferença. Entre a inveja e o desprezo. Entre a fuga e o regresso. Entre um suicídio e um reencontro de amigos. Entre derrotas e vitórias. Entre desabafos, acusações e confidências. -
A Iguana ViúvaRaquel Serejo Martins vence 3ª Edição do Prémio Miguel Rovisco, com o texto “A Iguana viúva” Raquel Serejo Martins é a vencedora da 3º Edição do Prémio Miguel Rovisco – Novos Textos Teatrais, com o texto "A Iguana viúva", uma história sobre o amor entre pessoas do mesmo sexo.Do encanto ao amor, ao ódio, à resignação, à indiferença, a elasticidade dos sentimentos entre duas pessoas, é retratada na "A Iguana viúva", a obra que valeu o prémio à economista Raquel Serejo Martins, na 3ª Edição do Prémio Miguel Rovisco - Novos Textos Teatrais. Assim como uma iguana, o amor também pode mudar de cor. Os contratempos do princípio, as dúvidas e medos pessoais, o preconceito familiar e social são contados na primeira pessoa do singular, numa história de amor entre duas mulheres das quais, no fim, ninguém sabe os nomes, mas pode ser qualquer pessoa.Cláudia Lucas Chéu, membro do júri desta edição e que será a responsável pela encenação da obra, defende que a escolha se deveu essencialmente à qualidade literária e dramatúrgica do texto, destacando-se a autora dos demais candidatos e candidatas. A autora aborda de forma poética e narrativamente sustentada a relação amorosa entre duas mulheres, focando-se na temática do amor e da perda, tratando "o amor entre pessoas do mesmo sexo de uma forma interessante, simples e comovente."Para além de economista, com pós-graduações em Direito Penal Económico e Europeu e em Estudos Jurídicos Avançados, e ainda Inspetora Tributária, Raquel Serejo Martins está fortemente ligada ao mundo da escrita, com os romances, “A Solidão dos Inconstantes” (2009) e “Pretérito Perfeito” (2013), cinco livros de poesia, “Aves de incêndio” (2016), “Subúrbios de Veneza” (2017), “Os invencíveis” (2018), “Plantas de interior” (2019), “Silêncio sálico” (2020) e ainda a peça de teatro “Preferia estar em Filadélfia” (2019). O prémio, atribuído anualmente, e que foi criado como incentivo à escrita de textos originais em língua portuguesa, na área do Teatro, contou com 74 textos, que foram apreciadas por um júri constituído por Diogo Infante, Cláudia Lucas Chéu, e Maria Carneiro.O Prémio Miguel Rovisco – Novos Textos Teatrais, atribuído a autores de textos inéditos, tem um valor pecuniário de 2.500.00€, pressupõe a edição em livro, e ainda a apresentação do espetáculo no Teatro da Trindade INATEL. -
Silêncio SálicoSe o coração pensasse, parava de bater-me. Um livro que é uma soma de silêncios. -
Subúrbios de VenezaUma definição? Sou coisa de difícil explicação. Um gosto e um desgosto? Talvez por ser trasmontana, possível porquê, gosto do Inverno, a lenha a crepitar na lareira, a água a apitar na chaleira, o chá a fumegar na chávena, o aconchego dos gatos, os cachecóis, os gorros. E não, não gosto do Inverno, o frio, a chuva, os ossos, apesar de, na minha balança pesam toneladas, em bicos de pés fingindo leveza, irreprimíveis, saudades da neve e das amendoeiras em flor. As saudades da neve afogo-as no mar e porque pesadas vão ao fundo num ápice, das amendoeiras levo-as a dançar com os jacarandás.Viste? Não, não vi. Pois é! Da música, o samba, o jazz, a ópera, o fado, a clássica, que o mesmo é dizer, a Elza, a Elis, a Holly Cole, a Callas, o Camané, o Bach, o Bomtempo, o Schubert, o Gershwin e sempre o meu Buarque e o meu Sabina.Dos pássaros, andorinhas, gaivotas e corvos. Da dança o flamenco e a Bausch. Da arquitetura o Siza, o Corbusier, o Niemeyer, o Mies. Da pintura a Rego, o Pomar, o Amadeo, o Manta, os impressionistas em que Caillebotte o preferido, e, no talento e no afeto, a Ana Cristina Dias.Da fotografia o Capa, o Castello-Lopes, a Cunningham, o Gageiro, o Korda, só na secção a preto e branco.Do cinema, os realizadores, os atores, tantos que vou dizer nome nenhum. Dos livros, percebo que com o tempo construí uma geografia óbvia, os latinos, os mediterrânicos, os sul americanos e a somar os russos. Um desgosto, mousse de chocolate, gostava muito, deixei de gostar. Um desgosto a sério, a morte do meu pai. -
Requiem por IsabelTEXTO VENCEDOR DA 5ª EDIÇÃO DO PRÉMIO MIGUEL ROVISCO – NOVOS TEXTOS TEATRAIS Em cena no Teatro da Trindade a partir de 16 de novembro * Lucrécia foi a atriz mais famosa e requisitada do seu tempo. Este já não é o seu tempo. A debater-se com a decrepitude física e financeira, foi obrigada a mudar-se para um apartamento nos subúrbios da cidade. Isabel foi professora de português, reformada e viúva, mora desde sempre no prédio onde, há um ano, Lucrécia inaugurou residência. Esta é a história de um dia na vida destas mulheres sujeitas a conviver no presente, duas mulheres com passados nos antípodas uma da outra, duas mulheres aparentemente sem nada em comum. É a história de um dia quotidiano na velhice, ou a história de duas vidas, ou a história de uma amizade improvável.
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».