A Diáspora da Palavra - Obras de Autores Portugueses Impressas fora de Portugal, 1521-1550. Guia da exposição
O recurso à imprensa escrita, especializada ou generalista, como fonte primária tem-se revelado um recurso fundamental para os estudos musicológicos, quer como veículo de informação sobre diferentes domínios da vida musical de múltiplas comunidades em distintos âmbitos cronológicos e geográficos, quer como um elemento-chave a ter em conta na análise das representações sociais e culturais da música e na mediação entre os elementos que interagem na prática musical. O presente volume, coordenado por Cristina Fernandes e Miguel Ángel Aguilar Rancel, é constituído por uma seleção de artigos da autoria de investigadores portugueses e espanhóis, resultantes de comunicações apresentadas no congresso internacional A Imprensa como Fonte para a História da Interpretação Musical, organizado pelo grupo de trabalho Música y Prensa da Sedem – Sociedade Espanhola de Musicologia e pelo grupo de investigação Estudos Históricos e Culturais em Música do INET-md (NOVA FCSH) e acolhido pela Biblioteca Nacional de Portugal. Com um enfoque privilegiado nos discursos sobre a interpretação musical, sem prejuízo de outras abordagens complementares, parte de uma grande variedade de material fornecido pela imprensa periódica do século XIX e das primeiras décadas do século XX (críticas, notícias, anúncios, programas de concertos, ensaios, fotografias, caricaturas, partituras) para tratar temáticas tão diversas como a figura do virtuoso, o músico como celebridade, o corpo do intérprete e as questões de género, programação, repertórios e correntes interpretativas, as relações entre profissionais e diletantes, perfis críticos e a imprensa como difusora de material destinado à prática musical propriamente dita.
| Editora | Biblioteca Nacional |
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| Coleção | Catálogos |
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| Editora | Biblioteca Nacional |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | João José Alves Dias |
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Horas de Nossa Senhora/Rezar em PortuguêsApresentar uma edição fac-similada de um Livro de Horas cujo original não é nem um manuscrito iluminado nem em latim pode parecer estranho. Na verdade trata-se de um livro impresso, mas com uma particularidade singular. É composto em português, impresso em Paris, em 1500/1501, e o único exemplar conhecido encontra-se na Biblioteca do Congresso, em Washington. É tão raro como um manuscrito. Trata-se das Horas de nossa Senhora segundo costume Romano. com as horas do spirito sancto . e da cruz e dos finados . e sete psalmos . e oraçam de sam lyom papa . e oraçam da empardeada . e com outras muytas e deuotas oraçoões. A sua singularidade e raridade deve-se, por um lado, à sua natureza que motivava um uso e manejo quotidiano o que lhe provocava fragilidade e, por outro, ao seu conteúdo dado incluir os conjuros chamados Oração de São Leão Papa [p. 200-221] e Oração da Emparedada [p. 222-239], a Oração de Nosso Senhor Jesus Cristo (Juste judex) [p. 177-179], antífona e oração de São Cristóvão [p. 192-194] e «indulgências fingidas» [p. 173] dos Papas João XXII e Inocêncio III, todos proibidos pela Inquisição do século XVI. -
1910 - O Ano da RepúblicaCatálogo da exposição evocativa do centenário da implantação da República em Portugal, procura representar uma dupla perspectiva histórica dos acontecimentos mais próximos do processo de construção republicana da sociedade portuguesa. Por um lado, a narrativa de tais acontecimentos, que se estrutura a partir do olhar crítico e criador de Raul Brandão, nas suas Memórias, vistas como «legenda» possível e sugestiva da «atmosfera de uma época», mas também a partir do registo mais imediato dos factos nas páginas de uma imprensa então activa e construtora de um tempo que é já de modernidade. Por outro lado, está implícita uma leitura distanciada que procura descobrir nexos de inteligibilidade desse tempo a partir das questões mais pertinentes inscritas no calendário de 1910. O Ano da República, mais que uma revista no plano acontecimental através do seu registo factual, procede ao levantamento e flui ao cabo de Doze Temas de um Calendário Republicano que dão conta da vivacidade como das contradições do movimento e do ideário republicanos, do mesmo modo que acompanham o descalabro da monarquia e das forças monárquicas. Finalmente, o catálogo conclui com um caderno de fontes jornalísticas sobre a Revolução de 4 e 5 de Outubro, acentuando a modernidade de imprensa da época, num contexto de cultura urbana em que os jornais republicanos protagonizaram muitas das novidades que carrearam a transformação do espaço público.
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NovidadeArte, Religião e Imagens em Évora no tempo do Arcebispo D. Teodósio de Bragança, 1578-1601D. Teotónio de Bragança (1530-1602), Arcebispo de Évora entre 1578 e 1602, foi um grande mecenas das artes sob signo do Concílio de Trento. Fundou o Mosteiro de Scala Coeli da Cartuxa, custeou obras relevantes na Sé e em muitas paroquiais da Arquidiocese, e fez encomendas em Lisboa, Madrid, Roma e Florença para enriquecer esses espaços. Desenvolveu um novo tipo de arquitectura, ser- vindo-se de artistas de formação romana como Nicolau de Frias e Pero Vaz Pereira. Seguiu com inovação um modelo «reformado» de igrejas-auditório de novo tipo com decoração integral de interiores, espécie de ars senza tempo pensada para o caso alentejano, onde pintura a fresco, stucco, azulejo, talha, imaginária, esgrafito e outras artes se irmanam. Seguiu as orientações tridentinas de revitalização das sacrae imagines e enriqueceu-as com novos temas iconográficos. Recuperou lugares de culto matricial paleo-cristão como atestado de antiguidade legitimadora, seguindo os princípios de ‘restauro storico’ de Cesare Baronio; velhos cultos emergem então, caso de São Manços, São Jordão, São Brissos, Santa Comba, São Torpes e outros alegadamente eborenses. A arte que nasce em Évora no fim do século XVI, sob signo da Contra-Maniera, atinge assim um brilho que rivaliza com os anos do reinado de D. João III e do humanista André de Resende. O livro reflecte sobre o sentido profundo da sociedade de Évora do final de Quinhentos, nas suas misérias e grandezas. -
Cartoons - 1969-1992O REGRESSO DOS ICÓNICOS CARTOONS DE JOÃO ABEL MANTA Ao fim de 48 anos, esta é a primeira reedição do álbum Cartoons 1969‑1975, publicado em Dezembro de 1975, o que significa que levou quase tanto tempo a que estes desenhos regressassem ao convívio dos leitores portugueses como o que durou o regime derrubado pela Revolução de Abril de 1974.Mantém‑se a fidelidade do original aos cartoons, desenhos mais ou menos humorísticos de carácter essencialmente político, com possíveis derivações socioculturais, feitos para a imprensa generalista. Mas a nova edição, com alguns ajustes, acrescenta «todos os desenhos relevantes posteriores a essa data e todos os que, por razões que se desconhece (mas sobre as quais se poderá especular), foram omitidos dessa primeira edição», como explica o organizador, Pedro Piedade Marques, além de um aparato de notas explicativas e contextualizadoras. -
Constelações - Ensaios sobre Cultura e Técnica na ContemporaneidadeUm livro deve tudo aos que ajudaram a arrancá-lo ao grande exterior, seja ele o nada ou o real. Agora que o devolvo aos meandros de onde proveio, escavados por todos sobre a superfície da Terra, talvez mais um sulco, ou alguma água desviada, quero agradecer àqueles que me ajudaram a fazer este retraçamento do caminho feito nestes anos de crise, pouco propícios para a escrita. […] Dá-me alegria o número daqueles a que precisei de agradecer. Se morremos sozinhos, mesmo que sejam sempre os outros que morrem — é esse o epitáfio escolhido por Duchamp —, só vivemos bem em companhia. Estes ensaios foram escritos sob a imagem da constelação. Controlada pelo conceito, com as novas máquinas como a da fotografia, a imagem libertou-se, separou-se dos objectos que a aprisionavam, eles próprios prisioneiros da lógica da rendibilidade. Uma nova plasticidade é produzida pelas imagens, que na sua leveza e movimento arrastam, com leveza e sem violência, o real. O pensamento do século XX propôs uma outra configuração do pensar pela imagem, desenvolvendo métodos como os de mosaico, de caleidoscópio, de paradigma, de mapa, de atlas, de arquivo, de arquipélago, e até de floresta ou de montanha, como nos ensinou Aldo Leopoldo. Esta nova semântica da imagem, depois de milénios de destituição pelo platonismo, significa estar à escuta da máxima de Giordano Bruno de que «pensar é especular com imagens». Em suma, a constelação em acto neste livro é magnetizada por uma certa ideia da técnica enquanto acontecimento decisivo, e cada ensaio aqui reunido corresponde a uma refracção dessa ideia num problema por ela suscitado, passando pela arte, o corpo, a fotografia e a técnica propriamente dita. Tem como único objectivo que um certo pensar se materialize, que este livro o transporte consigo e, seguindo o seu curso, encontre os seus próximos ou não. [José Bragança de Miranda] -
NovidadeEsgotar a Dança - A Perfomance e a Política do MovimentoDezassete anos após sua publicação original em inglês, e após sua tradução em treze línguas, fica assim finalmente disponível aos leitores portugueses um livro fundamental para os estudos da dança e seminal no campo de uma teoria política do movimento.Nas palavras introdutórias à edição portuguesa, André Lepecki diz-nos: «espero que leitores desta edição portuguesa de Exhausting Dance possam encontrar neste livro não apenas retratos de algumas performances e obras coreográficas que, na sua singularidade afirmativa, complicaram (e ainda complicam, nas suas diferentes sobrevidas) certas noções pré-estabelecidas, certos mandamentos estéticos, do que a dança deve ser, do que a dança deve parecer, de como bailarines se devem mover e de como o movimento se deve manifestar quando apresentado no contexto do regime da 'arte' — mas espero que encontrem também, e ao mesmo tempo, um impulso crítico-teórico, ou seja, político, que, aliado que está às obras que compõem este livro, contribua para o pensar e o fazer da dança e da performance em Portugal hoje.» -
Siza DesignUma extensa e pormenorizada abordagem à obra de design do arquiteto Álvaro Siza Vieira, desde as peças de mobiliário, de cerâmica, de tapeçaria ou de ourivesaria, até às luminárias, ferragens e acessórios para equipamentos, apresentando para cada uma das cerca de 150 peças selecionadas uma detalhada ficha técnica com identificação, descrição, materiais, empresa distribuidora e fotografias, e integrando ainda um conjunto de esquissos originais nunca publicados e uma entrevista exclusiva ao arquiteto.CoediçãoArteBooks DesignCoordenação Científica + EntrevistaJosé Manuel PedreirinhoDesign GráficoJoão Machado, Marta Machado -
A Vida das Formas - Seguido de Elogio da MãoEste continua a ser o livro mais acessível e divulgado de Focillon. Nele o autor expõe em pormenor o seu método e a sua doutrina. Ao definir o carácter essencial da obra de arte como uma forma, Focillon procura sobretudo explicitar o carácter original e independente da representação artística recusando a interferência de condições exteriores ao acto criativo. Afastando-se simultaneamente do determinismo sociológico, do historicismo e da iconologia, procura demonstrar que a arte constitui um mundo coerente, estável e activo, animado por um movimento interno próprio, no fundo do qual a história política ou social apenas serve de quadro de referência. Para Focillon a arte é sempre o ponto de partida ou o ponto de chegada de experiências estéticas ligadas entre si, formando uma espécie de genealogias formais complexas que ele designa por metamorfoses. São estas metamorfoses que dão à obra de arte o seu carácter único e a fazem participar da evolução universal das formas.

