A Família Farrica Em São Domingos
Quando, em 1854, o piemontês Nicolau Biava, vindo de Espanha, onde se dedicava à exploração mineira, inspecionou a Serra de São Domingos, encontrou uma terra de cor avermelhada, mais tarde denominada chapéu de ferro, denunciadora da existência de minérios, facto que era do conhecimento dos romanos, que 2000 anos antes já tinham explorado a mina.) Nas visitas que efetuei às ruínas da mina de São Domingos impressionou-me, desde sempre, o grau de abandono e desolação do montão de pedras que em tempos constituíram partes de construções com fim útil para quem trabalhava na mina. Ao falar de São Domingos estamos a referir aquela que foi a maior exploração de pirites e cobre em Portugal e uma das maiores da Península Ibérica durante grande parte do século XX, não esquecendo o seu início, na segunda metade do século XIX. Germinou no meu espírito a ideia de escrever sobre a mina. O ofício de mineiro foi uma profi ssão com tendência de passar de pais para filhos, pelo que criei a ficção de uma família de trabalhadores, iniciada pouco depois de Nicolau Biava fazer renascer a mina que estava silenciosa há 2000 anos. O nome da família foi recuperado de um conto que há mais de 50 anos publiquei no Suplemento Juvenil do Diário de Lisboa. Mas 150 anos de história mineira, mesmo fi ccionada, não existem desligados da verdadeira História da mina nem do País. São Domingos iniciou-se no tempo de D. Pedro V, viu as últimas décadas da monarquia, inseriu-se na conturbada Primeira República, sofreu com a Grande Guerra, viveu e morreu no Estado Novo.
| Editora | Althum |
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| Categorias | |
| Editora | Althum |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Rui Sobral de Campos |
Rui Sobral de Campos é médico anestesista com competência em medicina da dor.
Trabalhou em hospitais públicos e privados da área da Grande Lisboa.
A Família Fariica em São Domingos é o segundo livro de Rui Sobral de Campos.
Em julho de 2017 foi editado, pela Althum.com, O Mágico da Lua.
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Em Nome de Meu PaiExistem várias obras sobre o Estado Novo focando o funcionamento da ditadura bem como a violência que a PIDE exerceu durante décadas sobre os opositores. A Revolução de 1974 acabou com o regime e também com a acção da polícia política. Alguns agentes foram detidos e mais tarde julgados. Mas a Revolução não acabou com as recordações do sofrimento de quase 29 mil prisioneiros que se foram revezando nas masmorras do regime, tal como não cortou com as memórias dos descendentes quer das vítimas, quer dos 3000 torcionários, assim como de cerca de 20 mil informadores.Em Nome de Meu Pai é uma obra de ficção, embora apoiada em factos respeitantes à ditadura que estão bem documentados e que abordam diversos temas. Tamareira é um apelido raro. Foi escolhido porque o tema ficcional é um assunto restrito, fala dos descendentes de ambos os lados e daquilo que eles poderiam ter sentido ao longo das décadas já decorridas. Duas gerações passaram sobre o colapso do Estado Novo. Para os recém-chegados, o passado irá aos poucos perder o seu significado, sobretudo para os nascidos no presente século. Têm legitimamente outras preocupações, vivendo num país que tem pouco a ver com o Portugal da ditadura. Se, por um lado, essas preocupações são pertinentes, por outro, a nossa memória colectiva, enquanto povo, deverá chegar até elas, pois o conhecimento do que sucedeu é essencial para que os momentos mais sombrios não se repitam. -
Em Nome de Meu PaiExistem várias obras sobre o Estado Novo focando o funcionamento da ditadura bem como a violência que a PIDE exerceu durante décadas sobre os opositores. A Revolução de 1974 acabou com o regime e também com a acção da polícia política. Alguns agentes foram detidos e mais tarde julgados. Mas a Revolução não acabou com as recordações do sofrimento de quase 29 mil prisioneiros que se foram revezando nas masmorras do regime, tal como não cortou com as memórias dos descendentes quer das vítimas, quer dos 3000 torcionários, assim como de cerca de 20 mil informadores.Em Nome de Meu Pai é uma obra de ficção, embora apoiada em factos respeitantes à ditadura que estão bem documentados e que abordam diversos temas. Tamareira é um apelido raro. Foi escolhido porque o tema ficcional é um assunto restrito, fala dos descendentes de ambos os lados e daquilo que eles poderiam ter sentido ao longo das décadas já decorridas. Duas gerações passaram sobre o colapso do Estado Novo. Para os recém-chegados, o passado irá aos poucos perder o seu significado, sobretudo para os nascidos no presente século. Têm legitimamente outras preocupações, vivendo num país que tem pouco a ver com o Portugal da ditadura. Se, por um lado, essas preocupações são pertinentes, por outro, a nossa memória colectiva, enquanto povo, deverá chegar até elas, pois o conhecimento do que sucedeu é essencial para que os momentos mais sombrios não se repitam. -
A Informadora - Crónica de Anos SombriosCrónicas de anos sombrios é um romance histórico que narra a vida da ambiciosa Ivone em pleno Estado Novo, regime político cruel e ditatorial que vigorou em Portugal durante 48 anos, desde o golpe militar de 28 de maio de 1926, conhecido como Ditadura Militar, passando pelo repressor Estado Novo, que surgiu com aprovação da constituição de 1933, até a Revolução de 25 de Abril de 1974, que restabeleceu a democracia. Ivone , filha de pais merceeiros, era a mais nova de três irmãs. As duas mais velhas, sem grandes ambições, tinham instrução primária. Ivone, que estudara até o quinto ano do liceu, mantinha o sares de superioridade e julgava-se merecedora de uma ocupação melhor do que a tender os clientes na mercearia dos pais. Com a cabeça cheia de sonhos, fruto das suas leituras triviais,imaginava-se noiva e esposa de um famoso advogado comum belo automóvel e vivenda no Estoril. Assim era a onírica Ivone quando foi contratada como secretária num escritório de advogados. A partir daí, o objetivo dela passou a ser conquistar o jovem advogado Eduardo ,casado e com dois filhos. Repleta de ambições e expetativas, em meio às investidas, cada vez mais audaciosas, no Eduardo, Ivone começou a cooperar como Estado Novo como informadora, relatando tudo o que se passava no escritório. -
A Herdade do MochoA Herdade do Mocho é uma obra de ficção, mas que retrata de forma realista o nascimento e a expansão de uma Herdade situada numa das zonas mais pobres e secas do Alentejo. A Herdade do Mocho vai crescendo ao longo das gerações de uma família, sobrevivendo aos infortúnios quer das personagens, quer do tempo ou dos regimes políticos. A obra está repleta de personagens fortes, cativantes, bem construídas, que vão passando o legado da Herdade ao longo das gerações; todas acabam por ter um papel importante nas decisões que levam ao crescimento da Herdade e da sua manutenção na família.O autor não se limita a contar a edificação da Herdade do Mocho, nem tão pouco as aventuras e desventuras dos vários familiares dos proprietários da Herdade, faz também uma reflexão sobre várias temáticas importantes, tais como o racismo, a homossexualidade, relações incestuosas, a mulher forte e determinada, a comunidade cigana existente no Alentejo e toda a população pobre, sem recursos e analfabeta, do Alentejo. Ao mergulhar nestas páginas, o leitor irá conhecer as várias gerações da família que habitaram a Herdade do Mocho e fará uma viagem pela História de Portugal (social, económica e política). No final, ficará tentado a percorrer o Alentejo em busca desta Herdade, querendo entrar dentro das suas portas ansiando encontrar alguma das suas personagens.
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira