A Guerra de Espanha na Raia Luso-Espanhola
A guerra civil de Espanha foi um conflito nacional à escala internacional que trespassou a fronteira portuguesa, rompendo abruptamente a vida quotidiana das populações locais. A violência e a tragédia humana vivida e testemunhada por milhares de pessoas justificam que gerações inteiras conservem a memória do acontecimento, assinalando as suas posições éticas e as suas visões do mundo. No concelho de Barrancos, na raia do Baixo Alentejo, ocorreram dois dos maiores fluxos de refugiados espanhóis para território português formados por grupos ideologicamente opostos, cujo acolhimento legitima a construção de uma memória social alicerçada na solidariedade como valor identitário da comunidade. A primeira coisa que se pode afirmar do trabalho de Dulce Simões é que tem uma leitura agradável, porque está bem construído, apresenta personagens atrativos e mantem o interesse da trama, como nas boas novelas, demonstrando que a literatura académica não está desligada da boa literatura. Alguns temas que se tratam nesta obra são apaixonantes, como a preocupação de Salazar pelo ?contágio? que podia vir de Espanha, através da fronteira política. Mas a maior virtude deste trabalho é oferecer uma nova realidade empírica sobre as resistências à dominação e as solidariedades, e como estas se entrecruzam com a soberania dos Estados, em particular com as ditaduras ibéricas dos anos de 1930, num espaço fronteiriço (entre Barrancos, Encinasola e Oliva de la Frontera) dominado por diversos fluxos durante e após a guerra civil espanhola. [Heriberto Cairo, do Prólogo]
| Editora | Colibri |
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| Editora | Colibri |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Dulce Simões |
Foi produtora-realizadora na Radiotelevisão Portuguesa e autora de diversos projectos audiovisuais (1979-2003). Doutorou-se em Antropologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (2011) e tem pós-doutoramento em Estudos Artísticos (2019). É investigadora no Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança, membro da equipa do RIARM - Red(e) Ibero-Americana Resistência e(y) Memória e do GESSA - Grupo de Estudios Sociales Aplicados da Universidad de Extremadura. Participou em diversos projectos I&D multidisciplinares, nacionais e internacionais, e desenvolve investigação em movimentos sociais, usos políticos da memória e práticas da cultura. Tem artigos publicados em diversas revistas e obras colectivas, e é autora dos seguintes livros: (2017) Memórias, Sociabilidades e Resistências: O caso da Cooperativa de Consumo Piedense; (2017) Grupo Coral Os Arraianos de Ficalho. Luar da Meia-Noite, livro/CD; (2016) A Guerra de Espanha na Raia Luso-Espanhola. Resistências, Solidariedades e Usos da Memória, com edição castelhana publicada pela Diputación Provincial de Badajoz em 2013; (2011) Zip-Zip: um programa mítico, ou uma «pedrada no charco» da «primavera marcelista»?; (2007) Barrancos na Encruzilhada da Guerra Civil de Espanha. Memórias e Testemunhos, 1936, com edição castelhana publicada pela Editora Regional de Extremadura em 2008. Em 2015 recebeu o Prémio de Investigação – Humanidades, da Cidade de Almada.
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Memórias, Sociabilidades e Resistências - O Caso da Cooperativa de Consumo Piedense“... Muito justamente, e com inteiro mérito, o Júri do Prémio de Investigação Cidade de Almada entendeu unanimemente distinguir um trabalho aturado de investigação que nos permite adquirir uma visão informada e rigorosa sobre a vida e o percurso de uma instituição, que constituirá sempre um dos legados mais importantes da vida de luta, trabalho e persistência de milhares de cidadãos na construção de uma vida melhor, e um concelho melhor, e de um país melhor para todos.” Joaquim Estêvão Miguel Judas, Presidente da Câmara Municipal de Almada. -
Práticas da Cultura na Raia do Baixo Alentejo - Utopias, Criatividade e Formas de ResistênciaEntre os méritos deste livro, destaco a centralidade das vozes e das histórias de vida dos protagonistas das práticas expressivas e rituais em estudo e de outros agentes locais que desempenharam um papel central nos processos estudados. (...) Por outro lado, a perspectiva crítica adoptada pela autora em torno do património e do processo de patrimonialização protagonizado pela UNESCO, pode ser lida como um convite para repensarmos o conceito do “património” enquanto modelo fixo a ser “preservado” assim como os usos do património no âmbito do regime neoliberal actual.[SALWA CASTELO-BRANCO]***En el estudio de la evolución histórica hasta el presente de los cantes y los bailes tal como son ejecutados por los cantadores, bailadores, grupos corales o estudiantinas — y de las instituciones que los organizan — de la zona se puede ir comprendiendo la indisoluble relación entre música y política. (...) Por tanto, la música es una herramienta para la construcción de identidades, un vehículo para la transmisión de sentido a algunas acciones que derivan su significación a través de la afirmación identitaria que aportan; están conectados a historias que ubican a las personas en el tiempo y el espacio.[HERIBERTO CAIRO CAROU]***Desde uma perspectiva histórica e etnográfica a autora analisa as transformações económicas, políticas e sociais do mundo rural e as suas repercussões nas práticas e expressões culturais da raia do Baixo Alentejo, partindo do cruzamento de fontes escritas e orais. Desde uma perspectiva crítica interroga os processos de patrimonialização e a criatividade social, a partir da análise de um conjunto de manifestações culturais que reforçam o sentido do comum e a utopia de uma sociedade mais justa.
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A Revolução e o PRECO discurso oficial sobre o 25 de Abril de 1974 tem apresentado esta data como o momento fundador da democracia em Portugal. No entanto, a democracia apenas se pode considerar verdadeiramente instituída em 25 de Abril de 1976, com a entrada em vigor da actual Constituição. Até lá o país viveu sob tutela militar, que se caracterizou pela violação constante dos direitos fundamentais dos cidadãos, com prisões sem culpa formada, ausência de «habeas corpus», saneamento de funcionários, sequestro de empresários, e contestação de decisões judiciais. Em 1975, Portugal esteve à beira da guerra civil, o que só viria a ser travado em 25 de Novembro desse ano, uma data que hoje muitos se recusam a comemorar. Nesta obra pretendemos dar a conhecer o que efectivamente se passou nos dois anos que durou o processo revolucionário no nosso país, no intuito de contribuir para um verdadeiro debate sobre um período histórico muito próximo, mas que não é detalhadamente conhecido pelas gerações mais novas. -
As Causas do Atraso Português«Porque é Portugal hoje um país rico a nível mundial, mas pobre no contexto europeu? Quais são as causas e o contexto histórico do nosso atraso? Como chegámos aqui, e o que pode ser feito para melhorarmos a nossa situação? São estas as perguntas a que procuro responder neste livro. Quase todas as análises ao estado do país feitas na praça pública pecam por miopia: como desconhecem a profundidade histórica do atraso, fazem erros sistemáticos e anunciam diagnósticos inúteis, quando não prejudiciais. Quem discursa tem também frequentemente um marcado enviesamento político e não declara os seus conflitos de interesse. […] Na verdade, para refletirmos bem sobre presente e os futuros possíveis, temos de começar por compreender o nosso passado. Para que um futuro melhor seja possível, temos de considerar de forma ponderada os fatores que explicam – e os que não explicam – o atraso do país. Este livro tem esse objetivo.» -
História dos GatosNuma série de cartas dirigidas à incógnita marquesa de B**, F.-A. Paradis e Moncrif (o espirituoso favorito da sociedade parisiense) faz uma defesa apaixonada dos amáveis felinos, munindo-se para isso de uma extrema erudição.Este divertido compêndio de anedotas, retratos, fábulas e mitos em torno dos gatos mostra que o nosso fascínio por estes animais tão dóceis quanto esquivos é uma constante ao longo da história da civilização e que não há, por isso, razão para a desconfiança que sobre eles recaía desde a Idade Média. Ou haverá? -
A Indústria do HolocaustoNesta obra iconoclasta e polémica, Norman G. Finkelstein analisa a exploração da memória do holocausto nazi como arma ideológica, ao serviço de interesses políticos e económicos, pelas elites judaicas norte-americanas. A INDÚSTRIA DO HOLOCAUSTO (2000) traça a génese de uma imunidade que exime o Estado de Israel – um trunfo estratégico dos EUA depois da Guerra dos Seis Dias – de qualquer censura e lhe permite justificar expedientes ofensivos como legítima defesa. Este ensaio essencial sobre a instrumentalização e monopolização de uma tragédia – eclipsando outras vítimas do genocídio nazi – denuncia ainda a perturbadora questão do aproveitamento das compensações financeiras devidas aos sobreviventes. -
Revolução Inacabada - O que Não Mudou com o 25 de AbrilO que não mudou com o 25 de Abril? Apesar de todas as conquistas de cinco décadas de democracia, há características na sociedade portuguesa que se mantêm quase inalteradas. Este livro investiga duas delas: o elitismo na política e o machismo na justiça. O recrutamento para a classe política dirigente praticamente não abrange pessoas não licenciadas e com contacto com a pobreza, e quase não há mobilidade do poder local para o poder nacional. No sistema judicial, a entrada das mulheres na magistratura e a mudança para leis mais progressistas não alteraram um padrão de baixas condenações por crimes sexuais, cometidos sobretudo contra mulheres. Cruzando factos e testemunhos, este é o retrato de um Portugal onde a revolução pela igualdade está ainda inacabada. -
PaxNo seu auge, o Império Romano era o Estado mais rico e formidável que o mundo já tinha visto. Estendendo-se da Escócia à Arábia, geria os destinos de cerca de um quarto da humanidade.Começando no ano em que quatro Césares governaram sucessivamente o Império, e terminando cerca de sete décadas depois, com a morte de Adriano, Pax: Guerra e Paz na Idade de Ouro de Roma revela-nos a história deslumbrante de Roma no apogeu do seu poder.Tom Holland, reconhecido historiador e autor, apresenta um retrato vivo e entusiasmante dessa era de desenvolvimento: a Pax Romana - da destruição de Jerusalém e Pompeia, passando pela construção do Coliseu e da Muralha de Adriano e pelas conquistas de Trajano. E demonstra, ao mesmo tempo, como a paz romana foi fruto de uma violência militar sem precedentes. -
Antes do 25 de Abril: Era ProibidoJá imaginou viver num país onde:tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido?as enfermeiras estão proibidas de casar?as saias das raparigas são medidas à entrada da escola, pois não se podem ver os joelhos?não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. E para os namorados que, num banco de jardim, não tivessem as mãozinhas onde deviam, havia as seguintes multas:1.º – Mão na mão: 2$502.º – Mão naquilo: 15$003.º – Aquilo na mão: 30$004.º – Aquilo naquilo: 50$005.º – Aquilo atrás daquilo: 100$006.º – Parágrafo único – Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado. -
Baviera TropicalCom o final da Segunda Guerra Mundial, o médico nazi Josef Mengele, conhecido mundialmente pelas suas cruéis experiências e por enviar milhares de pessoas para câmaras de gás nos campos de concentração em Auschwitz, foi fugitivo durante 34 anos, metade dos quais foram passados no Brasil. Mengele escapou à justiça, aos serviços secretos israelitas e aos caçadores de nazis até à sua morte, em 1979 na Bertioga. Foi no Brasil que Mengele criou a sua Baviera Tropical, um lugar onde podia falar alemão, manter as suas crenças, os seus amigos e uma conexão com a sua terra natal. Tudo isto foi apenas possível com a ajuda de um pequeno círculo de europeus expatriados, dispostos a ajudá-lo até ao fim. Baviera Tropical assenta numa investigação jornalística sobre o período de 18 anos em que o médico nazi se escondeu no Brasil. A partir de documentos com informação inédita do arquivo dos serviços secretos israelitas – a Mossad – e de diversas entrevistas com protagonistas da história, nomeadamente ao comandante da caça a Mengele no Brasil e à sua professora, Bettina Anton reconstitui o percurso de Mengele no Brasil, onde foi capaz de criar uma nova vida no país sob uma nova identidade, até à sua morte, sem ser descoberto. E a grande questão do livro: de que forma um criminoso de tamanha dimensão e os seus colaboradores conseguiram passar impunes?