A Morte de A a Z
Fazer cócegas à morte (até ela se escangalhar de tanto rir)
Poder-se-á olhar a morte como a vida levada ao extremo? E ao ridículo? Quantas mortes cabem na linguagem? Numa série de pequenas histórias que percorrem o alfabeto, Luís Afonso, mestre do dizer muito em pouco traço, olha a morte ao microscópio, desconstruindo-a letra a letra, nome por nome, para provar que ela não faz sentido; que afinal nem sabemos o que a ela é, e por isso pode ser tudo: desde um erro informático a uma personagem caprichosa; que na verdade apenas sabemos que ela existe porque outros nos disseram, desaparecendo.
Com muito surrealismo e o seu traço único de ironia, perspicácia e humor, em 'Morte de A a Z' Luís Afonso descreve-nos diversas situações que navegam entre a tragédia do morrer e a comicidade do ainda estarmos vivos. Nestas situações é possível fazer tudo com a morte: ralhar com ela, como se fosse um animal doméstico mal-comportado, fazer-lhe cócegas (para viver melhor), esperá-la de copo na mão ou um sorriso, ou até fazer uso dela para provar um argumento numa discussão, como se se tratasse apenas de um gesto do corpo como outro qualquer. Cada história termina sempre com uma morte diferente e inesperada, risível, pitoresca, ou mesmo angustiante, mas deixa sempre uma pergunta no ar, que caberá ao leitor habitar.
A morte é uma coisa absurda, e é assim que Luís Afonso a trata, levando-nos inevitavelmente a uma celebração da vida (também ela tantas vezes absurda), porque ao rirmos dos desígnios imperscrutáveis da morte, conseguiremos porventura viver um pouco melhor. Ao percorrer esta histórias fica-se com a sensação de estar dentro de um daqueles sonhos paradoxais que fazem sentido mesmo sem fazer, porque tudo é metáfora, tudo tem significado para lá do significado. Acordaremos um dia livres, enfim, de todo o medo. No entretanto, rir é, ainda assim, o melhor mistério.
| Editora | Abysmo |
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| Editora | Abysmo |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Luís Afonso |
Luís Afonso (1965, Aljustrel). Com formação académica em Geografia (Universidade de Lisboa, 1988), foi professor da disciplina e trabalhou em projetos de desenvolvimento local/regional até 1995. A partir desse ano dedicou-se exclusivamente aos cartoons, atividade que havia iniciado 10 anos antes. Colaborou em vários jornais e revistas, tendo atualmente tiras diárias nos jornais A Bola (Barba e Cabelo, desde 1990), Público (Bartoon, desde 1993) e Jornal de Negócios (SA, desde 2003). É autor de oito livros de cartoons, sete como autor integral e outro como argumentista. Em 2012 publicou, na abysmo, O Comboio das Cinco e O Quadro da mulher sentada a olhar para o ar com cara de parva e outras histórias.
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Princesas de Portugal, Rainhas da Europa«E casaram-se e foram muito felizes. Assim terminam normalmente os contos tradicionais, também chamados histórias de fadas ou histórias da carochinha. Mas a realidade é quase sempre diferente da ficção. Contamos-te aqui as histórias emocionantes de quatro princesas portuguesas de diferentes épocas que se casaram com reis de outros países europeus e que foram ou felizes, ou infelizes ou assim-assim. E, olha, Leonor de Portugal, Isabel de Portugal, Catarina de Bragança e Maria Bárbara de Bragança foram tão importantes, poderosas (e simpáticas!) no tempo em que cada uma delas viveu que a Imprensa Nacional e o Museu Casa da Moeda resolveram dedicar-lhes uma emissão especial de moedas comemorativas.» Observações: Descobre as diferentes utilidades da sobrecapa: proteger o teu livro ou transformar-se num fantástico poster. -
Bartoon 25 AnosNa comemoração dos 25 anos da tira cómica do jornal Público, a Arranha-céus pediu a um sem número de personalidades das áreas mais díspares, de Carlos Fiolhais a Camané, de António Mega Ferreira a Hélia Correia, de Mário de Carvalho a Gonçalo Waddington, de Sérgio Godinho a Inês Meneses, para escolherem os seus preferidos. A estes trabalhos juntaram-se algumas preciosidades de modo a que, por junto, se revele um bom pedaço do nosso quotidiano mais recente. Isso e umas boas gargalhadas. Acaba de ser distinguido pelo Festival de Banda Desenhada da Amadora como o Melhor Álbum de Tira Cómica do ano. PREMIADO FESTIVAL BD AMADORA -
O Quadro da Mulher Sentada a Olhar Para o Ar Com Cara de ParvaLuis Afonso regressa com seis contos, que insiste em classificar como «estúpidos». Trata-se, pois claro, de inexactidão poética, pois são o oposto: inteligentes no processo narrativo, com uma linguagem fresca e despojada até ao osso, que constrói personagens únicas a partir de um agudo sentido de observação. O Quadro da Mulher Sentada a Olhar para o Ar com a Cara Parva e Outras Histórias enquadra-se, isso sim, na longa tradição do absurdo. No caso, um absurdo bem-disposto. Ainda que, mal a poeira da gargalhada assenta, se solte um perfume amargo. -
O Chef“Lembro-me perfeitamente da primeira vez que o vi. Eu estava a limpar as casas de banho e ele passou no corredor. Meteu logo conversa. Acabara de ser contratado como ajudante de cozinha. Mostrou interesse em mim (que me lembre, a única pessoa a fazê-lo), perguntou-me umas coisas pessoais a que tive de responder, meio envergonhado, e garantiu-me que a nossa amizade, acabada de começar, seria para durar e que não se esqueceria de mim. E foi verdade porque, assim que pôde, levou-me para a cozinha, onde fui ser copeiro. A primeira progressão que tive na carreira, depois de mais de uma década a lavar o chão e as casas de banho.”
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Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
O Infinito num JuncoA Invenção do livro na antiguidade e o nascer da sede dos livros.Este é um livro sobre a história dos livros. Uma narrativa desse artefacto fascinante que inventámos para que as palavras pudessem viajar no tempo e no espaço. É o relato do seu nascimento, da sua evolução e das suas muitas formas ao longo de mais de 30 séculos: livros de fumo, de pedra, de argila, de papiro, de seda, de pele, de árvore, de plástico e, agora, de plástico e luz.É também um livro de viagens, com escalas nos campos de batalha de Alexandre, o Grande, na Villa dos Papiros horas antes da erupção do Vesúvio, nos palácios de Cleópatra, na cena do homicídio de Hipátia, nas primeiras livrarias conhecidas, nas celas dos escribas, nas fogueiras onde arderam os livros proibidos, nos gulag, na biblioteca de Sarajevo e num labirinto subterrâneo em Oxford no ano 2000.Este livro é também uma história íntima entrelaçada com evocações literárias, experiências pessoais e histórias antigas que nunca perdem a relevância: Heródoto e os factos alternativos, Aristófanes e os processos judiciais contra humoristas, Tito Lívio e o fenómeno dos fãs, Sulpícia e a voz literária de mulheres.Mas acima de tudo, é uma entusiasmante aventura coletiva, protagonizada por milhares de personagens que, ao longo do tempo, tornaram o livro possível e o ajudaram a transformar-se e evoluir – contadores de histórias, escribas, ilustradores e iluminadores, tradutores, alfarrabistas, professores, sábios, espiões, freiras e monjes, rebeldes, escravos e aventureiros.É com fluência, curiosidade e um permanente sentido de assombro que Irene Vallejo relata as peripécias deste objeto inverosímil que mantém vivas as nossas ideias, descobertas e sonhos. E, ao fazê-lo, conta também a nossa história de leitores ávidos, de todo o mundo, que mantemos o livro vivo.Um dos melhores livros do ano segundo os jornais El Mundo,La Vanguardia e The New York Times(Espanha). -
O Anticrítico«O Anticrítico» é uma compilação dos ensaios de Diogo Vaz Pinto — textos de crítica literária, e não só —, escritos entre 2014 e 2023, incluindo alguns inéditos. «Não tenho conta para as vezes todas em que, para ir com a rábula insultuosa que me tecem, pegando uns onde outros deixaram, numa cooperativa de imbecis que, sinceramente, me comove, já me quiseram tirar a condição que vem de tudo o que faço. Mais difícil seria desmontar alguma coisa. Resta que, ou ignoram muito vermelhuscos, ou a ideia é revogar-me a carta, licença, prostrar-me na indigência de eu ser uma qualquer abominação, «Bicho», monstro que ligam com tudo o que é baixo, e mesmo assim paira sobre eles sem explicação. Um Chernobyl encarnado. Crítico não sou. Ou só pseudo. Videirinho e jornaleiro, pilha-galinhas e o mais que eu coso bem ao meu estuporado currículo. Pois seja, eu fico então gordo disso tudo. E viro-me do avesso. Sou o anticrítico, então! Roubando esta de Augusto de Campos sem pudor. Há muito que não me retiram do sentido a ideia de que o principal é cortar com a impostura disto tudo. A gloríola da mediocridade, o sentido gregário, essa ratada ficção ligando os «egozinhos de porta-aberta» do nosso meio literato.» -
Terra QueimadaEnsaio profético e demolidor, TERRA QUEIMADA (2022) expõe a forma como o complexo internético se tornou «motor implacável de vício, solidão, falsas esperanças, crueldade, psicose, endividamento, vida desbaratada, corrosão da memória e desintegração social». Nele, Jonathan Crary faz uma crítica radical da digitalização do mundo e denuncia realidades inegáveis: a incompatibilidade entre um planeta habitável e a economia consumista e técnica, a atomização provocada pelas redes sociais, a era digital como fase terminal do capitalismo planetário. «Se é possível um futuro habitável e comum no nosso planeta», conclui, «esse futuro será offline, dissociado dos sistemas e da actividade do capitalismo 24/7, que destroem o mundo». -
Mário Cesariny e Antonio Tabucchi - Cartas e outros TextosFernando Cabral Martins: «O surrealismo português já tinha atingido no final dos anos sessenta uma definição que tornava possível, de um ponto de vista exterior, descomprometido, fazer uma avaliação de conjunto.» Antonio Tabucchi veio a Portugal no rasto de um poeta: Fernando Pessoa, ou melhor Álvaro de Campos, de quem lera por acaso o poema «Tabacaria». Quis aprender a língua do autor do poema e para isso inscreveu-se na cadeira de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Pisa, que então frequentava. O seu mestre foi uma professora especial, bela, inteligente e culta, Luciana Stegagno Picchio. Antonio quis conhecer o país onde se falava aquela língua e ao qual pertencia aquele poeta e, na Primavera de 1965, com o seu Fiat 500, chegou a Portugal. Aí conheceu uma portuguesa com quem falou de Pessoa, e com quem continuou a trocar correspondência até ao ano seguinte, quando se tornaram namorados, vindo depois a casar (1970). Mas até lá, veio amiúde a Portugal […] e começou a interessar-se pelo Surrealismo português, sobre o qual havia muito pouco material crítico, praticamente nada, em vista da sua futura tese de licenciatura. Conheceu então (1967) dois membros ilustres daquele movimento, dois grandes poetas, Alexandre O’Neill e Mário Cesariny de Vasconcelos, com quem passou muitas horas, primeiro para os entrevistar e depois, com sempre maior intimidade, já com laços de amizade, só pelo prazer de estarem juntos. [Maria José de Lancastre] Esta é a história de um desencontro. Cesariny, como o surrealismo, considerava a universidade um inimigo, e Tabucchi, para todos os efeitos, era em 1971 um universitário. Mesmo se, no caso dele, havia por parte do poeta o agrado de ver como a sua poesia e o seu lugar no surrealismo português eram reconhecidos — pela primeira vez — por um leitor com a distância crítica e a óbvia inteligência de Antonio Tabucchi. Aqui, nos textos que documentam o contacto directo entre ambos do final dos anos 60, pode ver-se uma ilustração do modo como a história do surrealismo foi sendo feita, com que ritmo e a partir de que posições. E que implica a consciência, por parte do poeta, da importância do sentido que a crítica atribui à História, capaz (ou não) de tornar o passado digno do presente, ou vice- -versa. E manifesta, por parte do jovem crítico italiano, a intuição da grandeza de um movimento que evoluía na sombra, num carceral jardim à beira-mar. [Fernando Cabral Martins]
