Antologia da Literatura Timorense de Tradição Oral I - Oecusse
Oecusse - enclave pertencente a Timor-Leste situado na parte ocidental da ilha é um dos treze municípios do país e o único que se encontra isolado, rodeado de território indonésio. Oecusse significa "bilha de água" (oe, "água" e Kusi, "bilha", pote. Semelhante a uma pequena tigela de terra, cozida pelo sol, terracota - do particípio passado latino cocta, que veio a ser cotta/coita, como em biscoito, "duas vezes cozido", para se conservar durante as longas viagens marítimas.
Nesta antologia encontram-se reunidos contos, lendas e fábulas pertencentes à riquíssima literatura de tradição oral timorense. O trabalho de pesquisa e compilação é da responsabilidade de Anabela Leal de Barros, que também assina a introdução do livro.
"Amanhã talvez seja tarde para reunir o valioso tesouro de lendas timorenses, filhas da imaginação de homens de outros tempos, anteriores àqueles em que a estas remotas praias aproaram as naus que traziam o fermento de profundas transformações..." Ezequiel Enes Pascoal in "A alma de Timor vista na sua fantasia"
| Editora | Grão-Falar |
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| Editora | Grão-Falar |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Anabela Leal de Barros |
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Das Palavras que os Dicionários Não Rezam: um dicionário inédito da língua portuguesaEm 1769, um autor não identificado dirigiu-se no início do seu volume manuscrito a um futuro leitor que não desejava ter, que não pretendia tratar por amigo nem queria conhecer, garantindo haver composto o seu dicionário unicamente para si. Servem, contudo, essas convidativas palavras proemiais, intituladas "Motivo desta obra. A quem ler", como advertência ao leitor indesejado a cujas mãos "a inconstância e incerteza da vida" poderiam um dia ir fazer parar o seu livro. Não concebendo o autor outro tipo de leitor senão o desdenhoso, o implacavelmente crítico, deixa de imediato o aviso: "e por isso te advirto que das tuas sátiras não tirarás já mais que ficares avaliado por homem maldizente e desbocado, que serás aborrecido e detestado, e todos fugirão de ti como de homem apestado".Tendo essa obra — o bem encadernado e bem conservado códice 2126 da Livraria, Arquivos Nacionais-Torre do Tombo — sido cuidadosamente passada a limpo, achando-se praticamente livre de rasuras e partindo do princípio de que o copista anónimo vestia a mesma pele do lexicógrafo não identificado (já que nenhum indício o contraria), será intencional, e suficientemente reflectido, tudo quanto se deixou escrito. Apresenta-se neste livro a edição desse dicionário anónimo, manuscrito, de 1769, que o autor, provavelmente um eclesiástico, compôs sem demasiadas cedências aos imperativos do género, deixando informalmente plasmada a sua visão do mundo e da língua, da sua época e anterior a ela (do galego-português ao português setecentista), incluindo material linguístico que outros evitaram e curiosas notas sobre aspectos da sua recepção, da sua produção, da evolução semântica e do seu exacto entendimento. Além dos leques diacrónico e diafásico, o dicionário abre um variegado e exótico leque de variação diatópica.Entre esse material, ora colhido da oralidade ora proveniente de fontes escritas, acha-se vocabulário das províncias do reino, do Brasil, a "América Portuguesa", da Galiza, de terras africanas (sobretudo Angola), da China e de outras paragens do mundo que, desde os séculos anteriores, vinham os Portugueses dando a conhecer, como o Japão, a Índia, ou ainda o Calaminhão e a Cochinchina; isto para além dos familiares castelhanismos. A obra dá por este generoso e informativo título: "Dicionário ou Vocabulário da Língua Portuguesa de Nomes, Verbos e Vozes que nas Declamações sagradas se devem evitar, com os seus significados, alegorias, metáforas, aluzões, atribuições, ênfases e sinónimos. Como também de palavras antiquadas e vulgares; de termos, nomes e palavras erradas na pronúncia e na escrita. Das palavras e termos usados nas Províncias do Reino, algumas da América Portuguesa, e das palavras marujas e de gíria".A encerrar o dicionário propriamente dito encontram-se o Dicionário dos sobrenomes e apelidos mais usados e comuns em Portugal; o Dicionário dos nomes próprios de homens mais comuns e usados em Portugal e o Dicionário dos nomes mais comuns de mulheres. A edição, reorganizando os verbetes do códice alfabeticamente e relacionando-os por meio de remissões, inclui um amplo estudo introdutório, Critérios de Edição, centenas de anotações ao texto e vários Índices Remissivos: de Idiomatismos; Colocações, locuções e bordões linguísticos; Frases ou sintagmas livres; Palavras que figuram em segundo lugar num lema duplo, variantes do lema para as quais se remete ou sinónimos que se referem mas não constam no dicionário; Palavras que se empregam, definem ou exemplificam na definição de um outro lema, em vez deste ou conjuntamente com ele. -
O Galo do Oriente: contos e lendas de Timor-LesteNeste conjunto de contos e lendas facilmente se surpreende a mudança e a passagem do tempo, desde logo de um ponto de vista externo, ao atentarmos na distância que medeia, por exemplo, entre o mito da cozedura de um único grão de arroz para alimentar toda uma família (O grão de arroz) e a narrativa anedótica O velho e a televisão; ou ainda nos quase cinco séculos que separam este último conto de O primeiro religioso em Timor - «há muito, muito tempo», no palácio da rainha de Lifau, em Oecusse —, tal como de Uma lenda de Timor, que narra as desventuradas aventuras de uma família “antes da vinda dos primeiros missionários para a ilha”, algures junto à fronteira com Atambua. -
A Rainha da Lua: contos e lendas de Oecusse, Timor-LesteDe entre as revoadas de pássaros de arribação que são as histórias de tradição oral, vieram habitar este livro sessenta e quatro contos e lendas timorenses. Foram recolhidos em Oecusse nos meses de Junho e Julho de 2017, das bocas e vozes de numerosos timorenses de várias idades e profissões. As histórias tradicionais que circulam no enclave, isolado do resto de Timor-Leste pelo mar e pela terra indonésia, deixam imediatamente antever como tem sido lugar de convergência de gentes e de povos, de línguas e culturas, essa tigela de terra timorense. Afinal, os contos viajam e não conhecem fronteiras, atravessam línguas, integram-nas. É assim que a história do lendário arqueiro chinês Hou-Yi e da mulher, a deusa lunar Cheng’e, refundida em A Rainha da Lua timorense, dá o seu nome a este livro de contos e lendas de Oecusse.
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NovidadeO Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
NovidadeConfissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
NovidadeSobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
NovidadeA Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
O Anticrítico«O Anticrítico» é uma compilação dos ensaios de Diogo Vaz Pinto — textos de crítica literária, e não só —, escritos entre 2014 e 2023, incluindo alguns inéditos. «Não tenho conta para as vezes todas em que, para ir com a rábula insultuosa que me tecem, pegando uns onde outros deixaram, numa cooperativa de imbecis que, sinceramente, me comove, já me quiseram tirar a condição que vem de tudo o que faço. Mais difícil seria desmontar alguma coisa. Resta que, ou ignoram muito vermelhuscos, ou a ideia é revogar-me a carta, licença, prostrar-me na indigência de eu ser uma qualquer abominação, «Bicho», monstro que ligam com tudo o que é baixo, e mesmo assim paira sobre eles sem explicação. Um Chernobyl encarnado. Crítico não sou. Ou só pseudo. Videirinho e jornaleiro, pilha-galinhas e o mais que eu coso bem ao meu estuporado currículo. Pois seja, eu fico então gordo disso tudo. E viro-me do avesso. Sou o anticrítico, então! Roubando esta de Augusto de Campos sem pudor. Há muito que não me retiram do sentido a ideia de que o principal é cortar com a impostura disto tudo. A gloríola da mediocridade, o sentido gregário, essa ratada ficção ligando os «egozinhos de porta-aberta» do nosso meio literato.» -
O Infinito num JuncoA Invenção do livro na antiguidade e o nascer da sede dos livros.Este é um livro sobre a história dos livros. Uma narrativa desse artefacto fascinante que inventámos para que as palavras pudessem viajar no tempo e no espaço. É o relato do seu nascimento, da sua evolução e das suas muitas formas ao longo de mais de 30 séculos: livros de fumo, de pedra, de argila, de papiro, de seda, de pele, de árvore, de plástico e, agora, de plástico e luz.É também um livro de viagens, com escalas nos campos de batalha de Alexandre, o Grande, na Villa dos Papiros horas antes da erupção do Vesúvio, nos palácios de Cleópatra, na cena do homicídio de Hipátia, nas primeiras livrarias conhecidas, nas celas dos escribas, nas fogueiras onde arderam os livros proibidos, nos gulag, na biblioteca de Sarajevo e num labirinto subterrâneo em Oxford no ano 2000.Este livro é também uma história íntima entrelaçada com evocações literárias, experiências pessoais e histórias antigas que nunca perdem a relevância: Heródoto e os factos alternativos, Aristófanes e os processos judiciais contra humoristas, Tito Lívio e o fenómeno dos fãs, Sulpícia e a voz literária de mulheres.Mas acima de tudo, é uma entusiasmante aventura coletiva, protagonizada por milhares de personagens que, ao longo do tempo, tornaram o livro possível e o ajudaram a transformar-se e evoluir – contadores de histórias, escribas, ilustradores e iluminadores, tradutores, alfarrabistas, professores, sábios, espiões, freiras e monjes, rebeldes, escravos e aventureiros.É com fluência, curiosidade e um permanente sentido de assombro que Irene Vallejo relata as peripécias deste objeto inverosímil que mantém vivas as nossas ideias, descobertas e sonhos. E, ao fazê-lo, conta também a nossa história de leitores ávidos, de todo o mundo, que mantemos o livro vivo.Um dos melhores livros do ano segundo os jornais El Mundo,La Vanguardia e The New York Times(Espanha).