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Das Palavras que os Dicionários Não Rezam: um dicionário inédito da língua portuguesa

Anabela Leal de Barros

Sujeito a confirmação pelo editor



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Sinopse

Em 1769, um autor não identificado dirigiu-se no início do seu volume manuscrito a um futuro leitor que não desejava ter, que não pretendia tratar por amigo nem queria conhecer, garantindo haver composto o seu dicionário unicamente para si. Servem, contudo, essas convidativas palavras proemiais, intituladas "Motivo desta obra. A quem ler", como advertência ao leitor indesejado a cujas mãos "a inconstância e incerteza da vida" poderiam um dia ir fazer parar o seu livro. Não concebendo o autor outro tipo de leitor senão o desdenhoso, o implacavelmente crítico, deixa de imediato o aviso: "e por isso te advirto que das tuas sátiras não tirarás já mais que ficares avaliado por homem maldizente e desbocado, que serás aborrecido e detestado, e todos fugirão de ti como de homem apestado".
Tendo essa obra — o bem encadernado e bem conservado códice 2126 da Livraria, Arquivos Nacionais-Torre do Tombo — sido cuidadosamente passada a limpo, achando-se praticamente livre de rasuras e partindo do princípio de que o copista anónimo vestia a mesma pele do lexicógrafo não identificado (já que nenhum indício o contraria), será intencional, e suficientemente reflectido, tudo quanto se deixou escrito. Apresenta-se neste livro a edição desse dicionário anónimo, manuscrito, de 1769, que o autor, provavelmente um eclesiástico, compôs sem demasiadas cedências aos imperativos do género, deixando informalmente plasmada a sua visão do mundo e da língua, da sua época e anterior a ela (do galego-português ao português setecentista), incluindo material linguístico que outros evitaram e curiosas notas sobre aspectos da sua recepção, da sua produção, da evolução semântica e do seu exacto entendimento. Além dos leques diacrónico e diafásico, o dicionário abre um variegado e exótico leque de variação diatópica.
Entre esse material, ora colhido da oralidade ora proveniente de fontes escritas, acha-se vocabulário das províncias do reino, do Brasil, a "América Portuguesa", da Galiza, de terras africanas (sobretudo Angola), da China e de outras paragens do mundo que, desde os séculos anteriores, vinham os Portugueses dando a conhecer, como o Japão, a Índia, ou ainda o Calaminhão e a Cochinchina; isto para além dos familiares castelhanismos. A obra dá por este generoso e informativo título: "Dicionário ou Vocabulário da Língua Portuguesa de Nomes, Verbos e Vozes que nas Declamações sagradas se devem evitar, com os seus significados, alegorias, metáforas, aluzões, atribuições, ênfases e sinónimos. Como também de palavras antiquadas e vulgares; de termos, nomes e palavras erradas na pronúncia e na escrita. Das palavras e termos usados nas Províncias do Reino, algumas da América Portuguesa, e das palavras marujas e de gíria".
A encerrar o dicionário propriamente dito encontram-se o Dicionário dos sobrenomes e apelidos mais usados e comuns em Portugal; o Dicionário dos nomes próprios de homens mais comuns e usados em Portugal e o Dicionário dos nomes mais comuns de mulheres. A edição, reorganizando os verbetes do códice alfabeticamente e relacionando-os por meio de remissões, inclui um amplo estudo introdutório, Critérios de Edição, centenas de anotações ao texto e vários Índices Remissivos: de Idiomatismos; Colocações, locuções e bordões linguísticos; Frases ou sintagmas livres; Palavras que figuram em segundo lugar num lema duplo, variantes do lema para as quais se remete ou sinónimos que se referem mas não constam no dicionário; Palavras que se empregam, definem ou exemplificam na definição de um outro lema, em vez deste ou conjuntamente com ele.

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Autor

Anabela Leal de Barros

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