Aparas dos Dias - A escrita na ponta do lápis
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Este é o meu livro de leitura, de leituras, de colheitas, de respostas aos apelos de outros livros e a chamadas que sempre foram chegando, e continuam a chegar.
Legere = ler, colher, apanhar…. o que foi caindo dia a dia no papel, ainda na máquina de escrever, no computador, nos cadernos das intervenções públicas… Dessa massa se faz o pão deste livro múltiplo. O seu ritmo é o dos dias: desiguais e acidentados, com altos e baixos, estradas longas e pequenos atalhos e desvios. Breves iluminações e troços de respiração mais ampla. Espelho de interesses, de obsessões, de paixões que os anos só vêm confirmar e consolidar…João Barrento
| Editora | Companhia das Ilhas |
|---|---|
| Coleção | azulcobalto |
| Categorias | |
| Editora | Companhia das Ilhas |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | João Barrento |
João Barrento
Ensaísta e tradutor, João Barrento publicou diversos livros de ensaio, crítica literária e crónica, e traduziu literatura de língua alemã, do século XVII à actualidade (Goethe, Benjamin, Celan, entre outros). Tem sido distinguido com inúmeros prémios, de que é exemplo o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho, 2012.
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A Chama e as CinzasUm trabalho que tem como corpo central um conjunto de textos do Professor João Barrento apresentados, em alemão, nas conferências de Frankfurt e que deram origem à obra Nelken und Immortellen - Portugiesische Literatur der Gegenwart [ Cravos e Perpétuas. A literatura portuguesa contemporânea ], publicada pela editora Tranvía, de Berlim, em 1999. A estes junta-se um outro testemunho feito em português, em 2005, numa intervenção proferida no Brasil. Em todos eles o autor detém-se sobre a situação da literatura portuguesa no início do século XXI e do seu lugar no meio literário e social, na escola e na universidade. Naturalmente, todos os escritos originais foram reformulados, desenvolvidos e completados para poderem integrar um corpo coerente numa edição que se constitui como síntese, naturalmente aberta e pessoal, do panorama mais recente da nossa literatura. -
O Cardo e a Rosa / Poesia do Barroco Alemão"A VIDA HUMANAA vida éI. FOLHAGEM verde, seca num momento,ARAGEM leve, corrida de vento.II. NEVÃO que no ar se desfaz, PEGÃO em que nunca há paz.III. FLOR que abre para logo morrer,FULGOR que dura o tempo de ver.IV. RELVADO que qualquer pé amassa,VIDRADO que facilmente estilhaça.V. BRUMA que à vista se some,ESPUMA que a maré consome.VI. FENO que é de pouca dura.JOIO de que o vento não cura.VII. COMPRA que ao fim lamentamos.CORRIDA em que nos cansamos.VIII. TORRENTE que voa fugaz.BOLHA que logo se desfazIX. SOMBRA que nos faz morrer.ALFOMBRA para a cova fazer"Georg Philipp Harsdörffe -
A Escala do Meu Mundo [crónicas]Por vezes, antes de escrever, penso que a actualidade que se espera da crónica está inquinada à partida por uma confusão entre o que é de hoje (o que está a acontecer) e o que pode ser actual. Actual pode ser, tanto o que foi de ontem como o que será ainda de amanhã. O meu modo de ver, à primeira vista uma fuga ao contingente, nasce de facto da atenção à pura contingência; e parecendo ignorar os acontecimentos, não fecha os olhos ao que acontece. O que acontece é que o meu olhar prefere muitas vezes deter-se no insignificante que me acontece, e não tanto no que de significante parece estar a acontecer no mundo. Heidegger comentava o conceito de 'acontecimento', a partir da raiz germânica dos elementos que constituem a palavra em alemão, como uma súbita singularidade que se nos oferece ao olhar.Uma das coisas que sempre me acontecem, quando chega Outubro, são as experiências dos fins de tarde, a uma luz que muitas vezes faz parar o mundo. Nada acontece lá fora, tudo começa a bulir cá dentro. E, no entanto, foi lá fora que alguma coisa se passou: o que aconteceu foi simplesmente - a luz. Olho pela janela. A vidraça enquadra apenas: um pedaço de mar em baixo, de um verde carregado, uma faixa púrpura-alaranjada a meio, um céu alto, entre o azul pálido e o quase branco, em cima. -
Walter Benjamin - A Sobrevida das Ideias - ensaios e diário«Nos ensaios que compõem este volume, o leitor – tal como eu próprio, ao escrevê-los – encontra-se sempre com Walter Benjamin em espaços nos quais o pensamento se demora em zonas de passagem, limiares que, espera-se, permitirão vislumbrar alguns núcleos importantes da sua Obra. No movimento de um pensamento como o de Benjamin – que, de facto, é móvel e move, é enigmático e luminoso – é sempre mais significativa a deambulação por essas zonas de abertura do que a passagem da linha de fronteira que delimita problemas, com a pretensão de chegar à sua solução e fixação. Benjamin e o seu método de pensar participam em alto grau da natureza do que é a um tempo oblíquo e transparente, configurando-se num modo de pensamento essencialmente prismático. Prismas poderia também ter sido o título deste livro, se Adorno o não tivesse já dado a um dos seus. Os ensaios que aqui se oferecem à leitura não têm outra ambição que não seja a de projectar alguma luz refractada a partir dos textos de Benjamin, ficando-se pelos limiares do seu pensamento em alguns domínios e temáticas que o marcam e que, entre muitos outros, apelaram para o meu olhar. Eles prolongam- -se, ainda e sempre em múltiplas zonas-limite, no Diário para Walter Benjamin, manuscrito e com colagens, que constitui a segunda parte deste livro, trazendo frequentemente o pensamento de Benjamin até ao nosso próprio tempo, ampliando e complementando algumas da suas reflexões maiores, para descobrir nelas um potencial de actualidade para o qual remete o título do livro – A Sobrevida das Ideias –, que aproveita um termo-chave cunhado por Benjamin (Fortleben = sobrevida). O Diário foi nascendo, primeiro entre 2003 e 2007 (em ligação com os primeiros quatro volumes da edição portuguesa), depois em 2016-17 (a partir de temas e tópicos suscitados pelas Passagens de Paris). Cruzam-se, assim, neste livro, as reflexões mais elaboradas dos ensaios com as mais circunstanciais das entradas do Diário, que se completam e mutuamente iluminam.» extraído da introdução de João Barrento -
Os Infinitos Modos da Palavra - Caminhos e Metamorfoses da Poesia Portuguesa Contemporânea«A linguagem secreta e discreta da poesia tende a dizer (tem de dizer?) o que outros géneros tantas vezes rejeitam. O poema é como um relógio de sol em cujo quadrante se podem ler as mais leves oscilações do tempo e dos tempos, as vibrações anímicas de um sujeito e as zonas de sombra e luz de uma visão da História. Também na poesia portuguesa que aqui se percorre, desde meados do século XX, os modos próprios da expressão pessoal se vão acastelando no nosso horizonte de leitura para configurar um tempo. Um tempo que, no que se refere à sua projecção no poema, tanto pode corresponder a um tempo histórico bem definido como remeter para uma atmosfera epocal mais difusa, ou mesmo apenas para aquele «lusco-fusco da consciência» de que fala o Livro do Desassossego.» [João Barrento]
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Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
O Infinito num JuncoA Invenção do livro na antiguidade e o nascer da sede dos livros.Este é um livro sobre a história dos livros. Uma narrativa desse artefacto fascinante que inventámos para que as palavras pudessem viajar no tempo e no espaço. É o relato do seu nascimento, da sua evolução e das suas muitas formas ao longo de mais de 30 séculos: livros de fumo, de pedra, de argila, de papiro, de seda, de pele, de árvore, de plástico e, agora, de plástico e luz.É também um livro de viagens, com escalas nos campos de batalha de Alexandre, o Grande, na Villa dos Papiros horas antes da erupção do Vesúvio, nos palácios de Cleópatra, na cena do homicídio de Hipátia, nas primeiras livrarias conhecidas, nas celas dos escribas, nas fogueiras onde arderam os livros proibidos, nos gulag, na biblioteca de Sarajevo e num labirinto subterrâneo em Oxford no ano 2000.Este livro é também uma história íntima entrelaçada com evocações literárias, experiências pessoais e histórias antigas que nunca perdem a relevância: Heródoto e os factos alternativos, Aristófanes e os processos judiciais contra humoristas, Tito Lívio e o fenómeno dos fãs, Sulpícia e a voz literária de mulheres.Mas acima de tudo, é uma entusiasmante aventura coletiva, protagonizada por milhares de personagens que, ao longo do tempo, tornaram o livro possível e o ajudaram a transformar-se e evoluir – contadores de histórias, escribas, ilustradores e iluminadores, tradutores, alfarrabistas, professores, sábios, espiões, freiras e monjes, rebeldes, escravos e aventureiros.É com fluência, curiosidade e um permanente sentido de assombro que Irene Vallejo relata as peripécias deste objeto inverosímil que mantém vivas as nossas ideias, descobertas e sonhos. E, ao fazê-lo, conta também a nossa história de leitores ávidos, de todo o mundo, que mantemos o livro vivo.Um dos melhores livros do ano segundo os jornais El Mundo,La Vanguardia e The New York Times(Espanha). -
O Anticrítico«O Anticrítico» é uma compilação dos ensaios de Diogo Vaz Pinto — textos de crítica literária, e não só —, escritos entre 2014 e 2023, incluindo alguns inéditos. «Não tenho conta para as vezes todas em que, para ir com a rábula insultuosa que me tecem, pegando uns onde outros deixaram, numa cooperativa de imbecis que, sinceramente, me comove, já me quiseram tirar a condição que vem de tudo o que faço. Mais difícil seria desmontar alguma coisa. Resta que, ou ignoram muito vermelhuscos, ou a ideia é revogar-me a carta, licença, prostrar-me na indigência de eu ser uma qualquer abominação, «Bicho», monstro que ligam com tudo o que é baixo, e mesmo assim paira sobre eles sem explicação. Um Chernobyl encarnado. Crítico não sou. Ou só pseudo. Videirinho e jornaleiro, pilha-galinhas e o mais que eu coso bem ao meu estuporado currículo. Pois seja, eu fico então gordo disso tudo. E viro-me do avesso. Sou o anticrítico, então! Roubando esta de Augusto de Campos sem pudor. Há muito que não me retiram do sentido a ideia de que o principal é cortar com a impostura disto tudo. A gloríola da mediocridade, o sentido gregário, essa ratada ficção ligando os «egozinhos de porta-aberta» do nosso meio literato.» -
Terra QueimadaEnsaio profético e demolidor, TERRA QUEIMADA (2022) expõe a forma como o complexo internético se tornou «motor implacável de vício, solidão, falsas esperanças, crueldade, psicose, endividamento, vida desbaratada, corrosão da memória e desintegração social». Nele, Jonathan Crary faz uma crítica radical da digitalização do mundo e denuncia realidades inegáveis: a incompatibilidade entre um planeta habitável e a economia consumista e técnica, a atomização provocada pelas redes sociais, a era digital como fase terminal do capitalismo planetário. «Se é possível um futuro habitável e comum no nosso planeta», conclui, «esse futuro será offline, dissociado dos sistemas e da actividade do capitalismo 24/7, que destroem o mundo». -
Mário Cesariny e Antonio Tabucchi - Cartas e outros TextosFernando Cabral Martins: «O surrealismo português já tinha atingido no final dos anos sessenta uma definição que tornava possível, de um ponto de vista exterior, descomprometido, fazer uma avaliação de conjunto.» Antonio Tabucchi veio a Portugal no rasto de um poeta: Fernando Pessoa, ou melhor Álvaro de Campos, de quem lera por acaso o poema «Tabacaria». Quis aprender a língua do autor do poema e para isso inscreveu-se na cadeira de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Pisa, que então frequentava. O seu mestre foi uma professora especial, bela, inteligente e culta, Luciana Stegagno Picchio. Antonio quis conhecer o país onde se falava aquela língua e ao qual pertencia aquele poeta e, na Primavera de 1965, com o seu Fiat 500, chegou a Portugal. Aí conheceu uma portuguesa com quem falou de Pessoa, e com quem continuou a trocar correspondência até ao ano seguinte, quando se tornaram namorados, vindo depois a casar (1970). Mas até lá, veio amiúde a Portugal […] e começou a interessar-se pelo Surrealismo português, sobre o qual havia muito pouco material crítico, praticamente nada, em vista da sua futura tese de licenciatura. Conheceu então (1967) dois membros ilustres daquele movimento, dois grandes poetas, Alexandre O’Neill e Mário Cesariny de Vasconcelos, com quem passou muitas horas, primeiro para os entrevistar e depois, com sempre maior intimidade, já com laços de amizade, só pelo prazer de estarem juntos. [Maria José de Lancastre] Esta é a história de um desencontro. Cesariny, como o surrealismo, considerava a universidade um inimigo, e Tabucchi, para todos os efeitos, era em 1971 um universitário. Mesmo se, no caso dele, havia por parte do poeta o agrado de ver como a sua poesia e o seu lugar no surrealismo português eram reconhecidos — pela primeira vez — por um leitor com a distância crítica e a óbvia inteligência de Antonio Tabucchi. Aqui, nos textos que documentam o contacto directo entre ambos do final dos anos 60, pode ver-se uma ilustração do modo como a história do surrealismo foi sendo feita, com que ritmo e a partir de que posições. E que implica a consciência, por parte do poeta, da importância do sentido que a crítica atribui à História, capaz (ou não) de tornar o passado digno do presente, ou vice- -versa. E manifesta, por parte do jovem crítico italiano, a intuição da grandeza de um movimento que evoluía na sombra, num carceral jardim à beira-mar. [Fernando Cabral Martins]

