Walter Benjamin - A Sobrevida das Ideias - ensaios e diário
«Nos ensaios que compõem este volume, o leitor – tal como eu próprio, ao escrevê-los – encontra-se sempre com Walter Benjamin em espaços nos quais o pensamento se demora em zonas de passagem, limiares que, espera-se, permitirão vislumbrar alguns núcleos importantes da sua Obra. No movimento de um pensamento como o de Benjamin – que, de facto, é móvel e move, é enigmático e luminoso – é sempre mais significativa a deambulação por essas zonas de abertura do que a passagem da linha de fronteira que delimita problemas,
com a pretensão de chegar à sua solução e fixação. Benjamin e o seu método de pensar participam em alto grau da natureza do que é a um tempo oblíquo e transparente, configurando-se num modo de pensamento essencialmente prismático.
Prismas poderia também ter sido o título deste livro, se Adorno o não tivesse já dado a um dos seus. Os ensaios que aqui se oferecem à leitura não têm outra ambição que não seja a de projectar alguma luz refractada a partir dos textos de Benjamin, ficando-se pelos limiares do seu pensamento em alguns domínios e temáticas que o marcam e que, entre muitos outros, apelaram para o meu olhar. Eles prolongam-
-se, ainda e sempre em múltiplas zonas-limite, no Diário para Walter Benjamin, manuscrito e com colagens, que constitui a segunda parte deste livro, trazendo frequentemente o pensamento de Benjamin até ao nosso próprio tempo, ampliando e complementando algumas da suas reflexões maiores, para descobrir nelas um potencial de actualidade para o qual remete o título do livro – A Sobrevida das Ideias –, que aproveita um termo-chave cunhado por Benjamin (Fortleben = sobrevida). O Diário foi nascendo, primeiro entre 2003 e 2007 (em ligação com os primeiros quatro volumes da edição portuguesa), depois em 2016-17 (a partir de temas e tópicos suscitados pelas Passagens de Paris). Cruzam-se, assim, neste livro, as reflexões mais elaboradas dos ensaios com as mais circunstanciais das entradas do Diário, que se completam e mutuamente iluminam.» extraído da introdução de João Barrento
| Editora | Edições do Saguão |
|---|---|
| Coleção | Sagaz |
| Categorias | |
| Editora | Edições do Saguão |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | João Barrento |
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A Chama e as CinzasUm trabalho que tem como corpo central um conjunto de textos do Professor João Barrento apresentados, em alemão, nas conferências de Frankfurt e que deram origem à obra Nelken und Immortellen - Portugiesische Literatur der Gegenwart [ Cravos e Perpétuas. A literatura portuguesa contemporânea ], publicada pela editora Tranvía, de Berlim, em 1999. A estes junta-se um outro testemunho feito em português, em 2005, numa intervenção proferida no Brasil. Em todos eles o autor detém-se sobre a situação da literatura portuguesa no início do século XXI e do seu lugar no meio literário e social, na escola e na universidade. Naturalmente, todos os escritos originais foram reformulados, desenvolvidos e completados para poderem integrar um corpo coerente numa edição que se constitui como síntese, naturalmente aberta e pessoal, do panorama mais recente da nossa literatura. -
O Cardo e a Rosa / Poesia do Barroco Alemão"A VIDA HUMANAA vida éI. FOLHAGEM verde, seca num momento,ARAGEM leve, corrida de vento.II. NEVÃO que no ar se desfaz, PEGÃO em que nunca há paz.III. FLOR que abre para logo morrer,FULGOR que dura o tempo de ver.IV. RELVADO que qualquer pé amassa,VIDRADO que facilmente estilhaça.V. BRUMA que à vista se some,ESPUMA que a maré consome.VI. FENO que é de pouca dura.JOIO de que o vento não cura.VII. COMPRA que ao fim lamentamos.CORRIDA em que nos cansamos.VIII. TORRENTE que voa fugaz.BOLHA que logo se desfazIX. SOMBRA que nos faz morrer.ALFOMBRA para a cova fazer"Georg Philipp Harsdörffe -
A Escala do Meu Mundo [crónicas]Por vezes, antes de escrever, penso que a actualidade que se espera da crónica está inquinada à partida por uma confusão entre o que é de hoje (o que está a acontecer) e o que pode ser actual. Actual pode ser, tanto o que foi de ontem como o que será ainda de amanhã. O meu modo de ver, à primeira vista uma fuga ao contingente, nasce de facto da atenção à pura contingência; e parecendo ignorar os acontecimentos, não fecha os olhos ao que acontece. O que acontece é que o meu olhar prefere muitas vezes deter-se no insignificante que me acontece, e não tanto no que de significante parece estar a acontecer no mundo. Heidegger comentava o conceito de 'acontecimento', a partir da raiz germânica dos elementos que constituem a palavra em alemão, como uma súbita singularidade que se nos oferece ao olhar.Uma das coisas que sempre me acontecem, quando chega Outubro, são as experiências dos fins de tarde, a uma luz que muitas vezes faz parar o mundo. Nada acontece lá fora, tudo começa a bulir cá dentro. E, no entanto, foi lá fora que alguma coisa se passou: o que aconteceu foi simplesmente - a luz. Olho pela janela. A vidraça enquadra apenas: um pedaço de mar em baixo, de um verde carregado, uma faixa púrpura-alaranjada a meio, um céu alto, entre o azul pálido e o quase branco, em cima. -
Aparas dos Dias - A escrita na ponta do lápisEste é o meu livro de leitura, de leituras, de colheitas, de respostas aos apelos de outros livros e a chamadas que sempre foram chegando, e continuam a chegar.Legere = ler, colher, apanhar…. o que foi caindo dia a dia no papel, ainda na máquina de escrever, no computador, nos cadernos das intervenções públicas… Dessa massa se faz o pão deste livro múltiplo. O seu ritmo é o dos dias: desiguais e acidentados, com altos e baixos, estradas longas e pequenos atalhos e desvios. Breves iluminações e troços de respiração mais ampla. Espelho de interesses, de obsessões, de paixões que os anos só vêm confirmar e consolidar…João Barrento -
Os Infinitos Modos da Palavra - Caminhos e Metamorfoses da Poesia Portuguesa Contemporânea«A linguagem secreta e discreta da poesia tende a dizer (tem de dizer?) o que outros géneros tantas vezes rejeitam. O poema é como um relógio de sol em cujo quadrante se podem ler as mais leves oscilações do tempo e dos tempos, as vibrações anímicas de um sujeito e as zonas de sombra e luz de uma visão da História. Também na poesia portuguesa que aqui se percorre, desde meados do século XX, os modos próprios da expressão pessoal se vão acastelando no nosso horizonte de leitura para configurar um tempo. Um tempo que, no que se refere à sua projecção no poema, tanto pode corresponder a um tempo histórico bem definido como remeter para uma atmosfera epocal mais difusa, ou mesmo apenas para aquele «lusco-fusco da consciência» de que fala o Livro do Desassossego.» [João Barrento]
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.
