Biografia do Mundo
Biografia do mundo é um conjunto de dez cantos poéticos que propõe uma viagem pelos grandes marcos e lapsos das itinerâncias humanas ao longo da sua história. Escrito seguindo um apelo diacrónico, o teor desta poética segue, no entanto, vias em que um aceno paródico conflui com o peso das referências que se vão dilucidando. Os pontos de passagem - antepassados, eschatón, logos, monoteísmos, utopias, cintilações, estéticas, sistémicas, labirintos e espectáculos - são também os pontos de partida. Em todos eles, o ponto de chegada é sobretudo um sortilégio e um convite a uma conotação sem fim.
| Editora | Abysmo |
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| Editora | Abysmo |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Luís Carmelo |
Luís Carmelo (1954), doutorado pela Universidade de Utreque, é professor na Escola Superior de Design (IADE) e membro da Associação Portuguesa de Escritores (APE) e da Associação Internacional de Semiótica (IASS-AIS). Para além de ser autor de diversas obras de escrita criativa, cadeira que lecciona em várias instituições, entre elas o Instituto Camões, é ainda colunista do jornal Expresso e um activo blogger. Vencedor do Prémio de Ensaio da APE, Luís Carmelo já editou nas Publicações Europa-América várias obras de não-ficção, nomeadamente, Manual de Escrita Criativa, vols. I e II e Sebenta Criativa para Estudantes de Jornalismo. Após o livro de contos A Pé pelo Paraíso, A Falha é a segunda obra de ficção reeditada agora pela Europa-América, na sequência da comemoração dos 10 anos da publicação da obra.
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A Dobra do CrioulinhoA Dobra do Crioulinho é o primeiro romance de uma trilogia que olha de maneira singular para o Portugal profundo. A paz de uma pacata vila alen¬tejana, com todos os seus personagens típicos e atípicos, é subitamente interrompida por uma série de fenómenos naturais, sobrenaturais e impensáveis. Uma cheia, incêndios, violência, e até um meteorito destroem o frágil tecido social da pequena comunidade. -
GnaisseUm professor está apaixonado por uma aluna que gosta de Nietzsche, de bonsais e de garrafas de gás. A aluna desaparece subitamente. O professor frequenta então um templo religioso, faz promessas, é invadido por sonhos que o avisam dos perigos que corre e, um dia, muda de casa e volta a fumar. Na nova casa, há uma vizinha que grita a certas horas da noite. O professor tem saudades da aluna. Desesperado, decide mudar de identidade e torna-se cada vez mais parecido com Allan Poe (quando fotografado por Mathew Brady). As saudades são tantas que o professor, transtornado, vê a aluna em todo o lado: na pastelaria do bairro, na tela do cinema, nas sombras da sua própria varanda. Duas mortes ensombram, a certa altura, o percurso e o destino do professor. Tudo se altera de repente, como se a realidade relatada não passasse, afinal, de um truque de prestidigitação. A chegada inesperada da irmã do protagonista parece ser a chave que tudo irá solucionar. No entanto, os arrestos de bens e as penhoras aproximam-se. Mas é o fogo que acabará por devorar tudo, no preciso dia em que a casa é penhorada. Resistindo às hostilidades do mundo, o professor encontrará a sua antiga aluna ao rodar a manivela de uma caixa de música. Sob o pano de fundo da crise, Gnaisse é um romance de mistérios que passam o testemunho entre si, como acontece entre os estratos das rochas metamórficas. Uma metáfora da repetição e do efémero que dá a ver a vida em processo - ou em frenesim - e não atada (num embrulho literário) com um lacinho. -
Por Mão PrópriaConfessa o protagonista do novo romance de Luís Carmelo, Por Mão Própria , que atravessou o inferno de um lado ao outro. Perdeu a irmã, a namorada, os pais, a madrasta, o cão, o patrão, a livreira, a psiquiatra e a mulher do seu melhor amigo que apareceu, um dia, deitada na linha do caminho-de-ferro.Para agravar as coisas, escutava dentro dos ouvidos uma gritaria de crianças que parecia querer humilha-lo.Talvez por ser designer, encontrou o sentido da vida, primeiro no umbigo de uma chinesa e, depois, no magnífico sinal de uma rececionista (que era um jardim circular feito de melanina para onde apetecia saltar e ficar a viver para sempre). Enfim, um pesadelo devorado entre a solidão das ruas e o afã apocalíptico das multidões. Seja como for, um pesadelo sonhado num sótão onde a graça e a ingenuidade do mundo terão, de algum modo, excedido o terror e o abismo. -
SísifoEm Abril de 1336, Petrarca subiu a pé o Monte Ventoso e transformou essa experiência num conhecido texto em que as memórias e o balanço espiritual e amoroso se misturam.Quase sete séculos depois, três pessoas que não se conhecem repetem a escalada, ainda que por razões diversas. Timeu é levado pelo acaso, Tenório pela evasão e Bernarda por um ritual familiar. Nenhum dos três atingirá o cume do Monte Ventoso, mas a aventura acabará por transformar-se num inesperado reinício de vida.Sísifo celebra assim os caminhos da redescoberta e da iniciação e é o terceiro romance da trilogia com o mesmo nome, na sequência de Gnaisse (2015), romance sobre a paixão, e de Por Mão Própria (2016), romance sobre a perda. -
Tratado«Houve um tempo em que, por razões profissionais e outras, todos os anos regressava a um certo número de livros. Repetia essas peregrinações disciplinadamente.Cada um desses livros, para além do seu uso funcional, passou a ser recordado e evocado do mesmo modo que uma pessoa recorda e evoca uma casa de férias a que regressa todos os anos.Sem dar por isso, esses livros foram criando efabulações próprias que nada tinham que ver com o conteúdo (geralmente teórico) que neles se anunciava e congeminava.Os poemas que se publicam neste livro resultam da trasfega do imaginário informe criado, de modo autónomo e livre, por essas efabulações.» -
Músicas da Consciência - Entre as Neurociências e as Ciências do SentidoO ensaio de Luís Carmelo, Músicas da Consciência, propõe o encontro entre a tradição descritiva e teórica do funcionamento da mente e, por outro lado, as práticas laboratoriais e experimentais que, nos últimos anos, têm desvelado a arquitectura desse mesmo funcionamento. Esta cuidada travessia dos mundos da química, da biologia, da semiótica e da filosofia permite estimar novas perspectivas e olhares sobre o conjunto das ocorrências da mente e põe sobretudo em evidência a tradição das ciências do sentido e as últimas investigações de António Damásio. -
A Pé Pelo ParaísoDo autor do conhecido romance A Falha, adaptado ao cinema por João Mário Grilo, chega-nos agora A Pé Pelo Paraíso. Um livro de contos, escritos de maneira inteligente, delicada e elegante, onde os finais são sempre reveladores e desconcertantes.Um percurso singular onde o amor está sempre presente e a efémera condição humana se torna em obsessão constante.Como se a contingência da palavra coubesse no enigma dos diversos destinos narrados. -
Visão AproximadaVisão aproximada é um texto de natureza biográfica. Escrito na segunda pessoa e seguindo a cronologia clara da vida do autor, o livro acaba, no entanto, por estar envolvido por uma grande carga ficcional (e pelos corredores da trama), já que é narrado pelo sonâmbulo do biografado. O desafio de contar uma vida, através de excertos, imagens e fragmentos, adquire um sentido de plenitude devido ao modo como os factos e a sua focalização se dispõem - cinematograficamente - no texto. -
Respiração PensadaRespiração Pensada é um ensaio que tenta responder à pergunta: o que é contar uma vida? O ensaio segue a tradição do pensamento inorgânico e fragmentário e equaciona temas que colocam em relação biografia e visiografia, poética e intensidade, memória e literatura, desejo e identidade, normalidade e anormalidade e/ou repentismo e reminiscência. Ao contrário de uma tese que se propõe responder a uma pergunta concreta, este ensaio mergulha numa pluralidade de onde emergem possíveis respostas. Ao contrário da tese que fecha a página e esclarece, este ensaio penetra nas capilaridades da matéria a indagar e tenta iluminar e abrir, de ponta a ponta, a sua própria cartografia. -
A Grande Imersão - Pensar o Amor. Pensar a Intimidade.A Grande Imersão é um ensaio sobre o mundo interior dos humanos e o modo como essa dimensão é, também, e sempre, o lugar de um outro. Nesta abordagem desenvolveram-se dois motes de cariz universal: o amor, no Livro 1, e a intimidade no Livro 2. Um e outro constroem e dão corpo à imersão dos humanos na intensidade interior do vivido, a qual, pela sua característica inefável e indizível, resiste amiúde a ser dita e sobretudo a ser objecto de um discurso racional. Dada a natureza desta investigação (aberta e fragmentária para que o leitor a vá sempre completando e rescrevendo), decidimos empregar metodologias diferentes em ambos os livros. No Livro 1, Pensar o amor, ao contrário do que acontece no Livro 2, Pensar a intimidade, partimos da matéria virgem – como diria Lao Tse – daquilo que todas as culturas do mundo designam por amor, referenciando mas, ao mesmo tempo, colocando de lado intencionalmente as teorias e os conceitos já elaborados que costumam ‘arrumar’ o tema (conceitos que, entre muitos outros, vêm de Platão, Aristóteles ou Ovídio; de Hobbes, Feuerbach ou Arendt; de Laclos, Barthes ou Baumann ou ainda de Simmel, Gasset ou do Sartre de L´Être et le Néant, etc., etc.).
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira