Cristo com Carabina ao Ombro
Na primeira edição polaca deste livro, aparecida em 1975, dizia o próprio autor: «Pouco depois da morte de Che Guevara, o pintor revolucionário argentino Carlos Alonso pintou um quadro que imediatamente se tornou famoso em toda a América Latina: a figura de um Cristo de carabina ao ombro. O quadro de Alonso converteu-se desde então num símbolo artístico do guerrilheiro, do homem que combate a violência e a arbitrariedade na sua luta por um mundo diferente, justo e bom para todos os seres humanos.» É a eles, a todos os jovens rebeldes que lutam pela liberdade nos seus países, que se dedicam as reportagens reunidas neste volume.
Kapuscinski apresenta aqui o seu próprio combate contra o silêncio noticioso em torno destas histórias de opressão, num périplo desde o Médio Oriente à América Latina, terminando em Moçambique, cuja guerra pela independência o autor acompanhou até esse histórico ano de 1974.
| Editora | Livros do Brasil |
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| Editora | Livros do Brasil |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Ryszard Kapuscinski |
Ryszard Kapuscinski nasceu a 4 de março de 1932 na cidade polaca de Pinsk, hoje situada na Bielorrússia. Estudou História na Universidade de Varsóvia e em 1955 começou a trabalhar como jornalista, escrevendo reportagens sobre a reconstrução da Polónia. Ainda nos anos cinquenta, foi pela primeira vez enviado como correspondente para a Ásia (Índia, Paquistão, Afeganistão) e para o Médio Oriente. Mais tarde, passou longos anos como correspondente em África e na América Latina. Considerado um dos grandes mestres do jornalismo moderno, Kapuscinski foi eleito em 1999 o melhor jornalista polaco do século XX e distinguido, em 2003, com o Prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades. Faleceu a 23 de janeiro de 2007.
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ÉbanoEm 1957, Ryszard Kapuscinski aterrou pela primeira vez em África, enviado como correspondente de um jornal polaco, com o intuito de testemunhar o início do fim da era da colonização. Nos quarenta anos que se seguiram, aproveitou todas as oportunidades para lá voltar. Dos primeiros dias da independência do Gana ao genocídio étnico no Ruanda, da travessia do deserto do Sara na companhia de tribos nómadas ao domicílio nos mais pobres bairros de lata da Nigéria, Kapuscinski embrenhou-se no continente, nas suas histórias, nas histórias dos seus povos. Este volume é o resultado de um espantoso trabalho jornalístico, alicerçado numa observação crítica dos acontecimentos, numa análise profunda dos seus impactos e numa aproximação excecional, de grande respeito e genuína curiosidade, a cada uma das pessoas que encontrou. Obra de referência deste que é por muitos considerado o melhor repórter do século XX, Ébano é um documento precioso para a compreensão da história africana do último meio século e dos desafios que hoje se impõem. -
O ImperadorUm golpe militar histórico estava prestes a rebentar nas ruas da Etiópia quando em 1974 Ryszard KapuScinski chegou ao país. Haile Selassie, o Grande Senhor, o Venerável Monarca, Eleito por Deus, Imperador da dinastia salomónica que ocupara o trono ao longo de mais de quarenta anos, acabaria deposto pelo seu exército. Kapuscinski quis ouvir aqueles que frequentaram os salões, os escritórios, os corredores do palácio, e através dos seus depoimentos, aqui reunidos, contar a história da vida e da queda da corte imperial de um homem que era para muitos um deus. O messias espiritual do movimento rastafári, uma figura mítico-religiosa que se acreditava capaz de mudar vidas com um simples olhar, um autocrata que viveu numa opulência extrema enquanto o seu povo sucumbia à fome. Nos relatos registados pela mão deste que foi um dos grandes jornalistas do século XX mora o grotesco e o magnífico, o dramático e o humorístico, o retrato de um país estrangulado de liberdades que, alegoricamente, poderia ser muitos outros. O Imperador é uma obra maior da arte da reportagem e um epitáfio espantoso de um regime marcante na história africana. -
Os Cínicos Não Servem Para Este Ofício - Conversas sobre o Bom Jornalismo«É um erro escrever sobre alguém com quem não se partilhou pelo menos um fragmento da vida.» Esta é uma das afirmações de Os Cínicos Não Servem para Este Ofício, um livro «conversado» sobre o trabalho dos jornalistas, as suas dificuldades e regras, e, mais geralmente, sobre a responsabilidade dos intelectuais que hoje em dia se dedicam à informação. O repórter polaco, Ryszard Kapuscinski, falecido no início de Janeiro de 2007, aborda os problemas surgidos na sua actividade, nesta época de grandes mudanças políticas e sociais e de rápidas alterações tecnológicas na área da informação. Como falar de pobreza, de fome e das guerras? Qual a relação entre a realidade e a narrativa que dela se faz? Pode ser-se um bom jornalista sem motivações éticas? Que alterações foram provocadas no jornalismo pela televisão e a Internet? Além de uma conversa com Maria Nadotti, o livro inclui uma entrevista feita por Andrea Semplici sobre os acontecimentos que levaram à emancipação africana do domínio colonial e um diálogo com o crítico de arte John Berger. -
Mais um Dia de Vida - Angola 1975Ryszard Kapuscinski, escritor e um dos maiores repórteres do século XX, esteve em Angola num período conturbadíssimo: entre o 25 de Abril de 1974 e a independência do país africano, em Novembro de 1975. Mais Um Dia de Vida - Angola 1975 é o extraordinário relato dessa época. Depois de 400 anos de domínio colonial, assiste-se ao violento surgimento de um país novo, imerso numa sangrenta guerra de guerrilha que visa decidir quem governará a nação libertada. -
Andanças com HeródotoRecém-licenciado, a trabalhar para uma agência de notícias polaca e com um desejo imenso de conhecer os povos além-fronteiras, Kapuscinski pede para partir em reportagem. Oferecido pela sua redatora-chefe, o jovem jornalista leva consigo, durante vários anos, um volume das Histórias de Heródoto, o historiador grego que vivera dois mil e quinhentos antes de si. É através das reflexões do autor clássico que atravessa a Índia, a China, a Ásia Menor e África, nas suas Andanças com Heródoto, relato de viagem que ainda hoje faz refletir sobre todas as fronteiras que nos separam e a humanidade que nos une. Se Heródoto é considerado «o pai da História», Kapuscinski é certamente «o mestre da reportagem».
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.