Os Cínicos Não Servem Para Este Ofício - Conversas sobre o Bom Jornalismo
«É um erro escrever sobre alguém com quem não se partilhou pelo menos um fragmento da vida.» Esta é uma das afirmações de Os Cínicos Não Servem para Este Ofício, um livro «conversado» sobre o trabalho dos jornalistas, as suas dificuldades e regras, e, mais geralmente, sobre a responsabilidade dos intelectuais que hoje em dia se dedicam à informação.
O repórter polaco, Ryszard Kapuscinski, falecido no início de Janeiro de 2007, aborda os problemas surgidos na sua actividade, nesta época de grandes mudanças políticas e sociais e de rápidas alterações tecnológicas na área da informação. Como falar de pobreza, de fome e das guerras? Qual a relação entre a realidade e a narrativa que dela se faz? Pode ser-se um bom jornalista sem motivações éticas? Que alterações foram provocadas no jornalismo pela televisão e a Internet?
Além de uma conversa com Maria Nadotti, o livro inclui uma entrevista feita por Andrea Semplici sobre os acontecimentos que levaram à emancipação africana do domínio colonial e um diálogo com o crítico de arte John Berger.
| Editora | Relógio d' Água |
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| Editora | Relógio d' Água |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Ryszard Kapuscinski |
Ryszard Kapuscinski nasceu a 4 de março de 1932 na cidade polaca de Pinsk, hoje situada na Bielorrússia. Estudou História na Universidade de Varsóvia e em 1955 começou a trabalhar como jornalista, escrevendo reportagens sobre a reconstrução da Polónia. Ainda nos anos cinquenta, foi pela primeira vez enviado como correspondente para a Ásia (Índia, Paquistão, Afeganistão) e para o Médio Oriente. Mais tarde, passou longos anos como correspondente em África e na América Latina. Considerado um dos grandes mestres do jornalismo moderno, Kapuscinski foi eleito em 1999 o melhor jornalista polaco do século XX e distinguido, em 2003, com o Prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades. Faleceu a 23 de janeiro de 2007.
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ÉbanoEm 1957, Ryszard Kapuscinski aterrou pela primeira vez em África, enviado como correspondente de um jornal polaco, com o intuito de testemunhar o início do fim da era da colonização. Nos quarenta anos que se seguiram, aproveitou todas as oportunidades para lá voltar. Dos primeiros dias da independência do Gana ao genocídio étnico no Ruanda, da travessia do deserto do Sara na companhia de tribos nómadas ao domicílio nos mais pobres bairros de lata da Nigéria, Kapuscinski embrenhou-se no continente, nas suas histórias, nas histórias dos seus povos. Este volume é o resultado de um espantoso trabalho jornalístico, alicerçado numa observação crítica dos acontecimentos, numa análise profunda dos seus impactos e numa aproximação excecional, de grande respeito e genuína curiosidade, a cada uma das pessoas que encontrou. Obra de referência deste que é por muitos considerado o melhor repórter do século XX, Ébano é um documento precioso para a compreensão da história africana do último meio século e dos desafios que hoje se impõem. -
O ImperadorUm golpe militar histórico estava prestes a rebentar nas ruas da Etiópia quando em 1974 Ryszard KapuScinski chegou ao país. Haile Selassie, o Grande Senhor, o Venerável Monarca, Eleito por Deus, Imperador da dinastia salomónica que ocupara o trono ao longo de mais de quarenta anos, acabaria deposto pelo seu exército. Kapuscinski quis ouvir aqueles que frequentaram os salões, os escritórios, os corredores do palácio, e através dos seus depoimentos, aqui reunidos, contar a história da vida e da queda da corte imperial de um homem que era para muitos um deus. O messias espiritual do movimento rastafári, uma figura mítico-religiosa que se acreditava capaz de mudar vidas com um simples olhar, um autocrata que viveu numa opulência extrema enquanto o seu povo sucumbia à fome. Nos relatos registados pela mão deste que foi um dos grandes jornalistas do século XX mora o grotesco e o magnífico, o dramático e o humorístico, o retrato de um país estrangulado de liberdades que, alegoricamente, poderia ser muitos outros. O Imperador é uma obra maior da arte da reportagem e um epitáfio espantoso de um regime marcante na história africana. -
Mais um Dia de Vida - Angola 1975Ryszard Kapuscinski, escritor e um dos maiores repórteres do século XX, esteve em Angola num período conturbadíssimo: entre o 25 de Abril de 1974 e a independência do país africano, em Novembro de 1975. Mais Um Dia de Vida - Angola 1975 é o extraordinário relato dessa época. Depois de 400 anos de domínio colonial, assiste-se ao violento surgimento de um país novo, imerso numa sangrenta guerra de guerrilha que visa decidir quem governará a nação libertada. -
Andanças com HeródotoRecém-licenciado, a trabalhar para uma agência de notícias polaca e com um desejo imenso de conhecer os povos além-fronteiras, Kapuscinski pede para partir em reportagem. Oferecido pela sua redatora-chefe, o jovem jornalista leva consigo, durante vários anos, um volume das Histórias de Heródoto, o historiador grego que vivera dois mil e quinhentos antes de si. É através das reflexões do autor clássico que atravessa a Índia, a China, a Ásia Menor e África, nas suas Andanças com Heródoto, relato de viagem que ainda hoje faz refletir sobre todas as fronteiras que nos separam e a humanidade que nos une. Se Heródoto é considerado «o pai da História», Kapuscinski é certamente «o mestre da reportagem». -
Cristo com Carabina ao OmbroNa primeira edição polaca deste livro, aparecida em 1975, dizia o próprio autor: «Pouco depois da morte de Che Guevara, o pintor revolucionário argentino Carlos Alonso pintou um quadro que imediatamente se tornou famoso em toda a América Latina: a figura de um Cristo de carabina ao ombro. O quadro de Alonso converteu-se desde então num símbolo artístico do guerrilheiro, do homem que combate a violência e a arbitrariedade na sua luta por um mundo diferente, justo e bom para todos os seres humanos.» É a eles, a todos os jovens rebeldes que lutam pela liberdade nos seus países, que se dedicam as reportagens reunidas neste volume. Kapuscinski apresenta aqui o seu próprio combate contra o silêncio noticioso em torno destas histórias de opressão, num périplo desde o Médio Oriente à América Latina, terminando em Moçambique, cuja guerra pela independência o autor acompanhou até esse histórico ano de 1974.
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História dos Média na Europa«O conhecimento das grandes tendências que marcaram a história dos média europeus e a história particular destes mesmos média em cada país europeu (sobretudo daqueles de que somos geográfica e culturalmente mais próximos) é absolutamente indispensável. Só assim poderemos compreender por que é que ainda hoje, quase seis séculos depois da ?descoberta? da prensa tipográfica, a paisagem imprensa europeia é tão contrastada, de uma região para outra do continente. E como é que, ao longo do século XX, a rádio e a televisão, as estruturas dos seus emissores como dos seus conteúdos, evoluíram também de maneira tão plurifacetada.» -
História da ArteA história da Arte é, em simultâneo, autónoma e parte integrante da História, da Cultura e da Civilização. Esta obra confirma-o e, de modo sucinto, traça um panorama da sua evolução desde a mais remota Antiguidade até os nossos dias. -
Media e Jornalismo em Tempos de Ditadura -Censura, Repressão e ResistênciaO livro reúne textos de 11 investigadores portugueses e espanhóis sobre a instrumentalização dos media durante o Estado Novo e o Franquismo e as formas de resistência à censura e à repressão. A obra surge na sequência do II Seminário da História da Comunicação da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, realizada, em Novembro de 2022, na Fundação Mário Soares e Maria Barroso. Alguns dos textos que agora se publicam foram apresentados neste encontro científico. Segundo os coordenadores do livro, há um denominador comum a todos os textos: «a necessidade que as ditaduras têm de vedar o acesso do povo à verdade incómoda ou inconveniente. Por isso, silenciaram-se certas pessoas, assuntos e factos, enquanto se deu relevo e importância a outros». -
25 de Abril: A Transformação nos «Media»Uma obra que mantém vivo o legado de Mário Mesquita e que o autor desejava ter publicado em vida, provando que a forma como pensou e discutiu o jornalismo num momento fundador e de viragem como foi o período de 1974-1975 mantém uma admirável actualidade. «Mário Mesquita desenvolveu, de forma sistemática e coerente, actividades que visavam o bemcomum e incentivavam uma democracia aberta — na política, no jornalismo de informação, na actividade académico-universitária e na escrita — com o objectivo de realizar o seu ideal de sempre: o da Liberdade.» António Ramalho Eanes «Jornalista e académico, MárioMesquita procurava em cada trabalho o difícil equilíbrio entre o rigor da contextualização e o prazer da boa história. Isso fazia de qualquer conversa sobre o jornal uma oportunidade de reflexão profissional, tantas vezes em falta na lufa-lufa das redacções.» Diana Andringa «Com o Mário Mesquita estamosperante alguém que decidiu ser jornalista para compreender melhor o mundo, e que resolveu estudar os media para se conhecer ainda melhor a si próprio.» Jaime Gama «Recordo o Mário Mesquita como um homem de pensamento que não desprezava a acção. Inteligente e culto. Um espírito livre, um bom cidadão, um amigo confiável. Liberdade e Solidariedade foram os grandes valores da sua vida. Faz-nos falta!» Maria Antónia Palla -
Homo Spectator: Ver, Fazer Ver«É a barbárie que ameaça um mundo sem espectador.»"Homo Spectator" reflecte sobre a construção histórica da figura do espectador, desde as cavernas paleolíticas às tecnologias digitais. Este percurso interroga as várias relações, de opressão e de liberdade, de medo e de gozo, que se estabelecem entre humanos e imagens, para ensaiar uma resposta à inquietante pergunta: como preservar a nossa liberdade crítica perante a disseminação das imagens? -
Ainda Bem Que Me PerguntaAinda Bem Que Me Pergunta, trata-se do primeiro manual de escrita jornalística, editado em Portugal, de um autor português, para o público português. Como escrever com clareza e rigor semântico? Como estruturar uma notícia, uma reportagem, uma entrevista? Como elaborar os respectivos títulos? Como evitar as «armadilhas» ortográficas e gramaticais? -
Desinformação Online - O impacto da Propaganda ParticipativaA desinformação é hoje prevalecente no ambiente digital, onde a informação circula a alta velocidade. Servindo-se de técnicas clássicas de propaganda, a desinformação conta com a colaboração de cidadãos anónimos que partilham conteúdos online sem antes avaliarem a veracidade dessa mesma informação. O presente livro mostra como este fenómeno constitui uma ameaça à democracia e como pode ser combatido através do investimento em literacia mediática e digital. -
Temas Arquivísticos - Entre a Tradição e a MudançaUm convite à reflexão do lugar da Arquivística hoje, contrariando as vozes que afirmam que tenha adormecido permanentemente na Modernidade, face à emergência do pensamento pós-moderno, onde a ciência da informação radica a sua identidade, sem que a pós-modernidade seja, também ela, parte da seiva que corre nas veias dos autores dos estudos arquivísticos, que, por consequência, escorre para as suas páginas. Um convite, ainda, a repensar a valorização dos estudos arquivísticos na atualidade, relegados, em muitos fora, à sua tecnicidade, considerados despidos de qualquer roupagem teórica, como se os arquivos não constituíssem, per se, um campo de estudo científico. Um campo sobre o qual se constrói conhecimento continuamente, refletido por cientistas e comunidades de prática, que, como tal, acompanha a própria evolução da ciência e o devir social.[CARLOS GUARDADO DA SILVA]