Em Contramão
14,00 €
Envio previsto até
Um jornalista, poeta e escritor brasileiro, Álvaro Alves de Faria. Um artista plástico português, Rui Cavaleiro. Conheceram-se na rede social. Rui posta desenhos e Álvaro poemas. Um no Brasil e o outro em Portugal. Começaram a corresponder-se por e-mail. Álvaro pedia os desenhos em que sentia um poema. Rui enviava. E esse trabalho estendeu-se por mais de dois anos. Álvaro e Rui chegaram aos 55 poemas e 55 desenhos, que fazem este livro. Trata-se de um encontro de arte retratando um mundo quase só feito de injustiças e perversidades. Os dois artistas juntaram suas linguagens, a da palavra e a do traço.
O resultado é um manifesto contra um tempo que não respeita ninguém, este em que tentamos viver.
| Editora | Palimage |
|---|---|
| Categorias | |
| Editora | Palimage |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Rui Cavaleiro, Álvaro Alves de Faria |
Rui Cavaleiro
Álvaro Alves de Faria
ÁLVARO ALVES DE FARIA
PRÉMIO POESIA E LIBERDADE ALCEU AMOROSO LIMA DE 2018, PELO CONJUNTO DA OBRA, RIO DE JANEIRO.
PRÉMIO DE POESIA GUILHERME DE ALMEIDA DE 2019, PELO CONJUNTO DA OBRAS, SÃO PAULO.
Da Geração 60, Álvaro Alves de Faria é um dos nomes mais significativos da poesia brasileira atual. Jornalista, poeta, escritor. Colunista no Site e comentarista de política e comportamento da Rádio Jovem Pan de São Paulo, com 120 emissoras em todo país. Artista plástico. Ciências Sociais. Literatura e Língua Portuguesa. Mestrado em Comunicação Social. Belas Artes. Instituto Nobel-Desenho. Teosofia. Dedica-se a Histórias em Quadrinhos, desenhando seu personagem ”Pimtim”, um passarinho poético e melancólico. Dedica-se, também, à ilustração.É autor de mais de 60 livros no Brasil, incluindo poesia, romances, ensaio literário, livros de entrevistas literárias e peças de teatro. Mas é fundamentalmente poeta. Como jornalista cultural, pelo seu trabalho em favor do Livro, recebeu por 2 vezes o Prémio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, e por 3 vezes o Prémio Especial da APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte. Foi distinguido, ao longo dos anos, com os mais importantes prémios literários do país. Sua peça de teatro “Salve-se quem puder que o jardim está pegando fogo” recebeu o Prémio Anchieta para Teatro, um dos mais importantes dos anos 70 no Brasil. A peça, no entanto, foi proibida de encenação e permaneceu censurada até a abertura política, quase ao fim da ditadura. O mesmo ocorreu com seu livro “4 Cantos de Pavor e Alguns poemas desesperados”, proibido de distribuição às livrarias. Foi o iniciador, nos anos 60, dos recitais públicos de poesia em São Paulo, quando lançou o livro “O Sermão do Viaduto”, em pleno Viaduto do Chá, então o cartão-postal da cidade. Com microfone e quatro alto-falantes realizou nove recitais no local e foi detido cinco vezes como subversivo pelo DOPS – Departamento de Ordem Pública e Social. Essa quinta detenção determinou a proibição definitiva do movimento. Tinha, então, pouco mais de 20 anos. Por sua militância contra a ditadura voltou a ser preso em 1969, entre outras coisas por desenhar os cartazes do Partido Socialista Brasileiro, então na clandestinidade. Foi um longo período dramático. E nesse período, um encontro do qual participava foi invadido pela polícia da ditadura, ocasião em que foi alvejado com um tiro na cabeça. Dedicou-se por mais de 15 anos à poesia de Portugal, terra de seus pais, onde tem 23 livros publicados – 22 de poesia e 1 novela. Essa trajetória começou quando representou o Brasil no III Encontro Internacional de Poetas na Universidade de Coimbra, em 1998, a convite da ensaísta e professora Graça Capinha, tendo sido, então, o nome mais discutido no evento. Em 2010 foi homenageado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo pelo Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado, então presidida por Antonio de Almeida e Silva, nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesa, celebrado em 10 de junho, por sua contribuição à cultura luso-brasileira à qual sempre se dedicou. Em 2019 recebeu homenagem da Câmara Municipal de Anadia, em Portugal, onde nasceu sua mãe, que foi a figura central do evento. Foi o poeta homenageado no X Encontro de Poetas Ibero-americanos, em 2007, em Salamanca, Espanha, nesse ano dedicado ao Brasil, convidado pelo poeta peruano-espanhol Alfredo Pérez Alencart, professor na Universidade de Salamanca, quando recebeu o título de “Huésped Distinguido de Salamanca”. Teve publicada, no evento, uma antologia de poemas “Habitación de Olvidos”, com 370 páginas, seleção e tradução de Alfredo Perez Alencart. Tem 8 livros publicados na Espanha, 5 traduzidos pela poeta espanhola Montserrat Villar González e 3 por Alfredo Perez Alencart e Jaqueline Alencart. Um desses livros faz parte da mais importante Coleção de Poesia de Espanha, dirigida pelo poeta Antonio Colinas. Participa de mais de 70 antologias de poesia e contos no Brasil e em vários países. É traduzido para o espanhol, francês, italiano, inglês, japonês, servo-croata e húngaro.
LIVROS DE POESIA DO AUTOR
NO BRASIL:
“Noturno maior”, Portugal Ilustrado, São Paulo, 1963
“Tempo final”, gráfica da Fiesp, São Paulo, 1964
“O sermão do Viaduto”, Editora Brasil, São Paulo, 1965
“4 cantos de pavor e alguns poemas desesperados”, Alfa Ômega, São Paulo, 1973
“Em legítima defesa”, Símbolo, São Paulo, 1978
“Motivos alheios”, Massao Ohno, São Paulo, 1983
“Mulheres do shopping”, Global, São Paulo, 1988
“Lindas mulheres mortas”, Traço, São Paulo, 1990
“O azul irremediável”, Maltese, São Paulo, 1992
“Pequena antologia poética”, Ócios do Ofício, Curitiba, 1996
“Gesto nulo”, Ócios do Ofício, Curitiba, 1998
“Terminal”, Ócios do Ofício, Curitiba, 1999, e RG Editores, São Paulo, 2000
“Vagas Lembranças”, Quaisquer, São Paulo, 2001
“A palavra áspera”, Ibis Libris, Rio de Janeiro, 2002
“A noite, os cavalos”, Escrituras, São Paulo, 2003
“Trajetória Poética” – poesia reunida – Escrituras, São Paulo, 2003
“Bocas vermelhas” – poemas para um recital – RG Editores, São Paulo, 2006
“Babel” – 50 poemas inspirados na escultura Torre de Babel, de
Valdir Rocha, Escrituras, São Paulo, 2007
“Os melhores poemas”, com seleção e organização de Carlos Felipe Moisés,
Global, São Paulo, 2008
“Alma gentil – Raízes” – reunião de sete livros do autor publicados
em Portugal – Escrituras, São Paulo, 2010
“Resíduos – Maio, 1969” – poemas escritos quando esteve preso em 1969
e publicados pela primeira vez somente em 1983, como segunda parte de “Motivos alheios” - RG Editores, São Paulo, 2012
“Domitila” – Poema-romance para a Marquesa de Santos, amante de D. Pedro I –
Nova Alexandria, São Paulo, 2012
“O uso do punhal”, Escrituras, São Paulo, 2013
“Desviver”, Escrituras, São Paulo, 2015
“De Mãos Dadas” (Conjuntamente com a poeta espanhola Montserrat Villar
González), Escrituras, São Paulo, 2017
“Minha mão contém palavras que não escrevo” (Conjuntamente com Thereza
Christina Rocque da Motta), Ibis Libris, Rio de Janeiro, 2017
“O tocador de flauta” – Encontro poético com Alberto Caeiro, O Guardador de
Rebanhos – Patuá, São Paulo, 2018
“A duas vozes” (Conjuntamente com a poeta portuguesa Leocádia Regalo), Espelho
D´Alma, São Paulo, 2019
“Então brilha o silêncio” (Conjuntamente com a poeta italiana Stefania Di Leo), Espelho D´Alma, São Paulo, 2020
“Mulheres de São Petersburgo”, Penalux, Guaratinguetá, São Paulo, 2020
“O secreto silêncio do amor” (Conjuntamente com Denise Emmer), Penalux,
Guaratinguetá, São Paulo, 2021
“Pandemia – 27 Poemas Brasileiros”, Espelho D´Alma, São Paulo, 2021
EM PORTUGAL:
“20 poemas quase líricos e algumas canções para Coimbra”, A Mar Arte, Coimbra, 1999
“Poemas portugueses”, Alma Azul, Coimbra, 2002
“Sete anos de pastor”, Palimage, Coimbra, 2005
“A memória do pai”, Palimage, Coimbra, 2006
“As pedras dos Templários” (Nos 800 anos de Idanha-a-Nova), Quasi, juntamente com Ana Luisa Amaral, Fernando Aguiar, Nuno Júdice e Vasco Graça Moura, organização de Graça Capinha, 2006
“Inês”, Palimage), Coimbra, 2007
“Livro de Sophia”, Palimage, Coimbra, 2008
“Este gosto de sal – mar português”, poesia, Temas Originais, Coimbra, 2010
“Cartas de abril para Júlia” (novela), Temas Originais, Coimbra, 2010
“Três sentimentos em Idanha e outros poemas portugueses”, (Temas Originais, Coimbra, 2011
“O tocador de flauta”, Temas Originais, Coimbra, 2012
“Almaflita”, Palimage, Coimbra, 2013
“67 sonetos para uma rainha”, Palimage, Coimbra, 2014
“Desviver”, Palimage, Coimbra, 2015
“À flor da pele”, Temas Originais, Coimbra, 2016
“23 elegias da mão esquerda”, Palimage, Coimbra, 2017
“A duas vozes”, escrito com a poeta portuguesa Leocádia Regalo, Palimage, Coimbra, 2018
“47 poemas femininos”, Palimage, Coimbra, 2019
“Em contramão”, com o artista plástico português Rui Cavaleiro, Palimage, Coimbra,
2020
“Pandemia – 27 Poemas Brasileiros”, Palimage, Coimbra, 2021
EM ESPANHA:
“Habitación de olvidos” – Antologia poética de 370 páginas – Fundación
Salamanca Ciudad de Cultura, seleção e tradução do poeta peruano-espanhol,
Afredo Perez Alecart, da Universidade de Salamanca, 2007
“Alma afligida”, Trilce Ediciones, Salamanca, tradução de Alfredo Pérez
Alencart, 2013
“Cartas de abril para Julia”, (novela), Trilce Ediciones, Salamanca, tradução de
Montserrat Villar González, 2013
“Motivos ajenos – Resíduos”, Ediciones Linteo, tradução de Montserrat
Villar González, Coleção “Linteo Poesia”, dirigida pelo poeta Antonio
Colinas, 2015
“Desvivir”, Tau Editores, Cáceres, tradução de Montserrat Villar González,
2016.
“Com dos almas por palavra” (Conjuntamente com a poeta Montserrat Villar
González, também tradutora da obra) – If Ediciones (Salamanca), 2017
“A dos voces”, escrito com a poeta portuguesa Leocádia Regalo, Trilce Ediciones, Salamanca, tradução de Alfredo Perez Alencart e Jaqueline Alecart, 2018
EM ITÁLIA
“Inês”, Circulo Letterario Napoletano, Nápoles, tradução de Stefania Di Leo, 2020.
Livros dos mesmos Autores
Ver Todos
-
AlmaflitaSeus livros são terríveis documentos de nosso tempo; documentos, não documentários. A vida recriada pelo ficcionista e poeta poderoso que é Álvaro Alves de Faria espelha a realidade cruel, monstruosa de nossos dias infames, de um tempo maldito. Quase posso dizer que voltei a mim, das trevas do medo, da ameaça, do terror, com a leitura de seus poemas. Nesta poesia, encontrei a respiração quando chegava da asfixia e da morte. Jorge Amado -
DesviverNeste livro de poemas Álvaro Alves de Faria constrói e desconstrói o nosso Desviver, com a dor profunda de quem perdeu a antiga doçura. É a afirmação mais significativa de sua trajetória poética. Um apelo sincero a sensibilidade. Sem dúvida, o limiar de um novo ciclo que se abre agora em sonoros significados, que nos remetem também a auto-reflexão. Efeito consciente na construção dos versos, na busca da palavra certa, nos focos de sonoridade ampla, na relação vida e transformações identificadas ao longo do caminho. É como se o poeta estivesse de volta de um longo percurso e, pleno de símbolos, nos indicasse a sobreposição do que foi e do que poderia ser entendido. É de se ver e notar a profundidade de informações com possibilidade histórica, num revezamento representativo dentro da própria obra. Desviver marcará a trajetória do grande poeta que, sem dúvida alguma, entrará na constelação mais ampla da poética universal. Miguel Jorge Escritor Brasileiro -
23 Elegias da Mão Esquerda"A poesia me feriu a vida inteira, mas também me fez viver". Álvaro Alves de Faria -
Pandemia – 27 Poemas BrasileirosA tragédia e a grande poesia anunciada, de Álvaro Alves de FariaAqui o poema nasce no coração que para. O poeta e jornalista Álvaro Alves de Faria, assim nos revela na poesia cortante, qual uma adaga que fere e assombra. Neste impactante livro PANDEMIA 27 POEMAS BRASILEIROS, não há espaço para construções linguísticas, diz o poeta, pois os mortos não têm o tempo para morrer e a poesia está a serviço das dores mais fundas, dos horizontes sem lua, das respirações ofegantes e do chiado da asma dos incrédulos. Já no segundo poema, OS GAFANHOTOS – a oitava praga do Egito – as nuvens dos repugnantes insetos qual a passagem bíblica, representam o vírus ora presente que nos envolve, mata, e nos cala na solidão das casas fechadas. “ Percorrem as cabeças mortas / empilhadas no corredor / onde homens de branco falam palavras mudas / e mulheres carregam seringas para as camas.”O poeta nos induz ao apocalipse. O fim do mundo brasileiro, que tem por infeliz destino um “rei”, um comandante cínico que joga propositadamente seu país/navio contra os rochedos, e se regozija com a matemática crescente do morticínio. “ Faz um discurso e bebe um copo de leite nazista” E o “rei” diz, a dar de ombros “ e daí?”Enquanto as mãos vazias acenam para o nunca mais, sem a despedida solene das exéquias, “ as pequenas cruzes azuis” estão “ a marcar um lugar qualquer / no mapa brasileiro da enorme solidão”. Nestes poemas, tudo é desalento e verdade. “ As coisas se partem como se caíssem de uma mesa/ e tudo se derrama como soluços derradeiros/ que escorrem da boca”. No poema 27, o poeta Álvaro parece nos dizer que está asfixiado pela dor do mundo. Contudo, nos revela imenso na grandeza de sua humana poesia, que remete àqueles mais desvalidos. Os habitantes do sereno frio da cidade, que tossem sob o concreto dos viadutos. As inúmeras mulheres órfãs, aqui representadas por uma Magaly qualquer, que choram nas portas das igrejas e “ que se nega a continuar sem ti”, o seu marido de triste fim. “ Vitima dos gafanhotos voadores verdes / quando trabalhava na tua oficina/ e não sabias dessa dor mais próxima / apesar de teu medo”. PANDEMIA, 27 POEMAS BRASILEIROS, é, sem dúvida, a obra que melhor traduz poeticamente o momento dramático no qual nos afundamos e tentamos submergir. Alta e pura poesia. E, apesar do poeta tentar não se deter aos valores estéticos, as melodias mais tristes perpassam seus versos de rara imaginação e de extraordinária e pungente beleza.Denise EmmerPoeta e musicista - Rio de Janeiro ........................................................Álvaro Alves de Faria escribe sobre una pandemia que ha generado meses de un dolor inabarcable, sin adentrarnos en las durísimas penurias económicas que muchos vienen padeciendo, especialmente en su Brasil, donde un líder inepto propaga sandeces mientras aumenta el calibre de la sinrazón. Poeta notable y siempre a contracorriente, Faria desata su fraternidad y ofrece su voz a los congéneres que padecen los estragos de la enfermedad o de las carencias sanitarias. Que otros sigan con su silencio en bruto, pero Faria opta por donarnos versos doblemente verdaderos y contundentes, propicios para nutrirnos con ciertas porciones de esperanza.Alfredo Pérez AlencartUniversidad de Salamanca
Top Vendas da categoria
Ver Todos
-
NovidadeTal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
NovidadeNocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
NovidadeAlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira
