Ensaios Vol. I
A primeira tradução integral portuguesa daquela que é considerada uma obra fundamental do pensamento e cultura universais.
- Escritos entre 1570 e 1592, os Ensaios de Montaigne partem de um propósito identificado pelo seu autor logo no primeiro volume (publicado originalmente em 1580): «registar alguns traços do meu carácter e dos meus humores». O resultado? Provavelmente, um dos mais importantes conjuntos de textos filosóficos de todos os tempos. Esta análise de si mesmo é uma análise do ser humano em geral, e como Montaigne traçou o paralelo entre aquilo que analisava e os mesmos «traços de carácter e humores» descritos pelos autores clássicos, na realidade a obra resulta numa reflexão sempre profunda e lúcida daquilo que une os Homens de todos os tempos.
(Eis alguns exemplos de títulos de ensaios de Montaigne: Da doença, Dos mentirosos, Da solidão, Da amizade, Dos canibais, Dos livros, Da vaidade, Dos cheiros, etc., etc.)
- Os Ensaios tornaram-se uma das obras que mais influenciaram a literatura e a filosofia desde a sua publicação. Vários estudiosos apontaram, por exemplo, os paralelos entre os temas de Montaigne e a sua abordagem nas obras de Shakespeare.
Esta será a primeira edição integral feita em Portugal, a publicar em três volumes (um por ano: 2022, 2023 e 2024). Esta edição inclui um prefácio do Prémio Nobel de Literatura, André Gide. A tradução está a cargo de Hugo Barros, tradutor premiado de Rousseau, Ricoeur ou Emerson.
Esta edição conta com um apoio especial da Fundação Calouste Gulbenkian.
| Editora | E-Primatur |
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| Editora | E-Primatur |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | André Gide, Michel de Montaigne |
Michel de Montaigne (1533-1592) é um dos mais importantes filósofos do Renascimento e um dos escritores mais influentes da literatura ocidental.
Nasceu numa família burguesa que em menos de duas gerações ascendera à nobreza. Pensa-se que a família de seu pai tivesse uma origem marrana (nome dado aos judeus espanhóis ou portugueses).
A educação do jovem Michel baseou-se num plano traçado pelo pai depois de consultar vários amigos humanistas. Das muitas excentricidades desse processo educativo note-se, por exemplo, que os primeiros três anos da sua vida foram vividos numa cabana isolada no seio de uma família camponesa, pois o pai entendia que era vital que o filho absorvesse desde a mais tenra idade as dificuldades e a forma de vida dos camponeses que a sua família tinha por obrigação proteger. Um segundo objectivo era tornar o latim a língua primária do jovem, pelo que a partir dos 4 anos, e de regresso à casa paterna, teve um tutor alemão que não falava francês, apenas latim; e todos os criados que contactavam com o jovem tinham de saber latim. Dessa forma, toda a família falava em latim. Através de um método de aprendizagem inovador que, além dos livros envolvia jogos, conversação, meditação e actividades diversas, aprendeu grego clássico. Esta base educativa baseada em regras que privilegiavam o desenvolvimento da curiosidade e da absorção de conhecimentos pelo jovem fez com que, já adulto, admitisse que a sua educação o tivesse feito apreciar a noção de dever e do dever cumprido sem que tal acarretasse uma carga negativa ou algum tipo de peso. A partir dos 7 anos estudou num prestigiado colégio em Bordéus e formou-se em Leis, embora não se saiba ao certo qual a sua alma mater.
A sua ascensão foi meteórica: de consultor jurídico a conselheiro do parlamento a membro da Corte de Carlos IX, acabando por atingir a mais prestigiada distinção conferida a um nobre francês: a Ordem de São Miguel.
Ainda em Bordéus, tinha-se tornado amigo do poeta Étienne de La Boétie e aquando da morte deste, em 1563, sugerem alguns especialistas, terá nascido a vontade de Montaigne comunicar num livro que substituísse o amigo morto e aí, talvez, a génese dos seus Ensaios.
Após a morte do pai, tendo herdado o título familiar, dedicou-se a traduções e à edição das obras do falecido amigo La Boétie.
Em 1571, retira-se da vida pública, cortando contactos sociais e familiares para viver em quase total isolamento na torre do seu castelo, numa sala revestida com mais de 1500 livros. Nessa altura, inicia a escrita da sua obra-prima.
Mesmo a partir do seu isolamento, e através de cartas escritas aos vários envolvidos, tentou uma influência pacificadora durante as ditas Guerras Religiosas que assolaram o final do século xvi. Ao fim de 10 anos de isolamento, e tendo começado a sofrer de crises de pedra nos rins, decidiu, ainda assim, viajar pela Europa, publicado que estava o primeiro volume dos seus ensaios. Para além do fim em si da viagem, Montaigne procurava uma cura para o seu problema, tendo passado por diversas termas. Concluiu também o projecto de uma peregrinação a Itália.
Durante a sua ausência foi eleito Maire de Bordéus como, antes dele, o pai o havia sido. Regressou a França para ocupar o cargo e esteve activamente envolvido na política local e nacional de um período muito conturbado, ao mesmo tempo que continuava a escrever, editar e publicar os outros volumes dos seus ensaios (o último dos quais publicado postumamente). Morreu em 1592, supostamente de um cancro na garganta, morte ingrata para alguém que considerava a arte da conversação como a mais importante.
Os seus Ensaios, rapidamente se tornaram um dos livros mais traduzidos da sua época e tiveram clara e admitida influência em autores tão diversos como Francis Bacon, René Descartes, Blaise Pascal, Montesquieu, Edmund Burke, Joseph De Maistre, Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, David Hume, Edward Gibbon, Virginia Woolf, Albert Hirschman, William Hazlitt, Ralph Waldo Emerson, Jean Meslier, John Henry Newman, Karl Marx, Sigmund Freud, Alexander Pushkin, Charles Darwin, Friedrich Nietzsche, Stefan Zweig, Eric Hoffer, Isaac Asimov, Fulton Sheen, Albert Camus, e na segunda fase das obras de William Shakespeare, para apenas referir alguns.
Escritor francês nascido a 22 de novembro de 1869, em Paris, e falecido a 19 de fevereiro de 1951, também na capital francesa.
André Gide foi criado no seio de uma família abastada e educado de uma forma muito puritana. Sentiu alguma dificuldade em ter sucesso nos estudos devido à sua saúde débil. Contudo, desde cedo mostrou apetência para a Literatura e a Poesia e, com apenas vinte anos, começou a publicar textos, bastante puritanos, em revistas escolares. Com 22 anos, publica o seu primeiro livro, Les Cahiers d'André Walter, totalmente financiado por si, mas o qual não assinou. A obra, que havia começado a escrever aos 18 anos, não conheceu grande sucesso, mas atraiu a atenção de escritores como Marcel Schwob, Rémy de Gourmont, Maurice Barrés e Maurice Maeterlinck. Nesta altura, Gide era uma artista do Simbolismo, tendência que deixou em 1895, quando publicou Paludes.
Só a partir de 1897, quando editou Nourritures Terrestres, é que André Gide começou a ser encarado como um verdadeiro escritor. Nesta obra, defendeu a doutrina do hedonismo ativo, ou seja o prazer como bem supremo. Desde então, o autor dedicou-se a examinar os problemas da liberdade individual e da responsabilidade, tendo entrado por vezes em conflito com a moralidade convencional.
Em 1909, Gide foi um dos fundadores da revista literária Nouvelle Revu, que se viria a tornar bastante influente no meio.
Tornou-se o mentor de toda uma geração que, na sequência da Primeira Guerra Mundial, se preocupava em conciliar a lucidez da razão com as forças instintivas.
Com Les Caves du Vatican, de 1914, Gide foi pela primeira vez acusado de ser anticlerical. Um ano após a sua morte, em 1952, o Vaticano incluiu todas as suas obras no Índice de Livros Proibidos.
Entre 1920 e 1924, publicou as suas memórias, onde revelou a sua homossexualidade. Em 1925, lançou aquele que foi considerado um dos seus melhores romances, intitulado Les Faux-Monnayeurs, onde o protagonismo foi dado à juventude parisiense, inclusivamente através de homossexuais, delinquentes e mulheres adúlteras.
André Gide passou entretanto a ocupar diversos cargos públicos, tanto a nível local como internacional. As suas deslocações ao Congo, Chade e União Soviética inspiraram alguns dos seus livros. Depois de se ter assumido como comunista, a visita à União Soviética deixou-o bastante desiludido e rompeu com o comunismo.
Entre 1939 e 1951, decidiu escrever e publicar os seus diários, onde falava de si e também dos seus amigos e de outros escritores.
Entretanto, em 1947 recebeu o Prémio Nobel da Literatura.
André Gide também escreveu peças de teatro no início do século XX e fez traduções de obras de William Shakespeare.
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Da VaidadeMichel de Montaigne (1533-1592) ensaísta e viajante, cur-sou Direito, chegando a exercer a função de magistrado em Périgoux e em Bordéus, tendo sido presidente da Câmara de Bordéus durante quatro anos. Aos 34 anos retirou-se para a sua propriedade em Saint-Michel-de-Montaigne, onde nasceu e viria a falecer, tendo, entre 1580 e 1588 redigido três volumes de ensaios, no terceiro dos quais consta Da Vaidade. Nele denuncia o que entende como a incapacidade do homem em viver em sociedade contribuindo de per si para o bem comum. Elogio da diferença e do reconhecimento da mesma como um bem, pontuado por citações de poetas e pensadores clássicos, este ensaio recupera os ensinamentos da antiga Roma, cuja República é aqui tomada como superlativo de organização governativa. A vaidade surge subrepticiamente em todo o discurso, culminando com a exibição da reprodução de uma Bula Burguesa que a cidade de Roma lhe conferiu em 1581. -
Ensaios: antologiaCom os Ensaios, Montaigne criou um género literário em que se reflete sobre a vida, a amizade e a filosofia. -
On FriendshipThroughout history, some books have changed the world. They have transformed the way we see ourselves - and each other. They have inspired debate, dissent, war and revolution. They have enlightened, outraged, provoked and comforted. They have enriched lives - and destroyed them. Now Penguin brings you the works of the great thinkers, pioneers, radicals and visionaries whose ideas shook civilization, and helped make us who we are. Michel de Montaigne was the originator of the modern essay form; in these diverse pieces he expresses his views on relationships, contemplates the idea that man is no different from any animal, argues that all cultures should be respected, and attempts, by an exploration of himself, to understand the nature of humanity. -
On SolitudeBlending intellectual speculation with anecdote and personal reflection, the Renaissance thinker and writer Montaigne pioneered the modern essay. This selection contains his idiosyncratic and timeless writings on subjects as varied as the virtues of solitude, the power of the imagination, the pleasures of reading, the importance of sleep and why we sometimes laugh and cry at the same things. Throughout history, some books have changed the world. They have transformed the way we see ourselves - and each other. They have inspired debate, dissent, war and revolution. They have enlightened, outraged, provoked and comforted. They have enriched lives - and destroyed them. Now Penguin brings you the works of the great thinkers, pioneers, radicals and visionaries whose ideas shook civilization and helped make us who we are. -
Os Meus Oscar Wilde«Toda a verdade deixa de sê-lo, desde que haja mais do que uma pessoa a acreditar nela.»Uma das companhias preferidas de Oscar Wilde era lorde Alfred Douglas (que viria a ser Bosie na linguagem do seuafecto), rapaz de vinte e um anos, estudante no Magdalen College de Oxford com uma qualidade poética que os elogios de Wilde sobrevalorizavam, terceiro filho de um marquês grosseiro e brutamontes, de seu nome Queensberry. Wilde conheceu esse jovem na sua própria casa de Tite Street, apresentado por Lionel Johnson, um amigo que o trazia, encantado com uma recente leitura de Dorian Gray.«Depois de trocadas as habituais cortesias», veio Alfred Douglas a escrever, «Wilde mostrou-se muito amável e falouimenso. Antes de eu me retirar convidou-me para almoçar ou jantar com ele no seu clube — convite que aceitei.»Esta amizade intensificou-se. Wilde e Bosie começaram por fazer duas viagens juntos (uma a Florença, outra a Brighton) e partilharam depois um apartamento comum no Hotel Savoy de Londres; mas, se acreditarmos nas palavras de Bosie, foram precisos seis meses de intensas intimidades e leitos separados por curta vizinhança para ele não resistir às suas propostas sexuais.Em 1895, pouco depois do imenso êxito da peça An Ideal Husband, Wilde e Bosie decidiram ver de perto a beleza morena e compreensiva, nesses tempos fácil de encontrar entre os jovens árabes de Argel.Ora, André Gide também gostava da Argélia, colónia do seu país com um forte exotismo visual e sensorial, próxima na sua distância, bastante em conta para as folgas da sua bolsa. Por acidente, juntaram-se os três na Argélia. Mas já tinha havido outros encontros. Gide vai lembrar-se aqui da sua vistosa presença em Paris, dos seus ditos, dos seus paradoxos, de um teatro de salão onde Oscar Wilde fazia incansavelmente a representação da sua própria personagem.Lembrar-se-á do Oscar Wilde na Argélia, do Oscar Wilde numa fria aldeia da França, abrigado sob o pseudónimo Sébastien Melmoth, derrotado e ferido depois de dois anos de cárcere na Inglaterra. E, para além dos textos de Gide, ler-se-á também uma selecção dos mais significativos momentos dos seus processos.[Aníbal Fernandes] -
Paludes — SotiaPalude é uma palavra que, nas línguas francesa e também portuguesa, designou em tempos passados — e nunca com muita popularidade — aquilo a que hoje chamamos vulgarmente «pântano».André Gide estava no seu sexto livro; tinha vinte e seis anos de idade e escrevia a sua primeira sotia — seriam na sua obra três — lembrando-se com esta palavra arcaica das peças medievais assim chamadas e que parodiavam de forma estouvada, ou mesmo enlouquecida, realidades familiares aos seus populares espectadores. 1895 foi também o ano em que ele saiu de uma determinante viagem à África do Norte, onde cedeu pela primeira vez à sua verdade sexual; também o ano em que se casou com a sua prima Madeleine Rondeaux (um casamento «branco») e teve o enorme transtorno sentimental provocado pela morte da sua mãe. São factos que não devem ser esquecidos se quisermos perceber o abalo interior que agudizou a sua percepção dos intelectuais parisienses, o seu cansaço perante o vazio que tinha à sua volta, um mundo de estilizadas vaidades e com a futilidade «pantanosa» que o incitou às metáforas virgilianas de Paludes. […] O Tityre de André Gide vive numa torre circundada por campos pantanosos, mas para encarnar como metáfora actores que representam a intelectualizada e vácua monotonia dos salões parisienses do final do século XIX; propõe-se como personagem central da história de um homem que não pode viajar, que vive num campo de lamas e lodos (o Paris dos intelectuais) e nenhum esforço faz para sair de lá. O autor identifica este Tityre consigo próprio (no livro, o único Tityre consciente da sua tityrização) e com todos os que giram à sua volta, literatos vazios e cheios de uma retórica fútil, os frequentadores do salão de Angèle, a única figura feminina que surge com presença física no livro e não podemos deixar de associar a Madeleine Rondeaux, a que já era então sua mulher na vida real, sendo a isto levados por duas frases: — Dormir à casa da Angèle. Digo à casa e não com ela, uma vez que nunca ultrapassámos pequenos e anódinos simulacros. E mais adiante: Não somos desses de onde nascem, cara amiga, os filhos dos homens. [Aníbal Fernandes] -
Que Filosofar é Aprender a Morrer«Tal como o nosso nascimento nos trouxe o nascimento de todas as coisas, do mesmo modo a nossa morte equivalerá à morte de todas as coisas. Pelo que é igualmente loucura chorar por aquilo que daqui a cem anos não iremos viver e chorar pelo que não vivemos há cem anos. A morte é a origem de uma outra vida.» -
A Porta EstreitaJérôme é um jovem parisiense que passa os meses de férias na casa de campo do tio, na Normandia. Num desses verões em que o mundo inteiro parecia impregnado de azul, Jérôme apaixona-se por Alissa, sua prima mais velha. O amor de ambos, constrangido por uma educação religiosa puritana, é sublimado com as leituras que partilham, as cartas que escrevem um ao outro e a resolução que tomam em conjunto: entrar pela porta estreita. Contudo, assombrada pelas palavras do Evangelho, Alissa vai-se convencendo de que esse amor terreno os condenará à perdição e o único caminho que vislumbra diante de si é o da renúncia, do sacrifício e da abnegação.Romance curto, publicado originalmente em 1909, A Porta Estreita é o primeiro grande êxito literário do Prémio Nobel André Gide e uma das obras mais representativas da literatura francesa. Um romance de formação e do desencontro amoroso, por via da sublimação dos sentimentos, que inaugura uma temática presente no resto da obra do autor: o conflito entre ética e instinto, a revolta contra a hipocrisia católico-burguesa, a exploração dos espaços secretos do Eu. «O mais moderno dos clássicos.» — Le Magazine Littéraire -
O ImoralistaPRÉMIO NOBEL DE LITERATURAMichel, um jovem erudito e oriundo de uma família protestante, parte para o Norte de África com Marceline, com quem se casa por conveniência. Nessa viagem de núpcias, o abismo parece instalar-se definitivamente quando Michel adoece. A convalescença é morosa; porém, com a descoberta do valor da vida e das pulsões mais inconfessáveis, transforma-se em ressurreição. Convertido a uma moral que é só sua, livre de qualquer lei, dever ou conformismo, Michel enceta uma procura pelo sentido autêntico da individualidade, cujas consequências se revelarão fatais para si e para os outros.Publicado em 1902 e de imediato envolto em controvérsia e escândalo, O Imoralista, de André Gide, Prémio Nobel de Literatura, inaugura o século XX com um testemunho confessional sobre a verdade da alma e as possibilidades que operam no Homem, numa alternância devoradora entre a exigência de pureza e a satisfação de prazeres proibidos. -
O ImoralistaPrimeira tradução portuguesa do grande livro que lançou a carreira de romancista do futuro prémio Nobel. Publicado originalmente em 1902, este romance breve de André Gide causou um grande escândalo em França.Uma personagem anónima relata a história da vida de Michel, tal como este a confiara a um círculo restrito de amigos. Michel, um jovem de boas famílias, um erudito sem grande pendor para as tentações da carne, casa com uma rapariga devota, que nutre por ele sentimentos muito mais profundos do que aqueles que o marido tem por ela.Em plena viagem de núpcias ao Norte de África, Michel adoece e luta contra a morte na Argélia. Apesar de todos os cuidados e devoção da esposa, é a observação de dois rapazes que brincam na rua que o faz resistir. A sua convalescença é quase um renascimento. Michel escapa à doença tornando-se um homem novo: enérgico, activo, atento às necessidades do seu corpo e incapaz de resistir à sensualidade, independentemente da forma como ela se lhe depare.O que se segue é a descrição do processo de subversão do herói que mergulha na imoralidade. A sua nova fome de viver está para lá de quaisquer regras e padrões sociais. Aquilo que começa então como uma viagem de sonho para o jovem casal é um percurso no sentido da quebra das regras da sociedade da época e termina numa tragédia.A ruptura ideológica com o padrão da literatura francesa de então projectou Gide para a ribalta literária, tornando-o admirado por muitos e injuriado por outros, mas garantiu-lhe também a posição de renovador da literatura que haveria de manter ao longo da sua carreira.
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NovidadeA Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
NovidadeInglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
NovidadeTextos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
NovidadeCaminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.