Espectros de Marx
«Será sempre uma falta não ler e reler e discutir Marx. Quer dizer, também alguns outros – e para além da «leitura» ou da «discussão» de escola. Será cada vez mais uma falta – uma falta à responsabilidade teórica, filosófica, política. Uma vez que a máquina de dogmas e os aparelhos ideológicos «marxistas» (Estados, partidos, células, sindicatos e outros lugares de produção doutrinal) estão em vias de desaparição, não temos mais desculpa, somente alibis, para nos desviarmos desta responsabilidade. Não haverá porvir sem isso. Não sem Marx – não há porvir sem Marx. Sem a memória e sem a herança de Marx: em todo o caso, de um certo Marx, do seu génio, de pelo menos um dos seus espíritos. Porque, tal será a nossa hipótese, ou antes o nosso parti pris: há mais de um, deve haver mais de um.»
J. Derrida, "Espectros de Marx", p. 39
«O trabalho de leitura dos textos de Marx não é o que mais conta. […] O que é mais actual, o que me levou a levantar o tom, na forma de uma tomada de posição política, é a impaciência crescente que sinto, e que creio não ser o único a sentir, diante desta espécie de consenso, ao mesmo tempo, eufórico e caricatural que invade todos os discursos. […] Toda a referência a Marx se tornou de certa maneira maldita. Pensei que havia nisto uma vontade de exorcismo, de conjuração, que merecia ser analisada e que merecia também que nos insurgíssemos. De uma certa maneira, o meu livro [Espectros de Marx] é um livro de insurreição. É um gesto aparentemente intempestivo, que vem a contratempo. Mas a ideia de contratempo está no coração do próprio livro. […] E, o que se espera sempre que se faz um gesto a contratempo, é que ele chegue a tempo, no momento em que se o sente necessário.»
J. Derrida in "Le Nouvel Observateur", 21 de Outubro de 1993.
| Editora | Palimage |
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| Coleção | Skiagraphia's |
| Categorias | |
| Editora | Palimage |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Jacques Derrida |
Jacques Derrida (1930-2004) é o filósofo da Desconstrução – talvez o mais radical, justo, afirmativo, re-inventivo e difícil dos idiomas filosóficos: justíssimas nos parecem por isso as palavras que Dominique de Villepin endereçou ao filósofo, a 25 de Maio de 2003, na Universidade hebraica de Jerusalém aquando da sua recepção de um Doutoramento honoris causa: «Jacques Derrida, o senhor volta a dar densidade às palavras mais fortes e mais simples da Humanidade […] O senhor está na primeira fila daqueles que abriram a via de um pensamento novo. […] A “Desconstrução” é a démarche atenta, escrupulosa, de um pensamento que se forma à prova do seu objecto. Démarche eminentemente criativa e libertadora. Desfazer, sem nunca destruir, para ir mais longe. […] O senhor situa-se na linha dos intelectuais da honra, ciosos de universal, no caminho aberto por Voltaire, Bernanos, Zola ou Sartre.»
Para além da sua docência, primeiro na Sorbonne, de 1960 a 1964, depois na École Normale Supérieure de Paris, de 1964 a 1984, e na École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris, de 1984 a 2003, Derrida também desenvolveu uma intensa actividade docente um pouco por todo o mundo, tendo sido Professor convidado de várias universidades [nomeadamente, Berlim, San Sebastian, John Hopkins, Yale, Cornell, New York University, New School for Social Research, UC Irvine, Cardozo Scholl of Law, …] e tendo também herdado a cátedra de Hans-Georg Gadamer na Universidade de Heidelberg. Doutor Honoris Causa por mais de duas dezenas de universidades, incluindo pela Universidade de Coimbra, em 2003, Derrida acordara também encerrar anualmente o Seminário de Mestrado na área da Desconstrução na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Da sua obra imensa, que atravessa, repensando e reinventando, todas as áreas dos saberes e das artes, lembramos aqui alguns dos títulos traduzidos entre nós: Margens da filosofia (1972); "O Outro Cabo" (1998); "O monolinguismo do outro ou a prótese de origem" (2001); "Da Hospitalidade" (2003); "Políticas da amizade" (2003); "Força de lei : o 'fundamento místico da autoridade'” (2003); "Morada : Maurice Blanchot" (2004); "O Soberano Bem / Le Souverain Bien" (2004); "Aprender finalmente a viver" (2005); "Carneiros.
O diálogo ininterrupto: entre dois infinitos, o poema" (2008); "Vadios" (2009); "Memórias de cego : o auto-retrato e outras ruínas" (2010); "Dar a Morte" (2013); "Idiomas da Diferença Sexual" (2018).
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A Voz e o Fenómeno - Introdução ao Problema do Signo na fenomenologia de HusserlA teoria do signo desempenha um papel organizador, ainda que discreto, na fenomenologia de Husserl. Elabora-se desde a primeira das Investigações Lógicas e os seus traços permanecerão mais ou menos invariáveis. Através de uma análise minuciosa e rigorosa surgem distinções essenciais entre as formas e as funções do signo, do indício, da expressão, nos modos da sua ligação ao objeto e ao sentido, tanto no monólogo como na comunicação. Reconstituindo essa teoria da significação (Sinn e Bedeutung), que dialoga indiretamente com a de Frege, por exemplo, pode-se desvelar, sob a fidelidade descritiva, um sistema de decisões implícitas que empenha todo o desenvolvimento da fenomenologia. Marca a sua pertença a uma especulação metafísica que Husserl se propõe criticar. Jacques Derrida parte das premissas conceptuais husserlianas para se embrenhar no labirinto do seu apurado sentido filosófico e dar voz ao fenómeno. Consulte a introdução e o índice deste livro Open publication - Free publishing - More edicoes70 -
Che Cos'è la Poesia?Publicado inicialmente na revista italiana Poesia, em Novembro de 1988, e tendo preservado dessa publicação inicial o título em italiano, Che cosè la poesia? viria depois a ser recolhido no volume Points de Suspension, em 1992.Trata-se de uma das mais idiossincráticas reflexões sobre a poesia na obra de Derrida, uma obra na qual a poesia, e mais latamente essa «estranha instituição chamada literatura», ocupou um lugar crescente a partir de final dos anos 70. -
Da HospitalidadeEste livro, "Da hospitalidade", reúne duas sessões dos Seminários de Derrida dos anos 90 consagrados ao motivo da hospitalidade - nelas é possível ouvir o admirável respirar de um pensamento que, em voz alta, medita a herança semântica da hospitalidade, desde o mais antigo da nossa cultura, a Bíblia, os clássicos da literatura e da filosofia gregas, Sófocles e Platão, até ao horizonte dos nossos dias tecido pelo fio vulnerável e quase transparente da teletecnologia (telefone, televisão, Internet, faxe, e-mail, ...). Nestas páginas atravessadas pelo luto e pelo sofrimento, por queixumes, gritos e protestos que denunciam os trágicos contratempos do tempo, do tempo de Lot, de Antígona, de Édipo e de Sócrates, mas também do nosso, também do nosso tempo dito de mundialização, Derrida pergunta pelo que querem dizer para nós, hoje, palavras como hospitalidade, estrangeiro, outro, convidado, visitante, refém, cidadão, exílio, emigração, direito de asilo, direito nacional e internacional, guerra e paz. E, pensando e defendendo incondicionalmente uma hospitalidade absoluta, a qual se confunde com o idioma da própria desconstrução, e ainda que ciente da sua dificuldade - deixa sempre muito a desejar, a experiência da hospitalidade! - convida-nos a meditar o que é preciso fazer para, em condições que são as da evolução do Estado, da nação, das fronteiras e do direito internacional, inscrever num novo discurso político e em novos projectos políticos, jurídicos, nacionais e internacionais, a injunção desta hospitalidade incondicional, infinita, absoluta ou hiperbólica que continua a orientar o desejo de hospitalidade. -
Vadios«Pronunciados com algumas semanas de intervalo, próximos pelos seus temas e pelos seus problemas, mas destinados a auditórios muitíssimo diferentes, estes discursos parecem invocar alguma razão por vir [raison à venir], enquanto democracia por vir [démocratie à venir] - na idade da dita «mundialização». Os conceitos de «razão» (prática ou teórica, ética e jurídica, técnica também), os conceitos de «democracia», de «mundo» e sobretudo de «evento» [«événement»] (a chegada ou a vinda do «que vem» e de «quem vem») pertencem aqui a uma única meada problemática. Não se conseguiria desemaranhá-la sem um preâmbulo. Mas, sem formar um «sistema», um certo entrelaçamento, tal é a hipótese aqui a operar, permanece uma necessidade inflexível. E a sua análise uma tarefa. Para tal, um dos fios condutores mais visíveis seria a grande, urgente e tão difícil questão, o velho-novo enigma da soberania, nomeadamente da soberania estato-nacional - dita democrática ou não. [...]» J. Derrida, do Preâmbulo -
Dar a MorteApesar das aparências, apesar do sinal do dom, apesar de uma passagem esperada entre o tempo e a morte, apesar da aparição, furtiva, é verdade, do narrador de La Fausse Monnaie (Baudelaire), Dar a Morte não é ainda o segundo tomo anunciado de Donner le Temps. I. La Fausse Monnaie (Galilée, Paris, 1991).A figura para sempre dominante é aqui Abraão: aquele que, antes de mais, é certo, recebe três homens junto aos Castanheiros de Mambré, os enviados de Deus, e lhes dá hospitalidade para inaugurar a sua tradição. Mas Abraão é também aquele que, no fim de contas, sabe dever calar-se no Monte de Moriá antes de o anjo, um outro enviado, interromper a morte que, para a dar a Deus, ele se aprontava a dar ao seu filho preferido, Isaac a menos que seja, em terra do Islão, Ismael de Ibraim.Como interpretar o segredo de Abraão e a lei do seu silêncio? Porque parece ele incomensurável com o interdito, que parece reduzir ao mutismo todos os seus, todos aqueles e todas aquelas a quem, aliás, ele não confia jamais nada: e Sara e Isaac, e Agar e Ismael tão cedo mandados embora? A estes quatro próximos, que se queria fazer passar por figurantes, nós lembrá-los-emos discretamente para o centro da cena.Não se sabe mais como entender o indecifrável deste momento inaudito. Não se sabe mais reinterpretá-lo. Não se sabe mais, porque não é mais uma questão de saber, quem pode autorizar-se a reinterpretar o número infinito das interpretações que desde sempre dão aqui à costa em vista das costas ou soçobram no fundo dos abismos que se abrem à nossa memória, aí se descobrindo e encobrindo ao mesmo tempo.Ora nós somos esta memória, por ela prevenidos e intimados. Inspeccionados no alto mar antes do naufrágio. Ela consigna-nos uma herança irrevocável. Nós podemos, é certo, denegá-la, ela permanece justamente inegável e continua a ditar uma certa leitura do mundo. Do que um «mundo» quer dizer. Ou mesmo da mundialização hoje em dia da confissão, do arrependimento e do perdão. Abraão, sugere a literatura de Kierkegaard, teria pedido perdão a Deus: não por tê-lo traído, mas por lhe ter obedecido! História da Europa, da responsabilidade, da subjectividade ou do segredo, possibilidade da literatura, tais seriam talvez alguns nomes, entre outros ou apelidos , destes desafios.E o mais do que Um. E a questão de saber porque é que, na sua filiação abraâmica, a literatura teria de pedir perdão por não querer dizer. E porque é que Deus teria ainda de jurar.Reunidos em torno do corpus bíblico, alguns grandes veladores são escutados. Todos homens. Disputam-se a noite: Kierkegaard, em primeiro lugar, Kierkegaard indefinidamente, e Kafka sobretudo, e Melville, mas também Patocka, a seguir a Platão, Nietzsche, Heidegger, Lévinas. -
A Besta e o Soberano - Vol.1 - Seminário (2002-2002)O seminário intitulado «A Besta e o Soberano» foi o último dos leccionados por Jacques Derrida na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), em Paris, do Outono de 2001 à Primavera de 2003 [...]«Prosseguimos investigações que nos anos precedentes […] nos tinham conduzido a estudar a soberania, a história política e onto-teológica do seu conceito e das suas figuras. Este ano, privilegiámos deliberadamente o que entrelaçava esta história com a de um pensamento do vivente (do biológico e do zoológico), mais precisamente com a do tratamento da vida dita animal em todos os seus registos (caça e domesticação, história política dos parques e jardins zoológicos, criação, exploração industrial e experimental do vivente animal, figuras da «bestialidade», da «bestice» [«bêtise»»], etc.). […]No horizonte constante do nosso trabalho, estão as questões gerais da força e do direito, do direito e da justiça, do «próprio do homem» e da interpretação filosófica dos limites entre o que se chama o homem e o que, abusivamente e no singular geral, se chama o animal.»A Besta e o Soberano, p. 13-14
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.