Hotel Siesta
«Embora Fernando Pessoa não tenha mencionado como se pintam os papéis dos livros ou as superfícies em que se escreve, disse-o bem claramente uma criança (cujo nome desconheço) que no muro da sua escola infantil gravou, possivelmente com a ponta de uma pedra e com caligrafia hesitante, a seguinte frase, que reputo genial: PODE-SE ESCREVER COM ISTO.
Pois pode-se escrever com isto e com tudo, sobre todos os suportes, tal como se pode pintar. E pode-se misturar escrita com pintura e pintura com escrita, em percentagens variadas, tal como se podem criar barreiras inexpugnáveis entre o escrever e o pintar, se isso for ainda possível… Tal como se pode dizer que toda a pintura é poesia e que toda a poesia é pintura.»
E. M. de Melo e Castro sobre "Quaternu de Aisthetiké 1", de Feliciano de Mira
| Editora | Palimage |
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| Categorias | |
| Editora | Palimage |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Feliciano de Mira |
Feliciano de Mira nasceu na vila de Arraiolos em Portugal e tem trabalhado como consultor, investigador e professor em universidades portuguesas e estrangeiras. Realizou o pós-doutoramento em Estudos Culturais Comparados pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris e pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Possui doutoramento em Socio-Économie du Développement pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris e doutoramento em Sociologia Económica e das Organizações pelo ISEG-Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa. Na mesma instituição obteve o mestrado em Sistemas Sócio-Organizacionais da Actividade Económica e a Pós-graduação em Sociologia Económica. A licenciatura em Sociologia foi atribuída pelo ISCTE-Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.
No campo da etnografia, coordenou e publicou O Cante à Moda de Pias (2017), publicou Crianças do Enxoé (1997) e Falar de Pias (1996).
Noutros campos das ciências sociais, tem participação com capítulos nos livros Sociedade em Debate (2016), Os Saberes Populares ao Viés da Ecologia Humana (2016), Ecologias Humanas (2014), Prevenção e Resolução de Conflitos em África (2012), Nos Dois Lados do Atlântico: trabalhadores, organizações e sociabilidades (2011), Organização Social do Trabalho e Associativismo no Contexto da Mundialização (2010), O Desafio Africano (1997) e coordenou Educação, Empresas e Desenvolvimento em Moçambique (1997).
No campo das escritas poéticas experimentais, publicou os livros Hotel Siesta (2017), Camponesa com Cabeça de Deus ao Colo.
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Ao Correr do Olhar: desafios para uma epistemologia poéticaO livro Ao Correr do Olhar - Desafios para uma Epistemologia Poética é composto por sete capítulos, incluindo textos visuais que colocam à discussão a importância da metáfora como repositório de conhecimentos, saberes e práticas discursivas. O capítulo 1, «Entrópicos», evidencia as possibilidades da transposição conceptual e transdisciplinar da metáfora, enquanto que o capítulo 2, «Sinais da Cidade», problematiza os sinais com significação sociológica. No capítulo 3, «Circuito Sociológico da Noite de Maputo», aplicam-se os pressupostos antes apresentados na leitura do quotidiano da cidade-capital e da sociedade moçambicana, tal como no capítulo 4, «Crónicas de um Diletante Quase-Perfeito», são aplicados os mesmo pressupostos à sociedade portuguesa. O capítulo 5, «A Desambiguação de Métis: navegações do conhecimento subalterno», ancora-se às epistemologias do sul, propondo uma abordagem aberta sobre os factos identitários. O capítulo 6, «Diagrama Pictórico», trata das relações entre a emoção plástica e as instituições de regulação estético-política, assim como sugere reflexões críticas sobre os capítulos anteriores. Já no capítulo 7, «Pluralidade Epistemológica e Experiências de Vida Localizadas», salienta-se a necessidade de serem aplicados dispositivos de investigação mais adequados à contemporaneidade, e sublinha-se a importância da experiência de vida do pesquisador, na construção de uma epistemodiversidade pós-moderna. -
Camponesa com a Cabeça de Deus ao ColoUm livro de poesia visual pode ser lido e pode ser visto. Aliás, um acto se o outro não completa o objecto final da obra. Dar a ler, mostrar, fazer do livro um objecto presente que possa transmitir-se somente pela voz ficará sempre aquém do que pode buscar-se e encontrar-se no livro. O livro de poesia visual necessita absolutamente da voz e do olhar. Assim, toda a beleza deste livro poderá fundir-se com o desejo íntimo de ler um poema (escrito), e deixar o olhar partir pelos poemas visuais / imagens até à completude da reverberação das páginas por todos os sentidos. -
O Cante à Moda de Pias - Grupo Coral e EtnográficoTerra, Cante e Trabalho: O Grupo Coral e Etnográfico “os Camponeses de Pias” foi criado em 1968 para divulgar as modas da sua terra, o que executa com elevado esmero, envergando os trajes e os adereços das gentes agrícolas de meados do séc. XX. O rigor e a qualidade das suas interpretações, sob a direção do seu fundador Barão Cachola, granjeou-lhe o respeito e a atenção do meio musical português, tendo também gravado, em 1973, um LP – Long Play.A entrada de Manuel Coelho para a direcção do Rancho em 1980 trouxe nova dinâmica. Ao longo dos seus anos de direção, fez parcerias musicais com Vitorino, Janita Salomé, Lua Extravagente, Rio Grande e Paulo Ribeiro. No Pavilhão Atlântico em Lisboa, o Rancho acompanhou Caetano Veloso, Maria Bethânia e Farró Brabo. No tempo da sua direção, o grupo gravou: em 1993, “Os Camponeses de Pias”; em 1996, “Pias O Cante da Margem Esquerda”; em 2003, “Pias Tradição Musical”. Em 2007 inicia-se o projeto “O Cante à Moda de Pias”, que o Manel assinalou com o lançamento do site www.camponesesdepias.net.O atual presidente António Lebre, que iniciou funções em 2008, continuou o projeto “O Cante à Moda de Pias”, fundou o grupo coral “Os Mainantes” composto por jovens de Pias e abriu a Taberna dos Camponeses de Pias, onde se pode cantar, acompanhado de vinhos e petiscos. Com o ensaiador Oliveiros Aleixo continuaram a parceria com Vitorino Salomé e Paulo Ribeiro e avançam para novos projetos musicais, com a Ala dos Namorados e João Gil. Em 2013 lançaram a coletânea “O Cante à Moda de Pias” e em 2015 “Entre Mestres e Aprendizes” com “Os Mainantes”. Numa demonstração da versatilidade do seu Cante, aceitaram a proposta de Feliciano de Mira e realizaram em 2016 “O Cante Acusmático de Pias” com Vitor Rua, António Duarte e a participação de Jonas Runa, que incluiu a gravação de um CD e a realização de um DVD, que estão prestes a sair.Os Camponeses de Pias são membros da Confraria do Cante Alentejano e apoiaram a Candidatura do Cante Alentejano à Lista Representativa de Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. Os Camponeses de Pias têm participado em programas televisivos, telenovelas, documentários, desfiles etnográficos e organizado festivais de folclore. Desde a sua fundação têm presença assídua em espectáculos no país e no estrangeiro, já atuaram em Espanha, Itália, França, Alemanha e Brasil. Neste caminho, as vozes do Rancho mantêm a mesma dolência e intensidade das memórias vividas desde a Aldeia de Pias. E com as cores do Cante continuam a participar nas cartografias do futuro onde a identidade de origem não se esquece.
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira