Levadas
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Há um pai que não encontra
a bota, o primeiro indício
do desespero (outros, tantos
mais, virão) enquanto as levadas
correm, correm para a paisagem
subitamente extinta e um pé,
descalço, repousa nos rochedos.
Tinhas três anos, na Calheta.
Começava, só para ti, o fim do mundo.
| Editora | Assírio & Alvim |
|---|---|
| Coleção | Poesia Inédita Portuguesa |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Manuel de Freitas |
Manuel de Freitas
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[sic]“Mas agora é tarde. Tudo fechou para nós, para sempre. O amor, o desejo, até o onamismo da destruição. Antes de procurares a esmola do último táxi, fica esta imagem parada, a desvanecer-se no frio mais frio da memória:não dois corpos sentados a trocarem medo, cigarros e palavras póstumas, mas duas vezes nada, ninguém, o silêncio da noite destronado as cadeiras onde por razão nenhuma nos sentámos. Os anos, amiga, passaram.” -
Büchlein für Johann Sebastian Bach“Uma mesma cosmovisão — a ameaça do tempo sobre a vida — unifica distintamente muitos dos momentos da criação deste poeta maior. Mas junto a esta permanência, intui-se na sua obra uma evolução, uma busca que aponta sobretudo ao trabalho formal, visível, sobremaneira, na clareza sintática com que em cada livro muda de registo, conservando sempre uma arguta intensidade no modo como 'investiga’ a vida e o seu cortejo de ilusões e perdas. Na sua brevidade e secura, as variações musicais que são os poemas de Büchlein für Johann Sebastian Bach, não deixando de ser um veemente protesto contra a morte, alcançam, porventura, um maior apaziguamento magoado, uma mais densa interiorização e esconjuro da violência do mundo.(…) Numa obra onde se procura escutar a influência da música no lugar da morte, podemos ler que "o horror da situação tornava a beleza da vida tanto mais desgarrada quanto mais preciosa."(…) Para Manuel de Freitas, sabiamente, o poeta é o oposto do virtuoso, do cortesão, empreendendo mesmo contra estas figuras um combate que afasta a sua escrita de quaisquer ornatos, e do estrito carácter de jogo ou de divertimento. Igualmente, distancia-se dos que vivem obcecados pelo poder da elipse e da metáfora; os que congelam o verbo e propõem uma metafísica do som puro, de um som apenas capaz de tentar dizer o indizível”, escreveu Jorge Gomes Miranda sobre Büchlein für Johann Sebastian Bach de Manuel de Freitas, no número 100 da publicação A Phala. -
O Coração de Sábado à Noite"JERSEY GIRL[com o Visconde, no Mezcal]O amor costuma responderpor acordes simples um estertor de pássaro caído.Depois, na minha vida, ficou só uma cicatriz discreta e um ououtro pesadelo com a tua marca de electrodomésticos preferida.Coisas de que nem fica bem falar.Mas ao quarto whisky, entrerostos que não conheço,sinto-me feliz. E percebo, arduamente, que nunca precisei de ti.Quem se mataria por tão pouco?" -
Me, Myself and I - Autobiografia e Imobilidade na Poesia de Al Berto“Que importa? Os anos passam,encostado ao sudário dos lamentos,sem vagar nem nome próprio.Amaste (e muito mal) esses corposque de noite voltas a não terno pânico inútil da memória.Desertos, outros desertos, mais,vão poluindo o mentido eco das canções.Ergues-te. Ensinas a Lázaroa gramática letal das passadeirase a melancolia de uma cidade sem futuro.Já não há manhã. Um sol demasiado comumpersegue passos sem porquê, sorrisoslaborais, a criança de vidro amordaçada.Arrumas os cinzeiros, o álcool da véspera, a lâmina que quase repousou sobrea veia mais azul. E é tudo.Quase tudo. O silêncioque alguém grita na fotografia,sob o fedor acrílico de deus. “Eras novoainda.” Não voltarás a sê-lo. Foges,continuas, parado como um cancro— enquanto um copo te escondeprovisoriamente das sílabas do rosto.Aprendes a morrer. É isso(que louro canivete desenhoua tua infância na parede?).Dizem que não apanharás o último barcopara a “jaula de néon” onde te não esperam.Sim, é demasiado tarde, eu sei.” -
A Última PortaA Última Porta é o título escolhido para esta antologia poética deManuel de Freitas, com selecção e posfácio a cargo de José Miguel Silva, que nos diz, sobre o autor e a sua obra: «Não é uma poesia, esta, que se alimente de literatura, uma poesia nascida da circunstância de outros homens terem escrito; não é uma poesia apontada ao favor dos altos funcionários culturais ou concebida para fornecer grão à debulhadora universitária; não é uma poesia que adule o remansado mé-mé do rebanho letrado, que procure o aplauso dos amantes de engenhocas literárias.É uma poesia incómoda, desagradável, feita de tudo o que a nossa tão humana cobardia tem por hábito recusar; uma poesia em que um homem se revela, com impúdica audácia, a outros homens, muy tarde ya en la noche, como diria Biedma; uma poesia criada a partir de escórias sem prestígio, de resíduos turvos, pobres e sem graça, de esmagamentos que não nos servem e que por isso tendemos a sufocar.Mas a melhor literatura é assim: não serve senão para nos devastar, como a vida. Que Manuel de Freitas nos faça descer à terra, ou mais abaixo ainda, em cada linha que escreve, só pode sermotivo de gratidão. Espero que estemeu excesso de palavras tenha pelo menos conseguido transmitir esse sentimento.» -
Marilyn MooreFruto da colaboração entre Manuel de Freitas e Adriana Molder surge-nos este Marilyn Moore, em tiragem exclusiva de 400 exemplares, numerados e assinados pelos autores.
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira
