Do que é a Musica Humana, diz-nos Boécio, “cada um pode descobrir por si, perscrutando o seu interior”, numa inquirição de que não poderá estar ausente “um ajustamento entre a vivacidade incorpórea da razão e o corpo”, ou a conjugação das “partes da alma” que, segundo Aristóteles, é “composta do racional e do irracional”. É essa inquirição que retomamos, reunindo reflexão que, da teorização social e antropológica à musicologia, contribua para a compreensão do modo como, na música, se processa a interação, a criação de sentido e a comunicação humanas.
Ao evidenciar processos de racionalização, frequentemente, em contraponto com o seu duplo mimesis, e tendo como referencial o pensamento de Theodor Adorno e Mário Vieira de Carvalho, procura-se identificar na composição, interpretação, e receção musical, elementos centrais de teoria cultural mais ampla, radicando nessa assimilação a possibilidade crítica da música.
Não se circunscrevendo à música concreta e eletrónica,
a exploração do timbre redefiniu no século XX a recebida conceção romântica dos instrumentos, bem como do intérprete, e da relação intérprete-compositor, procurando-se com os ensaios reunidos contribuir, sob o signo de Boécio, para o conhecimento e investigação em torno da música dos instrumentos.
Luís Villas Boas é unanimemente considerado o «pai» do jazz em Portugal. Nascido em Lisboa, a 26 de Março de 1924, numa família com fortes tradições musicais e ligada à cultura em geral.A ele se devem a criação do programa de rádio mais influente na divulgação do jazz, Hot Club, transmitido ininterruptamente entre 1945 e 1969, a organização das primeiras jam sessions, a autoria dos primeiros artigos de imprensa informados, a fundação das primeiras instituições jazzísticas nacionais - Hot Clube de Portugal, 1948; Discostudio, 1958; Luisiana Jazz Club, 1965 -, e a produção dos primeiros grandes concertos: Sidney Bechet, 1955; Count Basie, 1956; Bill Coleman, 1959.No final dos anos de 1970 teve um papel decisivo na promoção do ensino, fundando as escolas do Hot Clube de Portugal - onde se têm formado nos últimos cerca de 50 anos as sucessivas gerações de músicos que mantêm o jazz como um género musical vivo -, e do Luisiana Na década de 1980, juntamente com Duarte Mendonça, viria a ter os seus próprios programas de jazz - Aqui Jazz (1978-1979), Jazz Magazine (1978-1979), Club de Jazz (1982-1985) e Jazz para Todos (1986).Para celebrar o 100 º aniversário do nascimento de Luís Villas Boas este livro reúne uma primeira narrativa biográfica e, através de 70 entrevistas à imprensa, rádio e televisão, dá-lhe a palavra, acompanhando a evolução do seu pensamento e acção ao longo de quase 50 anos, bem como o percurso do jazz no Portugal do século XX.
Compositor e escritor, Boucourechliev
evoca algumas das grandes etapas
da linguagem musical, mas também
esclarece o fenómeno da música,
os mecanismos íntimos da composição
e da audição.
[Olhares sobre a música em Portugal no século XIX] é um volume repleto de informação inédita e
profundamente estimulante para todos os que se dedicam aos estudos artísticos e culturais em Portugal,
cuja leitura vem demonstrar a riqueza e complexidade de uma época à qual começamos enfim a prestar
justiça. Com este livro, ficamos a dever à autora a confirmação inequívoca de que a história da música em
Portugal no século XIX merecia, de facto, ser contada. [Paulo Ferreira de Castro].