O Amigo
A amizade está tão estreitamente ligada à própria definição de filosofia que podemos dizer que sem ela, a filosofia não seria possível. A intimidade entre amizade e filosofia é tão profunda que esta inclui o philos, o amigo, no seu próprio nome e, como acontece frequentemente em casos de proximidade excessiva, a filosofia arrisca-se a não conseguir concretizá-la. No mundo clássico, esta promiscuidade, e quase consubstancialidade, do amigo e do filósofo, era óbvia, e é certamente com uma intenção num certo sentido arcaizante que um filósofo contemporâneo - no momento de colocar a questão radical: "o que é a filosofia?" - Pôde escrever que se trata de uma questão a resolver entre amis. De facto, hoje a relação entre amizade e filosofia caiu no descrédito e é com uma espécie de embaraço e de má consciência que aqueles que fazem profissão de filosofar tentam acertar as contas com este partner incómodo e por assim dizer clandestino para o seu pensamento.
| Editora | Edições Pedago |
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| Categorias | |
| Editora | Edições Pedago |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Giorgio Agamben |
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Estado de ExcepçãoO estado de excepção, ou seja, a suspensão do ordenamento jurídico que estamos habituados a considerar uma medida provisória e extraordinária, começa agora a tornar-se o paradigma normal de governação, o que determina cada vez mais a política dos Estados, seja interna ou externa. Este texto de Agamben é uma primeira tentativa para apresentar uma sintética reconstrução histórica e, em simultâneo, analisar as razões desta evolução, desde Hitler a Guantanamo. Quando o estado de excepção tende a confundir-se com a regra, as instituições e o equilíbrio das constituições democráticas deixam de poder funcionar, parecendo até diluir-se os limites entre democracia e absolutismo. Nesta terra de ninguém entre a política e o direito, entre o ordenamento jurídico e a vida, Agamben analisa uma a uma as teorizações jurídicas do estado de excepção e projecta uma nova luz sobre as relações que ligam violência e direito. -
O Aberto - O Homem e o AnimalNa esteira de Heidegger - o filósofo que mais contribuiu no século XX para restituir ao pensamento o enigma do aberto, e para decifrar a separação entre mundo humano e a pobreza do mundo do animal -, Agamben continua, agora de outro ponto de vista, a reflexão levada a cabo em outras obras sobre o conceito de vida, interrogando-se sobre o limite crítico que produz o humano, que distingue e aproxima a humanidade e a animalidade do homem. -
A Comunidade Que VemApós a experiência devastadora que esvaziou, à escala planetária, instituições, crenças, ideologias, identidades e comunidades, o pensamento - sobretudo o pensamento político - está pela primeira vez confrontado, sem ilusão alguma, com o dever de penetrar no coração do tempo e da história e estabelecer as categorias políticas que estejam à altura do presentes. Para dar expressão à matéria política com que estamos confrontados, Giorgio Agamben propõe neste livro que se articule o lugar, os modos e o sentido da experiência do presente numa forma de comunidade que subsuma uma ética e uma política à altura do nosso tempo: a comunidade que vem. -
NudezTal como em Profanação, Giorgio Agamben reúne neste livro um conjunto de breves ensaios relacionados com os temas actuais da sua investigação. Estes vão da festa que o autor relaciona com a bulimia contemporânea até à nudez, cujas ligações com a teologia são analisadas. Outros temas abordados por Agamben são o do corpo glorioso do beato que tem estômago e órgãos sexuais e que, no entanto, não se alimenta e não faz amor, ou então, a nova figura da identidade pessoal que os dispositivos biométricos estão a impor à humanidade. O ponto de fuga para que convergem todos estes temas é o da inactividade, entendida não como ócio ou inércia, mas como paradigma da acção humana e de uma nova política. O pensamento de Agamben percorre assim uma espécie de terra de ninguém, movendo-se através de uma escrita que vai delineando um universo próprio, feito de pensamento, literatura e de incursões na filologia, situando-se entre um tratado de metafísica e as anotações sobre os costumes mais recentes. -
A Potência do PensamentoReúnem-se, neste livro, conferências e ensaios escritos por Giorgio Agamben entre 1979 e 2004. Os temas vão desde questões relacionadas com a linguagem até aos temas históricos e os relativos à potência do pensamento. O título A Potência do Pensamento é retirado de uma conferência efectuada em Lisboa em 1987 e que permanecera inédita até à publicação em livro em 2005. -
A Loucura de Hölderlin - Crónica de Uma Vida Habitante (1806-1843)A vida de Hölderlin divide-se exatamente em duas metades: os 36 anos que vão de 1770 a 1806, e os 36 anos de loucura que ele passou na casa do carpinteiro Zimmer entre 1807 e 1843. Se na primeira metade o poeta viveu no mundo e participou na medida das suas possibilidades nos eventos do seu tempo, a segunda metade da sua existência passou-a inteiramente fora do mundo, como se, apesar das visitas ocasionais que recebia, um muro o separasse de qualquer relação com os eventos externos. Por razões que talvez venham a tornar-se claras para o leitor, Hölderlin decidiu expurgar todo o carácter histórico e social das ações e gestos da sua vida. De acordo com o testemunho do seu biógrafo mais antigo, ele repetia obstinadamente: «nada me acontece». A sua vida só pode ser objeto de uma crónica, não de uma biografia, e muito menos de uma análise clínica ou psicológica. E, no entanto, a hipótese do livro é que, desta forma, Hölderlin ofereceu à humanidade uma imagem da vida sem precedentes, cujo significado genuinamente político continua por medir. -
A Loucura de Hölderlin - Crónica de Uma Vida Habitante (1806-1843)A vida de Hölderlin divide-se exatamente em duas metades: os 36 anos que vão de 1770 a 1806, e os 36 anos de loucura que ele passou na casa do carpinteiro Zimmer entre 1807 e 1843. Se na primeira metade o poeta viveu no mundo e participou na medida das suas possibilidades nos eventos do seu tempo, a segunda metade da sua existência passou-a inteiramente fora do mundo, como se, apesar das visitas ocasionais que recebia, um muro o separasse de qualquer relação com os eventos externos. Por razões que talvez venham a tornar-se claras para o leitor, Hölderlin decidiu expurgar todo o carácter histórico e social das ações e gestos da sua vida. De acordo com o testemunho do seu biógrafo mais antigo, ele repetia obstinadamente: «nada me acontece». A sua vida só pode ser objeto de uma crónica, não de uma biografia, e muito menos de uma análise clínica ou psicológica. E, no entanto, a hipótese do livro é que, desta forma, Hölderlin ofereceu à humanidade uma imagem da vida sem precedentes, cujo significado genuinamente político continua por medir.
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.