O Eremita Viajante
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O poema haiku não inferioriza nem zomba, não se serve do intelecto, valoriza as coisas
pequenas, valendo-se da surpresa e de um reduzido vocabulário, começa ainda antes da
primeira letra da primeira estrofe e acaba muito depois da última sílaba da terceira
estrofe. É poesia despersonalizada, já quase fora da linguagem comum, nasce no silêncio,
atravessa, como um relâmpago, o olhar do contemplador e regressa ao silêncio; e enquanto
existiu pareceu durar o tempo de um movimento respiratório. Resultante em grande parte da
contemplação da beleza e comportamentos da natureza, este estilo poético assume-se como
fenómeno que transcende o pessoal, é puro presente, é um momento suspenso, eterno em si
mas que não volta a acontecer. Nele, desaparece a separação observador/ observado, para
dar lugar à ausência de ego, à manifestação do sublime. No final da breve leitura do
poema, o leitor arrisca-se a ser percorrido por um calafrio que não poupará nenhuma célula
do seu corpo; talvez o seu olhar se semicerre e se suspenda no seio de um horizonte para
além do horizonte visível; talvez assome ao canto dos seus lábios o movimento de um
sorriso somente perceptível pelo olhar puro das crianças e dos animais.
imóvel contemplo a lua
e os outros pensam
que sou cego
imóvel contemplo a lua
e os outros pensam
que sou cego
| Editora | Assírio & Alvim |
|---|---|
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Matsuo Bashô |
Matsuo Bashô
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