O Estúdio de Alberto Giacometti
Jean Genet visitou demorada e interessadamente o atelier de Alberto Giacometti. Nasceu assim o fascínio pelo escultor de homens tão longos que mais parecem cristas do gótico flamejante, individualizadas e profundamente humanas. De Genet publica a Assírio & Alvim O Estúdio de Alberto Giacometti, no qual se descreve o escultor e a sua arte, a origem da beleza dessas estátuas que “provocam emoções muito próximas deste terror, e idêntico fascínio”, porque “a arte de Giacometti parece querer revelar essa ferida secreta dos seres e das coisas, para que ela os ilumine”.
| Editora | Assírio & Alvim |
|---|---|
| Coleção | Alfinete |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Jean Genet |
Jean Genet (1910-1986) foi um romancista, poeta e dramaturgo francês. É acusado de roubo pela primeira vez aos dez anos. Desgostoso com as repercussões do seu ato, decide reivindicá-lo abertamente, num ímpeto existencialista avant la lettre que definiu para sempre a sua relação conflituosa com os valores vigentes. Suicidou-se com 75 anos.
-
A VarandaOs Artistas Unidos e a Cotovia publicam mais um texto de Jean Genet, A Varanda. Este volume integra a série de capa preta reservada aos "clássicos do contemporâneo", onde já foram publicadas peças de Pirandello, Karl Valentin e um primeiro volume com duas peças de Jean Genet. A Varanda Jean Genet associa, não sem ironia, a nossa sociedade a um bordel de luxo: um lugar onde se trocam os corpos pelo dinheiro, onde reina a ilusão e o engano. A parábola é clara: a irresistível ascensão de Georges não é outra que a de Franco ou Hitler, mas sob a forma de uma farsa fúnebre. A força do teatro de Genet reside neste riso terrúvel, o riso de quem sabe que tudo está perdido. -
No Sentido da NoiteA primeira crise de esterilidade literária de Jean Genet (1910-1986) sete anos vazios entre Le Journal du Voleur (1949) e a peça de teatro Le Balcon (1956) sucede a um período fértil, medido por outros sete anos. De facto, a um poema feito no cárcere em 1942 Le Condamné à Mort primeiro anúncio de um grande poeta e de um magnífico transtorno de valores morais desde logo mitificado com a história de uma aposta entre reclusos que lhe estaria na origem, seguiu-se em 1944 o romance Notre-Dame-des-Fleurs (para o qual teve Cocteau de «inventar» uma editora situada em Monte Carlo, anónima, aux dépens dun amateur), e depois Miracle de la Rose em 1946, Querelle de Brest e Pompes Funèbres em 1947, e ainda Poèmes em 1948 e Journal du Voleur em 1949, quase tudo o que, somado ao seu futuro teatro, nos faz arriscar uma palavra assustadora génio para não explicar de todo que aprendizagem (feita onde?, com quem?, para quê?) levou àquela escrita que uma faca, empunhada por um filho de pai incógnito e com uma memória magoada por acusações de roubo, assistências públicas e casas de correcção obrigada a sonhar-se com delinquências vagabundas em marselhas e barcelonas riscava com luxo para ferir a literatura e pô-la ao serviço de uma recusa de tudo o que afectasse positivamente a moral burguesa. Com estas histórias de exemplo em subversão pôde perceber-se que uma função da arte viria ele próprio a dizê-lo assim, textualmente é substituir a fé religiosa pela eficácia da beleza; e que esta beleza deve ter, pelo menos, a força de um poema, quer dizer, de um crime; e que aos seus livros tecidos com magnificência verbal (a minha vitória é verbal, avisaria também, e devo-a à sumptuosidade das palavras) caberia o papel de servir aquela beleza, e servi-la tão bem que ficassem irrecusáveis de sedução os espelhos onde ela se reflecte, e mesmo que a imagem reflectida confrontasse uma inversão ética do próprio leitor. -
O BalcãoChantal: Eles só sabem lutar e tu só sabes amar-me. É o papel que aprendeste a interpretar. Mas comigo é diferente. Para alguma coisa o bordel me serviu, pois que me ensinou a arte de representar e de fingir. Tive de interpretar tantos papéis que os conheço quase todos. E tive tantos partenaires…Roger: Chantal!Chantal: E alguns tão sabidos e tão retorcidos, tão eloquentes, que a minha ciência, a minha manha, a minha eloquência são incomparáveis. Posso tratar por tu a Rainha, o Herói, o Juiz, o Bispo, o General, a Tropa heróica… e enganá-los.Roger: Conheces todos os papéis, não conheces? -
Querelle - Amar e MatarA obra de Jean Genet é o teatro do mal e da morte. O seu mundo é o reverso do nosso mundo, o nosso inferno é o seu paraíso. E é nesse mundo, iluminado pela luz da sua arte e pelo lirismo da sua poesia, que Genet apresenta os seus personagens - assassinos, ladrões, prostitutas, homossexuais...-, celebrando os ritos da religião do crime: as festas do sexo, o ritual da traição, a cerimónia do homicídio. É nesse mundo que evolui o protagonista do extraordinário romance que ora apresentamos, Querelle, o marinheiro de Brest, nimbado pelo autor com todos os esplendores que acompanham os santos e as virgens das nossas igrejas barrocas. Com ele, Genet faz-nos assistir a toda a estranha sedução do mal, à beleza da traição, ao encanto do homicídio, vestidos com as pompas duma transfiguração poética que dá ao mundo subterrâneo dos marginais a aura gloriosa duma procura do absoluto através dos abismos da depravação. -
Diário do Ladrão«Só na aparência a sua autobiografia é uma autobiografia: ela é uma cosmogonia sagrada. As suas histórias não são histórias: elas apaixonam e fascinam e levam-nos a acreditar que ele nos relata factos, mas logo nos apercebemos de que aquilo que nos descreve são ritos.» Jean-Paul Sartre «O príncipe negro das letras.» Jean Cocteau «Só um punhado de escritores do século XX, tais como Kafka e Proust, têm uma voz e um estilo tão importantes, tão autoritários, tão irrevogáveis.» Susan Sontag Em Diário do Ladrão, Genet conta a sua história. Não é uma história bonita, dessas que mascaram a realidade. Publicado clandestinamente em 1948, e depois numa edição censurada no ano seguinte, é a história de um ladrão pervertido e escandaloso em busca da redenção através da imersão no mal. Assumindo sem reservas a ética e a estética do vício, o protagonista conta os seus périplos por uma Europa decadente, entregando-se ao crime, à devassidão e à vagabundagem, enfrentando uma sociedade à qual não quer nem pode pertencer. De inspiração hagiográfica, é o livro que melhor nos dá a conhecer o Genet soldado, mendigo, ladrão, vagabundo, prostituto, o anjo caído das letras francesas, a quem Jean-Paul Sartre dedicou um estudo de mais de 800 páginas. Através das três virtudes teologais - o roubo, a traição e a sodomia -, o herói de Diário do Ladrão eleva-se acima da vileza e da indecência, que o poder da palavra sublima e santifica. -
Diário do Ladrão«Só na aparência a sua autobiografia é uma autobiografia: ela é uma cosmogonia sagrada. As suas histórias não são histórias: elas apaixonam e fascinam e levam-nos a acreditar que ele nos relata factos, mas logo nos apercebemos de que aquilo que nos descreve são ritos.»Jean-Paul SartreJean-Paul Sartre«O príncipe negro das letras.» Jean Cocteau «Só um punhado de escritores do século XX, tais como Kafka e Proust, têm uma voz e um estilo tão importantes, tão autoritários, tão irrevogáveis.» Susan Sontag Em Diário do Ladrão, Genet conta a sua história. Não é uma história bonita, dessas que mascaram a realidade. Publicado clandestinamente em 1948, e depois numa edição censurada no ano seguinte, é a história de um ladrão pervertido e escandaloso em busca da redenção através da imersão no mal. Assumindo sem reservas a ética e a estética do vício, o protagonista conta os seus périplos por uma Europa decadente, entregando-se ao crime, à devassidão e à vagabundagem, enfrentando uma sociedade à qual não quer nem pode pertencer. De inspiração hagiográfica, é o livro que melhor nos dá a conhecer o Genet soldado, mendigo, ladrão, vagabundo, prostituto, o anjo caído das letras francesas, a quem Jean-Paul Sartre dedicou um estudo de mais de 800 páginas. Através das três virtudes teologais - o roubo, a traição e a sodomia -, o herói de Diário do Ladrão eleva-se acima da vileza e da indecência, que o poder da palavra sublima e santifica. -
As CriadasObra primeira, inaugural do transbordar de variantes na escrita dramática de Genet, As Criadas (1947) trata de um delito – cismado, sonhado, ritualizado como uma missa negra. Duas criadas irmãs congeminam o homicídio da sua patroa, entregando-se a uma espiral de jogos de representação, espaço cerimonial de um sacrifício. Em 2016, instigada pelo encenador Simão do Vale Africano, Luísa Costa Gomes traduziu pela primeira vez em Portugal a “versão Genet”, aqui publicada, que difere da chamada “versão Louis Jouvet”, o texto da primeira encenação d’As Criadas, tornado canónico nas inúmeras representações da mais representada das peças do dramaturgo francês. Conta Genet que, na altura da estreia, um crítico de teatro fez notar que as verdadeiras criadas não falam como as da sua peça. “Pretendo o contrário”, replicou. “Porque se eu fosse criada falaria como elas. Em determinadas noites. Porque as criadas só falam assim em determinadas noites.”
-
Arte, Religião e Imagens em Évora no tempo do Arcebispo D. Teodósio de Bragança, 1578-1601D. Teotónio de Bragança (1530-1602), Arcebispo de Évora entre 1578 e 1602, foi um grande mecenas das artes sob signo do Concílio de Trento. Fundou o Mosteiro de Scala Coeli da Cartuxa, custeou obras relevantes na Sé e em muitas paroquiais da Arquidiocese, e fez encomendas em Lisboa, Madrid, Roma e Florença para enriquecer esses espaços. Desenvolveu um novo tipo de arquitectura, ser- vindo-se de artistas de formação romana como Nicolau de Frias e Pero Vaz Pereira. Seguiu com inovação um modelo «reformado» de igrejas-auditório de novo tipo com decoração integral de interiores, espécie de ars senza tempo pensada para o caso alentejano, onde pintura a fresco, stucco, azulejo, talha, imaginária, esgrafito e outras artes se irmanam. Seguiu as orientações tridentinas de revitalização das sacrae imagines e enriqueceu-as com novos temas iconográficos. Recuperou lugares de culto matricial paleo-cristão como atestado de antiguidade legitimadora, seguindo os princípios de ‘restauro storico’ de Cesare Baronio; velhos cultos emergem então, caso de São Manços, São Jordão, São Brissos, Santa Comba, São Torpes e outros alegadamente eborenses. A arte que nasce em Évora no fim do século XVI, sob signo da Contra-Maniera, atinge assim um brilho que rivaliza com os anos do reinado de D. João III e do humanista André de Resende. O livro reflecte sobre o sentido profundo da sociedade de Évora do final de Quinhentos, nas suas misérias e grandezas. -
Cartoons - 1969-1992O REGRESSO DOS ICÓNICOS CARTOONS DE JOÃO ABEL MANTA Ao fim de 48 anos, esta é a primeira reedição do álbum Cartoons 1969‑1975, publicado em Dezembro de 1975, o que significa que levou quase tanto tempo a que estes desenhos regressassem ao convívio dos leitores portugueses como o que durou o regime derrubado pela Revolução de Abril de 1974.Mantém‑se a fidelidade do original aos cartoons, desenhos mais ou menos humorísticos de carácter essencialmente político, com possíveis derivações socioculturais, feitos para a imprensa generalista. Mas a nova edição, com alguns ajustes, acrescenta «todos os desenhos relevantes posteriores a essa data e todos os que, por razões que se desconhece (mas sobre as quais se poderá especular), foram omitidos dessa primeira edição», como explica o organizador, Pedro Piedade Marques, além de um aparato de notas explicativas e contextualizadoras. -
Constelações - Ensaios sobre Cultura e Técnica na ContemporaneidadeUm livro deve tudo aos que ajudaram a arrancá-lo ao grande exterior, seja ele o nada ou o real. Agora que o devolvo aos meandros de onde proveio, escavados por todos sobre a superfície da Terra, talvez mais um sulco, ou alguma água desviada, quero agradecer àqueles que me ajudaram a fazer este retraçamento do caminho feito nestes anos de crise, pouco propícios para a escrita. […] Dá-me alegria o número daqueles a que precisei de agradecer. Se morremos sozinhos, mesmo que sejam sempre os outros que morrem — é esse o epitáfio escolhido por Duchamp —, só vivemos bem em companhia. Estes ensaios foram escritos sob a imagem da constelação. Controlada pelo conceito, com as novas máquinas como a da fotografia, a imagem libertou-se, separou-se dos objectos que a aprisionavam, eles próprios prisioneiros da lógica da rendibilidade. Uma nova plasticidade é produzida pelas imagens, que na sua leveza e movimento arrastam, com leveza e sem violência, o real. O pensamento do século XX propôs uma outra configuração do pensar pela imagem, desenvolvendo métodos como os de mosaico, de caleidoscópio, de paradigma, de mapa, de atlas, de arquivo, de arquipélago, e até de floresta ou de montanha, como nos ensinou Aldo Leopoldo. Esta nova semântica da imagem, depois de milénios de destituição pelo platonismo, significa estar à escuta da máxima de Giordano Bruno de que «pensar é especular com imagens». Em suma, a constelação em acto neste livro é magnetizada por uma certa ideia da técnica enquanto acontecimento decisivo, e cada ensaio aqui reunido corresponde a uma refracção dessa ideia num problema por ela suscitado, passando pela arte, o corpo, a fotografia e a técnica propriamente dita. Tem como único objectivo que um certo pensar se materialize, que este livro o transporte consigo e, seguindo o seu curso, encontre os seus próximos ou não. [José Bragança de Miranda] -
Esgotar a Dança - A Perfomance e a Política do MovimentoDezassete anos após sua publicação original em inglês, e após sua tradução em treze línguas, fica assim finalmente disponível aos leitores portugueses um livro fundamental para os estudos da dança e seminal no campo de uma teoria política do movimento.Nas palavras introdutórias à edição portuguesa, André Lepecki diz-nos: «espero que leitores desta edição portuguesa de Exhausting Dance possam encontrar neste livro não apenas retratos de algumas performances e obras coreográficas que, na sua singularidade afirmativa, complicaram (e ainda complicam, nas suas diferentes sobrevidas) certas noções pré-estabelecidas, certos mandamentos estéticos, do que a dança deve ser, do que a dança deve parecer, de como bailarines se devem mover e de como o movimento se deve manifestar quando apresentado no contexto do regime da 'arte' — mas espero que encontrem também, e ao mesmo tempo, um impulso crítico-teórico, ou seja, político, que, aliado que está às obras que compõem este livro, contribua para o pensar e o fazer da dança e da performance em Portugal hoje.» -
Siza DesignUma extensa e pormenorizada abordagem à obra de design do arquiteto Álvaro Siza Vieira, desde as peças de mobiliário, de cerâmica, de tapeçaria ou de ourivesaria, até às luminárias, ferragens e acessórios para equipamentos, apresentando para cada uma das cerca de 150 peças selecionadas uma detalhada ficha técnica com identificação, descrição, materiais, empresa distribuidora e fotografias, e integrando ainda um conjunto de esquissos originais nunca publicados e uma entrevista exclusiva ao arquiteto.CoediçãoArteBooks DesignCoordenação Científica + EntrevistaJosé Manuel PedreirinhoDesign GráficoJoão Machado, Marta Machado -
A Vida das Formas - Seguido de Elogio da MãoEste continua a ser o livro mais acessível e divulgado de Focillon. Nele o autor expõe em pormenor o seu método e a sua doutrina. Ao definir o carácter essencial da obra de arte como uma forma, Focillon procura sobretudo explicitar o carácter original e independente da representação artística recusando a interferência de condições exteriores ao acto criativo. Afastando-se simultaneamente do determinismo sociológico, do historicismo e da iconologia, procura demonstrar que a arte constitui um mundo coerente, estável e activo, animado por um movimento interno próprio, no fundo do qual a história política ou social apenas serve de quadro de referência. Para Focillon a arte é sempre o ponto de partida ou o ponto de chegada de experiências estéticas ligadas entre si, formando uma espécie de genealogias formais complexas que ele designa por metamorfoses. São estas metamorfoses que dão à obra de arte o seu carácter único e a fazem participar da evolução universal das formas.

