Rayuela - O Jogo do Mundo
O amor turbulento de Oliveira e da «Maga», os amigos do Clube da Serpente, as caminhadas por Paris em busca do Céu e do Inferno, têm o seu outro lado na aventura simétrica de Oliveira, Talita e Traveler, numa Buenos Aires refém da memória.
A publicação de «O jogo do mundo» (Rayuela) em 1963 foi uma verdadeira revolução no romance mundial: pela primeira vez, um escritor levava até às últimas consequências a vontade de transgredir a ordem tradicional de uma história e a linguagem usada para a contar. O resultado é este livro único, cheio de humor, de risco e de uma originalidade sem precedentes.
Considerado o romance que melhor retrata as inquietudes e melhor resume o Século XX na visão latino-americana do mundo, desde a sua publicação, gerações de escritores são, de uma maneira ou de outra, devedoras de «O jogo do mundo».
| Editora | Cavalo de Ferro |
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| Categorias | |
| Editora | Cavalo de Ferro |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Julio Cortázar |
Escritor argentino, Julio Cortazár nasceu a 26 de agosto de 1914, em Bruxelas, na Bélgica, durante uma viagem de negócios empreendida pelos seus pais. Em 1918 a família regressou a Buenos Aires, onde Cortázar veio a estudar, obtendo, em 1935, habilitações como professor do ensino secundário pela Escuela Normal de Professores Mariano Acosta. Ingressou depois na Universidade de Buenos Aires e deu aulas nas escolas secundárias de Bolívar, de Chivilcoy e de Mendonza.
Em 1944 conseguiu uma posição como professor de Literatura Francesa na Universidade de Cuyo, em Mendonza, onde se envolveu numa manifestação contra a política populista e sindicalista de Juan Domingo Peron, pelo que foi encarcerado. Posto em liberdade pouco tempo depois, viu, no entanto, vedada a sua carreira académica. Assumiu então, e em 1946, a direção de uma editora em Buenos Aires, funções que desempenhou até 1948, altura em que completou a sua licenciatura em Direito e Línguas. Cortázar passou então a trabalhar como tradutor.
Em 1949 publicou a sua primeira obra digna de interesse, Los Reyes, um longo poema narrativo em que utilizava arquétipos como o Minotauro e o Labirinto de Creta. Em 1951, época em que o regime de Peron se estabelecia como ditadura, publicou numa revista mantida por Jorge Luis Borges, a Los Anales de Buenos Aires, a sua primeira coletânea de contos, com o título Bestiário (1951).
Nesse mesmo ano, e em resultado das perseguições que lhe foram movidas, o autor optou pelo exílio, mudando para Paris, cidade que não mais abandonaria. A partir de 1952 passou a trabalhar para a UNESCO como tradutor independente.
Continuou a publicar coletâneas de contos, como Final de Juego (1956),Las Armas Secretas (1959), obra que viria a ser adaptada para cinema pelo realizador italiano Michelangelo Antonioni, com o títuloBlow Up, em 1966. Em 1960 consagrou-se também como romancista, com o aparecimento deLos Premios, obra em que contava o rumo de um grupo de pessoas que ganham como prémio de lotaria um cruzeiro-surpresa. O seu romance mais conhecido, Rayuela, seria publicado em 1963. A obra, original e imaginativa, influenciou significativamente a literatura da América Latina.
Em 1973 empreendeu uma longa viagem pela América do Sul, visitando países como o Peru, o Equador, o Chile e a Argentina, como investigador das violações dos direitos humanos no continente, apoiando, com os ganhos resultantes da venda das suas obras, os Sandinistas e as famílias de prisioneiros políticos.
Em 1975 lecionou, como professor convidado, nas Universidades de Oklahoma e do Barnard College de Nova Iorque. Em 1981 tomou a nacionalidade francesa e, dois anos depois, foi-lhe autorizado visitar de novo a Argentina.
Faleceu a 12 de fevereiro de 1984, em Paris. Embora seja geralmente aceite como causa da sua morte uma leucemia, existe também a opinião de que o autor tenha sido vítima de SIDA, nesse tempo ainda não diagnosticável.
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A Volta ao Dia em 80 MundosPela primeira vez publicado em Portugal, esta obra confirma todo o génio criativo de Julio Cortázar, consubstanciado numa nova forma de fazer Literatura. Cortázar rompe com o modelo clássico da narrativa e apresenta ao leitor, num único volume, uma colectânea de textos literários que abrange o conto, a poesia, o ensaio, o comentário humorístico e autobiográfico, e que tratam temas tão variados como o boxe, a política, técnicas culinárias, sadismo, Paris, entre outros. Tudo alternado com ilustrações e fotografias escolhidas pelo próprio autor. Uma das obras fundamentais da narrativa mundial, e um livro incontornável deste importante autor. -
Papéis InesperadosFestejado como um acontecimento editorial pela crítica e amantes de todo o mundo da obra de Julio Cortázar, «Papéis inesperados - escritos inéditos» é uma deslumbrante colecção de textos inéditos e dispersos escritos pelo autor de Rayuela durante toda a sua vida e recentemente encontrados num móvel da sua casa no XV bairro de Paris. Os protagonistas desta surpreendente história - que recorda o baú de inéditos de Pessoa - são Aurora Bernárdez, a sua viúva e herdeira universal, e o especialista na obra do autor, Carles Álvarez Garriga, responsáveis pela edição do livro.Dividido em 3 partes (prosas, entrevistas perante o espelho, poemas), reúnem-se neste volume contos nunca antes publicados em livro; histórias de cronópios julgadas desaparecidas; um capítulo suprimido de Rayuela; textos sobre literatura, política, viagens, «de emergência», de «palmada-nas-costas»;auto-entrevistas; poemas inéditos, e muitos outros autênticos tesouros que oferecem ao leitor uma visão completa das várias facetas da escrita de Julio Cortázar -
Gostamos tanto da GlendaGostamos tanto da Glenda, originalmente publicado em 1980, e até hoje inédito no nosso país, contém alguns dos mais famosos contos escritos por Julio Cortázar. Histórias onde desfilam os temas que este autor soube, como poucos, converter em literatura: os sonhos, os gatos, o cinema, a música, o tempo; e onde a realidade quotidiana é a primeira a destabilizar a ordem natural das coisas. -
Final do Jogo«Penso que o tema que servirá de base a um bom conto seja sempre excepcional, não querendo com isto afirmar que esse tema deva ser extraordinário, fora do comum, misterioso ou insólito. Pelo contrário, pode tratar-se de uma historieta perfeitamente trivial e quotidiana. A sua excepcionalidade reside numa qualidade comparável àquela do íman: um bom tema atrai todo um sistema de relações interligadas, coagula no autor, e depois no leitor, uma imensidão de conceitos, imagens, sentimentos e até mesmo ideias que flutuavam virtualmente na sua memória ou na sua sensibilidade; um bom tema é como um Sol, um astro em torno ao qual gravita um sistema planetário desconhecido até que o escritor de contos, astrónomo de palavras, revele ao mundo a sua existência.»Julio Cortázar Volume de dezoito contos até hoje inédito no nosso país, Final do Jogo é um dos livros mais celebrados pelos leitores de Julio Cortázar. Contém, entre outras histórias excepcionais, os contos Axolotl, Não se culpe ninguém, Ménades e o autobiográfico, Os Venenos. -
Todos os Fogos o FogoImagine-se uma dessas longas filas de automóveis parados na auto-estrada às portas de uma grande cidade para desespero dos automobilistas; e que os minutos e as horas de espera se transformam em dias, e estes em semanas e depois em meses, convertendo o espaço circundante numa espécie de não-lugar familiar; neste tempo e lugar suspenso, nascem amizades e disputas, os automóveis transformam-se em hospitais de campanha, em alcovas, em bares, organiza-se uma nova sociedade. É este o tema do famoso conto, «A Auto-estrada do Sul», adaptado ao cinema por Jean-Luc Godard, que abre o presente volume. Seguem-se outros não menos famosos, num total de oito, onde Julio Cortázar demonstra, uma vez mais, a sua enorme mestria em (con)fundir passado e presente, sonho e realidade, criando ambientes ficcionais únicos, onde as tensões e os medos da vida quotidiana se sublimam em aparentes novas realidades. -
Aulas de Literatura: Berkeley, 1980Berkeley, Universidade da Califórnia, Outono de 1980: no período culminante da sua carreira de escritor e depois de tê-lo recusado durante anos, Julio Cortázar aceita finalmente o convite de uma universidade norte-americana para ali leccionar um curso de literatura. Contudo, ao contrário de outras célebres lições de literatura ministradas por grandes autores, como Nabokov, Borges ou Calvino, também posteriormente editadas com enorme sucesso em formato de livro, as aulas de literatura de Cortázar, tal como não podia deixar de ser, nada têm de ortodoxo ou de catedrático. Todas as quintas-feiras, durante dois meses, perante uma plateia de jovens estudantes cada vez mais numerosa e entusiasta (ao ponto de causar problemas logísticos), o autor argentino conduz um vasto diálogo sobre a criação literária e a sua experiência de escritor, dando a conhecer quais os ingredientes que compõem a boa literatura. São muitos os temas tratados: o fantástico, a musicalidade e o humor, o erotismo e o lúdico em literatura; a intrincada relação entre imaginação e realidade, as armadilhas da linguagem; porém, sobra igualmente tempo para abordar outras suas paixões: a política, a música, o cinema. Tudo isto recheado de exemplos retirados de leituras pessoais ou da sua própria escrita, que analisa de forma natural e sincera, revelando o segredo dos seus contos ou qual a interpretação do seu famoso romance, Rayuela . -
OctaedroNos interstícios da realidade nascem aventuras improváveis: um rosto refletido numa janela, que espoleta o nascer de sentimentos amorosos segundo uma lógica combinatória relacionada com os percursos da rede do metropolitano; mortos que voltam a morrer na viscosidade ilusória dos sonhos; personagens irreais que procuram a sua existência através de dolorosas mentiras — Morte, amor, relações humanas, a presença constante e imperturbável do inexplicável, todas as faces da existência humana e a certeza que fica, no final, de que nenhuma delas pode ser encarada somente através de um único prisma. O octaedro de oito contos publicado originalmente em 1974 e, até hoje, inteiramente inéditos em Portugal, é um dos livros mais representativos e celebrados de Cortázar, em que a audácia estilística se equipara ao desafio constante perante os determinismos e previsibilidade da vida quotidiana. -
Os PrémiosO primeiro romance publicado de Cortázar, até hoje inédito em Portugal, que antecipou O Jogo do Mundo – Rayuela. Um grupo rumoroso e heterogéneo de personagens, espécie de catálogo representativo da sociedade de Buenos Aires da época, premiado na lotaria nacional com um bilhete para uma viagem luxuosa de cruzeiro, embarca no navio Malcolm, cheio de expectativas. Contudo, entre distrações e atrações iniciais, um clima de mistério faz crescer a tensão entre os passageiros e a tripulação: o navio é colocado em quarentena devido a uma inexplicável doença, a rota e o destino final da viagem são desconhecidos, o capitão não se apresenta e nenhum dos membros da tripulação fala espanhol e, sobretudo, o acesso à popa da embarcação está interdito aos passageiros. Todas estas absurdas circunstâncias constituirão um irresistível desafio para os hóspedes deste navio que os levará a um jogo cada vez mais perigoso e com um final surpreendente. O alternar entre narração e reflexão, a vivacidade dos diálogos, o absurdo e a comicidade das personagens, fazem de Os Prémios um romance desconcertante e uma leitura ímpar, inevitável antecâmara de toda a obra subsequente de Cortázar. -
Histórias de Cronópios e de Famas«A capacidade de Cortázar para nos apresentar os objetos de perspetivas estranhas, como se os tivesse acabado de inventar, proporciona ao leitor uma experiência única.» - Time «Uma imaginação literária de elite.» - The New York Times Review of Books «Os famas são os que embalsamam e catalogam as recordações, que bebem à colherada a virtude com o único propósito de se reconhecerem cheios de vícios, aqueles que, se têm tosse, deitam abaixo um eucalipto em vez de comprarem os rebuçados peitorais Dr. Bayard. Os cronópios são aqueles que ao lavar os dentes à janela espremem todo o conteúdo do tubo só para verem esvoaçar grinaldas de pasta dentífrica cor-de-rosa (…) quando se deparam com uma tartaruga, desenham-lhe uma andorinha. (…) A criação mais feliz e absoluta de Cortázar.» - Do prefácio de Italo Calvino «A capacidade criativa do autor atira-nos exactamente para esse território das situações menos comuns, onde o que às vezes importa é a escrita e os sonhos que ela transporta para defronte dos nossos olhos.» - Fernando Sobral, Jornal de Negócios Nova tradução de Isabel Pettermann -
As Armas SecretasUma mulher que aceita ir a um funeral representar o papel de mãe do falecido. Um homem perdido entre a realidade e o que vê através de uma bola de cristal. Um saxofonista brilhante a tentar descobrir se consegue viver sem que a sua própria música o consuma. Julio Cortázar, que encontrava nos contos um dos mais perfeitos veículos para a sua prodigiosa imaginação, juntou em Armas Secretas algumas das suas mais importantes criações narrativas. Volume que inclui, entre outros, os célebres contos As Babas do Diabo, adaptado ao cinema por Michelangelo Antonioni no filme Blow-up – História de um Fotógrafo, e O Perseguidor, sobre os derradeiros dias de vida do músico Charlie Parker, que o próprio autor considerou ser um dos momentos de definição da sua carreira. «Cortázar deriva com tanta naturalidade no absurdo, sem nunca perder o pé na verosimilhança, que nós, leitores, desistimos rapidamente de questionar o sentido ou a possibilidade. Fruímos apenas.» - João Morales, Jornal Sol