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O Limiar do Visível - Para uma Leitura Crítica de Ana Teresa Pereira

Gaia Bertoneri

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Sinopse

Partindo das principais investigações até agora dedicadas à obra de Ana Teresa Pereira, o presente estudo propõe um percurso interpretativo que aprofunde, com maior conhecimento de causa, aquilo que Gérard Genette considera o ‘efeito rebound’, ou seja, o processo dinâmico e criativo que se verifica, com cada vez maior incidência na literatura contemporânea, a partir da inspiração das artes visuais e do cinema, em particular, que se tornou a experiência primária da nossa modernidade, e cujas linguagens e estruturas narrativas são hoje perfeitamente reconhecíveis e descodificáveis ao nível do imaginário colectivo ocidental. Nesta investigação pretende-se verificar o funcionamento da imagem através do conceito ‘pictorial turn’ em três dos mais recentes livros da autora, a saber, “As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães” (2013), “Neverness” (2015) e “Karen” (2016) tendo como objectivo pôr em evidência como a visualidade representa, para a autora, um verdadeiro mecanismo de reactivação e transformação da memória em limiar do visível. A leitura crítica proposta, à luz da perspectiva de abordagem seguida, leva à consideração de uma Teoria do Autor pereiriano, nesta obra definida como Teoria del terzo incomodo.

***

«A figura da intrusa leva-nos a considerar a presença do terzo incomodo. Mas porquê falar duma terceira presença que incomoda? O corpus da nossa investigação demonstra como a autora consegue estabelecer uma relação com a/as memória/s cinematográfica/s, mas além da relação entre (1) o texto referido e (2) a reelaboração do mesmo insinua-se sempre (3) outro texto. Ana Teresa Pereira serve-se prevalentemente das memórias cinematográfi- cas de “A Streetcar Named Desire”, “Suddenly, last summer” e “The Glass Menagerie”, de Tennessee Williams, para criar As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães, mas o texto que se insinua entre a referência e a criação literária é o conto “Kiss me, stranger”, de Daphne du Maurier. Para escrever Neverness a autora refere-se principalmente à memória do filme “La Prima Notte di Quiete” mas o conto “The Little Photographer”, de Daphne du Maurier, medeia e assombra as memórias fílmicas de “Le Notti Bianche” e “Black Narcissus” e a novela “Neverness”. Ao passo que, para a redacção de “Karen”, a autora recorre à protagonista de “O Verão Selvagem dos Teus Olhos”, portanto ao fantasma de Rebecca, e ao mesmo tempo faz apelo à história do romance “Rebecca”, de Daphne du Maurier. Concluímos assim que no nosso corpus de investigação o terzo incomodo é representado pela referência aos dois contos e ao romance de Daphne du Maurier.» p. 208

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Autor

Gaia Bertoneri

GAIA BERTONERI é docente de Língua portuguesa no Departamento de Línguas da Universidade de Turim. É doutora em Digital Humanities (Universidade de Génova e Turim) com a tese “O efeito Droste: para uma crítica visual da obra de Ana Teresa Pereira”, e ocupa-se da aplicação dos ‘visual studies’ à literatura portuguesa da segunda metade do século XX. Em 2013 concluiu o mestrado em Tradução com a tese “Trabalhar no escuro: tradurre Ana Teresa Pereira”. Faz parte do comité de redacção da revista luso-italiana de estudos comparados “Submarino”, para a qual está a co-organizar o segundo número dedicado ao poeta Herberto Helder. Traduziu para italiano, Maria Teresa Horta, Luís Quintais, Herberto Helder, José Eduardo Agualusa, Ana Teresa Pereira e Joaquim Maria Machado de Assis.


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