O Penitente (Camilo Castelo Branco)
Pascoaes foi iniciado na leitura de Camilo Castelo Branco por sua mãe, que guardava à cabeceira da cama os livros deste autor e, quando chegava ao último volume, voltava a ler o primeiro. Assim se interessou um autor pela figura romanesca do outro, cujos passos descreverá, desde a infância até ao suicídio. Através da leitura desse percurso ficam-se a conhecer diferentes episódios, como a profanação da sepultura de Maria do Adro, a prisão de Ana Plácido e Camilo, e os últimos dias em Ceide.
No epílogo deste livro, Teixeira de Pascoaes alerta para o facto de não ter escrito uma biografia, ou uma crítica literária, pois quis apenas aproveitar, da vida e obra de Camilo Castelo Branco, o que constitui o “drama camiliano”. Desta forma se explica que, como afirma António-Pedro Vasconcellos na sua introdução ao livro, Camilo, visto por Pascoaes, seja “uma personagem saída da imaginação de um Shakespeare ou de um Dostoiévski, um eterno enamorado da morte e um irredutível solitário”.
| Editora | Assírio & Alvim |
|---|---|
| Coleção | Obras de Teixeira de Pascoaes |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Teixeira de Pascoaes |
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Os Poetas LusíadasDo convite de Eugenio d’Ors, director do Instituto de Estudos Catalães, a Teixeira de Pascoaes para a realização de um conjunto de conferências em Barcelona, resulta Os Poetas Lusitanos. Neste livro, Pascoaes romanceia sobre a história da poesia portuguesa, desde a sua “idade de oiro”, com D. Dinis, passando pelo período “marítimo ou henriquino”, “sebastianista” e “político” até aos dias de hoje, em que perdura ainda o período “neo-sebastianista”. Ao efabular sobre poesia, a arte que, para Pascoaes, nasceu da dança, o escritor interpreta Camões, Agostinho da Cruz e Bernadim Ribeiro, Guerra Junqueiro, António Nobre e Antero de Quental. -
Regresso ao ParaísoRegresso ao Paraíso, livro escrito por Teixeira de Pascoaes em 1912, inicia-se com a descrição do Inferno, onde “Satã consome o fogo dos seus dias cuidando, com amor, do martírio das almas” que ali lhe chegam. Da fronte do Diabo sobressai o símbolo do seu Império, a serpente que seduziu Eva ao enroscar-se na árvore do Paraíso, transformando-a, e a Adão, nos dirigentes das nocturnas legiões de Satã. Quando Satã, ouvindo a serpente que prevê o fim da humanidade, envia Adão e Eva para o mundo “à frente dos demónios aguerridos”, não esperava que, através das recordações do Paraíso, estes revivessem o amor original, sentindo piedade dos seus filhos. Trava-se, assim, uma batalha entre Anjos e Demónios em que, se Adão vencer o demónio que nele se entranhou, poderá regressar ao Paraíso. O homem vive, em Regresso ao Paraíso, uma tragédia onde os personagens principais são Deus e Satã. -
A Saudade e o Saudosismo (dispersos e opúsculos)Em A Saudade e o Saudosismo apresenta-se um conjunto de artigos dispersos, escritos por Teixeira de Pascoaes de 1910 a 1952, mas que o autor não pensou publicar em vida. Organizado cronologicamente por Pinharanda Gomes, este livro inclui os artigos iniciais de A Águia e os que aludem ao estatuto doutrinal da Renascença Portuguesa, bem como o núcleo da polémica com António Sérgio, as conferências sobre a “Saudade”, e os estudos de alguns poetas, como António de Magalhães e João Lúcio. -
Santo AgostinhoSanto Agostinho, livro publicado em 1945 e que Pinharanda Gomes apresenta, é a última biografia de Teixeira de Pascoaes, onde este caracteriza o escritor das Confissões como um ser complexo, simultaneamente poeta e filósofo, místico e racionalista. Assim, “Santo Agostinho místico é um suicida, um foragido do mundo, como esses internados nas solidões da Tebaida, famintos de Deus e de silêncio, metidos numa caverna tumular, tendo, à entrada, em certas noites, um anjo resplandecente de brancura. (…) E é ainda filósofo e poeta, que a filosofia sem poesia é osso sem carne, um roer sem gosto.”Esta descrição do Santo poder-se-ia aplicar a qualquer um dos biografados por Pascoaes, esses espíritos de “qualidade transcendente”, que o escritor, como explica no prefácio deste livro, persegue, por adoração, como se fosse um “carrasco-poeta”. A leitura de Santo Agostinho constitui, pois, o último capítulo da autobiografia de Pascoaes. -
As Sombras. À Ventura. Jesus e PãAs Sombras, 1900, o poema À Ventura, 1907, e Jesus e Pã, 1903, são as obras incluídas neste livro, apresentado por Gil de Carvalho.No primeiro livro, Pascoaes representa diferentes sombras, do passado, do vento, da vida, do amor, e também de figuras como Eurídice, Jesus, Pã, Deus e o Homem. Após a leitura de As Sombras, Miguel de Unamuno caracterizou Pascoaes como um ser eleito, “que dizia adeus ao sol, falava ao vento, saudava a aurora e lia no infinito”. -
NapoleãoEscreve Teixeira de Pascoaes que a história napoleónica nos seduz porque é “o maior dos romances: o romance da humanidade”. Considerando a História como “a descrição interpretativa do sonho humano”, Pascoaes descreve o Napoleão mais autêntico, o de Goethe e Walter Scott, Stendhal e Dumas. Publicada em 1940, esta biografia romanceada de Napoleão, esse homem que “realiza o que sonha”, é uma das obras maiores de Pascoaes. Nela se trata com maestria a infância e adolescência de Napoleão, as suas aventuras no cerco de Toulon, em Itália, sob o sol do Egipto e as suas desventuras em Waterloo, durante a retirada da Rússia, e em Santa Helena, local do seu calvário. -
Arte de Ser PortuguêsO Arte de Ser Português tem um propósito pedagógico, pretendendo descrever, de forma verdadeira, o conjunto de características que definem Portugal e os seus habitantes. Para que melhor se modelem as juvenis almas portuguesas, Teixeira de Pascoaes propõe o ensino de noções gerais sobre o País, caracteriza as qualidades e os defeitos da “alma pátria”, sugere a forma mais adequada de cultivar o sentimento de sacrifício e explica o idealismo português. Julgando ter dado à estampa um manual, Teixeira de Pascoaes ambicionou que nascessem “bons portugueses” da leitura deste livro, quando, na verdade, tinha imaginado uma história em que Portugal era a personagem principal e ser português constituía uma nova forma de arte. -
O BailadoDesejando falar de si neste livro, Teixeira de Pascoaes acabará, como explica no prólogo a O Bailado, por falar dos outros, esses seres que vivem de si, roubando-lhe a existência. Assim se explica que, na superfície da sua alma, “superfície de lágrima, as cousas projectam a sua imagem; (…) como um grande espelho numa sala de baile, reproduzindo os dançarinos”. O escritor, possuído pelo Acaso, “é um personagem nas mãos de Molière ou Shakespeare”, sendo obrigado a dançar na “corda bamba”, para espectáculo dos deuses. O Bailado, 1921, assemelha-se a uma “velha sala de visitas”, repleta de pessoas desaparecidas que o escritor reuniu, como se a criação fosse, como escreve Pascoaes em Verbo Escuro, um baile de máscaras. -
O Homem UniversalApós a publicação de São Paulo, a primeira biografia de Teixeira de Pascoaes, este é criticado pelos opositores do Estado e da Igreja, que o julgam vendido ao pensamento dominante em Portugal, e pelos próprios Estado e Igreja, para quem a sua descrição dos acontecimentos da vida do Santo não se encontra em concordância com o cânone católico. Partindo da máxima “o meu pensamento sou eu próprio”, Pascoaes procura, em O Homem Universal, defender-se desses ataques, definindo as concepções centrais da sua prosa e poesia desde os primeiros trabalhos literários até à data (1937). Disserta, assim, sobre natureza e ciência, poesia e filosofia, ética e estética, apresentando uma “concepção (…) mais ou menos lógica do homem.”Este livro inclui, além de O Homem Universal, um conjunto de textos dispersos escritos por Pascoaes entre 1907 e 1950, colocando à disposição do leitor verdadeiras raridades bibliográficas. -
A Beira (num relâmpago). Duplo PasseioUm longo período separa a publicação de A Beira (num relâmpago), escrito em 1916, e Duplo Passeio, editado em 1942. Ambos os livros descrevem um passeio de carro mas se em A Beira, “viajar em auto é correr o mundo, a cavalo num relâmpago”, relatando-se a transformação vertiginosa da paisagem e as emoções originadas pela velocidade, em Duplo Passeio “o que se repete banaliza-se”, pelo que, como explica António Mega Ferreira na sua introdução a este livro, “vulgarizador, o automóvel não é já o agente de uma percepção nova”. A temática futurista de A Beira é substituída, em Duplo Passeio, pela caracterização da paisagem, da Natureza que se impõe ao homem para que este, com a sua arte, a falsifique. Como explica Pascoaes no epílogo de Duplo Passeio, “Que é a arte? Suponhamos que a Lua era o único astro alumiante; e que um poeta se lembrava de imaginar o sol e as cores e as formas que uma paisagem tomaria à sua luz. Resultaria falsa a paisagem? Pois bem: esta falsidade é a da arte”.
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.