O Pensamento Positivo Contemporâneo
Este volume das Obras Completas de Abel Salazar está organizado em torno de uma série de cinquenta e um artigos publicados no jornal O Diabo entre 30 de Agosto de 1936 e 6 de Maio de 1939 sob o título O Pensamento Positivo Contemporâneo. Compõem¬ no ainda dez artigos destinados a serem incluídos na mesma série mas que permaneceram inéditos. Abel Salazar escreveu esta série de artigos com um propósito duplo: por um lado, divulgar em Portugal as mutações conceptuais introduzidas no pensamento científico europeu pelas novas teorias físicas surgidas no início do século XX; por outro lado, dar a conhecer ao público português as ideias de uma corrente filosófica então emergente na Europa central o Empirismo Lógico cujas teses ele considerava serem diretamente determinadas por essas mutações.
| Editora | Humus |
|---|---|
| Categorias | |
| Editora | Humus |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Abel Salazar |
Abel de Lima Salazar nasceu em Guimarães, em 1889 e faleceu em Lisboa, em1946.
Cientista, professor, pedagogo, investigador, artista e resistente ao regime salazarista português que lecionou e investigou na Faculdade de Medicina e na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Ficou célebre a sua expressão: “Um médico que só sabe medicina, nem medicina sabe” – que é a ilustração da sua personalidade polivalente.
Doutorou-se em 1915 na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto com a tese Ensaio de Psicologia Filosófica, classificada com 20 valores. Contratado em 1916, foi nomeado professor extraordinário em 1917 e professor ordinário em 1918, ficando a seu cargo o ensino da Histologia e Embriologia, que exerceu até 1935, data em que foi afastado através de uma resolução do Conselho de Ministros. O afastamento forçado da vida académica intensifica a dedicação à atividade artística que já vinha desenvolvendo, apesar de não ter formação académica na área das artes, desenvolveu uma extensa obra no desenho, na pintura, na gravura e na escultura. As suas obras tanto retratam trabalhadores em contexto urbano e rural, como também cenas do quotidiano burguês onde retrata mulheres em atividades sociais e de lazer.
A sua estadia em Paris, entre março e setembro de 1934, foi, em certa medida, uma experiência penosa para Abel Salazar. Não parecessem “todos os seus percursos (…) todos os sítios que visita – museus, palácios, exposições, todos os sítios onde para (…)” envolvidos “por um véu deprimente e negativo”, a que chamava "cafard", conforme relata Irene Ribeiro no prefácio desta obra. Foi este o sentimento que o invadiu “ao longo de toda a permanência em França”, durante a qual se dedicou “afincadamente” à sua área de investigação e “deambulou por Paris”. Abel Salazar terá vivido aquele período “mais como um exílio do que como um tempo de alegre intercâmbio intelectual – científico, filosófico e artístico”.
Os seus últimos 25 anos de vida foram passados na que é agora a Casa-Museu Abel Salazar, pensada por amigos e admiradores do patrono como a maior homenagem que podiam prestar.
-
Abel SalazarA importância histórico-cultural da personalidade de Abel Salazar ainda não foi estudada. Está demasiado presente para poder ser objectivamente compreendida por aqueles em quem desencadeou admiração apaixonada, e às gerações mais novas faltam, pelo contrário, informações suficientes para que façam um um juízo já seu. Eis porque se impunha um volume despretensioso, mas que estimulasse o arranque de uma curiosidade mal apetrechada.Álbum de folhas soltas, apresentado em pasta de cartolina, que inclui também um auto-retrato de Abel Salazar e um retrato de Óscar Lopes por José Rodrigues. -
Paris em 1934Reedição do livro de crónicas de Abel Salazar, publicado em 1938, que revisita a estadia de seis meses do médico, professor catedrático e investigador da Universidade do Porto (U.Porto) em Paris, bem como dos factos e circunstâncias que o (des)encantaram na capital francesa, à luz da época. Esta publicação, coeditada pela U.Porto Press e pela Casa-Museu Abel Salazar, inaugura uma nova coleção da Editora da Universidade do Porto – “Pensamento, Arte e Ciência” –, dedicada à edição e reedição de obras de Abel Salazar.Abel Salazar não partilharia, quanto ao espírito de Paris, do sentimento de idílica filiação cultural mais ou menos recorrente em tantos portugueses dos últimos séculos. Desde logo combateu os estereótipos felizes de uma quase universal e fantasista visão daquela cidade. E, no entanto, a sua bagagem ao regressar vinha muito carregada, densa de experiências, ideias, críticas, projetos e resoluções. Tudo isto terá conferido algum acréscimo de sentido à viagem que está na origem deste livro: uma estadia de seis meses em Paris, aparentemente vivida mais como um exílio do que como um tempo de alegre intercâmbio intelectual – científico, filosófico e artístico. (…) As crónicas que integram este livro articulam-se através desta intranquila pulsão narrativa e crítica, configurando um simultâneo testemunho do positivo e do negativo de Paris, da cultura e da barbárie em geral. (…) Paris parece representar para o autor o paradigma da sua própria contemporaneidade problemática e complexa, quer no plano moral, quer no plano sociopolítico, quer no plano artístico, quer mesmo no plano civilizacional. Irene Ribeiro, in “Prefácio" -
Testamento de um Morto Vivo Sepulto na Casa dos Mortos, em BarcelosO presente manuscrito consta do espólio de arquivos da Casa-Museu Abel Salazar, tratando-se de um documento que esteve muitos anos guardado e fechado à chave num cofre. Escrito pela mão de Abel Salazar tem todas as páginas numeradas, mas não datadas. Após a morte do seu amigo Alberto Saavedra, que tão bem guardara este documento, o mesmo foi doado pelos seus familiares à Associação Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar. Quando soube da existência do presente manuscrito - enquanto colaboradora desta Associação - senti-me a cruzar uma coincidência significativa. A profissão de médica psiquiatra exercida ao longo de 30 anos (1987-2017) levou-me em final de carreira a refletir sobre a minha própria história de envolvimento em organização de Serviços de Psiquiatria e Saúde Mental, bem como na história passada e atual da Psiquiatria.Teresa Cabral in “Prefácio” -
A Crise da EuropaQue diria hoje Abel Salazar do espírito humano e da humanidade? E da Europa e da sua crise? E da sua impotência e (in)vontade de se resolver a si própria, às crises que a consomem e cercam e aos dramas humanitários que a povoam? A persistência dos paradoxos, e mais ainda, dos chocantes absurdos imperam agora, sobrepondo-se, dominando. E a Europa, passou do paradoxo da diversidade e do compromisso que parecia ter encontrado nas últimas décadas para se constituir a si mesma um paradoxo. Até quando? Por quanto tempo? Abel Salazar publica A Crise da Europa no início da década de 40 do século XX. Em plena II Guerra Mundial e significativamente incluído na Biblioteca Cosmos dirigida por Bento de Jesus Caraça. Não é, com certeza, dos seus textos mais afamados; nem encontrou, tão pouco, expressivo acolhimento público. As razões do relativo desinteresse apontadas por Norberto Ferreira Cunha, sem dúvida o mais eminente estudioso e conhecedor da vida e obra de Abel Salazar, levam-no a considerar ‘A Crise da Europa uma obra que, pela predisposição psicológica do contexto em que apareceu e pela sua fragilidade factológica e epistemológica, não só não beliscava, seriamente, a ditadura e os seus esteios ideológicos, mas estava mesmo longe de satisfazer os arraiais da oposição’. Mesmo ponderando a intenção da composição de um texto suficientemente hermético, ou codificado, para escapar à lupa repressiva e censória do Estado Novo, o que resultou patenteia na verdade a vulnerabilidade da interpretação sistémica, de ambição universalista, advogada neste contexto por A. Salazar. E mais não será necessário adiantar quanto à formulação proposta de ambição explicativa de toda a mecânica da história, organicista e evolucionista. Nada se diminui ou retira ao interesse histórico ou mesmo ao estímulo intelectual que A Crise da Europa encerra, nomeadamente pelas reflexões decorrentes das leituras, caracterizações e interpretações propostas por A. Salazar. Da mesma forma se mantém a valorização da prosa e da sua estética formal, espelho da erudição e do ecletismo de Abel Salazar que, uma vez mais, inscreve a tensão da angústia da compreensão do Homem e do Universo que sempre transportou.Maria Fernanda Rollo (Prefácio)
-
As Lições dos MestresO encontro pessoal entre mestre e discípulo é o tema de George Steiner neste livro absolutamente fascinante, uma sólida reflexão sobre a interacção infinitamente complexa e subtil de poder, confiança e paixão que marca as formas mais profundas de pedagogia. Baseado em conferências que o autor proferiu na Universidade de Harvard, As Lições dos Mestres evoca um grande número de figuras exemplares, nomeadamente, Sócrates e Platão, Jesus e os seus discípulos, Virgílio e Dante, Heloísa e Abelardo, Tycho Brahe e Johann Kepler, o Baal Shem Tov, sábios confucionistas e budistas, Edmund Husserl e Martin Heidegger, Nadia Boulanger e Knute Rockne. Escrito com erudição e paixão, o presente livro é em si mesmo uma lição magistral sobre a elevada vocação e os sérios riscos que o verdadeiro professor e o verdadeiro aluno assumem e partilham. -
Novo Iluminismo RadicalNovo Iluminismo Radical propõe um olhar crítico e uma atitude combativa face à credulidade do nosso tempo. Perante os discursos catastrofistas e solucionistas que dominam as narrativas e uniformizam as linguagens, Marina Garcés interpela-nos: «E se nos atrevêssemos a pensar, novamente, na relação entre saber e emancipação?» Ao defender a capacidade de nos auto‑educarmos, relança a confiança na natureza humana para afirmar a sua liberdade e construir, em conjunto, um mundo mais habitável e mais justo. Uma aposta crítica na emancipação, que precisa de ser novamente explorada. -
Um Dedo Borrado de Tinta - Histórias de Quem Não Pôde Aprender a LerCasteleiro, no distrito da Guarda, é uma das freguesias nacionais com maior taxa de analfabetismo. Este livro retrata a vida e o quotidiano de habitantes desta aldeia que não tiveram oportunidade de aprender a ler e a escrever. É o caso de Horácio: sabe como se chama cada uma das letras do alfabeto, até é capaz de as escrever uma a uma, mas, na sua cabeça, elas estão como que desligadas; quando recebe uma carta tem de «ir à Beatriz», funcionária do posto dos correios e juntadora de letras. Na sua ronda, o carteiro Rui nunca se pode esquecer da almofada de tinta, para os que só conseguem «assinar» com o indicador direito. Em Portugal, onde, em 2021, persistiam 3,1% de analfabetos, estas histórias são quase arqueologia social, testemunhos de um mundo prestes a desaparecer. -
Sobre a Ganância, o Amor e Outros Materiais de ConstruçãoTextos de Francisco Keil do Amaral sobre o problema da habitação 1945-1973. Francisco Keil do Amaral (1910-1975), arquitecto português, com obra construída em Portugal e no estrangeiro, destacou-se com os grandes projectos para a cidade de Lisboa de parques e equipamentos públicos, dos quais se destacam o Parque de Monsanto e o Parque Eduardo VII. Foi também autor de diversos artigos que escreveu para a imprensa, obras de divulgação sobre a Arquitectura e o Urbanismo - "A arquitectura e a vida" (1942), "A moderna arquitectura holandesa" (1943) ou "Lisboa, uma cidade em transformação" (1969) - e livros de opinião e memórias - "Histórias à margem de um século de história" (1970) e "Quero entender o mundo" (1974). Apesar da obra pública projectada e construída durante o Estado Novo, Keil do Amaral foi um crítico do regime. Alguns dos textos mais críticos que escreveu e proferiu em público foram dedicados ao Problema da Habitação, título do opúsculo publicado em 1945 que reproduz o texto de uma palestra dada em 1943, e que surge novamente no título da comunicação que faz no 3º Congresso da Oposição Democrática em 1973. São dois dos textos reproduzidos nesta pequena publicação que reúne textos (e uma entrevista) de diferentes períodos da vida de Keil do Amaral. Apesar da distância que medeia os vários textos e aquela que os separa do presente, o problema da habitação de que fala Keil do Amaral parece ser constante, e visível não apenas em Lisboa, seu principal objecto de estudo, como noutras zonas do país e globalmente. -
Problemas de GéneroVinte e sete anos após a sua publicação original, Gender Trouble está finalmente disponível em Portugal. Trata-se de um dos textos mais importantes da teoria feminista, dos estudos de género e da teoria queer. Ao definir o conceito de género como performatividade – isto é, como algo que se constrói e que é, em última análise uma performance – Problemas de Género repensou conceitos do feminismo e lançou os alicerces para a teoria queer, revolucionando a linguagem dos activismos. -
Redes Sociais - Ilusão, Obsessão e ManipulaçãoAs redes sociais tornaram-se salas de convívio global. A amizade subjugou-se a relações algorítmicas e a vida em sociedade passou a ser mediada pela tecnologia. O corpo mercantilizou-se. O Instagram é uma montra de corpos perfeitos e esculpidos, sem espaço para rugas ou estrias. Os influencers tornaram-se arautos da propagação do consumo e da felicidade. Nas redes sociais, não há espaço para a tristeza. Os bancos do jardim, outrora espaços privilegiados para as relações amorosas, foram substituídos pelo Tinder. Os sites de encontros são o expoente de uma banalização e superficialidade de valores essenciais às relações humanas. As nudes são um sinal da promoção do corpo e da vulgarização do espaço privado. Este livro convida o leitor para uma viagem pelas transformações nas relações de sociabilidade provocadas pela penetração das redes sociais nas nossas vidas. O autor analisa e foca-se nos novos padrões de comportamento que daí emergem: a ilusão da felicidade, a obsessão por estar ligado e a ligeireza como somos manipulados pelos gigantes tecnológicos. Nas páginas do livro que tem nas mãos é-lhe apresentada uma visão crítica sobre a ilusão, obsessão e manipulação que ocorre no mundo das redes sociais. -
Manual de Investigação em Ciências SociaisApós quase trinta anos de sucesso, muitas traduções e centenas de milhares de utilizadores em todo o mundo, a presente edição foi profundamente reformulada e complementada para responder ainda melhor às necessidades dos estudantes e professores de hoje.• Como começar uma investigação em ciências sociais de forma eficiente e formular o seu projecto? • Como proceder durante o trabalho exploratório para se pôr no bom caminho?• Quais os princípios metodológicos essenciais que deve respeitar?• Que métodos de investigação escolher para recolher e analisar as informações úteis e como aplicá-las?• Como progredir passo a passo sem se perder pelo caminho?• Por fim, como concluir uma investigação e apresentar os contributos para o conhecimento que esta originou?Estas são perguntas feitas por todos os estudantes de ciências sociais, ciências políticas, comunicação e serviço social que se iniciam na metodologia da investigação e que nela têm de se lançar sozinhos.Esta edição ampliada responde ainda melhor às actuais necessidades académicas: • Os exemplos e as aplicações concretas incidem sobre questões relacionadas com os problemas da actualidade.• A recolha e a análise das informações abrangem tanto os métodos quantitativos como os métodos qualitativos.• São expostos procedimentos indutivos e dedutivos. -
Gramsci - A Cultura, os Subalternos e a EducaçãoGramsci, já universalmente considerado como um autor clássico, foi um homem e um pensador livre. Livre e lúcido, conduzido por uma racionalidade fria e implacável, por um rigor e uma disciplina intelectual verdadeiramente extraordinários. Toda a história da sua vida, a sua prisão nos cárceres fascistas, onde ficou por mais de dez anos, as terríveis provações físicas e morais que suportou até à morte, os confrontos duríssimos com os companheiros de partido, na Itália e na Rússia, o cruel afastamento da mulher e dos filhos, tudo isso é um testemunho da sua extraordinária personalidade e, ao mesmo tempo, da agitada e dramática página da história italiana, que vai do primeiro pós-guerra até à consolidação do fascismo de Mussolini. Gramsci foi libertado em 1937, após um calvário de prisões e graves doenças, que o levaram a morrer em Roma, no dia seguinte ao da sua libertação. Só anos mais tarde, no fim da segunda guerra e com o regresso da Itália à democracia, a sua obra começou a ser trabalhada e publicada.