Origens e Derivações do Neo-Realismo Literário Português
Domingos Lobo tem sido, na crítica literária em Portugal, uma voz única, pelos critérios, pelas leituras, pelas perspectivas. Na amplidão do seu trabalho, entre jornais e revistas, conferências e encontros vários, tem dado também ao Neo-Realismo a importância que esse movimento, sem paralelo na literatura portuguesa - pela fértil produção, pela relevância política, pelo legado histórico -, justifica, tanto mais quando, em regra, vem sendo mais ou menos paulatinamente ignorado.
Evidência da multiplicidade e fecundidade do neo-realismo é a lista - uma lista que qualquer leitor atento sabe não ser sequer exaustiva - de autores que Domingos Lobo aborda nesta antologia. Como nos diz Domingos Lobo, «as obras estão aí (livros, filmes, teatro, pintura) para que as possamos usar» nesse projecto transformador que esteve na raiz de toda a criação neo-realista. E este livro é, também ele, portador de sentido(s) e futuro(s).
| Editora | Página a Página |
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| Editora | Página a Página |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Domingos Lobo |
Andei pelos liceus de Lisboa, rebeldia mansa dos anos 1960; pelos corredores das Faculdades de Direito (meu remorso de um semestre), de Letras; pelas salas austeras do Conservatório Nacional a ouvir dos professores, sobre Teatro, o que já havia esquecido e não me interessava – queríamos os interditos: Brecht, Grotovsky, Artaud, Piscator; um mestrado em Administração e Economia Cultural, que utilizei pouco.
Fiz teatro radiofónico e jornalismo em jornais angolanos ao tempo colonial, depois, como freelancer para cumprir os dias e resgatar uns trocos para livros, filmes, viagens.
Meteram-me, à má fila, no negreiro Vera Cruz, rumo às terras angolanas do Cuando-Cubango. Era a guerra e eu, distraído, bebendo a propaganda salazarenta até à imbecilidade, acordei em sobressalto numa noite de bazucas e kalachnikovs, de costureirinhas trespassando os pássaros da noite, frémitos e perplexidade. Chana e capim a perder de vista. Escrevi um livro sobre o tema que anda por aí em estudos académicos, pelas histórias da literatura de guerra e em 2 edições catitas: Os Navios Negreiros Não Sobem o Cuando. Foi a estreia nestas coisas de escreviver. Outros 4 romances se lhe seguiram, mais 3 livros de contos; 5 de poesia; peças de teatro; ensaio, antologias.
Fundei com outros companheiros e dirigi três grupos de Teatro: GATO – Grupo de Acção Teatral de Oeiras; Grupo de Animação Teatral de Salvaterra de Magos e SOBRETÁBUAS - Grupo de Teatro de Benavente; encenei uma vintena de peças, com Tchekov, Strindberg e Santareno como referências pendulares desse labor; chefe de redação do Jornal do Vale do Tejo. Fui programador cultural na Câmara Municipal de Benavente; autarca em Salvaterra de Magos, durante 32 anos (tenho por lá uma rua com o meu nome, o que me sossega de vã eternidade); Presidente do Conselho Fiscal da APE, desde 2000.
Participei na II Bienal de Silves, onde proferi a "lição de sapiência" sobre a obra de Urbano Tavares Rodrigues, e na III Bienal, dedicada à obra de Pedro Tamen; em 3 edições dos ENCONTROS LUSÓFONOS, organizados pela CM de Odivelas; na ESCRITARIA/Penafiel, em 2008, ano em que o evento foi dedicado a Urbano Tavares Rodrigues e em 2013, ano de homenagem a Mário de Carvalho e no III Encontro Internacional de Poetas (Ponta Delgada/2019).
Tenho colaboração crítica e ensaística dispersa por várias publicações: Jornal do Brasil, Vértice, As Artes Entre as Letras, Revista Alentejo, O Escritor, Foro das Letras, Seara Nova, Revista Cultura, EntreLetras, Nova Síntese (da Associação Promotora do Museu do Neo-realismo), Avante! e Gazeta Literária. Dou aulas em Universidades de 3.ª. idade; tenho 22 livros publicados e outros em gestação; vários prémios literários e medalhas para polir o ego.
Ainda não estou cansado.
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Palavras que RespiramTrata-se de um livro de livros, um olhar atento a partir de espólios vários. É uma recolha de textos dispersos por jornais, revistas, colectâneas e prefácios e de mais de dez anos de actividade literária e de actos públicos. Um escritor a dar testemunhos de comparsas seus. -
Os Dias DesarmadosO mais recente livro de poesia de Domingos Lobo, que «não teme as palavras, nem hesita ao apresentá-las assim brutais», como diz no prefácio Francisco Duarte Mangas, quando retrata as memórias da guerra colonial. -
Cenas de um TerramotoHá em Cenas de um Terramoto, todo em exame da história do espaço público da sociedade dos princípios do século XX, numa tentativa de não deixar no vazio mesmo o mais pequeno pormenor. Os diálogos expressivos e directos, de linguagem simples, transmitem plenamente as vivências das gentes da "borda-d´água" . -
Lisboa Modos de Habitar: Topografia ÍntimaLisboa, Modos de Habitar, de Domingos Lobo, um breviário afectivo da cidade, constituído por um significativo conjunto de poemas que levam por título lugares de que a memória se mostra prisioneira. Um itinerário de sombras pessoais, com alguns flashes festivos que a revisitação da infância faz vir à superfície, como na espinha dorsal do livro, os 7 poemas com o título geral de «O eléctrico da Rua do Arco do Cego» (acrescidos de um último olhar sob o signo da cegueira), a partir da imagem do eléctrico, símbolo de um tempo lento, agente de percursos intermináveis de quem, no fundo, não saía do mesmo sítio. O poeta da recolha que agora se publica traz-nos os registos pessoais e familiares, mas também a perspectiva social e histórica de um tempo de formação, de aprendizagem da vida, da descoberta dos outros, das emoções, do peso da existência e da leveza do sonho. -
As Máscaras Sobre o FogoEm “As Máscaras Sobre o Fogo” Domingos Lobo aprofunda na sua ficção a denúncia do aproveitamento do subproletariado pelo poder fascista, e agora também por novos poderosos do capitalismo liberal, para a prossecução dos seus fins. Num enredo de peripécias e suspense onde evoluem personagens típicas dos estratos marginais da cosmopolita Lisboa, mostrados sobretudo através do vocabulário e sintaxe por eles usados, que Domingos Lobo ouviu, assimilou, e passou a recriar, chegando a distorcer literariamente palavras e frases. -
Para Guardar o Fogo – EpitáfiosPara Guardar o Fogo – Epitáfios, de Domingos Lobo, Prémio Literário Cidade de Almada/2009, é um livro sobre a memória das palavras e dos autores que, nestes poemas, são convocados para uma série de «Conversas Póstumas». Epitáfios que são, sobretudo, uma homenagem que o autor encena sobre os universos poéticos ou pictóricos dos «mortos amados». De Mário-Henrique Leiria a O'Neill, de Ary dos Santos a Ruy Belo, de Fernando Pessoa a José Gomes Ferreira. Uma extensa, ecléctica galeria de nomes, de percursos, de afectos, de difusas memórias, sobre o espaço do real transfigurado, das cidades – de uma identidade que se vivifica nesse húmus, nessa pele, nesse translúcido navio que a poesia, em seu bojo evanescente, transporta. -
Pés Nus na Água FriaNa literatura portuguesa produzida após o 25 de Abril, não abundam os textos de ficção que nos falem do fascismo e da resistência que lhe foi oposta por milhares de portugueses. Menos ainda são os que dessa resistência evocam aqueles que foram os seus mais destacados protagonistas: os militantes comunistas. Neste quadro, a publicação de um romance que tem como cenário o fascismo e a resistência antifascista, constitui um facto digno de registo – e de aplauso. Mais ainda quando – como é o caso deste Pés Nus na Água Fria de Domingos Lobo – estamos perante uma história conduzida com notável destreza narrativa, numa prosa poderosa, escorreita, amiúde luminosa – e que se lê de um fôlego e prende o leitor da primeira à última página, como é uso dizer-se nestes casos... O narrador é também ele personagem do romance, resistente assumido que intervém como tal, desmontando a brutalidade, a mesquinhez, a hipocrisia, a sordidez, a podridão reinantes. Tomando partido. A dizer-nos que o fascismo existiu... Pés Nus na Água Fria é um romance a saudar. E a ler. Do prefácio de José Casanova -
O Rosto em RuínasAs palavras para descrever um rosto, o rosto e seus desmandos, suas feridas. O rosto espelho de caminhos, ultrajes, paixões, inquietudes, desânimo. Também a força que há nos músculos, no olhar perscrutando a hulha do devir, ou percorrendo, pelas veredas das rugas, as notícias dos dias amplos, da solidão, do silêncio, dos vazios que enxameiam as estradas do mundo: consciência solidária em busca do lado justo. As marcas que percorrem o rosto, um rosto desabrigado e confuso como a palma da mão. Um percurso de ruínas, pela memória, planando as paixões, os medos, aangústia existencial. Combate absurdo contra os fantasmas que ainda teimam em desarrumar os dias e açoitar as noites. O Amor e os seus lanhos, suas perplexidades. A carga das palavras, tão urgentes como respirar, que transportamos aos ombros e crepitam no escuro, nos limitam em sua efémera transgressão. Poemas sobre o rosto, a idade, o lúcido derruir dos dias da alegria. Sem ilusões nem mágoa. -
Concerto de Miau e Piu Piu - Uma Aventura com Música, Travessuras e outras AventurasO «Concerto de Miau e Piu Piu», é uma parábola sobre a amizade, e as diversas formas de a entender, entre dois animais de espécies diferentes: um gato, com a sua felina natureza e um frágil canário. O gato, façanhudo, vê no desamparado canário apenas um bom petisco para a sua dieta. Acontece que o canário possui um piar virtuoso e arrebatador. Esse melodioso trinado irá conquistar o ser sensível que, afinal, habita o predador gatão. Este livro diz-nos, a rimar, que a Amizade e o respeito mútuo, a aceitação do Outro, é sempre possível quando dois seres, por muito diferentes que sejam, descobrem o que no Outro existe de melhor, de genuíno. O resto desta história é música e sonho. Modos de sonhar com um mundo melhor. -
A Fome dos Corvos e Outros Pretextos Teatrais«Mais tarde ou mais cedo, os homens hão-de vencer os corvos! Desobedeçam, não se submetam! Só temos uma vida. E é curta para tanta tarefa!» Reúnem-se neste volume quatro peças de teatro de Domingos Lobo: A Fome dos Corvos, A Solidão à Chuva, Filhos de Orfeu e Um Violino na Lama. Se nas primeiras o autor confronta o leitor com a guerra e os mais abjectos sentimentos humanos, quando passam 75 anos sobre o fim da Segunda Guerra Mundial, nas últimas convida-o para uma viagem à literatura portuguesa do século XX, tendo por companheiros Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Mário de SáCarneiro, José Gomes Ferreira, Alexandre Pinheiro Torres e Manuel da Fonseca.
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».