Outro Nome/ Escassez/ As Aves
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Gastão Cruz é daqueles poetas que fizeram a experiência e voltaram vivos; daqueles que compreenderam o que há de ritual e de busca de uma singularização, no poema. O que este livro de três livros mais ou menos indirectamente nos mostra é que a sua mão mental e as outras duas se afeiçoaram de tal modo à escrita do canto, que ele tira as consequências de assumir a poesia como uma arte. Na unidade tensa da sua obra, ele pode aliás mudar de mão ou de maneira, ele consegue modelar ou modular o pequeno artifício artístico capaz de suscitar a mais frágil recordação da infância: o desenho de um gesto, o gráfico de um sentimento, uma sombra ou uma pessoa, a mais mínima coisa da praia ou da ria.”
Manuel Gusmão, no prefácio deste livro.
| Editora | Assírio & Alvim |
|---|---|
| Coleção | Documenta Poetica |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Gastão Cruz |
Gastão Cruz
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Poesia 1961-1981Nos seus poemas, alia Gastão Cruz os processos de ruptura, descontinuidade e relativa desconexão de uma poesia «aberta» e de carácter experimental, à intencionalidade participante, cujo tom, em vez de reivindicativo e optimista, é extremamente pungente e quase sempre nostálgico e elegíaco. Preocupado com valores e tensões formais, não os desliga do conteúdo que se lhes revela nos níveis expressivos do poema. António Ramos Rosa -
Os Nomes“Na praia exterminada não pudemoscantar a liberdadesobre o teu corpo correm turvas asasde entre as pedras levantas a cabeça enquanto caisDepois a roupa gera e espalha a escuridãocada corpo isolado se transformasob as asas que o cobremDesencontramo-nos a terra recomeça a deter-tepreciso de dizeresse teu nome Mas não ouças a minha fala transformada” -
As Leis do CaosMURMÚRIOParámos à entrada da cidadeLevemente agitado humedeciada praia suburbana as areias do rioVoltávamos do mar ou só o frioduma água parada nos cobriacom rimas pobres como a realidade? -
Crateras“ConversaFalo contigo e a noiteque nos une como arde areia negratorna-se espessa e choras a pobrezada solidão Torno a falar maistarde tu esgotasteos soluços E a nossa conversa é este pânicodo sofrimento que mancha os rostosinvisíveis Demadrugada em sonhos gritarásna escuridão estreita queseparaas margens que nós somos” -
Rua de Portugal“A MÚSICASempre ali esteve, a música,o mar, e as ondasde pássaros caindo como chuva ao fimda tarde,o piano tão líquido ou batendoem acordes sobre o aço, umailusão transformandoo som sem som, em tudo semelhanteao silêncio,a orquestra expandindo-se ou o refluxolimpo dos pianíssimos,ali estavao silêncio, equivalenteao som do mar e da cortinade oliveiras defendidas do crepúsculopor um muro de branco a escuropassando, adolescentemúsicacomo um corpo rolando nu na areia dodiaquando na outra margema nota alucinada da fábrica o enchia,o silvo que erigia em doro sexo,as ondas desse mar orquestrado porbraços que nadavam” -
Poemas de Gastão Cruz ditos por Luís Miguel Cintra“Comecei a ler poesia em voz alta com o Gastão Cruz. Na Faculdade de Letras de Lisboa. Fim dos anos 60. Ele andava ainda por lá. Não sei se já tinha acabado o curso, se ainda lhe faltava alguma cadeira. Sei que o Gastão fazia parte desses dias da vida em comum que nesses anos vivemos e nos afeiçoaram a vida inteira. Reuníamo-nos na pequenina sala do grupo de teatro ao lado do bar, às vezes em sua casa. Ele trazia a escolha de poemas: toda a grande poesia. De Camões e Sá de Miranda aos novos: os novos mais velhos, Carlos de Oliveira, Eugénio de Andrade, Sophia, Ramos Rosa, e a nossa poesia, a Fiama, a Luiza Neto Jorge, o Ruy Belo, o Herberto Helder, e também, mas raramente, o próprio Gastão. Aprendíamos a ler: as respirações, os ritmos, as sonoridades, as palavras uma a uma, a estrutura dos poemas, o sentido. Queríamos dar-lhes voz mas deixá-los intactos na pureza da sua escrita, verso a verso, sem exibicionismo de interpretação. Só aprendíamos a ler, com a minúcia e o cuidado de quem muito ama e não quer estragar. Depois íamos dá-los a ouvir onde nos deixassem, lutando para que o trabalho das palavras fizesse parte da transformação do mundo que teríamos e para que queríamos trabalhar: na própria Faculdade, na 111, nas chamadas sessões de canto livre, muito na margem esquerda, tantas vezes com o Zeca Afonso a cantar. O Gastão começava assim um ofício afectivo que, a par do seu ofício de poeta, nunca abandonou: ler e dar a ler a poesia dos outros(...)Não gravei este disco sozinho. Não quis. Tive vontade de partilhar a escolha dos poemas com o Gastão, e foi ele que mos ouviu ler, como se retomasse um trabalho antigo que, perto ou longe, afinal sempre fui fazendo com ele. Tentei que na minha voz ficasse exposta uma parte de mim que é uma sua trabalhada maneira de sentir, que a minha voz dissesse uma outra voz que me formou e que tenho por exemplar.”Luís Miguel Cintra, na apresentação a este livro. -
A Moeda do TempoA MOEDA DO TEMPODistraí-me e já tu ali não estavasvendeste ao tempo a glória do inícioe na mão recebeste a moeda friacom que o tempo pagou a tua entrada -
A Vida da Poesia - Textos críticos reunidosA tensão e o rigor exigidos para o poema deverão igualmente consolidar a reflexão que toma por objecto a poesia: um texto de que a emoção não pode estar excluída e em que o poder da palavra continua a ser essencial. Falar de poesia, se não é tentar o impossível aprisionamento do poema ou do seu fugidio sentido entre as linhas do quadrilátero onde eles não hão-de caber, não poderá ser, também, o desajustado divagar extrapolante que tantas vezes encontramos na chamada crítica de poesia. O entendimento do poema, o acerto com que dele se fala, são fenómenos tão infrequentes quanto o é a criação de verdadeira poesia. E assim como não é fácil dizer por que razão um poema é um poema e não um simples amontoado de versos ou de frases com pretensões poéticas, difícil será explicar por que um texto sobre poesia não falha (quando não falha) o seu objectivo, que é entrar no «lago escuro», não para o iluminar, mas para lhe conhecer a escuridão. -
Observação do VerãoANOITECER EM BUENOS AIRES As longas avenidas talvez imaginárias demonstram-me a existência de lugares que poderiam ter-me pertencido numa idade passada; é irreal agora percorrê-las: tê-lo-ia sido sempre, não poderia haver motivo para dor num tempo que com este presente se divide; é um espectro tardio o espaço finalmente criado pelo olhar: aí estás olhando-me nos olhos cidade sob a forma de jovem ser unívoco ainda inexistente no tempo de uma vida vivendo no espaço que não teve o seu tempo, e tarde volta do tempo onde não esteve -
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NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira