Pensamentos Filosóficos
Edições 70
2019
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«Um homem fora traído pelos seus filhos, pela sua mulher e pelos seus amigos; sócios infiéis tinham-no despojado da sua fortuna, fazendo-o mergulhar na miséria. Invadido de um ódio e de um desprezo profundo pela espécie humana, o homem deixou a sociedade e refugiou-se na solidão de uma caverna. Aí, premindo os olhos com os punhos, e meditando numa vingança proporcionada ao seu ressentimento, dizia: "Os perversos! Que farei para os punir das suas injustiças, e os tornar tão desgraçados como merecem? Ah, se fosse possível imaginar? meter-lhes na cabeça uma grande quimera a que dessem mais importância do que à sua vida, e sobre a qual não pudessem nunca entender-se!?" Ei-lo que então irrompe da caverna a gritar: "Deus! Deus!?" Ecos sem conto repetem à sua volta: "Deus! Deus!" Este nome temível transmite-se de um pólo a outro e é, por toda a parte, escutado com assombro. De começo os homens prosternam-se, a seguir levantam-se, interrogam-se, disputam, tornam-se azedos, anatematizam-se, odeiam-se, degolam-se uns aos outros, e cumpre-se o voto fatal do misantropo. Pois tal foi no tempo passado, e será no tempo por vir, a história de um ser tão importante como incompreensível.»
In Adição aos Pensamentos Filosóficos
Publicado em 1746, à época sem autoria atribuída e de pronto proibida pelo parlamento de Paris, esta obra de Diderot toma por base o cristianismo para se debruçar sobre vários aspetos das religiões reveladas. Em Pensamentos Filosóficos, Diderot usa todos os seus recursos estilísticos para fazer do leitor um aliado, numa das primeiras obras filosóficas a trazer para o público letrado oitocentista o debate entre deísmo e religiões estabelecidas.
In Adição aos Pensamentos Filosóficos
Publicado em 1746, à época sem autoria atribuída e de pronto proibida pelo parlamento de Paris, esta obra de Diderot toma por base o cristianismo para se debruçar sobre vários aspetos das religiões reveladas. Em Pensamentos Filosóficos, Diderot usa todos os seus recursos estilísticos para fazer do leitor um aliado, numa das primeiras obras filosóficas a trazer para o público letrado oitocentista o debate entre deísmo e religiões estabelecidas.
| Editora | Edições 70 |
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| Categorias | |
| Editora | Edições 70 |
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| Autores | Denis Diderot |
Denis Diderot
(1713-1784) Foi um escritor, enciclopedista e filósofo francês do século XVIII, bem como um dos principais pensadores do Iluminismo. Co-director da Enciclopédia, foi extraordinariamente versátil e prolífico, tendo da sua pena saído romances, sátiras, teatro, ensaios críticos sobre arte e literatura, sobre ciência natural e medicina, e cartas sobre a maior parte dos assuntos.
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Pensamentos Filosóficos«Um homem fora traído pelos seus filhos, pela sua mulher e pelos seus amigos; sócios infiéis tinham-no despojado da sua fortuna, fazendo-o mergulhar na miséria. Invadido de um ódio e de um desprezo profundo pela espécie humana, o homem deixou a sociedade e refugiou-se na solidão de uma caverna. Aí, premindo os olhos com os punhos, e meditando numa vingança proporcionada ao seu ressentimento, dizia: "Os perversos! Que farei para os punir das suas injustiças, e os tornar tão desgraçados como merecem? Ah, se fosse possível imaginar meter-lhes na cabeça uma grande quimera a que dessem mais importância do que à sua vida, e sobre a qual não pudessem nunca entender-se! " Ei-lo que então irrompe da caverna a gritar: "Deus! Deus! " Ecos sem conto repetem à sua volta: "Deus! Deus!" Este nome temível transmite-se de um pólo a outro e é, por toda a parte, escutado com assombro. De começo os homens prosternam-se, a seguir levantam-se, interrogam-se, disputam, tornam-se azedos, anatematizam-se, odeiam-se, degolam-se uns aos outros, e cumpre-se o voto fatal do misantropo. Pois tal foi no tempo passado, e será no tempo por vir, a história de um ser tão importante como incompreensível.» In Adição aos Pensamentos Filosóficos Publicado em 1746, à época sem autoria atribuída e de pronto proibida pelo parlamento de Paris, esta obra de Diderot toma por base o cristianismo para se debruçar sobre vários aspetos das religiões reveladas. Em Pensamentos Filosóficos, Diderot usa todos os seus recursos estilísticos para fazer do leitor um aliado, numa das primeiras obras filosóficas a trazer para o público letrado oitocentista o debate entre deísmo e religiões estabelecidas. -
Carta Sobre os Cegos para Uso Daqueles que VêemNesta obra Diderot interroga um cego de nascença sobre a ideia que lhe desperta a noção de simetria ou da beleza, procurando certificar-se de que a “beleza” para um cego não é senão uma palavra quando separada da utilidade. Todas as respostas do cego se mostram rela-tivas nos únicos sentidos de que ele dispõe. As princi-pais noções de metafísica e moral são igualmente con-cebidas por ele depois da sua experiência sensitiva. Assim, não há bem nem mal, mas pessoas que guiam os cegos e lhes abrem horizontes. Este diálogo entre um cego e um ser que vê, patente na primeira parte desta Carta Sobre os Cegos..., tem pois por objectivo levar o leitor a inclinar-se para o relativismo. A segunda parte do texto é ainda mais subversiva por Diderot sustentar aí a hipótese de uma grande desordem universal: o que é aqui normalidade não será noutro lado uma excepção? Radicalmente materialista, Diderot vira-se assim para o ateísmo e arrasta-nos com ele até à vertigem no turbi-lhão da sua reflexão que, publicada sob forma de livro em Junho de 1749, vem a ser censurada e a merecer- -lhe a prisão. -
Suplemento à Viagem de Bougainville ou Diálogo entre A. e B. sobre o Inconveniente de Ligar Ideias Morais a Certas Acções Físicas que as não ComportamÉ em 1771 que é dada a estampa da primeira edição de Voyage autour du monde, relato pelo autor da viagem empreendida, entre 1766 e 1769, ao serviço da Coroa de França que a encomendara, por Louis-Antoine de Bougainville, cujo nome ainda hoje ressoa no da flor, entretanto amplamente importada pela Europa, da buganvília. No seu Suplemento, Diderot empreende, através da ficção, radicalizar, por meio das interrogações que aquela lhe permite introduzir, a verdade da crónica, explicitando o seu alcance filosófico e político. O que faz, desfazendo, entre outras coisas, as contraposições demasiado lineares, demasiado "ideológicas", de "natureza" e "sociedade". Porque, ao mesmo tempo que desnaturaliza a sua sociedade e denuncia a sua ignorância e recalcamento da natureza em que a sua existência se apoia, Diderot não apresenta nem o "estado natural" nem esta ou aquela figura de "selvagem" como modelo, e torna claro que, naquilo que da natureza nos chega, hà tanto de mal como de bem. -
Jacques o FatalistaEm Jacques, o Fatalista, Diderot fala, conversa, dança com as palavras, traça figuras de uma coreografia arrebatadora. Diderot não nos deixa repousar um minuto: as personagens saltam, desaparecem, morrem, amam, enganam-se, agridem, ressuscitam, e tudo se processa numa agilidade e desenvoltura absolutamente surpreendentes. -
Jacques, o FatalistaPlano Nacional de Leitura Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura. Como se haviam encontrado? Por acaso, como toda a gente. Como se chamavam? Que vos interessa isso? Donde vinham? Do lugar mais próximo. Para onde iam? Sabe alguém para onde vai? Que diziam? O amo não dizia nada e Jacques dizia que o seu capitão dizia que tudo o que nos acontece de bem e de mal cá em baixo está escrito lá em cima. « O Amo — Aí está uma grande frase! Jacques — O meu capitão acrescentava que cada bala que partia de uma espingarda tinha o seu destino. O Amo — E tinha razão...» Após uma curta pausa, Jacques exclamou: «Diabos levem o taberneiro mais a sua taberna!» O Amo — Porquê mandar o próximo para o diabo? Isso não é cristão. Jacques — É que, quando me embebedava com a zurrapa dele, esquecia-me de levar os cavalos a beber. O meu pai dava por isso e zangava-se. Eu abanava a cabeça mas ele pega num pau e dá-me uma esfrega nos ombros bastante dura. Ia a passar um regimento a caminho do acampamento em frente de Fontenoy, e eu, por despeito, alisto-me. Chegamos; trava-se a batalha... O Amo — E recebes a bala que te ia destinada. Jacques — Adivinhastes; um tiro no joelho. E sabe Deus as boas e más aventuras provocadas por este tiro. Estão tão exac- tamente agarradas umas às outras como os elos da corrente do cavalo. Por exemplo, se não fora aquele tiro, acho que nunca na minha vida ficaria apaixonado, nem coxo. O Amo — Estiveste então apaixonado? Jacques — Se estive!... O Amo — E isso por causa de um tiro? Jacques — Por causa de um tiro. O Amo — Nunca me disseste uma palavra sobre isso. Jacques — Acho que não. O Amo — E então porquê? Jacques — Porque não podia ter sido dito nem mais cedo nem mais tarde. O Amo — E chegou agora o momento de saber desses amores? Jacques — Quem sabe? O Amo — Seja como for, começa lá...» Jacques começou a história dos seus amores. Era depois do jantar. Estava um tempo pesado, e o amo adormeceu. A noite surpreendeu-os em pleno campo; ei-los perdidos. E temos o amo numa fúria terrível, caindo sobre o criado com grandes chicotadas, e o pobre diabo dizendo a cada uma: «Pelos vistos, também esta estava escrita lá em cima.» -
Isto Não é Um ContoLogo que se acaba um conto, ele pertence a quem o escuta; e por pouco que o conto dure, é raro que o contador não seja algumas vezes interrompido pelo seu ouvinte. Eis porque introduzi na narrativa que se vai ler, e que não é um conto, ou que é, em caso de dúvida, um mau conto, uma personagem que desempenha, por assim dizer, o papel do leitor; e eu começo. -
O Sobrinho de RameauO Sobrinho de Rameau, publicado pela primeira vez em Portugal, tem uma história atribulada. Escrito entre 1762 e 1773, foi publicado postumamente, em 1805, numa tradução alemã de Goethe, que conhecera a obra por intermédio de Schiller. Em 1821, saiu uma «retradução» francesa da versão de Goethe, por Joseph Henri de Saur e Saint-Geniès. Só em 1891 é que foi publicada a primeira edição francesa da obra com base no manuscrito original autógrafo, encontrado um ano antes. Neste, o título da obra é Sátira segunda, lendo-se numa nota à margem, com outra caligrafia, O Sobrinho de Rameau. Consiste num diálogo filosófico entre «Eu», o narrador, filósofo, como Diderot, e «Ele», Jean-François Rameau (1716-1775), sobrinho do célebre compositor Jean-Philippe Rameau (1683-1764). Diderot terá conhecido o sobrinho de Rameau, apresentado no livro como um parasita, com uma grande capacidade de transformar em histrionismo e teoria as suas práticas amorais. Cínico, invejoso, virtuoso do rancor, maldizente, é o «falhado» a quem o narrador parece por vezes perdoar os vícios em virtude das qualidades artísticas. No diálogo são discutidos os comportamentos e as convenções sociais, os seus mimetismos e absurdos. Sobre o livro, escreve Lionel Trilling em Sinceridade e Autenticidade: «O poder fascinante de O Sobrinho de Rameau explica-se pela natureza da sua segunda intenção: sugerir que o juízo moral não é definitivo, que a natureza e o destino do homem não são totalmente abarcados pelo espaço reduzido que fica entre a virtude e o vício. É daqui que vem a sensação de evolução, de deliciosa emancipação, que o diálogo oferece.»
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A Identidade da Ciência da ReligiãoEsta obra é composta por textos que mostram o progresso das reflexões sobre a problemática da identidade da Ciência da Religião. Os ensaios garantem o acesso à sua interrelação temática e lógica subjacente, algo que não se revela pela leitura individual dos textos. Aqui serão esclarecidos e exemplificados os princípios que caracterizam a Ciência da Religião desde o início da sua institucionalização nas últimas décadas do século XIX. Além disso, será discutido em que sentido esses princípios qualificam a disciplina para sua funcionalidade extra-acadêmica. Essa atualização do livro Constituintes da Ciência da Religião (Paulinas, 2006) se entende como uma reação ao desconhecimento das especificidades da Ciência da Religião, não apenas por parte do público em geral, mas também entre estudantes e, até mesmo, docentes da área no Brasil. -
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