Phosphorus (Entre Vénus e Lúcifer)
Na língua inglesa o símbolo químico P (de phosphorus), quando pronunciado (pi), confunde-se com pee (sinónimo de urina ou urinar, em linguagem coloquial). A mnemónica inglesa “P from pee” (fósforo a partir de chichi) é uma piada química que assinala com humor o facto de o fósforo ter sido descoberto, acidentalmente, durante tentativas de produção de ouro a partir da urina. Hennig Brandt, tal como vários outros alquimistas da época, perseguia o sonho de obter a mítica pedra filosofal que lhe proporcionaria, caso tivesse sucesso, obter ouro a partir de outros metais e uma vida longa. Em vez disso, produziu, por feliz acaso, em 1669, outra pedra a que chamou phosphorus (transportador de luz, em grego antigo) que, em contacto com o ar, reagia espontaneamente, emitindo luz. Mais tarde, confirmou-se ser um dos alótropos de um novo elemento químico — o fósforo. E é à boleia deste elemento que a trama desta peça (estruturada em 16 cenas) nos convida a viajar entre o místico ambiente alquímico do século XVII e os graves problemas ambientais contemporâneos, relacionados com a sustentabilidade da vida e do nosso desenvolvimento.
| Editora | Universidade do Porto |
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| Coleção | Fora de Série (U. Porto) |
| Categorias | |
| Editora | Universidade do Porto |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Manuel João Monte |
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ArsenicumManuel João Monte já nos tinha deliciado com uma excelente e divertida peça de teatro, O Bairro da Tabela Periódica, em que a Tabela Periódica aparece como um condomínio de apartamentos ocupados pelos diversos elementos químicos e onde não falta sequer uma referência a esse conflito de género hoje tão na moda com o “me too”. E, voltando a escrever sobre a Quoisa, propõe agora uma nova peça teatral em que começa a entrar num dos apartamentos do condomínio, ocupado pelo Arsénio que, conjuntamente com o Mercúrio, o Chumbo, o Antimónio e o Tálio foi largamente utilizado como veneno, tendo assumido proporções de quase epidemia devido às dificuldades, então ainda não resolvidas, da sua deteção eficaz. Confesso que me diverti e espero que essa seja a sensação de todos quantos lerem este texto de João Monte ou assistam a uma representação da nova peça.Alberto Amaral -
O Bairro da Tabela PeriódicaCheio de surpresas curiosas e revelações fascinantes, este texto denuncia também a evidência de que, até nos elementos, conseguimos discriminar o género feminino. E, de forma subtil, enquanto transmite noções fundamentais da química deixa-nos entretidos. Enjoy it as I did! Alexandre QuintanilhaManuel João Monte sonhou estes mesmos elementos, que hoje já são 118, arrumados nos seus quatro blocos para discutir as suas diferentes afinidades e antagonismos. É da diversidade que se faz a Química e também este mundo onde vivemos e de que somos feitos nós próprios. A Química dá força a um argumento que junta os dramas da vida humana com o grande drama da natureza. José Ferreira GomesHá um bocado de tudo, desde referências ao Big Bang e à matéria escura, a uma interessante discussão sobre a dicotomia de identidade-efemeridade dos elementos radioativos e transuranianos ... Por tudo isto e muito mais, “O Bairro da Tabela Periódica” de Manuel João Monte, é um texto de muito grande valor pedagógico e que merece uma leitura atenta. Orfeu Bertolami
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Os CavaleirosOs Cavaleiros foram apresentados nas Leneias de 424 por um Aristófanes ainda jovem. A peça foi aceite com entusiasmo e galardoada com o primeiro lugar. A comédia surgiu no prolongamento de uma divergência entre o autor e o político mais popular da época, Cléon, em quem Aristófanes encarna o símbolo da classe indesejável dos demagogos. Denunciar a corrupção que se instaurou na política ateniense, os seus segredos e o seu êxito, eis o que preocupava, acima de tudo, o autor. Discursos, mentiras, falsas promessas, corrupção e condenáveis ambições são apenas algumas das 'virtudes' denunciadas, numa peça vibrante de ritmo que cativou o público ateniense da época e que cativa o público do nosso tempo, talvez porque afinal não tenha havido grandes mudanças na vida da sociedade humana. -
Atriz e Ator Artistas - Vol. I - Representação e Consciência da ExpressãoNas origens do Teatro está a capacidade de inventar personagens materiais e imateriais, de arquitetar narrativas que lancem às personagens o desafio de se confrontarem com situações e dificuldades que terão de ultrapassar. As religiões roubaram ao Teatro as personagens imateriais. Reforçaram os arquétipos em que tinham de se basear para conseguirem inventariar normas de conduta partilháveis que apaziguassem as ansiedades das pessoas perante o mundo desconhecido e o medo da morte.O Teatro ficou com as personagens materiais, representantes não dos deuses na terra, mas de seres humanos pulsionais, contraditórios, vulneráveis, que, apesar de perdidos nos seus percursos existenciais, procuram dar sentido às suas escolhas.Aos artesãos pensadores do Teatro cabe o desígnio de ir compreendendo a sua função ao longo dos tempos, inventando as ferramentas, esclarecendo as noções que permitam executar a especificidade da sua Arte. Não se podem demitir da responsabilidade de serem capazes de transmitir as ideias, as experiências adquiridas, às gerações vindouras, dando continuidade à ancestralidade de uma profissão que perdura. -
As Mulheres que Celebram as TesmofóriasEsta comédia foi apresentada por Aristófanes em 411 a. C., no festival das Grandes Dionísias, em Atenas. É, antes de mais, de Eurípides e da sua tragédia que se trata em As Mulheres que celebram as Tesmofórias. Aristófanes, ao construir uma comédia em tudo semelhante ao estilo de Eurípides, procura caricaturá-lo. Aristófanes dedica, pela primeira vez, toda uma peça ao tema da crítica literária. Dois aspectos sobressaem na presente caricatura: o gosto obsessivo de Eurípides pela criação de personagens femininas, e a produção de intrigas complexas, guiadas por percalços imprevisíveis da sorte. A somar-se ao tema literário, um outro se perfila como igualmente relevante, e responsável por uma diversidade de tons cómicos que poderão constituir um dos argumentos em favor do muito provável sucesso desta produção. Trata-se do confronto de sexos e da própria ambiguidade nesta matéria. -
A Comédia da MarmitaO pobre Euclião encontra uma marmita cheia de ouro, esconde-a e aferra-se a ela; passa a desconfiar de tudo e de todos. Entretanto, não se apercebe que Fedra, a sua filha, está grávida de Licónides. Megadoro, vizinho rico, apaixonado, pede a mão de Fedra em casamento, e prontifica-se a pagar a boda, já que a moça não tem dote. Euclião aceita e prepara-se o casamento. Ora acontece que Megadouro é tio de Licónides. É assim que começa esta popular peça de Plauto, cheia de peripécias e de mal-entendidos, onde se destaca a personagem de Euclião com a sua desconfiança, e que prende o leitor até ao fim. «O dinheiro não dá felicidade mas uma marmita de ouro, ao canto da lareira, ajuda muito à festa» - poderá ser a espécie de moralidade desta comédia a Aulularia cujo modelo influenciou escritores famosos (Shakespeare e Molière, por exemplo) e que, a seguir ao Anfitrião, se situa entre as peças mais divulgadas de Plauto. -
O Teatro e o Seu Duplo«O Teatro e o Seu Duplo, publicado em 1938 e reunindo textos escritos entre 1931 e 1936, é um ataque indignado em relação ao teatro. Paisagem de combate, como a obra toda, e reafirmação, na esteira de Novalis, de que o homem existe poeticamente na terra.Uma noção angular é aí desenvolvida: a noção de atletismo afectivo.Quer dizer: a extensão da noção de atletismo físico e muscular à força e ao poder da alma. Poderá falar-se doravante de uma ginástica moral, de uma musculatura do inconsciente, repousando sobre o conhecimento das respirações e uma estrita aplicação dos princípios da acupunctura chinesa ao teatro.»Vasco Santos, Posfácio -
Menina JúliaJúlia é uma jovem aristocrata que, por detrás de uma inocência aparente esconde um lado provocador. Numa noite de S. João, Júlia seduz e é seduzida por João, criado do senhor Conde e noivo de Cristina, a cozinheira da casa. Desejo, conflitos de poder, o choque violento das classes sociais e dos sexos que povoam aquela que será uma noite trágica. -
Os HeraclidasHéracles é o nome do deus grego que passou para a mitologia romana com o nome de Hércules; e Heraclidas é o nome que designa todos os seus descendentes.Este drama relata uma parte da história dos Heraclidas, que é também um episódio da Mitologia Clássica: com a morte de Héracles, perseguido pelo ódio de Euristeu, os Heraclidas refugiam-se junto de Teseu, rei de Atenas, o que representa para eles uma ajuda eficaz. Teseu aceita entrar em guerra contra Euristeu, que perece na guerra, junto com os seus filhos. -
A Comédia dos BurrosA “Asinaria” é, no conjunto, uma comédia de enganos equilibrada e com cenas particularmente divertidas, bem ao estilo de Plauto. A intriga - na qual encontramos alguns dos tipos e situações características do teatro plautino (o jovem apaixonado desprovido de dinheiro; o pai rival do filho nos seus amores; a esposa colérica odiada pelo marido; a cínica, esperta e calculadora alcoviteira; e os escravos astutos, hábeis e mentirosos) - desenrola-se em dois tons - emoção e farsa - que, ao combinarem-se, comandam a intriga através de uma paródia crescente até ao triunfo decisivo do tom cómico.