Que Lareiras na Floresta
Depois de quatro décadas terem passado da estreia de Alberto Pimenta no mundo da literatura, impunha-se esta reunião de vários dispersos do autor. Na sua maioria nunca publicados em livro, estes excertos de ensaios, performances, crónicas, entrevistas, guiões para televisão, traçam um itinerário sólido para quem quiser conhecer um dos mais importantes poetas e escritores de língua portuguesa. Ao longo do livro aparecem ainda alguns poemas que ancoram, contextualizam ou radicalizam ideias caras ao autor. Ou, simplesmente, tornam poéticas as visões e o labor criativo e criador do escritor.
Se a expressão artística de Pimenta se renovou ao longo dos anos, na forma, no género e no estilo literário, conferindo-lhe singularidade, a mestria do seu humor, os indeléveis happenings que realizou e a acutilância do seu discurso crítico e político deixaram uma marca única na cultura portuguesa.
| Editora | 7 Nós |
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| Editora | 7 Nós |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Alberto Pimenta |
Poeta, narrador, ensaísta, performer e professor universitário. Licenciou-se em Filologia Germânica na Universidade de Coimbra e, durante alguns anos (1960-1977), exerceu funções de leitor de Português e de Literatura Portuguesa em Heidelberg, na Alemanha. Regressando a Portugal, desenvolveu uma intensa actividade no domínio da criação literária relacionada com os movimentos experimentalistas. Os seus textos, por vezes publicados em livros com uma configuração gráfica original, assumem um sentido polémico, que ocasionalmente os próprios títulos podem evidenciar, e ao mesmo tempo de vanguarda. É autor de O Silêncio dos Poetas (1978), um importante estudo sobre o sentido da criação literária ligada aos movimentos de vanguarda, a qual se caracteriza pelo seu "desvio da norma"; o desenvolvimento dos seus pontos de vista leva-o a estabelecer uma bem fundamentada e sugestiva "fenomenologia da modernidade". Realizou o seu primeiro happening em 1977 no Jardim Zoológico de Lisboa (Homo Sapiens) e a mais recente performance (Uma Tarefa para o Ano Vindouro), dividida em duas partes (31/12/1999 e 01/01/2000), também em Lisboa, na Galeria Ler Devagar. Traduziu, entre outros, Thomas Bernhard (A Força do Hábito, em colaboração com João Barrento, 1991) e Botho Strauss (O Parque). Colaborou com Miguel Vale de Almeida e Rui Simões em Pornex: Textos Teóricos e Documentais de Pornografia Experimental Portuguesa (coord. de Leonor Areal e Rui Zink), 1984. É actualmente professor auxiliar convidado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
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Registo de ViverLivro objecto artístico com 61 páginas - inclui filme em DVD com a leitura performativa do poema pelo autor e intervenção musical pela soprano Manuela Moniz. Inclui ainda uma serigrafia realizada pelo autor. Edição limitada de 200 exemplares assinados e numerados pelo autor, pela soprano e pelo editor. -
Indulgência PlenáriaNum dia de Março, talvez Abril de 2006, Alberto Pimenta sentou-se na esplanada de um restaurante voltado para o Coliseu de Lisboa, abriu a meio o jornal que acabara de comprar, e deu com a notícia da morte de Gisberta Salce Júnior, em Fevereiro, no Porto. Transtornado com a brutalidade do que viu descrito em meia dúzia de linhas, fechou o jornal e disse para si eu vou escrever um poema sobre isto. -
Discurso sobre o filho-da-putaDiscurso Sobre o Filho-da-Puta poema em prosa, de argumento filosófico, no qual a palavra não têm só a função de significar, mas é quase sempre também ponto de partida para um artifício estilístico. -
LabirintodonteNão é um engano dizer que estes versos, publicados em 1970, davam o mote a um dos mais inconformados e iconoclastas livros de poesia da literatura portuguesa. Não é um engano atribuí-los à ironia sempre afiada e assestada de Alberto Pimenta.Não é um engano supor que, ao longo dos anos, o autor foi desfazendo e derriçando vários e muito particulares enganos, ludíbrios, endrominanços, tão típicos da natureza humana.Só pode ser um engano que durante 40 anos o livro de estreia de Pimenta não tivesse chegado às mãos de uma nova geração de leitores ou regressado para uma nova leitura… ou para a mesma leitura, já que a natureza humana continua a enganar-se tanto e amiúde cheia de certeza… -
al Face-bookAlberto Pimenta descreveu al Face-book como a sua primeira sátira. As redes sociais não são alvo de azedume, nem de náusea; são, antes de mais, um ícone epocal, como as máquinas em Reality Show (Mia Soave, 2011). E, embora não isentos de perniciosidade, recuam e cimentam-se no fundo dos processos em curso no poema. Como se de um cenário se tratasse, que cada vez mais fosse distando das (pre)ocupações que ganham predomínio no texto. No decurso de al Face-book, esse pano de fundo pega fogo e vai ardendo à medida que os implicados no momentoso caso se vão amigando, comunicando entre si os seus engulhos e tremores. - Hugo Pinto Santos -
Pensar Depois no Caminhotantas combinaçõesmatanças dia e noitetão ricas e ousadasquantas maravilhasé assim mesmo a cabeça humanacriação científica de riquezasem a qual a vida é pobree criação contínuade pobrezasem a qual falta tema -
De NadaA BOCA orgulha-se de apresentar o primeiro audiolivro do grande poeta e performer Alberto Pimenta. Aos 75 anos, o escritor regressa aos poemas curtos para um diálogo urgente sobre as notícias do dia e de sempre, sempre as mesmas. Como o grafito que ilustra a capa, este livro inscreve-se na linha de resistência a que as autoridades chamam vandalismo. -
Ilhíada«É unânime ver na Ilíada o deflagrar do grande épico furor narrativo de uma cultura de heróis e super-heróis, ciosos da sua dignidade de ser homem no seio duma natureza que acolhe deuses; decerto será unânime a leitura da Ilhíada como exploração doutro ritmo (mas com “migalhas da mesa de Homero”) para esta cultura feita de pura ânsia de lucro e poder, e deuses que entre si disputam a existência, numa natureza exausta e que ainda serve, tudo à custa de deserdados, oprimidos e excluídos, que teimam em sobreviver.»- nota editorial
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira

