R.U.R.
O texto dramático R.U.R., de Karel Čapek, publicado em 1920 pela Aventinum (Praga), é uma ficção científica que aborda o lugar do Homem e sua liberdade, a negação de Deus e as consequências da ganância e da exploração.
Nesta obra surge pela primeira vez o termo ‘robot’, cedo naturalizado em vários idiomas. O autor atribuiu a invenção dessa palavra (a partir de ‘robota’; trabalho forçado) ao seu irmão Josef Čapek, artista e escritor, capista da 1.ª edição da obra.
A estreia em palco deu-se em Janeiro de 1921 e três anos depois a peça estava já traduzida em mais de trinta línguas.
| Editora | não (edições) |
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| Editora | não (edições) |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Karel Capek |
Karel Capek (Malé Svatonovice, 9 de Janeiro de 1890 - Praga, 25 de Dezembro de 1938).
Em 1939, quando os nazis invadiram Praga, Karel Capek (1890-1938) foi um dos primeiros checos que quiseram deter. Acontece que este símbolo da liberdade e da luta contra as ideologias falecera um ano antes. Passou à posteridade como co-inventor da palavra «robô» (a par do seu irmão), na peça R.U.R. (1920), e como candidato ao Prémio Nobel, preterido pela Academia Sueca para não despertar a ira de Hitler. A sua carreira repartiu-se pela escrita jornalística e ensaística, pela dramaturgia e pelo romance, satirizando a ganância e o materialismo desenfreado a expensas da alma, o fanatismo e os slogans que acenam sedutoramente às massas. Numa época em que as democracias submergiam, soube alertar o homem para todo o tipo de manipulações, censurando totalitarismos que se proclamavam inquestionáveis.
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A Guerra das SalamandrasJá muito se disse sobre A Guerra das Salamandras (1936): livro de culto, conto filosófico hilariante, distopia visionária.Esta «visão satírica de uma loucura abissal», segundo Thomas Mann, remonta ao momento em que, ao largo da ilha de Tana Masa, o capitão Van Toch descobre salamandras inteligentes, bichos afáveis e cordiais, longe de imaginar que elas mudariam o mundo. Em breve, estes «operários do mar» estão no centro de um lucrativo comércio mundial, tornam-se cobaias científicas e atracções em jardins zoológicos, vítimas de bem-intencionadas Sociedades para a Questão Salamandrina e de arautos do comunismo global, são linchados nos EUA e temas de sondagens em tablóides («As Salamandras Têm Alma?»).Toda a classe salamandrina porá então os olhos na humanidade e, seguindo o seu exemplo, reivindicará o planeta. A Guerra das Salamandras é não só a obra-prima de Karel Čapek, publicada em plena ascensão do nazismo, mas também a história de um tiro no pé desferido pela nossa própria espécie e de um desastre épico patrocinado alegremente pela ganância internacional e pela tolice humana. -
A Vida de Um CachorrinhoQuando ela nasceu, era uma coisinha branca tão insignificante que cabia na palma da mão; mas por ter um par de orelhas pretas e uma caudinha atrás, reconhecemos que era um cão, e como queríamos muito um cão menina, demos-lhe o nome de Dáchenka. Enquanto coisinha branca insignificante, era cega, sem olhos e, quanto às patinhas, bom, tinha ali dois pares de qualquer coisa a que poderíamos chamar, com boa vontade, de patas. -
A Guerra das SalamandrasEsta é uma das grandes sátiras antiutópicas do século XX e é uma inspiração para muitos autores, de Orwell a Vonnegut.O Homem descobre uma espécie de salamandra altamente inteligente e aprende a explorá-la, escravizando-a, mas algo corre mal…Na sua ânsia para desenvolver ainda mais as capacidades das salamandras (a fim de as poder usar), o Homem vai dar-lhes todas as armas necessárias para que elas estejam em posição de desafiar o lugar do ser humano no topo da cadeia animal. A guerra está iminente… e a destruição do ser humano é uma realidade…Ao longo da obra assistimos à satirização da ciência, do capitalismo, do fascismo, do jornalismo, do militarismo, e até de Hollywood, mas ainda assim o autor dá-nos uma ficção num tom humano e cómico, mais do que fantástico. -
A Fábrica do AbsolutoQuando, na senda do progresso, o mundo assiste à descoberta de um engenho capaz de produzir energia ilimitada por tuta-e-meia, poucos adivinhariam que esta maravilha moderna teria um grave efeito secundário: a libertação do inquietante Absoluto, a essência espiritual contida na matéria, que converte todos os seres – dos mais mundanos aos levianos – em fervorosos fanáticos religiosos. Rapidamente o planeta está a braços com uma epidemia de religiosidade e vê a sua população transformada em multidões de crentes, que ora fazem milagres, ora pregam o amor ao próximo, e que, em breve, querem converter por todos os meios as nações vizinhas à sua verdade, indiscutivelmente a suprema e a melhor, desencadeando uma inevitável guerra global. O romance A Fábrica do Absoluto (1922), sátira brilhante e premonitória que não ganhou uma ruga, é agora publicado em tradução directa do checo, com desenhos de Josef Čapek (1887-1945), o irmão do autor, retirados da edição original.
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Os CavaleirosOs Cavaleiros foram apresentados nas Leneias de 424 por um Aristófanes ainda jovem. A peça foi aceite com entusiasmo e galardoada com o primeiro lugar. A comédia surgiu no prolongamento de uma divergência entre o autor e o político mais popular da época, Cléon, em quem Aristófanes encarna o símbolo da classe indesejável dos demagogos. Denunciar a corrupção que se instaurou na política ateniense, os seus segredos e o seu êxito, eis o que preocupava, acima de tudo, o autor. Discursos, mentiras, falsas promessas, corrupção e condenáveis ambições são apenas algumas das 'virtudes' denunciadas, numa peça vibrante de ritmo que cativou o público ateniense da época e que cativa o público do nosso tempo, talvez porque afinal não tenha havido grandes mudanças na vida da sociedade humana. -
Atriz e Ator Artistas - Vol. I - Representação e Consciência da ExpressãoNas origens do Teatro está a capacidade de inventar personagens materiais e imateriais, de arquitetar narrativas que lancem às personagens o desafio de se confrontarem com situações e dificuldades que terão de ultrapassar. As religiões roubaram ao Teatro as personagens imateriais. Reforçaram os arquétipos em que tinham de se basear para conseguirem inventariar normas de conduta partilháveis que apaziguassem as ansiedades das pessoas perante o mundo desconhecido e o medo da morte.O Teatro ficou com as personagens materiais, representantes não dos deuses na terra, mas de seres humanos pulsionais, contraditórios, vulneráveis, que, apesar de perdidos nos seus percursos existenciais, procuram dar sentido às suas escolhas.Aos artesãos pensadores do Teatro cabe o desígnio de ir compreendendo a sua função ao longo dos tempos, inventando as ferramentas, esclarecendo as noções que permitam executar a especificidade da sua Arte. Não se podem demitir da responsabilidade de serem capazes de transmitir as ideias, as experiências adquiridas, às gerações vindouras, dando continuidade à ancestralidade de uma profissão que perdura. -
As Mulheres que Celebram as TesmofóriasEsta comédia foi apresentada por Aristófanes em 411 a. C., no festival das Grandes Dionísias, em Atenas. É, antes de mais, de Eurípides e da sua tragédia que se trata em As Mulheres que celebram as Tesmofórias. Aristófanes, ao construir uma comédia em tudo semelhante ao estilo de Eurípides, procura caricaturá-lo. Aristófanes dedica, pela primeira vez, toda uma peça ao tema da crítica literária. Dois aspectos sobressaem na presente caricatura: o gosto obsessivo de Eurípides pela criação de personagens femininas, e a produção de intrigas complexas, guiadas por percalços imprevisíveis da sorte. A somar-se ao tema literário, um outro se perfila como igualmente relevante, e responsável por uma diversidade de tons cómicos que poderão constituir um dos argumentos em favor do muito provável sucesso desta produção. Trata-se do confronto de sexos e da própria ambiguidade nesta matéria. -
A Comédia da MarmitaO pobre Euclião encontra uma marmita cheia de ouro, esconde-a e aferra-se a ela; passa a desconfiar de tudo e de todos. Entretanto, não se apercebe que Fedra, a sua filha, está grávida de Licónides. Megadoro, vizinho rico, apaixonado, pede a mão de Fedra em casamento, e prontifica-se a pagar a boda, já que a moça não tem dote. Euclião aceita e prepara-se o casamento. Ora acontece que Megadouro é tio de Licónides. É assim que começa esta popular peça de Plauto, cheia de peripécias e de mal-entendidos, onde se destaca a personagem de Euclião com a sua desconfiança, e que prende o leitor até ao fim. «O dinheiro não dá felicidade mas uma marmita de ouro, ao canto da lareira, ajuda muito à festa» - poderá ser a espécie de moralidade desta comédia a Aulularia cujo modelo influenciou escritores famosos (Shakespeare e Molière, por exemplo) e que, a seguir ao Anfitrião, se situa entre as peças mais divulgadas de Plauto. -
O Teatro e o Seu Duplo«O Teatro e o Seu Duplo, publicado em 1938 e reunindo textos escritos entre 1931 e 1936, é um ataque indignado em relação ao teatro. Paisagem de combate, como a obra toda, e reafirmação, na esteira de Novalis, de que o homem existe poeticamente na terra.Uma noção angular é aí desenvolvida: a noção de atletismo afectivo.Quer dizer: a extensão da noção de atletismo físico e muscular à força e ao poder da alma. Poderá falar-se doravante de uma ginástica moral, de uma musculatura do inconsciente, repousando sobre o conhecimento das respirações e uma estrita aplicação dos princípios da acupunctura chinesa ao teatro.»Vasco Santos, Posfácio -
Menina JúliaJúlia é uma jovem aristocrata que, por detrás de uma inocência aparente esconde um lado provocador. Numa noite de S. João, Júlia seduz e é seduzida por João, criado do senhor Conde e noivo de Cristina, a cozinheira da casa. Desejo, conflitos de poder, o choque violento das classes sociais e dos sexos que povoam aquela que será uma noite trágica. -
Os HeraclidasHéracles é o nome do deus grego que passou para a mitologia romana com o nome de Hércules; e Heraclidas é o nome que designa todos os seus descendentes.Este drama relata uma parte da história dos Heraclidas, que é também um episódio da Mitologia Clássica: com a morte de Héracles, perseguido pelo ódio de Euristeu, os Heraclidas refugiam-se junto de Teseu, rei de Atenas, o que representa para eles uma ajuda eficaz. Teseu aceita entrar em guerra contra Euristeu, que perece na guerra, junto com os seus filhos. -
A Comédia dos BurrosA “Asinaria” é, no conjunto, uma comédia de enganos equilibrada e com cenas particularmente divertidas, bem ao estilo de Plauto. A intriga - na qual encontramos alguns dos tipos e situações características do teatro plautino (o jovem apaixonado desprovido de dinheiro; o pai rival do filho nos seus amores; a esposa colérica odiada pelo marido; a cínica, esperta e calculadora alcoviteira; e os escravos astutos, hábeis e mentirosos) - desenrola-se em dois tons - emoção e farsa - que, ao combinarem-se, comandam a intriga através de uma paródia crescente até ao triunfo decisivo do tom cómico.