Tempo Contado
Nestas páginas, somos guiados pela intuição e sensibilidade de um dos grandes escritores portugueses do nosso tempo.
Ao dobrar os sessenta anos, J. Rentes de Carvalho decidiu começar a escrever um diário. O espaço físico é o de sempre: Portugal, Holanda, Trás-os-Montes, Amsterdão - e aquele destino que ocupou grande parte da sua vida: regressar e partir, estar num lado e viver no outro, visitando permanentemente a pátria mesmo quando está longe dela. Isto permite-nos acompanhar o trajeto de um dos escritores portugueses mais singulares do nosso tempo. Acolhido com grande entusiasmo na Holanda entre leitores e críticos, premiado em Portugal, Tempo Contado - um fascinante diário escrito nos anos de 1994 e 1995 - matiza o relato factual com o estilo da melhor ficção do autor de Ernestina ou de A Amante Holandesa.
«Rentes de Carvalho, vivo e ativo, é um dos melhores prosadores da língua lusa.»
João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo
«Rentes de Carvalho escreve com a elegância e a destreza de quem maneja o florete.»
José Riço Direitinho, Ler
«O melhor de um livro de Rentes de Carvalho é tudo.»
Sara Figueiredo Costa, Time Out
«Rentes de Carvalho é uma das mais estimulantes descobertas literárias em Portugal.»
Isabel Lucas, Público
| Editora | Quetzal |
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| Categorias | |
| Editora | Quetzal |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | José Rentes de Carvalho |
De ascendência transmontana, nasceu em 1930 em Vila Nova de Gaia. Obrigado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo e Paris. Em 1956 passou a viver em Amesterdão, e foi professor de Literatura Portuguesa entre 1964 e 1988. Dedica-se desde então exclusivamente à escrita e a uma vasta colaboração em jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses, além de várias revistas. Escreveu romances (entre eles Ernestina, Montedor, O Rebate, A Sétima Onda, A Amante Holandesa ou O Meças), contos, diário (Tempo Contado, Grande Prémio de Crónica da APE, 2012), crónica (Mazagran, 1992, Grande Prémio de Crónica da APE, 2013) ou ensaios. Vive entre Amesterdão e Estevais (Mogadouro).
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A Amante HolandesaAo deixar a sua remota aldeia transmontana para ser estivador no porto de Amesterdão, Amadeu, o Gato, estava longe de imaginar a aventura que viria a ter - uma aventura fugaz e fatal com uma bela mulher estrangeira e rica. Décadas volvidas e de novo na sua terra, reencontra um amigo de infância. Para lá da meia-idade, os dois redescobrem o prazer de caminharem juntos e conversar sobre o passado. Porém, o Gato, que vive do pastoreio e da contemplação de memórias, não faz ideia do efeito que o seu relato amoroso vai ter no amigo cuja existência se resume a um casamento gasto, uma carreira mediana a chegar ao fim e ao sentimento de que falhou em tudo na vida. As consequências serão nefastas. Fria, indiferente, meiga, desenfreada na cama, a amante holandesa vai magoá-los, dar-lhes a ilusão de que o amor existe, e aniquilá-los. -
ErnestinaErnestina é mais do que um romance autobiográfico ou um volume de memórias de famílias ficcionadas. É um fresco de Trás-os-Montes, dos anos 1930 aos anos 1950, um romance que transcende o relato regionalista e que transpôs fronteiras, transformando-se num fenómeno editorial na Holanda. Ernestina é também o nome da mãe do autor e da intrépida protagonista deste livro. Sobre ela J.Rentes de Carvalho disse: «Mãe de um só filho, a sua vida, que foi uma de tristeza, amargura e terrível solidão, dava um livro. Escrevi-lho eu. E a sua morte quebra o último elo carnal que me ligava à terra onde nasci. Felizmente são ainda muitos os laços que a ela me prendem.» -
Tempo ContadoUm fascinante diário escrito nos anos de 1995 e 1996. Acolhido com grande entusiasmo na Holanda entre leitores e críticos, "Tempo Contado" matiza o relato factual com a mestria estilística da melhor ficção do autor de "Ernestina" ou de "A Amante Holandesa". Um livro incontornável que apaixonará também os leitores portugueses. -
O RebateNuma aldeia de Trás-os-Montes a chegada de um dos seus filhos emigrados para França, que vem endinheirado e casado com uma francesa provoca um verdadeiro cataclismo. Em França o Valadares, trabalhando na terra como um mouro, é premiado com a fortuna do patrão desde que case com a filha moça doidivanas e descontrolada. Valadares e a mulher vêm a Portugal quando das tradicionais festas da aldeia. A partir deste momento a perturbação causada pelo comportamento de ambos ele, através do dinheiro, buscando uma ingénua e primitiva glória no seu burgo; ela, usando a sedução e a provocação erótica na fauna masculina aldeã desencadeia um rol de acontecimentos desgraçados que o rebate final expressa eloquentemente. -
Mazagran"( ) um gesto que, pelo simbolismo, estabeleça entre o livro e o leitor um primeiro laço de simpatia.Esse gesto é aqui o título. Mazagran, palavra que outrossim não se encontra no texto, designa uma bebida favorita no Maghreb: um copo grande cheio até mais de um terço com café forte, um volume igual de água gasosa, muito açúcar, uma rodela de limão. Quando o Profeta abranda a sua vigilância junta-se-lhe um cálice de conhaque. Bebe-se quente no Inverno e quase gelada nos dias de calor. A pequenos goles. Com aquela disposição benigna do espírito que umas vezes nos leva à rua para cavaquear com os amigos, e outras nos prende em casa a ler um livro." -
Mentiras & DiamantesJorge Ferreira, conhecido como "o conde", recebe na sua quinta uma jovem e muito bela inquilina inglesa, que pretende passar uma temporada no interior algarvio a escrever um livro. Rondando os cinquenta, o anfitrião é um homem educado, atraente e rico, mas extremamente reservado (partilha a imensa casa senhorial, no meio de uma paisagem de cortar a respiração, com apenas duas governantas velhas, uma cozinheira e um feitor): não se lhe conhecem amigos, amantes ou outro tipo de laços. Talvez porque o seu passado esconde um acto de ignomínia, uma tremenda infâmia, que o vitima até hoje e que pretende erradicar da memória. Sarah Langton é impulsiva e aventureira, viciada em liberdade e em correr riscos - o que não consegue coadunar com a reclusão e a disciplina que a escrita exige. Filha de um italiano riquíssimo, também não são os problemas monetários que a atraem para o perigoso mundo do tráfico de diamantes mas sim a perspetiva de produzir matéria-prima ficcional de primeira, mesmo que a não passe ao papel, e a de que a aura de segredo e mistério mantenha à distância curiosos indesejados. Tudo parece concorrer para que estas duas pessoas se aproximem lentamente e que comecem a processar o que as atormenta (a Jorge, o episódio do passado; a Sarah a dificuldade extrema em escrever alguma coisa pertinente) Mas a súbita visita de Biafra - vistoso fato de linho branco, cravo na botoeira, panamá na mão -, para praticar uma pequena chantagem, precipita uma cascata de revelações, desenlaces, mortes, desaparecimentos entre a Libéria, Marrocos, Algarve, Londres e Amsterdão. Mentiras & Diamantes, o mais recente e inédito romance de J. Rentes de Carvalho, é um thriller habilmente construído e uma narrativa implacável, violenta e sexy. E um maravilhosamente obscuro objeto de suspense. -
Portugal, a Flor e a FoiceNo ano em que se comemora o 40.º aniversário da Revolução dos Cravos, a publicação de Portugal, a Flor e a Foice, até aqui inédito em Portugal, promete dar que falar.Escrito em 1975, em cima dos acontecimentos que então convulsionavam Portugal (e que eram acompanhados com entusiasmo e apreensão pela Europa e o resto do Mundo), Portugal, a Flor e a Foice é a observação pessoal que um português culto e estrangeirado faz do seu país em mudança.Nesta apreciação aguda e de tom sempre crítico, todos os mitos da História Portuguesa são, senão destruídos, pelo menos questionados: o Sebastianismo, os Descobrimentos, Fátima; denunciadas instituições como a Monarquia e a Igreja; e impiedosamente escalpelizado não apenas o antigo regime mas também, e sobretudo, o 25 de Abril. Com acesso a círculos restritos nos anos que antecederam e sucederam a Abril de 1974, e a documentos ainda hoje classificados, J. Rentes de Carvalho faz uma História alternativa da Revolução e das suas figuras de proa, em que novos factos e relações de poder se conjugam num relato sui generis, revelador e, no mínimo, desconcertante. -
ErnestinaErnestina é mais do que um romance autobiográfico ou um volume de memórias de famílias ficcionadas. É um fresco de Trás-os-Montes, dos anos 1930 aos anos 1950, uma obra que transcende o relato regionalista e que transpôs fronteiras, transformando-se num fenómeno editorial na Holanda.Ernestina é também o nome da mãe do autor e da intrépida protagonista deste livro. Sobre ela J. Rentes de Carvalho disse: «Mãe de um só filho, a sua vida, que foi de uma tristeza, amargura e terrível solidão, dava um livro. Escrevi-lho eu. E a sua morte quebra o último elo carnal que me ligava à terra onde nasci. Felizmente são ainda muitos os laços que a ela me prendem.»Críticas de imprensa:«A melhor obra de J. Rentes de Carvalho.»International Herald Tribune«Os holandeses renderam-se à música desta aguarela de gentes, costumes e tradições das paisagens da aldeia, da vida no Porto ou em Gaia.»Rui Lagartinho, Público«Ernestina é o romance autobiográfico de Rentes de Carvalho, a estrela portuguesa da Holanda. É a biografia de milhares e milhares de famílias portuguesas. Um livro terno, mas nunca lamechas. Um livro duro, mas que nunca corta a esperança. Um livro simples e obrigatório.»Henrique Raposo, Expresso«A elegância do estilo, a força da ironia, o poder de em poucas palavras delinear uma personagem - com essa perícia, J. Rentes de Carvalho empresta aos acontecimentos um carácter assustador e inesquecível.»Vrij Nederland«Graças ao empenho da Quetzal, abre-se agora um tempo em que Portugal pode começar a descobrir a obra de J. Rentes de Carvalho.»Pública«Não há muitos escritores que tão destemidamente escolham a verdade como padrão.»Trow, Amesterdão -
Pó, Cinza e RecordaçõesEscrito entre Maio de 1999 e Maio do ano 2000, este é o diário do milénio de um dos mais relevantes autores portugueses da actualidade, J. Rentes de Carvalho, então a caminho dos setenta anos. Excerto da primeira entrada, a 15 de Maio: «É essa uma das poucas vantagens da velhice: poder viajar no tempo. Não como o faz a juventude, com o privilégio de ansiar pelo futuro, mas ironicamente em marcha-atrás. Recebendo lições de modéstia, deixando pelo caminho as certezas que o não eram, rindo de ter tomado a sério a palavra eternidade. A caminho dos setenta. ( ) A sopesar se me restam ainda cinco, dez, quinze anos, ou se amanhã nunca hoje, sempre amanhã! a Parca se canse de dobar o meu fio e o corte de uma tesourada.» -
O MeçasNovo romance de Rentes de Carvalho. Uma história de violência, em que a progressiva definição dos contornos da memória trará novas e dolorosas verdades. Romance inédito, nele se conta a história de António Roque, homem atormentado, possesso do demónio de funestas memórias. As imagens do passado que regularmente se apoderam dele transformam-no num monstro capaz dos piores atos. No entanto, a obscura história da irmã e do homem abastado que se servia dela e que, apesar de morto, continua a instigar-lhe um ódio devastador não é exatamente como ele pensa que se lembra. Depois de anos emigrado na Alemanha, o Meças regressa à sua aldeia de origem. Com ele vivem o filho (a quem detesta) e a nora (a quem deseja, mas inferniza a vida), atemorizando, de resto, todos os que com ele se cruzam. Uma história de violência, em que a progressiva definição dos contornos da memória revelará novas e dolorosas verdades.
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.