Vasco Gonçalves
O futuro que sonhei não é cada vez mais saudade. É, sim, cada vez mais necessidade imperiosa. Assim o povo o compreenda.
Vasco Gonçalves
O conjunto de entrevistas aqui recolhidas por Maria Manuela Cruzeiro constitui certamente o mais abrangente testemunho que Vasco Gonçalves deixou às gerações vindouras, com uma densidade de informação que se deve tanto à frescura da sua própria memória como à precisão cirúrgica das questões que lhe são colocadas.
António Louçã, Prefácio à 2ª ed.
Ninguém como Vasco Gonçalves lutou para fazer coincidir o tempo ideal com o tempo real e a sua fulgurante passagem pela cena política identifica-se e, como que resume, a própria marcha da Revolução: desde a euforia mobilizadora e contagiante aos primeiros percalços perturbadores da unidade primordial e, finalmente, às profundas fracturas provocadas por divisões políticas e ideológicas inevitáveis.
Maria Manuela Cruzeiro, Prefácio à 1ª ed.
| Editora | Húmus |
|---|---|
| Categorias | |
| Editora | Húmus |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Maria Manuela Cruzeiro |
Maria Manuela Cruzeiro é colaboradora do CES (Centro de Estudos Sociais) da Universidade de Coimbra. Foi assistente da Faculdade de Letras (Secção de Filosofia) e investigadora principal do Centro de Documentação 25 de Abril da mesma Universidade, onde foi responsável pelo projecto de História Oral e pelas atividades de extensão cultural e pedagógica. As suas áreas de especialidade são a História Cultural, movimentos de Resistência ao Estado Novo, testemunho e memória da Revolução de Abril, cultura e identidade portuguesas, particularmente a partir da obra de Eduardo Lourenço. É colaboradora regular em várias revistas e jornais da especialidade, bem como em obras coletivas, e oradora em cursos, colóquios e conferências. É também autora de uma vasta obra dedicada ao 25 de Abril de 1974.
-
A Nossa Fada Morgana: viagem pelos imaginários da Revolução de Abril«Como estenógrafa incontornável do fait divers comentado pelos seus actores, já Maria Manuela Cruzeiro cumprira a sua missão. Mas não se ficou por essa missão de cronista-mor da Revolução falada em primeira instância. Ao tentar desenhar o mapa das "visões" em busca da realidade, sem as quais não há "revolução" no sentido moderno do termo - pelo menos desde a Revolução Francesa -, propôs-se descobrir e evocar, se não todas, pelo menos as mais actuantes do inconsciente histórico onde emerge a utopia revolucionária específica que a nossa Revolução de Abril encarnou.»[Do Prefácio] -
Pezarat Correia: do lado certo da história«Pedro Pezarat Correia, como toda esta entrevista revela de modo muito eloquente, é, sem sombra de dúvida, uma personalidade e uma figura única "do lado certo da história" da nossa democracia, que em muito ajudou a lançar e a consolidar. Seja enquanto militar e cidadão – com cargos muito elevados e centrais ocupados ao longo do nosso processo de transição democrática –, seja como o ser humano, sempre empenhado no mundo que o rodeia e solidário com as causas com as quais se comprometeu, que estas páginas de algum modo fotografam e revelam de um modo muito claro.»Rui Bebiano, do Prefácio -
Um Republicano Chamado José FontanaApesar de haver uma praça com o seu nome Praça José Fontana, não se pode dizer que seja um nome muito conhecido o que é injusto.No entanto José Fontana transformou-se num líder e num herói do movimento operário Português; -
Melo Antunes, O Sonhador PragmáticoIntitulado «Melo Antunes. O Sonhador Pragmático», o livro de Maria Manuela Cruzeiro, investigadora do Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, é o resultado de 16 horas de gravações de entrevistas ao que foi considerado o ideólogo da «revolução dos cravos», compilando as memórias dessa época do autor dos principais textos programáticos do Movimento das Forças Armadas (MFA). Gravadas ao longo de dois anos (de 1995 a 1997), na casa de Sintra de Ernesto Melo Antunes, as entrevistas revelam uma personalidade que «mistura o idealismo e um certo romantismo com uma faceta muito realista e pragmática», afirmou Manuela Cruzeiro à agência Lusa. Realizado no âmbito do Projecto de História Oral do Centro de Documentação 25 de Abril, o retrato de Melo Antunes mostra uma figura com «uma ideologia de esquerda, mas que mantinha uma grande vigilância sobre as suas próprias utopias, procurando adequá-las à realidade». (...) in SIConline Maria Manuela Cruzeiro é licenciada em Filosofia e Mestre em Filosofia Social e Política. As suas áreas de especialização são a história cultural, movimentos de resistência ao Estado Novo, testemunho e memória da revolução, problemática da história oral e suas relações com a história e a memória e aplicação da história oral ao estudo da revolução de 25 de Abril de 1974.Colaboradora regular em variadas revistas e jornais da especialidade, bem como em obras colectivas, oradora em colóquios, congressos e outros encontros científicos, é também autora de diversas obras, entre as quais se destacam: Costa Gomes - o Último Marechal, Vasco Gonçalves - um General na Revolução, Melo Antunes - o Sonhador Pragmático, Vasco Lourenço - do Interior da Revolução, Maria Eugénia Varela Gomes - Contra Ventos e Marés, Tempos de Eduardo Lourenço (em co-autoria com Maria Manuel Baptista) e Anos Inquietos - Vozes do Movimento Estudantil em Coimbra (1961-1974) (em co-autoria com Rui Bebiano). -
Costa Gomes - O Último MarechalCom a primeira edição datada de 1998, Costa Gomes - O Último Marechal foi, ao longo destes anos, não só obra de consulta obrigatória para estudiosos e investigadores da nossa história recente, como também uma leitura fascinante para um público mais vasto e abrangente. Sendo o ano de 2014 a conjugação de duas efemérides, os 40 anos do 25 de Abril e o centenário do Marechal Costa Gomes, este é o momento oportuno para uma nova edição desta obra. Assim, o reaparecimento das memórias de Costa Gomes contribuirá para o esforço colectivo de preservação deste acontecimento central da nossa contemporaneidade, mas também para resgatar a figura de um dos protagonistas da Revolução, que não tendo sido um militar vulgar, um político vulgar nem um católico vulgar, não foi um herói falhado, mas também não foi um herói de Abril. Costa Gomes devido ao seu perfil enigmático, indecifrável, quase esfíngico, que tanto perturbou os portugueses no tempo revolucionário e que ainda hoje continua a perturbar os estudiosos e o público em geral, pode ser qualificado como o representante do princípio da realidade contra o princípio do prazer - é aquele que apelidamos de anti-herói da Revolução de Abril e a quem hoje homenageamos com esta nova edição.
-
A Revolução e o PRECO discurso oficial sobre o 25 de Abril de 1974 tem apresentado esta data como o momento fundador da democracia em Portugal. No entanto, a democracia apenas se pode considerar verdadeiramente instituída em 25 de Abril de 1976, com a entrada em vigor da actual Constituição. Até lá o país viveu sob tutela militar, que se caracterizou pela violação constante dos direitos fundamentais dos cidadãos, com prisões sem culpa formada, ausência de «habeas corpus», saneamento de funcionários, sequestro de empresários, e contestação de decisões judiciais. Em 1975, Portugal esteve à beira da guerra civil, o que só viria a ser travado em 25 de Novembro desse ano, uma data que hoje muitos se recusam a comemorar. Nesta obra pretendemos dar a conhecer o que efectivamente se passou nos dois anos que durou o processo revolucionário no nosso país, no intuito de contribuir para um verdadeiro debate sobre um período histórico muito próximo, mas que não é detalhadamente conhecido pelas gerações mais novas. -
As Causas do Atraso Português«Porque é Portugal hoje um país rico a nível mundial, mas pobre no contexto europeu? Quais são as causas e o contexto histórico do nosso atraso? Como chegámos aqui, e o que pode ser feito para melhorarmos a nossa situação? São estas as perguntas a que procuro responder neste livro. Quase todas as análises ao estado do país feitas na praça pública pecam por miopia: como desconhecem a profundidade histórica do atraso, fazem erros sistemáticos e anunciam diagnósticos inúteis, quando não prejudiciais. Quem discursa tem também frequentemente um marcado enviesamento político e não declara os seus conflitos de interesse. […] Na verdade, para refletirmos bem sobre presente e os futuros possíveis, temos de começar por compreender o nosso passado. Para que um futuro melhor seja possível, temos de considerar de forma ponderada os fatores que explicam – e os que não explicam – o atraso do país. Este livro tem esse objetivo.» -
História dos GatosNuma série de cartas dirigidas à incógnita marquesa de B**, F.-A. Paradis e Moncrif (o espirituoso favorito da sociedade parisiense) faz uma defesa apaixonada dos amáveis felinos, munindo-se para isso de uma extrema erudição.Este divertido compêndio de anedotas, retratos, fábulas e mitos em torno dos gatos mostra que o nosso fascínio por estes animais tão dóceis quanto esquivos é uma constante ao longo da história da civilização e que não há, por isso, razão para a desconfiança que sobre eles recaía desde a Idade Média. Ou haverá? -
A Indústria do HolocaustoNesta obra iconoclasta e polémica, Norman G. Finkelstein analisa a exploração da memória do holocausto nazi como arma ideológica, ao serviço de interesses políticos e económicos, pelas elites judaicas norte-americanas. A INDÚSTRIA DO HOLOCAUSTO (2000) traça a génese de uma imunidade que exime o Estado de Israel – um trunfo estratégico dos EUA depois da Guerra dos Seis Dias – de qualquer censura e lhe permite justificar expedientes ofensivos como legítima defesa. Este ensaio essencial sobre a instrumentalização e monopolização de uma tragédia – eclipsando outras vítimas do genocídio nazi – denuncia ainda a perturbadora questão do aproveitamento das compensações financeiras devidas aos sobreviventes. -
Revolução Inacabada - O que Não Mudou com o 25 de AbrilO que não mudou com o 25 de Abril? Apesar de todas as conquistas de cinco décadas de democracia, há características na sociedade portuguesa que se mantêm quase inalteradas. Este livro investiga duas delas: o elitismo na política e o machismo na justiça. O recrutamento para a classe política dirigente praticamente não abrange pessoas não licenciadas e com contacto com a pobreza, e quase não há mobilidade do poder local para o poder nacional. No sistema judicial, a entrada das mulheres na magistratura e a mudança para leis mais progressistas não alteraram um padrão de baixas condenações por crimes sexuais, cometidos sobretudo contra mulheres. Cruzando factos e testemunhos, este é o retrato de um Portugal onde a revolução pela igualdade está ainda inacabada. -
PaxNo seu auge, o Império Romano era o Estado mais rico e formidável que o mundo já tinha visto. Estendendo-se da Escócia à Arábia, geria os destinos de cerca de um quarto da humanidade.Começando no ano em que quatro Césares governaram sucessivamente o Império, e terminando cerca de sete décadas depois, com a morte de Adriano, Pax: Guerra e Paz na Idade de Ouro de Roma revela-nos a história deslumbrante de Roma no apogeu do seu poder.Tom Holland, reconhecido historiador e autor, apresenta um retrato vivo e entusiasmante dessa era de desenvolvimento: a Pax Romana - da destruição de Jerusalém e Pompeia, passando pela construção do Coliseu e da Muralha de Adriano e pelas conquistas de Trajano. E demonstra, ao mesmo tempo, como a paz romana foi fruto de uma violência militar sem precedentes. -
Antes do 25 de Abril: Era ProibidoJá imaginou viver num país onde:tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido?as enfermeiras estão proibidas de casar?as saias das raparigas são medidas à entrada da escola, pois não se podem ver os joelhos?não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. E para os namorados que, num banco de jardim, não tivessem as mãozinhas onde deviam, havia as seguintes multas:1.º – Mão na mão: 2$502.º – Mão naquilo: 15$003.º – Aquilo na mão: 30$004.º – Aquilo naquilo: 50$005.º – Aquilo atrás daquilo: 100$006.º – Parágrafo único – Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado. -
Baviera TropicalCom o final da Segunda Guerra Mundial, o médico nazi Josef Mengele, conhecido mundialmente pelas suas cruéis experiências e por enviar milhares de pessoas para câmaras de gás nos campos de concentração em Auschwitz, foi fugitivo durante 34 anos, metade dos quais foram passados no Brasil. Mengele escapou à justiça, aos serviços secretos israelitas e aos caçadores de nazis até à sua morte, em 1979 na Bertioga. Foi no Brasil que Mengele criou a sua Baviera Tropical, um lugar onde podia falar alemão, manter as suas crenças, os seus amigos e uma conexão com a sua terra natal. Tudo isto foi apenas possível com a ajuda de um pequeno círculo de europeus expatriados, dispostos a ajudá-lo até ao fim. Baviera Tropical assenta numa investigação jornalística sobre o período de 18 anos em que o médico nazi se escondeu no Brasil. A partir de documentos com informação inédita do arquivo dos serviços secretos israelitas – a Mossad – e de diversas entrevistas com protagonistas da história, nomeadamente ao comandante da caça a Mengele no Brasil e à sua professora, Bettina Anton reconstitui o percurso de Mengele no Brasil, onde foi capaz de criar uma nova vida no país sob uma nova identidade, até à sua morte, sem ser descoberto. E a grande questão do livro: de que forma um criminoso de tamanha dimensão e os seus colaboradores conseguiram passar impunes?