A Experiência Interior
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Inclassificável e indomável, Georges Bataille é uma figura singular na filosofia e antropologia contemporâneas. Paradoxalmente apelidada, pois que culmina numa fusão do interior e do exterior, do sujeito e do objeto, A Experiência Interior (1943, reescrita em 1954) foi a sua primeira obra de grande difusão. Por «experiência interior» deve entender-se aquilo a que habitualmente chamamos experiência mística (meditação, êxtase ou iluminação, isto é, uma consciência de si soberana), conquanto aquilo que o autor tinha em mente estivesse nos antípodas da ideia de transcendência no sentido tradicional do termo. Trata-se, pois, de uma «nova teologia mística», na qual Deus não tem lugar, nem a moral, nem a redenção, nem a autoridade, exceto aquela que ela própria funda e expia, contestando o conhecido e acolhendo o não-saber. Não é uma teologia da salvação, mas da perdição, que não exclui a angústia, mas que lhe faz frente, procurando metamorfoseá-la em deleite.
Fragmentário, caleidoscópico, ingovernável, este é um texto de uma profundidade aterradora, pois trata-se de considerar a vida a partir de dentro, com a sua inextricável mistura de riso e tragédia.
| Editora | Edições 70 |
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| Categorias | |
| Editora | Edições 70 |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Georges Bataille |
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A Literatura e o MalNeste livro, Bataille analisa de forma magistral as obras de Emily Brontë, Charles Baudelaire, Michelet, William Blake, Marquês de Sade, Proust, Kafka e Jean Genet, obras que são, de um modo ou de outro, atravessadas pelo mal. Bataile acompanha estes autores numa escrita caracterizada pela radicalidade do seu própio pensamento.«Estes estudos respondem aos esforços que prossegui para esclarecer o sentido da literatura... A literatura é o essencial, ou nada é. O Mal - uma forma aguda do Mal -, da qual ela é a expressão, tem para nós, na minha opinião, o valor supremo. Mas esta concepção não implica a ausência de moral, exigindo antes uma "hipermoral".» -
As Lágrimas de ErosEm As Lágrimas de Eros, que ficou como seu último texto publicado em vida (1961), Bataille reafirma em mais extenso o que já estava lateralmente enunciado por textos anteriores. Uma frase de «La Signification de l’Érotisme» como que se fez pré-anúncio do programa dos seus capítulos: «Desde o berço até à morte, a sexualidade é base de uma agitação que o ingénuo pensamento comum, imbuído de idealismo, conhece mal»; em «Genèse» deixou registado o que poderia ser seu sumário: «O erotismo é um abismo. Querer iluminar-lhe a profundidade exige ao mesmo tempo grande vontade e uma lucidez tranquila, a consciência de tudo o que uma intenção tão contrária ao senso geral põe em causa; ele é, de facto, o mais horrível e também o mais sagrado»; em «La Souveraineté» referiu-se ao carácter, indissociável do comportamento erótico da humanidade, que é também central nesta sua exposição: «As proibições mantêm o mundo organizado pelo trabalho - e, possivelmente, até onde podem fazê-lo - ao abrigo da perturbação que a morte e a sexualidade imparavelmente lhe introduzem: esta animalidade em nós perdurável e, podemos acrescentar, constantemente introduzida pela vida e pela natureza que são como uma lama de onde saímos». Recorrência e confirmação, que sempre lhe foram caras, de «já tudo ter estado em tudo», sucessivas lâminas numa obra que se completa, rediz e a todo o momento reconstrói. [ Da Introdução de Aníbal Fernandes ] -
O Nascimento da ArteA caverna de Lascaux no vale da Vézère, a dois quilómetros da pequena cidade de Montignac, não é só a mais bela, a mais rica das cavernas pré-históricas com pinturas; mas desde logo o primeiro sinal sensível que nos chegou do homem e da arte. [ ] Esta extraordinária caverna não pode deixar de transtornar quem a descobre; nunca deixará de responder a essa expectativa de milagre que é, na arte ou na paixão, a mais profunda aspiração da vida. Muitas vezes achamos infantil esta necessidade de ficarmos maravilhados, mas voltamos sempre a ela. O que parece digno de ser amado é sempre o que nos transtorna, o inesperado, o inesperável. Como se a nossa essência estivesse por paradoxo ligada à nostalgia de alcançar o que tínhamos considerado impossível. Sob este ponto de vista, Lascaux reúne as mais raras condições: a sensação de milagre que hoje nos dá a visita da caverna, ligada acima de tudo à oportunidade da descoberta, é de facto duplicada pela sensação de um inaudito carácter que estas figuras tiveram aos olhos dos que viveram no tempo da sua criação. Para nós, Lascaux situa-se a partir de agora entre as maravilhas do mundo; embora estejamos em presença da incrível riqueza que a sucessão dos tempos amontoou. Mas qual teria sido a sensação dos primeiros homens que se viram no meio destas pinturas, apesar de não extraírem delas, como é evidente, um orgulho semelhante aos nossos (tão estupidamente individuais)? Teriam sentido, como é evidente, um prestígio imenso. O prestígio que se liga, pensemos nós o que pensarmos, à revelação do inesperado. É sobretudo neste sentido que falamos do milagre de Lascaux; porque em Lascaux a humanidade juvenil mediu pela primeira vez a extensão da sua riqueza. Da sua riqueza, isto é, do poder que tinha de chegar ao inesperado, ao maravilhoso. [Georges Bataille] -
Teoria da ReligiãoDe certa maneira, o mundo é ainda, de um modo fundamental, imanência sem limite claro (escoamento indistinto do ser no ser, lembro-me da instável presença das águas dentro das águas). De modo que a posição, no interior do mundo, de um «Ser supremo», distinto e limitado como uma coisa, é antes de tudo um empobrecimento. Há certamente na invenção do «Ser supremo» a vontade de definir um valor maior que todos os outros. Mas esse desejo de aumentar resulta numa diminuição. A personalidade objectiva do «Ser supremo» situa-o ao lado de outros seres pessoais de natureza semelhante, sendo ele próprio ao mesmo tempo sujeitos e objectos, mas dos quais difere claramente. -
Método de Meditação/ A Prática da Alegria Perante a Morte/ Instruções Para o Encontro na FlorestaEste tríptico torna clara a raíz do pensamento de Georges Bataille. Nele encontramos uma aproximação filosófica aos seus textos mais íntimos, passando pela sua tomada de posição fora da filosofia académica, fugindo ao tom professoral. Riso, êxtase, ritual, meditação, erotismo, soberania... Todos estes conceitos vividos fora do cânone, pois trata-se aqui de pensamento e biografia em constante movimento, constante inquirição, constante vivência numa tentativa inconstante de expressão, pois deve-se dirigir ao silêncio o que não é possível dizer-se.A tradução do primeiro texto é de Ricardo Ribeiro. A dos restantes textos pela tríade maior: Ana Mata, Sara Belo e Teresa Projecto.A composição gráfica é de Catarina Domingues.As imagens são de Nuno Nunes-Ferreira que tomou à letra a ideia de jogo batalliana onde o leitor é convidado a jogar tendo o canhenho como tabuleiro e bússola. -
A Experiência InteriorInclassificável e indomável, Georges Bataille é uma figura singular na filosofia e antropologia contemporâneas. Paradoxalmente apelidada, pois que culmina numa fusão do interior e do exterior, do sujeito e do objeto, A Experiência Interior (1943, reescrita em 1954) foi a sua primeira obra de grande difusão. Por «experiência interior» deve entender-se aquilo a que habitualmente chamamos experiência mística (meditação, êxtase ou iluminação, isto é, uma consciência de si soberana), conquanto aquilo que o autor tinha em mente estivesse nos antípodas da ideia de transcendência no sentido tradicional do termo. Trata-se, pois, de uma «nova teologia mística», na qual Deus não tem lugar, nem a moral, nem a redenção, nem a autoridade, exceto aquela que ela própria funda e expia, contestando o conhecido e acolhendo o não-saber. Não é uma teologia da salvação, mas da perdição, que não exclui a angústia, mas que lhe faz frente, procurando metamorfoseá-la em deleite. Fragmentário, caleidoscópico, ingovernável, este é um texto de uma profundidade aterradora, pois trata-se de considerar a vida a partir de dentro, com a sua inextricável mistura de riso e tragédia. -
O ErotismoTabu e sacrifício, transgressão e linguagem, morte e sensualidade, economia e excesso, eis os temas deste estudo incontornável de Georges Bataille, filósofo, romancista, poeta, pornógrafo e fervoroso católico, que tinha nos bordéis de Paris a sua verdadeira Igreja. Para Bataille, o erotismo está intimamente ligado à morte e à religião, à nostalgia da continuidade que os seres sexuados, distintos uns dos outros, separados por um abismo, sentem como uma perda irreparável. O erotismo, como os ritos sacrificiais, busca redimir esta descontinuidade. Mas este excesso vital desafia a organização das sociedades, baseada no trabalho, na razão e na cooperação. Daí o nascimento das proibições e a institucionalização da transgressão, através da instituição do tempo da festa e da orgia sagrada. De Emily Brontë a Sade, de Santa Teresa a Claude Levi-Strauss e ao Dr. Kinsey, Bataille não deixa por estudar nenhuma manifestação do erótico, abrangendo temas como a prostituição, o êxtase místico, a crueldade e a guerra organizada. Para o autor, o erotismo é uma busca psicológica em nada estranha à morte. «[...] um dos mais originais e inquietantes pensadores, que, na esteira de Sade e Nietzsche, se confrontou com a possibilidade do pensamento num mundo que perdeu o seu mito de transcendência.» Peter Brooks, New York Times Book Review «Bataille é um dos mais importantes escritores do século.» Michel Foucault «[Um] livro urgente e empolgante sobre amor, sexo, morte e espiritualidade.» Mark Price, Philosophy Now -
O ImpossívelTRADUÇÃO: TERESA PROJECTOIMAGENS: ANAMARY BILBAO
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A Identidade da Ciência da ReligiãoEsta obra é composta por textos que mostram o progresso das reflexões sobre a problemática da identidade da Ciência da Religião. Os ensaios garantem o acesso à sua interrelação temática e lógica subjacente, algo que não se revela pela leitura individual dos textos. Aqui serão esclarecidos e exemplificados os princípios que caracterizam a Ciência da Religião desde o início da sua institucionalização nas últimas décadas do século XIX. Além disso, será discutido em que sentido esses princípios qualificam a disciplina para sua funcionalidade extra-acadêmica. Essa atualização do livro Constituintes da Ciência da Religião (Paulinas, 2006) se entende como uma reação ao desconhecimento das especificidades da Ciência da Religião, não apenas por parte do público em geral, mas também entre estudantes e, até mesmo, docentes da área no Brasil. -
Decadência: o declínio do Ocidente«Da ideia de Jesus, anunciada no Antigo Testamento e progressivamente sustentada por imagens ao longo dos séculos de arte cristã, a Bin Laden, que declara guerra de morte ao nosso Ocidente esgotado, é o fresco épico da nossa civilização que aqui proponho. Nele encontramos: monges loucos do deserto, imperadores cristãos sanguinários, muçulmanos a construir o seu "paraíso à sombra das espadas", grandes inquisidores, bruxas montadas em vassouras, julgamentos de animais, índios de penas com Montaigne nas ruas de Bordéus, a ressurreição de Lucrécio, um padre ateu que anuncia a morte de Deus, uma revolução jacobina que mata dois reis, ditadores de esquerda e depois de direita, campos de morte castanhos e vermelhos, um artista que vende os seus excrementos, um escritor condenado à morte por ter escrito um romance, dois rapazes que evocam o islão e degolam um pároco em plena missa - sem esquecer mil outras coisas...»

