Método de Meditação/ A Prática da Alegria Perante a Morte/ Instruções Para o Encontro na Floresta
Este tríptico torna clara a raíz do pensamento de Georges Bataille. Nele encontramos uma aproximação filosófica aos seus textos mais íntimos, passando pela sua tomada de posição fora da filosofia académica, fugindo ao tom professoral. Riso, êxtase, ritual, meditação, erotismo, soberania... Todos estes conceitos vividos fora do cânone, pois trata-se aqui de pensamento e biografia em constante movimento, constante inquirição, constante vivência numa tentativa inconstante de expressão, pois deve-se dirigir ao silêncio o que não é possível dizer-se.
A tradução do primeiro texto é de Ricardo Ribeiro. A dos restantes textos pela tríade maior: Ana Mata, Sara Belo e Teresa Projecto.
A composição gráfica é de Catarina Domingues.
As imagens são de Nuno Nunes-Ferreira que tomou à letra a ideia de jogo batalliana onde o leitor é convidado a jogar tendo o canhenho como tabuleiro e bússola.
| Editora | Sr Teste |
|---|---|
| Coleção | Fulgor Quotidiano |
| Categorias | |
| Editora | Sr Teste |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Georges Bataille |
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A Literatura e o MalNeste livro, Bataille analisa de forma magistral as obras de Emily Brontë, Charles Baudelaire, Michelet, William Blake, Marquês de Sade, Proust, Kafka e Jean Genet, obras que são, de um modo ou de outro, atravessadas pelo mal. Bataile acompanha estes autores numa escrita caracterizada pela radicalidade do seu própio pensamento.«Estes estudos respondem aos esforços que prossegui para esclarecer o sentido da literatura... A literatura é o essencial, ou nada é. O Mal - uma forma aguda do Mal -, da qual ela é a expressão, tem para nós, na minha opinião, o valor supremo. Mas esta concepção não implica a ausência de moral, exigindo antes uma "hipermoral".» -
As Lágrimas de ErosEm As Lágrimas de Eros, que ficou como seu último texto publicado em vida (1961), Bataille reafirma em mais extenso o que já estava lateralmente enunciado por textos anteriores. Uma frase de «La Signification de l’Érotisme» como que se fez pré-anúncio do programa dos seus capítulos: «Desde o berço até à morte, a sexualidade é base de uma agitação que o ingénuo pensamento comum, imbuído de idealismo, conhece mal»; em «Genèse» deixou registado o que poderia ser seu sumário: «O erotismo é um abismo. Querer iluminar-lhe a profundidade exige ao mesmo tempo grande vontade e uma lucidez tranquila, a consciência de tudo o que uma intenção tão contrária ao senso geral põe em causa; ele é, de facto, o mais horrível e também o mais sagrado»; em «La Souveraineté» referiu-se ao carácter, indissociável do comportamento erótico da humanidade, que é também central nesta sua exposição: «As proibições mantêm o mundo organizado pelo trabalho - e, possivelmente, até onde podem fazê-lo - ao abrigo da perturbação que a morte e a sexualidade imparavelmente lhe introduzem: esta animalidade em nós perdurável e, podemos acrescentar, constantemente introduzida pela vida e pela natureza que são como uma lama de onde saímos». Recorrência e confirmação, que sempre lhe foram caras, de «já tudo ter estado em tudo», sucessivas lâminas numa obra que se completa, rediz e a todo o momento reconstrói. [ Da Introdução de Aníbal Fernandes ] -
O Nascimento da ArteA caverna de Lascaux no vale da Vézère, a dois quilómetros da pequena cidade de Montignac, não é só a mais bela, a mais rica das cavernas pré-históricas com pinturas; mas desde logo o primeiro sinal sensível que nos chegou do homem e da arte. [ ] Esta extraordinária caverna não pode deixar de transtornar quem a descobre; nunca deixará de responder a essa expectativa de milagre que é, na arte ou na paixão, a mais profunda aspiração da vida. Muitas vezes achamos infantil esta necessidade de ficarmos maravilhados, mas voltamos sempre a ela. O que parece digno de ser amado é sempre o que nos transtorna, o inesperado, o inesperável. Como se a nossa essência estivesse por paradoxo ligada à nostalgia de alcançar o que tínhamos considerado impossível. Sob este ponto de vista, Lascaux reúne as mais raras condições: a sensação de milagre que hoje nos dá a visita da caverna, ligada acima de tudo à oportunidade da descoberta, é de facto duplicada pela sensação de um inaudito carácter que estas figuras tiveram aos olhos dos que viveram no tempo da sua criação. Para nós, Lascaux situa-se a partir de agora entre as maravilhas do mundo; embora estejamos em presença da incrível riqueza que a sucessão dos tempos amontoou. Mas qual teria sido a sensação dos primeiros homens que se viram no meio destas pinturas, apesar de não extraírem delas, como é evidente, um orgulho semelhante aos nossos (tão estupidamente individuais)? Teriam sentido, como é evidente, um prestígio imenso. O prestígio que se liga, pensemos nós o que pensarmos, à revelação do inesperado. É sobretudo neste sentido que falamos do milagre de Lascaux; porque em Lascaux a humanidade juvenil mediu pela primeira vez a extensão da sua riqueza. Da sua riqueza, isto é, do poder que tinha de chegar ao inesperado, ao maravilhoso. [Georges Bataille] -
Teoria da ReligiãoDe certa maneira, o mundo é ainda, de um modo fundamental, imanência sem limite claro (escoamento indistinto do ser no ser, lembro-me da instável presença das águas dentro das águas). De modo que a posição, no interior do mundo, de um «Ser supremo», distinto e limitado como uma coisa, é antes de tudo um empobrecimento. Há certamente na invenção do «Ser supremo» a vontade de definir um valor maior que todos os outros. Mas esse desejo de aumentar resulta numa diminuição. A personalidade objectiva do «Ser supremo» situa-o ao lado de outros seres pessoais de natureza semelhante, sendo ele próprio ao mesmo tempo sujeitos e objectos, mas dos quais difere claramente. -
A Experiência InteriorInclassificável e indomável, Georges Bataille é uma figura singular na filosofia e antropologia contemporâneas. Paradoxalmente apelidada, pois que culmina numa fusão do interior e do exterior, do sujeito e do objeto, A Experiência Interior (1943, reescrita em 1954) foi a sua primeira obra de grande difusão. Por «experiência interior» deve entender-se aquilo a que habitualmente chamamos experiência mística (meditação, êxtase ou iluminação, isto é, uma consciência de si soberana), conquanto aquilo que o autor tinha em mente estivesse nos antípodas da ideia de transcendência no sentido tradicional do termo. Trata-se, pois, de uma «nova teologia mística», na qual Deus não tem lugar, nem a moral, nem a redenção, nem a autoridade, exceto aquela que ela própria funda e expia, contestando o conhecido e acolhendo o não-saber. Não é uma teologia da salvação, mas da perdição, que não exclui a angústia, mas que lhe faz frente, procurando metamorfoseá-la em deleite. Fragmentário, caleidoscópico, ingovernável, este é um texto de uma profundidade aterradora, pois trata-se de considerar a vida a partir de dentro, com a sua inextricável mistura de riso e tragédia. -
A Experiência InteriorInclassificável e indomável, Georges Bataille é uma figura singular na filosofia e antropologia contemporâneas. Paradoxalmente apelidada, pois que culmina numa fusão do interior e do exterior, do sujeito e do objeto, A Experiência Interior (1943, reescrita em 1954) foi a sua primeira obra de grande difusão. Por «experiência interior» deve entender-se aquilo a que habitualmente chamamos experiência mística (meditação, êxtase ou iluminação, isto é, uma consciência de si soberana), conquanto aquilo que o autor tinha em mente estivesse nos antípodas da ideia de transcendência no sentido tradicional do termo. Trata-se, pois, de uma «nova teologia mística», na qual Deus não tem lugar, nem a moral, nem a redenção, nem a autoridade, exceto aquela que ela própria funda e expia, contestando o conhecido e acolhendo o não-saber. Não é uma teologia da salvação, mas da perdição, que não exclui a angústia, mas que lhe faz frente, procurando metamorfoseá-la em deleite. Fragmentário, caleidoscópico, ingovernável, este é um texto de uma profundidade aterradora, pois trata-se de considerar a vida a partir de dentro, com a sua inextricável mistura de riso e tragédia. -
O ErotismoTabu e sacrifício, transgressão e linguagem, morte e sensualidade, economia e excesso, eis os temas deste estudo incontornável de Georges Bataille, filósofo, romancista, poeta, pornógrafo e fervoroso católico, que tinha nos bordéis de Paris a sua verdadeira Igreja. Para Bataille, o erotismo está intimamente ligado à morte e à religião, à nostalgia da continuidade que os seres sexuados, distintos uns dos outros, separados por um abismo, sentem como uma perda irreparável. O erotismo, como os ritos sacrificiais, busca redimir esta descontinuidade. Mas este excesso vital desafia a organização das sociedades, baseada no trabalho, na razão e na cooperação. Daí o nascimento das proibições e a institucionalização da transgressão, através da instituição do tempo da festa e da orgia sagrada. De Emily Brontë a Sade, de Santa Teresa a Claude Levi-Strauss e ao Dr. Kinsey, Bataille não deixa por estudar nenhuma manifestação do erótico, abrangendo temas como a prostituição, o êxtase místico, a crueldade e a guerra organizada. Para o autor, o erotismo é uma busca psicológica em nada estranha à morte. «[...] um dos mais originais e inquietantes pensadores, que, na esteira de Sade e Nietzsche, se confrontou com a possibilidade do pensamento num mundo que perdeu o seu mito de transcendência.» Peter Brooks, New York Times Book Review «Bataille é um dos mais importantes escritores do século.» Michel Foucault «[Um] livro urgente e empolgante sobre amor, sexo, morte e espiritualidade.» Mark Price, Philosophy Now -
O ImpossívelTRADUÇÃO: TERESA PROJECTOIMAGENS: ANAMARY BILBAO
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.

