Alguns Livros da Minha Bliblioteca e Outras Histórias V
«Os livros falam sempre de outros livros. E, contrariando certas lógicas, quanto mais antigos, mais preciosos. O volume que temos em mãos é disso prova eloquente. Deve entrar-se nele com demora e solenidade para se ouvir a voz desse espírito que não envelhece, trazido até nós por um bibliófilo singular: Francisco Marques.
Diante de Alguns livros da minha biblioteca e outras histórias sinto-me comovido e mudo, como apenas diante de coisas belas e preciosas. Forma sensível do que é supra-sensível, o livro é criatura frágil, vulnerável. É, pois, de extraordinários sobreviventes que cuidam estes volumes.
Não se trata de livros antigos - impressos até 1900, segundo catalogação de Francisco Marques - mas de livros muito antigos, antiquíssimos, impressos até 1500, nascidos in cuna, no remoto berço da imprensa, daí o chamar-se-lhes incunábulos.
Não é exibicionismo de colecionador erudito, mas generosa partilha de uma viagem pela substância do tempo.
Colecionar é do âmbito da arte, carece de conhecimento e critério, de tenacidade e paciência.
Não se pense em paixão, paixão é fogo de fósforo; é de amor que se trata porque o amor é tenaz, é fogo de estrafogueiro capaz de aquecer o lento correr das longas noites de inverno.
Francisco Marques fala a língua dos livros, conhece a direção dos ventos, os caminhos e os atalhos, os tempos de espera e o decisivo instante da decisão; sabe cavar o silêncio e ler sinais para explicar a luz. Conhece os segredos das escolhas e o dinamismo dos equívocos. Também por isso a sua linguagem é precisa e rigorosa, sem sombra de ambiguidades. Também por tudo isso, sem exageros de retórica ou palavra de circunstância, estamos diante de uma obra magnífica.»
Prof. Doutor Henrique Manuel Pereira
[Escola das Artes, UCP]
Excerto da apresentação de Alguns Livros da Minha Biblioteca e Outras Histórias - IV
| Editora | Modo de Ler |
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| Categorias | |
| Editora | Modo de Ler |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Francisco Marques |
O Dr. Francisco Marques é um bibliófilo muito distinto e escrupuloso. Interessa-se, especialmente, por livros sobre a história e a cultura portuguesas. Mas vai longe no tempo! Na sua coleção, estão numerosos incunábulos e muitas edições raras dos séculos XVI e XVII, sempre escolhidas com o maior critério e erudição. Sabe bem o que compra e persegue com pertinácia o que entende faltar-lhe para conferir maior representatividade ou coerência à coleção. Vai desencantar os livros onde o azar das circunstâncias os levaram, mas depois estuda-os, fazendo verbetes competentes para os caracterizar.
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Alguns Livros da Minha Biblioteca e Outras Histórias IIIA propósito dos volumes 1 e 2 desta obra singular na bibliografa portuguesa contemporânea escreveu o Prof. Engenheiro Luís Valente de Oliveira: O Dr. Francisco Marques é um biblióflo muito distinto e escrupuloso. Interessa-se, especialmente, por livros sobre a história e a cultura portuguesas. Mas vai longe no tempo! Na sua colecção, estão numerosos incunábulos e muitas edições raras dos séculos XVI e XVII, sempre escolhidas com o maior critério e erudição. Sabe bem o que compra e persegue com pertinácia o que entende faltar-lhe para conferir maior representatividade ou coerência à colecção. Vai desencantar os livros onde o azar das circunstâncias os levaram, mas depois estuda-os, fazendo verbetes competentes para os caracterizar. Já reuniu em dois volumes muitas dessas notas cuja leitura nos deixa pairar num misto de admiração e de reconhecimento. “Os Livros da Minha Biblioteca” representam um instrumento de cultura inestimável. Para nos animar, está prometido que eles terão sequência!... Nós fcamos à espera... ÍNDICE:PROÉMIOANTÓNIO DA GAMAÁLVARO VAZ ou VELASCOPEDRO BARBOSA (Aranha)FRANCISCO DE CALDAS PEREYRA & CASTROTOMÁS RODRIGUES DA VEIGABARTOLOMEU FILIPEMARTÍN DE AZPILCUETA NAVARROPEDRO NUNESNICOLAU COELHO AMARALORÔNCIO FINÉEGNATIO DANTIS. THOMAS MOREESTRABÃOCLÁUDIO P TOLEMEUSÃO PASCÁSIOLEÃO HEBREULOURENÇO VALLAÂNGELO POLICIANOGIOVANNI PICO DELLA MIRANDOLAJOHANN REUCHLINGIROLAMO SAVONAROLA DA FERRARAFREI HEITOR PINTO -
Quatro Cardeais Portugueses em Roma & Outras Histórias da minha BibliotecaCom prefácio do Dr. Luís Neiva Santos. ÍNDICE DA OBRA:A MÃE DE EÇA DE QUEIRÓSO NOSSO AVÔ VIRIATOANTÓNIO RODRIGUES SAMPAIOQUATRO CARDEAIS PORTUGUESES EM ROMAESPOSENDE E A SEGUNDA INVASÃO FRANCESAFREY SERAFIM DE FREITAS VERSUS HUGO GRÓCIOOFIRRIO CÁVADONO II CENTENÁRIO DA MORTE DE OS CUSTÓDIO GOMES DE VILLAS BOASSANTO IVO — PATRONO DOS ADVOGADOSJORGE ÁLVARES — A CHINA E S. FRANCISCO XAVIER1421 — O ANO EM QUE A CHINA DESCOBRIU O MUNDOFOI NA CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES -
Alguns Livros da Minha Biblioteca e Outras Histórias Vol. VIOlhando para o fundo da história, percebemos que Steiner tinha razão: "A escrita constitui um arquipélago na imensidade oceânica da oralidade humana." Sabemos pouco da génese e infância da escrita. São muitas as opacidades.Seja como seja, constatámos que a palavra oral se volatiza. Por meio de símbolos grácos, descobrimos a possibilidade de escrever palavras e dessa forma ampliámos até ao innito a nossa capacidade de comunicação. Ditas ou colocadas na ordem certa as palavras criam e mudam a realidade, que ferem, mas também curam, e assim experimentámos a força operativa das palavras, o seu singular poder de sedução e encantamento. Depois ou em simultâneo, percebemos que os textos dos livros rompem as fronteiras do tempo e do espaço, puxam o passado para o presente, dão vida ao que partiu, transcendem e sobrevivem aos seus autores, que também imortalizam personagens e as tornam contemporâneas dos vindouros. Os livros não apenas nos multiplicam a vida, fazem com que vivamos muitas vidas. De certo modo, todo o universo é um livro imenso. Não será casual o facto de o Livro da Vida se encontrar, segundo o Apocalipse, no centro do Paraíso identificado com a Árvore da Vida. Objeto singular, motivo de afeição e veneração, capaz de despertar laboriosas procuras, furiosas paixões e mesmo crimes, o livro é uma aventura coletiva: autores, paginadores, revisores, designers, ilustradores, impressores, encadernadores, editores, livreiros, químicos, arquivistas, alfarrabistas, etc. Em torno dele se convoca, portanto, um Universo imenso. Há quem os escreva, quem os produza, quem os traque, quem os leia e quem fale deles sem nunca os ter lido…Os livros falam sempre de outros livros. E, contrariando certas lógicas, quanto mais antigos, mais preciosos. O volume que temos em mãos é disso prova eloquente. Deve entrar-se nele com demora e solenidade para se ouvir a voz desse espírito que não envelhece, trazido até nós por um bibliófilo singular: Francisco Marques.Diante de Alguns livros da minha biblioteca e outras histórias sinto-me comovido e mudo, como apenas diante de coisas belas e preciosas. Forma sensível do que é supra-sensível, o livro é criatura frágil, vulnerável. É, pois, de extraordinários sobreviventes que cuidam estes volumes. Não se trata de livros antigos - impressos até 1900, segundo catalogação de Francisco Marques - mas de livros muito antigos, antiquíssimos, impressos até 1500, nascidos in cuna, no remoto berço da imprensa, daí o chamar-se-lhes incunábulos. Este 4.º volume gira em torno de vinte e dois mais um desses extraordinários sobreviventes - sendo os primeiros, "sem excepção, impressos no estrangeiro" e aquele outro "impresso em Lisboa, no ano 1500 do parto da Virgem, no mês de fevereiro, no dia 21". Também aqui, num vórtice de signos intertextuais, ecos, ressonâncias e vozes que se complementam, o autor continua a fazer-nos partícipes dum diálogo vivo. Aqui e ali, em relances fugidios, vislumbram-se ações e engenhos de detetive ou caçador. Não é exibicionismo de colecionador erudito, mas generosa partilha de uma viagem pela substância do tempo. Colecionar é do âmbito da arte, carece de conhecimento e critério, de tenacidade e paciência. Não se pense em paixão, paixão é fogo de fósforo; é de amor que se trata porque o amor é tenaz, é fogo de estrafogueiro capaz de aquecer o lento correr das longas noites de inverno. Francisco Marques fala a língua dos livros, conhece a direção dos ventos, os caminhos e os atalhos, os tempos de espera e o decisivo instante da decisão; sabe cavar o silêncio e ler sinais para explicar a luz. Conhece os segredos das escolhas e o dinamismo dos equívocos. Também por isso a sua linguagem é precisa e rigorosa, sem sombra de ambiguidades. Também por tudo isso, sem exageros de retórica ou palavra de circunstância, estamos diante de uma obra magnifica. Prof. Doutor Henrique Manuel Pereira [Escola das Artes, UCP] na apresentação de Alguns Livros da Minha Biblioteca e Outras Histórias - IV -
Fernão Magalhães - Cidadão do PortoSe puder, não deixe passar os olhos por esta obra. Talvez nunca tenha ouvido falar do mundo fascinante e insuspeitado que vai encontrar. E também de alguns dos maiores portugueses de sempre. Nestas páginas andarão, pode crer, a lição e o exemplo de Camilo e de Vasco Graça Moura no culto pela "velhice dadivosa e agradecida" dos livros antigos. Será uma das poucas, raríssimas vezes em que terá um motivo para dizer bem dum editor. -
Alguns Livros da minha Biblioteca - Vol. VIIIOlhando para o fundo da história, percebemos que Steiner tinha razão: "A escrita constitui um arquipélago na imensidade oceânica da oralidade humana." Sabemos pouco da génese e infância da escrita. São muitas as opacidades.Seja como seja, constatámos que a palavra oral se volatiza. Por meio de símbolos grácos, descobrimos a possibilidade de escrever palavras e dessa forma ampliámos até ao innito a nossa capacidade de comunicação. Ditas ou colocadas na ordem certa as palavras criam e mudam a realidade, que ferem, mas também curam, e assim experimentámos a força operativa das palavras, o seu singular poder de sedução e encantamento. Depois ou em simultâneo, percebemos que os textos dos livros rompem as fronteiras do tempo e do espaço, puxam o passado para o presente, dão vida ao que partiu, transcendem e sobrevivem aos seus autores, que também imortalizam personagens e as tornam contemporâneas dos vindouros. Os livros não apenas nos multiplicam a vida, fazem com que vivamos muitas vidas. De certo modo, todo o universo é um livro imenso. Não será casual o facto de o Livro da Vida se encontrar, segundo o Apocalipse, no centro do Paraíso identificado com a Árvore da Vida. Objeto singular, motivo de afeição e veneração, capaz de despertar laboriosas procuras, furiosas paixões e mesmo crimes, o livro é uma aventura coletiva: autores, paginadores, revisores, designers, ilustradores, impressores, encadernadores, editores, livreiros, químicos, arquivistas, alfarrabistas, etc. Em torno dele se convoca, portanto, um Universo imenso. Há quem os escreva, quem os produza, quem os traque, quem os leia e quem fale deles sem nunca os ter lido…Os livros falam sempre de outros livros. E, contrariando certas lógicas, quanto mais antigos, mais preciosos. O volume que temos em mãos é disso prova eloquente. Deve entrar-se nele com demora e solenidade para se ouvir a voz desse espírito que não envelhece, trazido até nós por um bibliófilo singular: Francisco Marques.Diante de Alguns livros da minha biblioteca e outras histórias sinto-me comovido e mudo, como apenas diante de coisas belas e preciosas. Forma sensível do que é supra-sensível, o livro é criatura frágil, vulnerável. É, pois, de extraordinários sobreviventes que cuidam estes volumes. Não se trata de livros antigos - impressos até 1900, segundo catalogação de Francisco Marques - mas de livros muito antigos, antiquíssimos, impressos até 1500, nascidos in cuna, no remoto berço da imprensa, daí o chamar-se-lhes incunábulos. Este 4.º volume gira em torno de vinte e dois mais um desses extraordinários sobreviventes - sendo os primeiros, "sem excepção, impressos no estrangeiro" e aquele outro "impresso em Lisboa, no ano 1500 do parto da Virgem, no mês de fevereiro, no dia 21". Também aqui, num vórtice de signos intertextuais, ecos, ressonâncias e vozes que se complementam, o autor continua a fazer-nos partícipes dum diálogo vivo. Aqui e ali, em relances fugidios, vislumbram-se ações e engenhos de detetive ou caçador. Não é exibicionismo de colecionador erudito, mas generosa partilha de uma viagem pela substância do tempo. Colecionar é do âmbito da arte, carece de conhecimento e critério, de tenacidade e paciência. Não se pense em paixão, paixão é fogo de fósforo; é de amor que se trata porque o amor é tenaz, é fogo de estrafogueiro capaz de aquecer o lento correr das longas noites de inverno. Francisco Marques fala a língua dos livros, conhece a direção dos ventos, os caminhos e os atalhos, os tempos de espera e o decisivo instante da decisão; sabe cavar o silêncio e ler sinais para explicar a luz. Conhece os segredos das escolhas e o dinamismo dos equívocos. Também por isso a sua linguagem é precisa e rigorosa, sem sombra de ambiguidades. Também por tudo isso, sem exageros de retórica ou palavra de circunstância, estamos diante de uma obra magfiníca. Prof. Doutor Henrique Manuel Pereira [Escola das Artes, UCP] na apresentação de Alguns Livros da Minha Biblioteca e Outras Histórias - IV
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O Essencial Sobre José Saramago«Aquilo que neste livro se entende como essencial em José Saramago corresponde à sua específica identidade como escritor, com a singularidade e com as propriedades que o diferenciam, nos seus fundamentos e manifestações. Mas isso não é tudo. No autor de Memorial do Convento afirma-se também uma condição de cidadão e de homem político, pensando o seu tempo e os fenómenos sociais e culturais que o conformam. Para o que aqui importa, isso é igualmente essencial em Saramago, até porque aquela condição de cidadão não é estranha às obras literárias com as quais ela interage, em termos muito expressivos.» in Contracapa -
Confissões de um Jovem EscritorUmberto Eco publicou seu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, quando tinha quase 50 anos. Nestas suas Confissões, escritas cerca de trinta anos depois da sua estreia na ficção, o brilhante intelectual italiano percorre a sua longa carreira como ensaísta dedicando especial atenção ao labor criativo que consagrou aos romances que o aclamaram. De forma simultaneamente divertida e séria, com o brilhantismo de sempre, Umberto Eco explora temas como a fronteira entre a ficção e a não-ficção, a ambiguidade que o escritor mantém para que seus leitores se sintam livres para seguir o seu próprio caminho interpre tativo, bem como a capacidade de gerar neles emoções. Composto por quatro conferências integradas no âmbito das palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna que Eco proferiu na Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, Confissões de um jovem escritor é uma viagem irresistível aos mundos imaginários do autor e ao modo como os transformou em histórias inesquecíveis para todos os leitores. O “jovem escritor” revela-se, afinal, um grande mestre e aqui partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. -
Sobre as MulheresSobre as Mulheres é uma amostra substancial da escrita de Susan Sontag em torno da questão da mulher. Ao longo dos sete ensaios e entrevistas (e de uma troca pública de argumentos), são abordados relevantes temas, como os desafios e a humilhação que as mulheres enfrentam à medida que envelhecem, a relação entre a luta pela libertação das mulheres e a luta de classes, a beleza, o feminismo, o fascismo, o cinema. Ao fim de cinquenta anos – datam dos primeiros anos da década de 1970 –, estes textos não envelheceram nem perderam pertinência. E, no seu conjunto, revelam a curiosidade incansável, a precisão histórica, a solidez política e o repúdio por categorizações fáceis – em suma, a inimitável inteligência de Sontag em pleno exercício.«É um deleite observar a agilidade da mente seccionando através da flacidez do pensamento preguiçoso.» The Washington Post«Uma nova compilação de primeiros textos de Sontag sobre género, sexualidade e feminismo.» Kirkus Reviews -
Para Tão Curtos Amores, Tão Longa VidaNuma época e num país como o nosso, em que se regista um número muito elevado de divórcios, e em que muitos casais preferem «viver juntos» a casar-se, dando origem nas estatísticas a muitas crianças nascidas «fora do casamento», nesta época e neste país a pergunta mais próxima da realidade não é por que duram tão pouco tantos casamentos, mas antes: Por que é que há casamentos que duram até à morte dos cônjuges? Qual é o segredo? Há um segredo nisso? Este novo livro de Daniel Sampaio, que traz o título tão evocativo: Para Tão Curtos Amores, Tão Longa Vida, discute as relações afetivas breves e as prolongadas, a monogamia e a infidelidade, a importância da relação precoce com os pais e as vicissitudes do amor. Combinando dois estilos, o ficcional e o ensaístico, que domina na perfeição, o autor traz perante os nossos olhos, de modo muito transparente e sem preconceitos, tão abundantes nestas matérias, os problemas e dificuldades dos casais no mundo de hoje, as suas vitórias e derrotas na luta permanente para manterem viva a sua união.Um livro para todos nós porque (quase) todos nós, mais tarde ou mais cedo, passamos por isso. -
A Vida na SelvaHá quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura – e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance. -
Almoço de DomingoUm romance, uma biografia, uma leitura de Portugal e das várias gerações portuguesas entre 1931 e 2021. Tudo olhado a partir de uma geografia e de uma família.Com este novo romance de José Luís Peixoto acompanhamos, entre 1931 e 2021, a biografia de um homem famoso que o leitor há de identificar — em paralelo com história do país durante esses anos. No Alentejo da raia, o contrabando é a resistência perante a pobreza, tal como é a metáfora das múltiplas e imprecisas fronteiras que rodeiam a existência e a literatura. Através dessa entrada, chega-se muito longe, sem nunca esquecer as origens. Num percurso de várias gerações, tocado pela Guerra Civil de Espanha, pelo 25 de abril, por figuras como Marcelo Caetano ou Mário Soares e Felipe González, este é também um romance sobre a idade, sobre a vida contra a morte, sobre o amor profundo e ancestral de uma família reunida, em torno do patriarca, no seu almoço de domingo.«O passado tem de provar constantemente que existiu. Aquilo que foi esquecido e o que não existiu ocupam o mesmo lugar. Há muita realidade a passear-se por aí, frágil, transportada apenas por uma única pessoa. Se esse indivíduo desaparecer, toda essa realidade desaparece sem apelo, não existe meio de recuperá-la, é como se não tivesse existido.» «Os motoristas estão à espera, o brado da multidão mistura-se com o rugido dos motores. Antes de entrarmos, o Mário Soares aproxima-se de mim, correu tudo tão bem, e abraça-me com um par estrondosas palmadas no centro das costas. A coluna de carros avança devagar pelas ruas da vila. Tenho a garganta apertada, não consigo falar. Como me orgulha que Campo Maior seja a capital da península durante este momento.»«Autobiografia é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é o melhor romance de José Luís Peixoto.»José Riço Direitinho, Público «O principal risco de Autobiografia era esgotar-se no plano da mera homenagem engenhosa, mas Peixoto evitou essa armadilha, ao construir uma narrativa que se expande em várias direções, acumulando camadas de complexidade.»José Mário Silva, Expresso -
Electra Nº 23A Atenção, tema de que se ocupa o dossier central do número 23 da revista Electra, é um recurso escasso e precioso e por isso objecto de uma guerra de concorrência sem tréguas para conseguir a sua captura. Nunca houve uma tão grande proliferação de informação, de produtos de consumo, de bens culturais, de acontecimentos que reclamam a atenção. Ela é a mercadoria da qual depende o valor de todas as mercadorias, sejam materiais ou imateriais, reais ou simbólicas. A Atenção é, pois, uma questão fundamental do nosso tempo e é um tópico crucial para o compreendermos. Sobre ela destacam-se neste dossier artigos e entrevistas de Yves Citton, Enrico Campo, Mark Wigley, Georg Franck e Claire Bishop. Nesta edição, na secção “Primeira Pessoa”, são publicadas entrevistas à escritora, professora e crítica norte-americana Svetlana Alpers (por Afonso Dias Ramos), cujo trabalho pioneiro redefiniu o campo da história da arte nas últimas décadas, e a Philippe Descola (por António Guerreiro), figura central da Antropologia, que nos fala de temas que vão desde a produção de imagens e das tradições e dos estilos iconográficos à questão da oposição entre natureza e cultura. A secção “Furo” apresenta um conjunto de desenhos e cartas inéditos da pintora Maria Helena Vieira da Silva. Em 1928, tinha vinte anos. Havia saído de Portugal para estudar arte em Paris e, de França, foi a Itália numa viagem de estudo. Durante esse percurso desenhou num caderno esboços rápidos do que via, e ao mesmo tempo, escrevia cartas à mãe para lhe contar as suas impressões e descobertas. Uma selecção destes desenhos e destas cartas, que estabelecem entre si um diálogo íntimo e consonante, é agora revelada. Na Electra 23, é publicada, na secção “Figura”, um retrato do grande poeta grego Konstandinos Kavafis, feito pelo professor e tradutor Nikos Pratsinis, a partir de oito perguntas capitais; é comentada, pelo escritor Christian Salmon, na secção “Passagens”, uma reflexão sobre a história trágica da Europa Central do consagrado romancista e ensaísta checo, Milan Kundera. Ainda neste número, o ensaísta e jornalista Sergio Molino dá-nos um mapa pessoal da cidade de Saragoça, em que a história e a geografia, a literatura e a arte se encontram; o jornalista e colunista brasileiro Marcelo Leite trata das investigações em curso desde os anos 90, com vista ao uso farmacológico e terapêutico dos psicadélicos; a escritora e veterinária María Sanchez constrói um diário que é atravessado por procuras e encontros, casas e viagens, livros e animais, terras e mulheres, amor e amizade; o arquitecto, investigador e curador chileno Francisco Díaz aborda a relação entre solo e terreno, a partir do projecto da Cidade da Cultura de Santiago de Compostela, da autoria de Peter Eisenman; o artista e ensaísta João Sousa Cardoso escreve sobre a obra do escultor Rui Chafes, revisitando três exposições e um livro apresentados durante o ano de 2023; e o dramaturgo Miguel Castro Caldas comenta a palavra “Confortável”.Vários -
Diário SelvagemEste «Diário Selvagem», «até aqui quase integralmente inédito, é um livro mítico, listado e discutido em inúmeras cartas e cronologias do autor, a que só alguns biógrafos e estudiosos foram tendo acesso».