Fernão Magalhães - Cidadão do Porto
Se puder, não deixe passar os olhos por esta obra.
Talvez nunca tenha ouvido falar do mundo fascinante e insuspeitado que vai encontrar. E também de alguns dos maiores portugueses de sempre. Nestas páginas andarão, pode crer, a lição e o exemplo de Camilo e de Vasco Graça Moura no culto pela "velhice dadivosa e agradecida" dos livros antigos. Será uma das poucas, raríssimas vezes em que terá um motivo para dizer bem dum editor.
| Editora | Modo de Ler |
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| Autores | Francisco Marques |
O Dr. Francisco Marques é um bibliófilo muito distinto e escrupuloso. Interessa-se, especialmente, por livros sobre a história e a cultura portuguesas. Mas vai longe no tempo! Na sua coleção, estão numerosos incunábulos e muitas edições raras dos séculos XVI e XVII, sempre escolhidas com o maior critério e erudição. Sabe bem o que compra e persegue com pertinácia o que entende faltar-lhe para conferir maior representatividade ou coerência à coleção. Vai desencantar os livros onde o azar das circunstâncias os levaram, mas depois estuda-os, fazendo verbetes competentes para os caracterizar.
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Alguns Livros da Minha Biblioteca e Outras Histórias IIIA propósito dos volumes 1 e 2 desta obra singular na bibliografa portuguesa contemporânea escreveu o Prof. Engenheiro Luís Valente de Oliveira: O Dr. Francisco Marques é um biblióflo muito distinto e escrupuloso. Interessa-se, especialmente, por livros sobre a história e a cultura portuguesas. Mas vai longe no tempo! Na sua colecção, estão numerosos incunábulos e muitas edições raras dos séculos XVI e XVII, sempre escolhidas com o maior critério e erudição. Sabe bem o que compra e persegue com pertinácia o que entende faltar-lhe para conferir maior representatividade ou coerência à colecção. Vai desencantar os livros onde o azar das circunstâncias os levaram, mas depois estuda-os, fazendo verbetes competentes para os caracterizar. Já reuniu em dois volumes muitas dessas notas cuja leitura nos deixa pairar num misto de admiração e de reconhecimento. “Os Livros da Minha Biblioteca” representam um instrumento de cultura inestimável. Para nos animar, está prometido que eles terão sequência!... Nós fcamos à espera... ÍNDICE:PROÉMIOANTÓNIO DA GAMAÁLVARO VAZ ou VELASCOPEDRO BARBOSA (Aranha)FRANCISCO DE CALDAS PEREYRA & CASTROTOMÁS RODRIGUES DA VEIGABARTOLOMEU FILIPEMARTÍN DE AZPILCUETA NAVARROPEDRO NUNESNICOLAU COELHO AMARALORÔNCIO FINÉEGNATIO DANTIS. THOMAS MOREESTRABÃOCLÁUDIO P TOLEMEUSÃO PASCÁSIOLEÃO HEBREULOURENÇO VALLAÂNGELO POLICIANOGIOVANNI PICO DELLA MIRANDOLAJOHANN REUCHLINGIROLAMO SAVONAROLA DA FERRARAFREI HEITOR PINTO -
Quatro Cardeais Portugueses em Roma & Outras Histórias da minha BibliotecaCom prefácio do Dr. Luís Neiva Santos. ÍNDICE DA OBRA:A MÃE DE EÇA DE QUEIRÓSO NOSSO AVÔ VIRIATOANTÓNIO RODRIGUES SAMPAIOQUATRO CARDEAIS PORTUGUESES EM ROMAESPOSENDE E A SEGUNDA INVASÃO FRANCESAFREY SERAFIM DE FREITAS VERSUS HUGO GRÓCIOOFIRRIO CÁVADONO II CENTENÁRIO DA MORTE DE OS CUSTÓDIO GOMES DE VILLAS BOASSANTO IVO — PATRONO DOS ADVOGADOSJORGE ÁLVARES — A CHINA E S. FRANCISCO XAVIER1421 — O ANO EM QUE A CHINA DESCOBRIU O MUNDOFOI NA CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES -
Alguns Livros da Minha Bliblioteca e Outras Histórias V«Os livros falam sempre de outros livros. E, contrariando certas lógicas, quanto mais antigos, mais preciosos. O volume que temos em mãos é disso prova eloquente. Deve entrar-se nele com demora e solenidade para se ouvir a voz desse espírito que não envelhece, trazido até nós por um bibliófilo singular: Francisco Marques. Diante de Alguns livros da minha biblioteca e outras histórias sinto-me comovido e mudo, como apenas diante de coisas belas e preciosas. Forma sensível do que é supra-sensível, o livro é criatura frágil, vulnerável. É, pois, de extraordinários sobreviventes que cuidam estes volumes. Não se trata de livros antigos - impressos até 1900, segundo catalogação de Francisco Marques - mas de livros muito antigos, antiquíssimos, impressos até 1500, nascidos in cuna, no remoto berço da imprensa, daí o chamar-se-lhes incunábulos. Não é exibicionismo de colecionador erudito, mas generosa partilha de uma viagem pela substância do tempo. Colecionar é do âmbito da arte, carece de conhecimento e critério, de tenacidade e paciência. Não se pense em paixão, paixão é fogo de fósforo; é de amor que se trata porque o amor é tenaz, é fogo de estrafogueiro capaz de aquecer o lento correr das longas noites de inverno. Francisco Marques fala a língua dos livros, conhece a direção dos ventos, os caminhos e os atalhos, os tempos de espera e o decisivo instante da decisão; sabe cavar o silêncio e ler sinais para explicar a luz. Conhece os segredos das escolhas e o dinamismo dos equívocos. Também por isso a sua linguagem é precisa e rigorosa, sem sombra de ambiguidades. Também por tudo isso, sem exageros de retórica ou palavra de circunstância, estamos diante de uma obra magnífica.» Prof. Doutor Henrique Manuel Pereira [Escola das Artes, UCP] Excerto da apresentação de Alguns Livros da Minha Biblioteca e Outras Histórias - IV -
Alguns Livros da Minha Biblioteca e Outras Histórias Vol. VIOlhando para o fundo da história, percebemos que Steiner tinha razão: "A escrita constitui um arquipélago na imensidade oceânica da oralidade humana." Sabemos pouco da génese e infância da escrita. São muitas as opacidades.Seja como seja, constatámos que a palavra oral se volatiza. Por meio de símbolos grácos, descobrimos a possibilidade de escrever palavras e dessa forma ampliámos até ao innito a nossa capacidade de comunicação. Ditas ou colocadas na ordem certa as palavras criam e mudam a realidade, que ferem, mas também curam, e assim experimentámos a força operativa das palavras, o seu singular poder de sedução e encantamento. Depois ou em simultâneo, percebemos que os textos dos livros rompem as fronteiras do tempo e do espaço, puxam o passado para o presente, dão vida ao que partiu, transcendem e sobrevivem aos seus autores, que também imortalizam personagens e as tornam contemporâneas dos vindouros. Os livros não apenas nos multiplicam a vida, fazem com que vivamos muitas vidas. De certo modo, todo o universo é um livro imenso. Não será casual o facto de o Livro da Vida se encontrar, segundo o Apocalipse, no centro do Paraíso identificado com a Árvore da Vida. Objeto singular, motivo de afeição e veneração, capaz de despertar laboriosas procuras, furiosas paixões e mesmo crimes, o livro é uma aventura coletiva: autores, paginadores, revisores, designers, ilustradores, impressores, encadernadores, editores, livreiros, químicos, arquivistas, alfarrabistas, etc. Em torno dele se convoca, portanto, um Universo imenso. Há quem os escreva, quem os produza, quem os traque, quem os leia e quem fale deles sem nunca os ter lido…Os livros falam sempre de outros livros. E, contrariando certas lógicas, quanto mais antigos, mais preciosos. O volume que temos em mãos é disso prova eloquente. Deve entrar-se nele com demora e solenidade para se ouvir a voz desse espírito que não envelhece, trazido até nós por um bibliófilo singular: Francisco Marques.Diante de Alguns livros da minha biblioteca e outras histórias sinto-me comovido e mudo, como apenas diante de coisas belas e preciosas. Forma sensível do que é supra-sensível, o livro é criatura frágil, vulnerável. É, pois, de extraordinários sobreviventes que cuidam estes volumes. Não se trata de livros antigos - impressos até 1900, segundo catalogação de Francisco Marques - mas de livros muito antigos, antiquíssimos, impressos até 1500, nascidos in cuna, no remoto berço da imprensa, daí o chamar-se-lhes incunábulos. Este 4.º volume gira em torno de vinte e dois mais um desses extraordinários sobreviventes - sendo os primeiros, "sem excepção, impressos no estrangeiro" e aquele outro "impresso em Lisboa, no ano 1500 do parto da Virgem, no mês de fevereiro, no dia 21". Também aqui, num vórtice de signos intertextuais, ecos, ressonâncias e vozes que se complementam, o autor continua a fazer-nos partícipes dum diálogo vivo. Aqui e ali, em relances fugidios, vislumbram-se ações e engenhos de detetive ou caçador. Não é exibicionismo de colecionador erudito, mas generosa partilha de uma viagem pela substância do tempo. Colecionar é do âmbito da arte, carece de conhecimento e critério, de tenacidade e paciência. Não se pense em paixão, paixão é fogo de fósforo; é de amor que se trata porque o amor é tenaz, é fogo de estrafogueiro capaz de aquecer o lento correr das longas noites de inverno. Francisco Marques fala a língua dos livros, conhece a direção dos ventos, os caminhos e os atalhos, os tempos de espera e o decisivo instante da decisão; sabe cavar o silêncio e ler sinais para explicar a luz. Conhece os segredos das escolhas e o dinamismo dos equívocos. Também por isso a sua linguagem é precisa e rigorosa, sem sombra de ambiguidades. Também por tudo isso, sem exageros de retórica ou palavra de circunstância, estamos diante de uma obra magnifica. Prof. Doutor Henrique Manuel Pereira [Escola das Artes, UCP] na apresentação de Alguns Livros da Minha Biblioteca e Outras Histórias - IV -
Alguns Livros da minha Biblioteca - Vol. VIIIOlhando para o fundo da história, percebemos que Steiner tinha razão: "A escrita constitui um arquipélago na imensidade oceânica da oralidade humana." Sabemos pouco da génese e infância da escrita. São muitas as opacidades.Seja como seja, constatámos que a palavra oral se volatiza. Por meio de símbolos grácos, descobrimos a possibilidade de escrever palavras e dessa forma ampliámos até ao innito a nossa capacidade de comunicação. Ditas ou colocadas na ordem certa as palavras criam e mudam a realidade, que ferem, mas também curam, e assim experimentámos a força operativa das palavras, o seu singular poder de sedução e encantamento. Depois ou em simultâneo, percebemos que os textos dos livros rompem as fronteiras do tempo e do espaço, puxam o passado para o presente, dão vida ao que partiu, transcendem e sobrevivem aos seus autores, que também imortalizam personagens e as tornam contemporâneas dos vindouros. Os livros não apenas nos multiplicam a vida, fazem com que vivamos muitas vidas. De certo modo, todo o universo é um livro imenso. Não será casual o facto de o Livro da Vida se encontrar, segundo o Apocalipse, no centro do Paraíso identificado com a Árvore da Vida. Objeto singular, motivo de afeição e veneração, capaz de despertar laboriosas procuras, furiosas paixões e mesmo crimes, o livro é uma aventura coletiva: autores, paginadores, revisores, designers, ilustradores, impressores, encadernadores, editores, livreiros, químicos, arquivistas, alfarrabistas, etc. Em torno dele se convoca, portanto, um Universo imenso. Há quem os escreva, quem os produza, quem os traque, quem os leia e quem fale deles sem nunca os ter lido…Os livros falam sempre de outros livros. E, contrariando certas lógicas, quanto mais antigos, mais preciosos. O volume que temos em mãos é disso prova eloquente. Deve entrar-se nele com demora e solenidade para se ouvir a voz desse espírito que não envelhece, trazido até nós por um bibliófilo singular: Francisco Marques.Diante de Alguns livros da minha biblioteca e outras histórias sinto-me comovido e mudo, como apenas diante de coisas belas e preciosas. Forma sensível do que é supra-sensível, o livro é criatura frágil, vulnerável. É, pois, de extraordinários sobreviventes que cuidam estes volumes. Não se trata de livros antigos - impressos até 1900, segundo catalogação de Francisco Marques - mas de livros muito antigos, antiquíssimos, impressos até 1500, nascidos in cuna, no remoto berço da imprensa, daí o chamar-se-lhes incunábulos. Este 4.º volume gira em torno de vinte e dois mais um desses extraordinários sobreviventes - sendo os primeiros, "sem excepção, impressos no estrangeiro" e aquele outro "impresso em Lisboa, no ano 1500 do parto da Virgem, no mês de fevereiro, no dia 21". Também aqui, num vórtice de signos intertextuais, ecos, ressonâncias e vozes que se complementam, o autor continua a fazer-nos partícipes dum diálogo vivo. Aqui e ali, em relances fugidios, vislumbram-se ações e engenhos de detetive ou caçador. Não é exibicionismo de colecionador erudito, mas generosa partilha de uma viagem pela substância do tempo. Colecionar é do âmbito da arte, carece de conhecimento e critério, de tenacidade e paciência. Não se pense em paixão, paixão é fogo de fósforo; é de amor que se trata porque o amor é tenaz, é fogo de estrafogueiro capaz de aquecer o lento correr das longas noites de inverno. Francisco Marques fala a língua dos livros, conhece a direção dos ventos, os caminhos e os atalhos, os tempos de espera e o decisivo instante da decisão; sabe cavar o silêncio e ler sinais para explicar a luz. Conhece os segredos das escolhas e o dinamismo dos equívocos. Também por isso a sua linguagem é precisa e rigorosa, sem sombra de ambiguidades. Também por tudo isso, sem exageros de retórica ou palavra de circunstância, estamos diante de uma obra magfiníca. Prof. Doutor Henrique Manuel Pereira [Escola das Artes, UCP] na apresentação de Alguns Livros da Minha Biblioteca e Outras Histórias - IV
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O Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
A DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
Emílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
Oriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
Savimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
Na Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
Na Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.