António Barroso e o Vaticano - Correspondência
Publica-se o resultado de três anos de busca intensiva no Arquivo Secreto Vaticano. Nesta obra recolhem-se mais de 400 documentos, em grande parte inéditos, essenciais para entrar no ânimo de uma personalidade, de modo a ir além do já conhecido e sempre repetido. Raras figuras da nossa história religiosa catalisam, como D. António Barroso, a densidade das características da sua época, permitindo no percurso da sua vida (1854-1918) reunir os grandes debates de um arco de tempo significativo. Situamo-nos, realmente, na emergência da ação missionária nos territórios coloniais portugueses, na mudança de regime da Monarquia para a República e na intensificação da vida pastoral das dioceses.
A estas questões, o Venerável António Barroso respondeu com a determinação inovadora de quem se deixa conduzir pelo Espírito. Aqui se encontram fontes primárias para analisar as posições pastorais, a liberdade politica e o notável discernimento do ilustre missionário e bispo do Porto. O autor apresenta uma breve biografia do prelado barcelense, enriquecida pelos elementos trazidos à luz e estabelece uma primeira cronologia, onde salta aos olhos o itinerário de uma vida agitada e fecunda, ao serviço do Evangelho, e de um exemplar patriota, atento ao maior bem da humanidade.
| Editora | Alêtheia |
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| Editora | Alêtheia |
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| Autores | Carlos A. Moreira Azevedo |
Nasceu em 1953 na freguesia de Milheirós de Poiares (Santa Maria da Feira). Foi ordenado padre em 1977. Doutorou-se, em 1986, na Faculdade de História Eclesiástica da Universidade Gregoriana. Foi Presidente da direção do Centro de Estudos de História Religiosa, de 1992 a 2001. Professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa desde 1987, foi Vice-Reitor da mesma Universidade (2000-2004). É Membro da Academia Portuguesa da História, desde 4 de fevereiro de 1998. Dirigiu a obra Dicionário e História religiosa de Portugal, em 7 volumes. Foi presidente da Comissão científica para a publicação da Documentação crítica de Fátima (1998-2008). Organizou diversas exposições de arte religiosa. Dirigiu vários projetos editoriais de revistas e de coleções de livros. Foi Presidente da Fundação Spes (2006-2013), criada por D. António Ferreira Gomes. Foi bispo auxiliar de Lisboa (2005-2011) e Secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (2005-2008), presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social (2008-2011). É Delegado para o Conselho Pontifício da Cultura (11-11-2011), coordenando o Departamento dos bens culturais, e membro da Comissão de Archeologia Sacra (02-06-1915). Tem mais de uma centena de trabalhos publicados em livros e revistas.
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Entrar nos Mistérios do RosárioConvido a contemplar os mistérios, a entrar espiritualmente neste degrau da oração. O Rosário é uma oração contemplativa, e nós temos tão poucos espaços deste género no mundo agitado. Não queria instruir sobre nenhum tema da atualidade, citar textos do magistério da Igreja, preencher este espaço com um discurso teológico. Queria apenas tentar ajudar a contemplar os mistérios. Eles são uma representação afetiva, comovente, dos principais momentos da salvação, nos quais Deus Pai chama Maria a participar. Vamos entrar com ela na vida do Salvador, no amor do Pai, na missão do Espírito Santo. -
FátimaUma releitura crítica sobre o fenómeno das visões ocorridas na Cova da Iria há 100 anos, partindo da situação sociocultural de Portugal e da Europa e da realidade familiar e psicológica das personalidades envolvidas.Esta obra coloca ao serviço do grande público uma leitura que congrega o conhecimento das fontes com uma visão cristã de um fenómeno religioso de origem popular, sucessivamente apropriado e relido, reinterpretado ao compasso da história e sempre aberto no horizonte do futuro. Contribuiu para percebermos como as visões dos pastorinhos se transformaram numa proposta de alcance internacional. Que visão de Deus e do mundo propõem? Que capacidade de futuro encerram? Reforçam ou debilitam a forma especificamente cristã de viver ao estilo de Jesus? Fátima permite regredir ou amadurecer uma vivência cristã? O momento histórico, nas suas dimensões sociopolíticas, culturais e religiosas é o húmus onde as «revelações privadas» são acolhidas. As visões interiores acontecem no tecido real da situação concreta, qual provocação para avisar a humanidade, com sentido profético, dos passos falsos e suscitar atitudes verdadeiras diante de perturbações exigentes de conversão. Graças à consulta de material do Archivio Segreto Vaticano, o autor revela nestas páginas o processo da escolha do primeiro bispo da diocese de Leiria e traz à luz novos dados sobre a política portuguesa entre 1917 e 1930. Além dos videntes, fala-nos de personagens essenciais a Fátima, como o Padre Manuel Formigão e o Bispo D. José Correia da Silva. Se Fátima permanece com notável impacto não se deve apenas à autenticidade simples e infantil dos seus inícios, mas à capacidade que tiveram os mediadores dos factos e da mensagem, a começar pela própria Lúcia, dotada de uma vida longa, para retirar da imagética rudimentar uma resposta às situações históricas vividas pelas pessoas, individualmente mendigas de sinais de Deus, que recarreguem a sua vida de sentido e iluminem os passos obscuros da sociedade nas sucessivas crises e dificuldades. -
Ministros do Diabo - Os seis sermões de autos da fé (1586-1595) de Afonso de Castelo Branco, Bispo de Coimbra«Os sermões aqui reunidos [escritos entre 1586 e 1595 por Afonso de Castelo Branco, bispo de Coimbra] mostram, com cristalina evidência, como o problema dos cristãos novos foi o motivo principal da criação lusa do Tribunal [da Inquisição], pouco a pouco alargado a outros domínios como casos de heresia, crimes de feitiçaria, abuso do confessionário, questões de costumes na ordem da sexualidade e, ainda, desobediência às regras da própria Inquisição.O contributo deste trabalho para um cada vez mais amplo conhecimento da Inquisição, após uma catadupa de trabalhos científicos que já permitiram excelentes sínteses, [corresponde] ao primeiro período do Tribunal e concretamente ao domínio filipino [e] a um circunscrito espaço geográfico, Coimbra, bem como apenas a um pregador, do qual traço sucinta biografia e síntese temática dos seis sermões. [Para] leitores que desconhecem o desenvolvimento do cerimonial, [descrevo] a encenação do auto da fé, no qual se insere o sermão como peça de uma máquina.» -
Estudos de Iconografia CristãDa autoria de D. Carlos A. Moreira Azevedo, delegado do Pontifício Conselho para a Cultura, Estudos de Iconografia Cristã apresenta um conjunto de dezasseis ensaios em torno de temáticas iconográficas como a Trindade, o Espírito Santo, a Imaculada Conceição, a Natividade ou a Eucaristia, passando pelas representações de santos de grande devoção e centralidade representativa, com destaque para São Paulo, São Sebastião, Santo António, São Vicente, São João de Deus ou São Teotónio. Não esquece os temas bíblicos, como as Bodas de Caná, nem o ambiente religioso, como santos agostinianos. Dá a conhecer fontes iconográficas como a Bíblia Pauperum ou o ciclo contemporâneo sob interpretação da artista Paula Rego, presente na Capela do Palácio de Belém. Índice 1. Iconografia da Trindade na arte portuguesa / 2. Iconografia do Espírito Santo no Concelho de Alenquer / 3. Iconografia da Imaculada: novas interpretações / 4. Teologia e iconologia da Natividade / 5. A tipologia eucarística na iconografia veterotestamentária / 6. Bodas de Caná: a polivalência simbólica de um tema raro na arte portuguesa / 7. S. Paulo na arte portuguesa / 8. Iconografia de São Sebastião 9. Iconografia de S. Vicente, diácono e mártir / 10. Pantaleão da Nicomédia: percurso biográfico e iconográfico na memória da persistente devoção europeia / 11. Iconografia de Santo Agostinho e de santos agostinianos em Portugal / 12. A iconografia de São Teotónio / 13. Iconografia portuguesa de Santo António: principais variantes / 14. Ciclos iconográficos de São João de Deus / 15. Biblia pauperum e Speculum humanae Salvationis, no contexto das fontes de inspiração da iconografia cristã / 16. Leitura dos quadros de Paula Rego na capela do Palácio de Belém - Lisboa. -
Faculdade de Teologia em Coimbra - De Pombal à República (1772-1912)A longa crise social e política que atravessou todo o século XIX, tão multifacetada nos motivos, nos agentes e nos logros até desaguar na implantação do regime republicano, auxilia a compreensão da morte anunciada da instituição universitária. Os professores vivem a lenta agonia, mas atentos ao contexto e com sentido de futuro, promovem a transformação em Faculdade de Letras. -
Santa Maria - Teologia, Arte e CultoObra reúne três dimensões de estudo: a evolução da reflexão sobre Maria a nível doutrinal ou teológico, realizada por autores lusos até 2000; a origem dos diversos tipos de representação mariana na arte, sem investigar os episódios da vida de Santa Maria; e, finalmente, um índice dos títulos marianos propostos pelo Santuário Mariano, com acrescento de todos as invocações posteriores, que foram encontradas.Estes contributos iniciam pela via da verdade (mariologia), para passar à via da beleza (arte) e terminar na via da vivência espiritual (invocações da piedade). A veneração a Santa Maria situa-se na maternidade espiritual da humanidade, fundada na maternidade divino-messiânica, a uma distância infinita do culto de adoração prestado a Deus Pai, Filho e Espírito Santo: origem, sentido e meta de qualquer oração e ato de culto.A Igreja tem a missão de ser luz para o mundo, luz de esperança nesta hora do princípio conturbado do século XXI. Unida a Maria, perceberá os contornos concretos do amor maternal de Deus que impele ao acolhimento da salvação e recorre à ternura paterna de Deus em todas as ocasiões, com coração humilde. -
A BolotaEm 1917, um acontecimento em Fátima impôs-se ao mundo. O que está na semente de tudo isto? A Bolota pretende ser uma pequena semente para nos questionarmos mais a fundo sobre a identidade da nossa vida. Peregrine ao passado e conheça a vida daquela época e as maravilhosas ligações entre Deus, o Humano, a Natureza e a Arte. -
A Arca - A 13 de Outubro de 1917Descubra o encanto de A Arca, um livro repleto de ilustrações cativantes. Em 56 quadros, mergulhe numa história original que se desenrola através das personagens relacionadas com as aparições de Fátima. Conheça os Pastorinhos e suas famílias, enquanto desvendam os mistérios divinos. A atmosfera pastoral e a vida interiorizada da família Marto irão envolvê-lo, enquanto você testemunha a fusão do quotidiano com o sagrado. Com uma arte mística que lembra Sousa Araújo, a ilustradora Maria Anderson empresta a sua genialidade a esta obra, adicionando um toque de autenticidade e aconchego. A Arca é um convite para adentrar uma história que transcende os limites terrenos e nos conecta com a transcendência. -
Estudos de Arte e DevoçãoA simbologia das pedras preciosas na Bíblia e nos clássicos ou a imagem do Santo Cristo dos Açores como uma tradução da iconografia do Ecce Homo, são dois dos temas que integram este livro da autoria do bispo e historiador Carlos Moreira Azevedo. Na obra estão ainda incluídos estudos sobre a evolução do modelo iconográfico de Maria – Sede da Sabedoria; as placas devocionais hispânicas; os registos de santos como testemunhos de devoção e arte; ou São Nicolau, orago de Santa Maria da Feira. Dele também fazem parte outros estudos como A Senhora da Lapa como itinerário de uma devoção e o Bom Jesus do Monte como arquitetura de paisagem e proposta espiritual. A arte contemporânea também está presente no estudo, com reflexões sobre a tapeçaria da Igreja de Santo Ovídio, de Gaia, de Fernando Lanhas; a Última Ceia, de Isabel Nunes; e o Cristo Crucificado de José Aurélio.
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NovidadeO Príncipe da Democracia - Uma Biografia de Francisco Lucas PiresNenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia – e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século. -
NovidadeA DesobedienteA dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz ativista de uma jovem que há de ser uma d’As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa atividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem. -
NovidadeEmílio Rui VilarMemórias do país da ditadura e do alvor da democracia em Portugal. A vida de Emílio Rui Vilar atravessou as principais mudanças da segunda metade do século XX. Contado na primeira pessoa, um percurso fascinante pelo fim do regime de Salazar e Caetano e pela revolução de Abril.Transcrevendo entrevistas realizadas ao longo de vários meses, este livro recolhe o relato na primeira pessoa de uma trajetória que percorreu o início da contestação ao Estado Novo no meio universitário, a Guerra Colonial, a criação da SEDES, o fracasso da “primavera marcelista” e os primeiros anos do novo regime democrático saído do 25 de Abril, onde Emílio Rui Vilar desempenhou funções governativas nos primeiros três Governos Provisórios e no Primeiro Governo Constitucional. No ano em que se celebram cinco décadas de democracia em Portugal, este livro é um importante testemunho sobre dois regimes, sobre o fim de um e o nascimento de outro. -
NovidadeOriente PróximoCom a atual guerra em Gaza, este livro, Oriente Próximo ganhou uma premente atualidade. A autora, a maior especialista portuguesa sobre o assunto, aborda o problema não do ponto de vista geral, mas a partir da vida concreta das pessoas judeus, árabes e outras nacionalidades que habitam o território da Palestina. Daí decorre que o livro se torna de leitura fascinante, como quem lê um romance.Nunca se publicou nada em Portugal com tão grande qualidade. -
NovidadeSavimbi - Um homem no Seu MartírioSavimbi foi alvo de uma longa e destrutiva campanha de propaganda, desinformação e acções encobertas de segurança com o objectivo de o desacreditar e isolar. Se não aceitasse o exílio ou a sujeição, como foi o objectivo falhado dessa campanha, o fim último era matá-lo, como aconteceu: premeditadamente! Para que a sua «morte em combate» não suscitasse empatia, foi como um chefe terrorista da laia de Bin Laden que a sua morte foi apresentada – artifício da propaganda que tirou partido da memória emocional recente dos atentados da Al Qaeda, na América. Julgado com honestidade, Savimbi nunca foi o «bandido» por que o fizeram passar. O manifesto apreço que personalidades de indiscutível clareza moral, como Mandela, tiveram por ele prova-o. O MPLA elegeu-o como adversário temido e quis apagá-lo do seu caminho! Não pelos crimes a que o associaram. O que o MPLA e o seu regime temiam eram as suas qualidades e carisma, a sua representatividade política e o prestígio externo que granjeara. Como outros grandes da História, Savimbi também tinha defeitos e cometia erros. Mas no deve e haver as suas qualidades eram preponderantes." -
NovidadeNa Cabeça de MontenegroLuís Montenegro, o persistente.O cargo de líder parlamentar, no período da troika, deu-lhe o estatuto de herdeiro do passismo. Mas as relações com Passos Coelho arrefeceram e o legado que agora persegue é outro e mais antigo. Quem o conhece bem diz que Montenegro é um fiel intérprete da velha tradição do PPD, o partido dos baronatos do Norte. Recusou por três vezes ser governante e por duas vezes foi derrotado em autárquicas. Já fez e desfez alianças, esteve politicamente morto e ressuscitou. Depois de algumas falsas partidas chegou à liderança. Mas tudo tem um preço e é o próprio a admitir que se questiona com frequência: será que vale a pena? -
NovidadeNa Cabeça de VenturaAndré Ventura, o fura-vidas.Esta é a história de uma espécie de Fausto português, que foi trocando aquilo em que acreditava por tudo o que satisfizesse a sua ambição. André Ventura foi um fura-vidas. A persona mediática que criou nasceu na CMTV como comentador de futebol. Na adolescência convertera-se ao catolicismo, a ponto de se tornar um fundamentalista religioso. Depois de ganhar visibilidade televisiva soube pô-la ao serviço da sua ambição de notoriedade. Passou pelo PSD e foi como candidato do PSD que descobriu que havia um mercado eleitoral populista e xenófobo à espera de alguém que viesse representá-lo em voz alta. Assim nasceu o Chega. -
Contra toda a Esperança - MemóriasO livro de memórias de Nadejda Mandelstam começa, ao jeito das narrativas épicas, in media res, com a frase: «Depois de dar uma bofetada a Aleksei Tolstói, O. M. regressou imediatamente a Moscovo.» Os 84 capítulos que se seguem são uma tentativa de responder a uma das perguntas mais pertinentes da história da literatura russa do século XX: por que razão foi preso Ossip Mandelstam na fatídica noite de 1 de Maio de 1934, pouco depois do seu regresso de Moscovo? O presente volume de memórias de Nadejda Mandelstam cobre, assim, um arco temporal que medeia entre a primeira detenção do marido e a sua morte, ou os rumores sobre ela, num campo de trânsito próximo de Vladivostok, algures no Inverno de 1938. Contra toda a Esperançaoferece um roteiro literário e biográfico dos últimos quatro anos de vida de um dos maiores poetas do século XX. Contudo, é mais do que uma narrativa memorialística ou biográfica, e a sua autora é mais do que a viúva mítica, que memorizou a obra proibida do poeta perseguido, conseguindo dessa forma preservar toda uma tradição literária. Na sua acusação devastadora ao sistema político soviético, a obra de Nadejda Mandelstam é apenas igualada por O Arquipélago Gulag. O seu método de composição singular, e a prosa desapaixonada com que a autora sonda o absurdo da existência humana, na esteira de Dostoievski ou de Platónov, fazem de Contra toda a Esperança uma das obras maiores da literatura russa do século XX.