Comédias II
Neste volume incluem-se, em função da cronologia da sua composição, quatro comédias
que correspondem a diferentes momentos da produção de Aristófanes. Vespas (422 a. C.) e Paz (421 a.
C.), como que encerram um período particularmente vocacionado para a sátira da governação e dos
políticos, que tomou como alvo central Cléon, o demagogo mais destacado no momento. Com a sua
morte, e com a negociação do período de paz que ela possibilitou, Aristófanes viu, por um tempo,
esgotadas as suas principais fontes de inspiração.
Aves (414 a. C.) e Lisístrata (411 a. C.) distanciam-se das duas peças anteriores por um período de anos
que trouxe a Atenas acontecimentos particularmente gravosos no processo de se impor como cabeça de
um império helénico. Com o desfecho da campanha contra a Sicília (415-413 a. C.) uma tremenda
aventura de guerra, animada de grandes objectivos, sujeita a tremendos riscos e coroada com os piores
resultados , o poeta voltou-se para a expressão do desencanto dos cidadãos com a crise social que se
instalou; com Aves retratou o exílio daqueles que se sentiam tentados à fuga
apenas para exportarem
para outro universo, como verdadeiros atenienses, os defeitos da sua cidade; e com Lisístrata colocou, à
frente da cidade, «as virtudes» femininas numa campanha persistente em nome de uma paz pan-helénica.
| Editora | Imprensa Nacional Casa da Moeda |
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| Categorias | |
| Editora | Imprensa Nacional Casa da Moeda |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Aristófanes |
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As Mulheres que Celebram as TesmofóriasEsta comédia foi apresentada por Aristófanes em 411 a. C., no festival das Grandes Dionísias, em Atenas. É, antes de mais, de Eurípides e da sua tragédia que se trata em As Mulheres que celebram as Tesmofórias. Aristófanes, ao construir uma comédia em tudo semelhante ao estilo de Eurípides, procura caricaturá-lo. Aristófanes dedica, pela primeira vez, toda uma peça ao tema da crítica literária. Dois aspectos sobressaem na presente caricatura: o gosto obsessivo de Eurípides pela criação de personagens femininas, e a produção de intrigas complexas, guiadas por percalços imprevisíveis da sorte. A somar-se ao tema literário, um outro se perfila como igualmente relevante, e responsável por uma diversidade de tons cómicos que poderão constituir um dos argumentos em favor do muito provável sucesso desta produção. Trata-se do confronto de sexos e da própria ambiguidade nesta matéria. -
As AvesA comédia é um dos tipos mais fascinantes do teatro grego e uma arma para a crítica política e social. Através dela, os poetas castigaram, rindo, os aspectos mais condenáveis da sociedade ateniense, dos seus chefes e até dos seus deuses. Aristófanes sabia não só fazer rir mas também, com o seu lirismo, dar aos que o ouviam o sentido da riqueza infinita da vida humana. Daí que As Aves verdadeira imagem no espelho de uma Atenas submersa em conflitos de interesses, angústias quanto ao futuro e presa dos actos de oportunistas se tenha inscrito entre as grandes obras do teatro universal. -
As RãsA comédia As Rãs constitui talvez a mais alta prova do génio de Aristófanes, que nela tem, simultaneamente, a sua última e grande manifestação. E o público que em 405 a. C. atribui o primeiro prémio à peça e a quis ver de novo representada, merece também a nossa simpatia. Não ignoramos, com efeito, que esse público era verdadeiramente popular e que nele estavam representadas todas as camadas sociais. -
Os CavaleirosOs Cavaleiros foram apresentados nas Leneias de 424 por um Aristófanes ainda jovem. A peça foi aceite com entusiasmo e galardoada com o primeiro lugar. A comédia surgiu no prolongamento de uma divergência entre o autor e o político mais popular da época, Cléon, em quem Aristófanes encarna o símbolo da classe indesejável dos demagogos. Denunciar a corrupção que se instaurou na política ateniense, os seus segredos e o seu êxito, eis o que preocupava, acima de tudo, o autor. Discursos, mentiras, falsas promessas, corrupção e condenáveis ambições são apenas algumas das 'virtudes' denunciadas, numa peça vibrante de ritmo que cativou o público ateniense da época e que cativa o público do nosso tempo, talvez porque afinal não tenha havido grandes mudanças na vida da sociedade humana. -
Comédias IIINeste volume estão reunidas as quatro últimas peças que conservamos de Aristófanes. Na sua trajetória de homem de teatro, elas representam a plenitude e logo alguma epauperação e decadência. Depois de Tesmofórias, uma peça que tem tudo para cativar o aplauso de um público alargado, Rãs foi, sem dúvida, o coroar de uma carreira ativa e bem sucedida. Focou-se no balanço de dois géneros vitais no teatro, a comédia e a tragédia, num momento em que a própria cidade de Atenas se encontrava à beira do colapso, político, económico e social, e em que a morte recente dos melhores dos seus talentos — Eurípides e Sófocles — fazia ouvir sons de rebate. O que se seguiu foi a decadência, da pujança da cidade e, com ela, do teatro. Foi nesse outro contexto de ponderação sobre o que teria falhado num grande projeto civilizacional que o género cómico apostou nas primeiras décadas do séc. IV a. C. Mulheres na Assembleia e Dinheiro ecoam uma preocupação que mobilizava também as atenções de filósofos e intelectuais em geral. Não sem que este outro modelo que as duas últimas peças conservadas de Aristófanes testemunham dispusesse de outro mérito: o de documentar uma nova fase da comédia — de transição — em relação a um modelo que se lhe seguiria — da Comédia Nova —, contribuindo para uma cadeia coesa e ininterrupta na transmissão de um género de um enorme sucesso no Mundo Antigo. -
Comédias I«Era jovem ainda, mas atrevido e determinado, aquele Aristófanes que, depois de duas peças de estrela - hoje, infelizmente, perdidas -, nos legou Acarnenses, Cavaleiros e Nuvens, compostas com uma regularidade anual, entre 425-423 a. C.Da cidade que em sua volta fervilhava, visou a administração pública e suas instituições, bem como aqueles que faziam da demagogia uma prioridade. Atacou-os com uma violência à medida do primeiro dos seus propósitos: o de educar cidadãos. Mas ao conselho, o poeta associava também o talento, fazendo de Nuvens uma caricatura dos intelectuais do momento e o mais ousado dos seus ensaios reformistas, na busca de uma arte remoçada. Perdeu a aposta, por, um ímpeto de juventude, ter dado um salto excessivo. Mas a posteridade depôs, sobre a cabeça do poeta, a coroa de uma vitória que os contemporâneos não lhe souberam atribuir.». In Editorial -
As VespasAristófanes é o mais célebre comediógrafo da Grécia Antiga e o único de quem chegaram até nós peças completas. Impiedosas na sátira pessoal, irreverentes para os mais altos magistrados e para os próprios deuses, licenciosas até roçar por vezes a obscenidade, as comédias de Aristófanes mostram até que ponto chegaram os privilégios dos comediógrafos naquele tempo.As Vespas é uma crítica implacável à maneira como funcionavam os tribunais e se administrava a justiça entre os atenienses. O autor ridiculariza a mania da discussão e da chicana judicial, tão própria dos seus concidadãos, habituados à dialéctica subtil de filósofos e oradores. E denuncia ao mesmo tempo, de forma cáustica, os abusos resultantes da irresponsabilidade, arbitrariedade e corrupção dos juízes e da cupidez dos delatores.Decorridos tantos séculos, o leitor não deixará de reconhecer, para além do seu alto valor literário, a actualidade, em muitos dos seus aspectos, desta comédia de Aristófanes que versa, no fundo, um tema universal: da administração da justiça.Além de um prefácio à vida e obra do autor, acompanha esta edição de As Vespas uma introdução à comédia grega em geral.
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.