Emmanuel Levinas - Entre Reconhecimento e Hospitalidade
O conceito de reconhecimento tornou-se, hoje, uma bandeira de muitas lutas e um programa de estudos transdisciplinares. Tem, em particular, adquirido especial premência nos contextos sociais contemporâneos, inescapavelmente multiculturais. Este conceito é, nesta obra, abordado sob o signo da hospitalidade cosmopolita e da responsabilidade ética propostos por Levinas.
Proximidade e estranheza, violência e violência contra a violência, tolerância e hospitalidade, o outro e os outros, obsessão e justiça, história e messianismo, subjectividade e alteridade, ética e política, rosto e linguagem são alguns dos temas propostos pelos autores - um grupo internacional de especialistas - a partir da leitura dos textos de Levinas. Textos filosóficos e de exegese do Livro, num diálogo soberbo entre o logos grego e a tradição hebraica, entre a língua da filosofia e termos dos salmos, em tradução e contaminação recíprocas e surpreendentes. E onde também a poesia fala a linguagem do outro.
| Editora | Edições 70 |
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| Coleção | O Saber da Filosofia |
| Categorias | |
| Editora | Edições 70 |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Paulo Barcelos, Maria Lucília Marcos, Maria João Cantinho |
Maria João Cantinho nasceu em Lisboa, em 1963, e viveu a sua infância em Angola. Regressou em 1975 a Portugal e estudou na Universidade Nova de Lisboa, onde se licenciou em Filosofia e realizou uma dissertação de mestrado tendo-se doutorado em Filosofia Contemporânea.
Atualmente é professora no Ensino Secundário e Professora Auxiliar no IADE (Creative University of Lisbon), Membro integrado do Centro de Filosofia da Faculdade de Letras de Lisboa, Membro Associado do Collège d’Études Juives et de Philosophie Contemporaine. É também Membro da Direção do Pen Clube Português, da APE (Associação Portuguesa de Escritores) e da APCL (Associação Portuguesa de Críticos Literários). É colaboradora na Revista Colóquio Letras e em diversas revistas literárias e académicas e membro do Conselho Editorial do Caderno do Grupo de Estudos Walter Benjamin.
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I would prefer not to. Em Torno de BartlebyI would prefer not to - no conto de Melville, estas palavras fazem hesitar a lógica da comunicação e do reconhecimento e também a lógica das relações laborais entre patrão e empregado, num ambiente de trabalho regulado por regras de eficácia, de produtividade e de lucro. Poderão alguns aspectos da experiência contemporânea ser pensados à luz deste enunciado? Que advém ao sujeito que as diz? Que efeitos produzem em quem as ouve? Que condições e que exercícios (des)mobilizam? Cada um lê o enunciado do Bartleby a seu modo. Cada um faz as suas contas e ajusta as suas contas com o Bartleby. O ciclo «I would prefer not to», organizado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em Outubro de 2012, pretendeu suscitar um espaço e um tempo para essas várias leituras. Pelo teatro, realizou-se a leitura encenada de uma adaptação do conto pelos Artistas Unidos; pelas artes plásticas, organizámos uma exposição de obras inéditas de sete artistas portugueses na Plataforma Revolver em Lisboa, cujas imagens são aqui disponibilizadas ao leitor; pela escrita, realizámos um colóquio na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, cujos textos reproduzimos neste livro; pelo cinema, com uma mostra de filmes, exibidos também na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, cuja programação esteve a cargo de Inês Sapeda Dias e Joana Frazão. As palavras ligam e interrompem, atam e suspendem - na literatura e na vida. Há um valor nas palavras que excede as `simples palavras'.Ver por dentro: -
Walter Benjamin - Melancolia e RevoluçãoAs ideias iniciais que constituem o fermento messiânico do pensamento benjaminiano conhecem um inopinado desenvolvimento com contacto com as suas leituras do materialismo dialéctico. Se, a partir de 1924, a sua leitura de Luckàcs o impressiona particularmente, é pelo facto de Benjamin descobrir na luta de classes do materialismo dialéctico um tema de eleição e que exprime uma imagem de revolução. -
Asas de SaturnoA sua alma não conhecia sossego. À medida que o representava, procurando destruí-lo, erradicá-lo da sua imaginação e memória, parecia abrir-se, então, uma nova clareira, convocando uma infinidade de visões que se confundiam com as representações. Finalmente, entorpecido pelo cansaço e pelo delírio, Gabriel escreveu numa folha de papel: De espelho em espelho. -
A Dança da MetamorfoseCreio que a poesia brota de um estado de coalescência de dois tecidos momentaneamente em contacto – sujeito e mundo –, quando nesse súbito e mútuo sentimento de pertença se intenta uma soldadura. Neste processo, a linguagem é o palco onde se manifesta o modo vibratório que atrai a si as “partículas em suspensão” que aguardam o sinal que lhes desperte o eidos, fazendo-as sair do caos informe para a ordem que as re-significará. (...) Entre as coisas que me agrada neste livro, a primeira é que estabeleça uma linhagem clara, sem trunfos na manga: é muito nítido que Maria João Cantinho se escreve ao escrever sobre estes outros. Há algo de sacrificial neste exercício de sondar o pensamento como ausência de afirmação de si mesma, embora, esta dádiva pelos limites do figurável a re-configurem. (Do prefácio de António Cabrita) -
Escopro e Luz"Composto por cerca de cinco dezenas de poemas, Escopro Luz é o título da sua mais recente obra de poesia, o quinto livro de poesia, pressupondo naturalmente um percurso de escrita anterior, mas destacando-se por alguns novos rumos e uma nova respiração. A dupla imagem do título, aparentemente paradoxal, pode gerar no leitor a expectativa equívoca de verticalidade e de instrumento cortante de perfuração (da pedra ou dos ossos humanos), por um lado; e, por outro, da horizontalidade envolvente da luz que se demanda. Manejar o escopro sobre a pedra, como no trabalho criativo do ancestral Fídias, pode ser lido, metaforicamente, como forma equivalente do uso da pena sobre a matéria de si próprio? Ambos os actos inscrevem, ferem e esculpem determinado objecto, seja estátua de granito, seja corpo de carne viva, seja a lapidar construção da escrita, num exercício de recomposição, que evita o barroco e o supérfluo. (Anote-se que a imagem da pedra dura, do seu polimento ou de outras valências semânticas associadas, mostra-se bem relevante na poética do citado Paul Celan, exarado na epígrafe inicial). A dupla metáfora do título indiciará assim o movimento ambíguo que vai intropecção ou cirurgia nocturna, até ao desejado encontro da luz, o mesmo é dizer, do corte a uma nova claridade, numa renovada escultura do Eu ou do rosto, se assim Podemos falar. Podemos encontrar a imagem rica do escopro na poesia de autores tão diversos como António Gedeão, Vitorino Nemésio ou Murilo Mendes, entre outros. De comum, a relação do escopro coma (re)construção da obra, do corpo ou da existência, partindo das metáforas tão diversas como o escopro de vidro ou a pedra aparelhada, assim associados ao ser e ao tempo da luz da criação artística. Nesta escrita, e numa aproximação ainda exterior, o leitor depara-se igualmente, et pour cause, com alguns marcos intertextuais explícitos, sob a forma de citação, epígrafe, dedicatória e referência: Paul Celan, Hussein Hasbach, Paul Valéry, Ruy Belo, Thomas Mann, Marcel Proust. Estas e outras menções, mais ou menos implícitas, denunciam afinidades electivas e, consequentemente, possíveis caminhos de enriquecimento de sentido.” In prefácio de José Candido de Oliveira Martins -
Tem de Ser Navegando a Longa NoiteLeitor, dá-me a tua mão e caminhemos ambos entre os destroços das palavras. Só tendo-te a ti posso ainda inventar as sílabas correndo entre linhas de água reclinemos a cabeça entre as páginas e esperemos o instante inaugural da linguagem.
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.