Estar Presente
Aos 90 anos, Carlos Brito olha preocupado, da sua varanda sobre o Guadiana, para a atualidade do país e do mundo e a situação ambiental do planeta.
Não se remete a uma atitude contemplativa, persiste em estar presente e intervir, o que se reflete nos seus versos, críticos e apelativos. No texto poético que nos apresenta, cheio de imagens, metáforas e alegorias, também transparecem as angústias da idade: a doença, a solidão, a decrepitude, a morte.
Mas são as palavras natureza, paz, amor e ir em frente, as mais marcantes, neste seu sétimo livro de poesia.
| Editora | Lápis de Memórias |
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| Editora | Lápis de Memórias |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Carlos Brito |
Carlos Brito, político e escritor, nasceu em 1933, em Moçambique. Passou a infância e parte da juventude em Alcoutim, no Algarve. É casado, tem duas lhas e três netas. Estudou no ICL,actual ISCAL, e exerceu a prossão de contabilista. Muito cedo começou a escrever e a publicar em revistas de cultura e na imprensa regional, ao mesmo tempo que se envolvia profundamente na resistência à ditadura fascista. Foi preso pela PIDE por três vezes: em Dezembro de 1953 até Fevereiro de 1954; em Outubro de 1956, até fugir da Cadeia do Aljube, em Maio de 1957, voltando à clandestinidade; a terceira, em Junho de 1959 em que cou preso até Agosto de 1966. Soma no total mais de oito anos de prisão. Estudou durante um ano no Instituto Ciências Sociais e Políticas de Moscovo, na antiga União Soviética. Voltou a Portugal em 1967, onde retomou a luta na clandestinidade, até ao derrubamento da ditadura. Foi dirigente destacado do PCP, antes e depois do 25 de Abril. Foi deputado à Assembleia Constituinte (por essa razão é deputado honorário). Durante quinze anos foi deputado à Assembleia da República, quase sempre eleito pelo Algarve, sendo durante todo este período presidente do Grupo Parlamentar do PCP. Foi candidato à Presidência da República, em 1980. Desistiu a favor do General Ramalho Eanes, então eleito Presidente da República, pela 2a vez. Esteve à frente do jornal Avante!, como seu director, entre 1992 e 1998. No final do século passado, entrou em divergência política e ideológica com a Direcção do PCP, tendo sido por esta sancionado, em 2002, o que o levou a auto suspender-se de militante do partido. Foi um dos fundadores e é dirigente da Associação Renovação Comunista. Regressou, em 1999, a Alcoutim integrando-se, desde logo, nas actividades associativas locais, como tinha feito na juventude, quando integrou o grupo de jovens que fundou o Grupo Desportivo de Alcoutim e iniciou as Festas Anuais da terra. Em 2001, foi eleito para a Assembleia Municipal, na lista da CDU. Já então era membro da direcção da associação de desenvolvimento regional ALCANCE e presidente da associação transfronteiriça ATAS. Fundador e principal redator do Jornal do Baixo Guadiana. Foi agraciado, por duas vezes, com ordens honorícas nacionais: a Grã-Cruz da Ordem do Infante, em 1987 e a Ordem da Liberdade - Grande Ocial, em 2004. Também foi homenageado pelo Município de Alcoutim, com a atribuição do seu nome a um Bairro Social da vila e com as Medalhas Honra de Prata (1996) e de Ouro (2013). A sua obra publicada é constituída, com este, por 16 livros: poesia, acção, memórias e intervenção política e uma monografia sobre o Algarve. Tem participação em muitas obras colectivas e colaboração em numerosas publicações reginais, nacionais e estrangeiras. Como poeta está representado em várias antologias. Continua a viver em Alcoutim, onde escreve, participa na vida local e, a espaços, vai publicando na imprensa regional e nacional,
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Cadeia do Forte de PenicheCarlos Brito esteve preso na cadeia de Peniche de Fevereiro de 1960 a Agosto de 1966, período em que as condições prisionais se extremaram, devido à mítica fuga de Álvaro Cunhal e de outros dirigentes comunistas. Neste livro, Carlos Brito revela-nos o dia-a-dia dos presos políticos, numa das mais infames cadeias do Estado Novo. Acrescenta-se ainda ao livro alguns documentos importantes, como a lista de presos, ou a acta de libertação de 1974. -
Regionalização: Uma questão de Coragem«Deparo em Portugal com a impotência do centralismo para mudar de via para um recomeço, enquanto as periferias caminham para o abismo fatal…sejam detentores do poder Central, sejam os burocratas da Capital, seja a Corte intelectual e social, sejam emigrantes da Província nessa Corte todos querem conservar a sua posição central, tão arduamente conquistada, que sentem como superior. Mas haverá uma jovem regionalização que vai vencer o "Minotauro" e sair finalmente do labirinto. Basta - lhe um "fio de Ariadna".» Carlos de Brito é provedor do cliente de transportes públicos, presidente do museu e do centro de congressos da Alfândega do Porto, é dirigente Ordem dos Engenheiros e fundou o Sindicato dos Engenheiros do Norte. Foi Ministro da Defesa Nacional do XI Governo Constitucional, presidiu à Câmara Municipal do Porto, foi governador civil, vice - presidente do PSD, e deputado à Assembleia da República. Foi director da EDP e presidente da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto. Colabora habitualmente na imprensa nacional. -
As Três Mortes do Lobisomem e Outras RebeldiasEmbora sendo um livro de ficção não deixa de lembrar o pendor memorialista do autor.Éa partir de memórias da infância e juventude, em Alcoutim, e da experiência revolucionária de grande parte da sua vida, que Carlos Brito recria e constrói uma galeria de personagens de forte carisma, não sópositivas, a agir em situações pouco comuns e inesperadas, caricatas ou dramáticas. O elogio crítico da rebeldia, francamente assumido, tem subjacente a denúncia da opressão, sob qualquer forma que se apresente, o anseio da liberdade, a vontade de conquistá-la e a complexidade dos sentimentos dos que lutam por ela.
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira