La Legende de Saint Julien L'hospitalier
Em Abril de 1877, Gustave Flaubert publicou um pequeno volume intitulado Trois Contes, em rigor, a sua última obra acabada. O segundo conto chama-se «La Légende de Saint Julien l’Hospitalier». Os outros são «Un coeur simple» e «Hérodias». A ordem dos contos não é cronológica no que se refere à sua redacção. «La Légende» foi o primeiro, e o único, a ser escrito numa celeridade inabitual, entre o final de 1875 e o início de 1876. É provável que isso se deva à familiaridade longuíssima e intensa que ele teve com a história do santo. Primeiro, sob a forma dos vitrais do século XIII da catedral de Rouen que ele conhece desde a infância, e depois pela leitura de todas as versões hagiográficas disponíveis, em particular, La Légende dorée de Jacques de Voragine, bem como de estudos históricos relativos à Idade Média, à caça, aos animais e às armas, à guerra, às lendas e aos elementos maravilhosos e mágicos.
Amadeo de Souza Cardoso copiou a pincel e ilustrou La Légende de Saint Julien l’Hospitalier, na versão original, durante a sua estadia na Bretanha no Verão de 1912 (muito provavelmente concluído em Paris), ano de uma fertilidade imensa para o pintor. Trata-se de um «exemplar único-original», o que Amadeo faz questão de sublinhar na última página do pequeno álbum 12 Reproductions, publicado por ocasião das suas exposições de 1916 no Porto e em Lisboa, onde essa referência à obra figura ao lado do anúncio dos últimos exemplares disponíveis dos XX Dessins.
| Editora | Assírio & Alvim |
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| Coleção | Arte e Produção |
| Categorias | |
| Editora | Assírio & Alvim |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Amadeo de Souza-Cardoso, Gustave Flaubert |
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Diálogo de Vanguardas“Amadeo de Souza-Cardoso serviu bem muitas das vontades míticas por cá existentes entre a genialidade precoce, vertiginosa e finalmente desentendida pela pertença periférica do artista, e as apressadas qualificações da obra como um epigonismo voraz e pouco mais. Amadeo oscilou, nestas qualificações e desqualificações, entre o jovem imigrante e o aristocrata rural e possidente, mesmo até certo ponto arrogante, como se essas variáveis tipológicas tão portuguesas e tão universais pudessem trazer a menor réstia de luz para entender a obra.[...] Não é um momento de ‘Entfremdung’, à maneira hegeliana, o que irá acontecer aqui, porque a existência e o valor da obra não estão minimamente em causa, antes se procura uma medida mais conforme para o seu reconhecimento.Os textos, de modo diferente, e como se desejou, embora reencontrem um Amadeo próximo dos seus modelos hermenêuticos tradicionais, tantas vezes repetidos, de vertigem, voragem e talento, ultrapassam-nos, assinalando aquilo em que ele é diferente, original e significativo. E são essas características que, para lá da superfície necessariamente tumultuosa do seu presente artístico mais imediato, lhe dão, por mérito inquestionável, um lugar adequado e imprescindível na arte do seu tempo.”Jorge Molder -
Amadeo de Souza Cardoso - FotobiografiaEste é o primeiro volume do "Catálogo Raisonné" de Amadeo de Souza-Cardoso, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Assírio & Alvim. Aqui, o artista dá lugar ao homem. Conhecerá algumas das suas obras e desenhos, mas também as coisas que compunham o seu dia-a-dia: cartas, fotografias, notas à margem... Um olhar mais íntimo pela vida, tão curta, deste pintor português. -
Bouvard e PecuchetBouvard e Pécuchet (o último romance do autor de Madame Bovary ) é também uma obra-prima do romance moderno: narra o encontro de dois parisienses solitários e antagónicos, o seu imediato entendimento e partilha de vida percorrendo o mundo em busca de conhecimento. -
Um Coração SimplesUm Coração Simples retrata a história de uma mulher simples, Félicité, criada da senhora Aubain, uma viúva de alguns recursos. É um livro sobre a beleza, nomeadamente a de Félicité, que ignora a complexidade do mundo e as subtilezas da convivência humana. -
A Educação SentimentalA Educação Sentimental tem, na obra de Flaubert, uma importância comparável à de Madame Bovary. Para Kafka, Flaubert era autor de um único romance e esse romance era A Educação Sentimental. Em Novembro de 1912, ao enviar um exemplar da tradução alemã a Felice escreve: «É um livro que, durante muitos anos, me tocou de perto como só o fizeram dois ou três seres humanos. Em qualquer momento e lugar em que o abri provocou-me sobressaltos de medo e absorveu-me inteiramente e de todas as vezes senti-me como um filho espiritual deste escritor, ainda que pobre e desajeitado.» Proust escolheu A Educação Sentimental como exemplo do melhor Flaubert, considerando que neste romance a «revolução» no seu estilo estava «acabada». -
Madame BovaryAinda hoje, mais de 150 anos depois de ter vindo ao mundo, milhões de Bovarys por essas cidades fora choram e desesperam como chorou e desesperou a heroína deste romance. Atolada na mediocridade da vida quotidiana, entre um marido com poucas qualidades e uma solidão que a verga, Emma Bovary vai procurar no adultério a fuga de uma existência entediante. De sonho em sonho, de esperança em esperança, até à ruína final. Quem nunca foi Bovary? Quando apareceu, rebentou o escândalo, o autor chegou a sentar-se no banco dos réus, acusado de atentado à moral. Não admira, a crítica aos costumes e à sociedade é impiedosa. Lida, comentada e reverenciada deste então, Bovary foi posta ao lado de Hamlet, Quixote ou Ulisses na galeria das grandes personagens da literatura universal. É uma obra do cânone literário ocidental, cujo impacto e influência foram de tal ordem, que acabou por obliterar a restante obra do escritor. -
Amadeo de Souza-Cardoso - PinturaEste livro foi publicado por ocasião da exposição «Amadeo de Souza Cardoso 1887-1918», organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Réunion des Musées Nationaux - Grand Palais, em Paris, de 20 de Abril a 18 de Julho de 2016. La Légende de Saint Julien lHospitalier é um manuscrito ilustrado de Amadeo de Souza-Cardoso, a partir do texto de Gustave Flaubert, pertencente à colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian. -
XX Dessins de Amadeu de Souza-CardosoEsta edição fac-similada do álbum XX Dessins, de Amadeo de Souza-Cardoso (1912), foi publicada por ocasião da exposição «Amadeo de Souza Cardoso 1887-1918», organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Réunion des Musées Nationaux - Grand Palais, em Paris, de 20 de Abril a 18 de Julho de 2016. «Cardoso não procede de ninguém, nem mesmo de Deus. Criou um mundo totalmente novo. A natureza, os seres vivos, animais ou criaturas humanas, flora e fauna, tudo saiu do seu cérebro de lírico alucinado. Como afirma, com razão, Jérôme Doucet, “trata-se de construções arquitecturais tão libertas de convenções, que poderiam ser habitantes ou construções de outro planeta”. -
La Legende de Saint Julien l' HospitalierLivre publié à loccasion de lexposition «Amadeo de Souza Cardoso 1887-1918», organisé par la Fondation Calouste Gulbenkian et la Réunion des Musées Nationaux - Grand Palais, à Paris, 20 Avril à 18 Juillet 2016. La Légende de Saint Julien lHosp it alier est un manuscrit illustré de Amadeo de Souza Cardoso, du texte de Gustave Flaubert, appartenant à la collection du Centre dArt Moderne de la Fondation Calouste Gulbenkian.
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Arte, Religião e Imagens em Évora no tempo do Arcebispo D. Teodósio de Bragança, 1578-1601D. Teotónio de Bragança (1530-1602), Arcebispo de Évora entre 1578 e 1602, foi um grande mecenas das artes sob signo do Concílio de Trento. Fundou o Mosteiro de Scala Coeli da Cartuxa, custeou obras relevantes na Sé e em muitas paroquiais da Arquidiocese, e fez encomendas em Lisboa, Madrid, Roma e Florença para enriquecer esses espaços. Desenvolveu um novo tipo de arquitectura, ser- vindo-se de artistas de formação romana como Nicolau de Frias e Pero Vaz Pereira. Seguiu com inovação um modelo «reformado» de igrejas-auditório de novo tipo com decoração integral de interiores, espécie de ars senza tempo pensada para o caso alentejano, onde pintura a fresco, stucco, azulejo, talha, imaginária, esgrafito e outras artes se irmanam. Seguiu as orientações tridentinas de revitalização das sacrae imagines e enriqueceu-as com novos temas iconográficos. Recuperou lugares de culto matricial paleo-cristão como atestado de antiguidade legitimadora, seguindo os princípios de ‘restauro storico’ de Cesare Baronio; velhos cultos emergem então, caso de São Manços, São Jordão, São Brissos, Santa Comba, São Torpes e outros alegadamente eborenses. A arte que nasce em Évora no fim do século XVI, sob signo da Contra-Maniera, atinge assim um brilho que rivaliza com os anos do reinado de D. João III e do humanista André de Resende. O livro reflecte sobre o sentido profundo da sociedade de Évora do final de Quinhentos, nas suas misérias e grandezas. -
Cartoons - 1969-1992O REGRESSO DOS ICÓNICOS CARTOONS DE JOÃO ABEL MANTA Ao fim de 48 anos, esta é a primeira reedição do álbum Cartoons 1969‑1975, publicado em Dezembro de 1975, o que significa que levou quase tanto tempo a que estes desenhos regressassem ao convívio dos leitores portugueses como o que durou o regime derrubado pela Revolução de Abril de 1974.Mantém‑se a fidelidade do original aos cartoons, desenhos mais ou menos humorísticos de carácter essencialmente político, com possíveis derivações socioculturais, feitos para a imprensa generalista. Mas a nova edição, com alguns ajustes, acrescenta «todos os desenhos relevantes posteriores a essa data e todos os que, por razões que se desconhece (mas sobre as quais se poderá especular), foram omitidos dessa primeira edição», como explica o organizador, Pedro Piedade Marques, além de um aparato de notas explicativas e contextualizadoras. -
Constelações - Ensaios sobre Cultura e Técnica na ContemporaneidadeUm livro deve tudo aos que ajudaram a arrancá-lo ao grande exterior, seja ele o nada ou o real. Agora que o devolvo aos meandros de onde proveio, escavados por todos sobre a superfície da Terra, talvez mais um sulco, ou alguma água desviada, quero agradecer àqueles que me ajudaram a fazer este retraçamento do caminho feito nestes anos de crise, pouco propícios para a escrita. […] Dá-me alegria o número daqueles a que precisei de agradecer. Se morremos sozinhos, mesmo que sejam sempre os outros que morrem — é esse o epitáfio escolhido por Duchamp —, só vivemos bem em companhia. Estes ensaios foram escritos sob a imagem da constelação. Controlada pelo conceito, com as novas máquinas como a da fotografia, a imagem libertou-se, separou-se dos objectos que a aprisionavam, eles próprios prisioneiros da lógica da rendibilidade. Uma nova plasticidade é produzida pelas imagens, que na sua leveza e movimento arrastam, com leveza e sem violência, o real. O pensamento do século XX propôs uma outra configuração do pensar pela imagem, desenvolvendo métodos como os de mosaico, de caleidoscópio, de paradigma, de mapa, de atlas, de arquivo, de arquipélago, e até de floresta ou de montanha, como nos ensinou Aldo Leopoldo. Esta nova semântica da imagem, depois de milénios de destituição pelo platonismo, significa estar à escuta da máxima de Giordano Bruno de que «pensar é especular com imagens». Em suma, a constelação em acto neste livro é magnetizada por uma certa ideia da técnica enquanto acontecimento decisivo, e cada ensaio aqui reunido corresponde a uma refracção dessa ideia num problema por ela suscitado, passando pela arte, o corpo, a fotografia e a técnica propriamente dita. Tem como único objectivo que um certo pensar se materialize, que este livro o transporte consigo e, seguindo o seu curso, encontre os seus próximos ou não. [José Bragança de Miranda] -
Esgotar a Dança - A Perfomance e a Política do MovimentoDezassete anos após sua publicação original em inglês, e após sua tradução em treze línguas, fica assim finalmente disponível aos leitores portugueses um livro fundamental para os estudos da dança e seminal no campo de uma teoria política do movimento.Nas palavras introdutórias à edição portuguesa, André Lepecki diz-nos: «espero que leitores desta edição portuguesa de Exhausting Dance possam encontrar neste livro não apenas retratos de algumas performances e obras coreográficas que, na sua singularidade afirmativa, complicaram (e ainda complicam, nas suas diferentes sobrevidas) certas noções pré-estabelecidas, certos mandamentos estéticos, do que a dança deve ser, do que a dança deve parecer, de como bailarines se devem mover e de como o movimento se deve manifestar quando apresentado no contexto do regime da 'arte' — mas espero que encontrem também, e ao mesmo tempo, um impulso crítico-teórico, ou seja, político, que, aliado que está às obras que compõem este livro, contribua para o pensar e o fazer da dança e da performance em Portugal hoje.» -
Siza DesignUma extensa e pormenorizada abordagem à obra de design do arquiteto Álvaro Siza Vieira, desde as peças de mobiliário, de cerâmica, de tapeçaria ou de ourivesaria, até às luminárias, ferragens e acessórios para equipamentos, apresentando para cada uma das cerca de 150 peças selecionadas uma detalhada ficha técnica com identificação, descrição, materiais, empresa distribuidora e fotografias, e integrando ainda um conjunto de esquissos originais nunca publicados e uma entrevista exclusiva ao arquiteto.CoediçãoArteBooks DesignCoordenação Científica + EntrevistaJosé Manuel PedreirinhoDesign GráficoJoão Machado, Marta Machado -
A Vida das Formas - Seguido de Elogio da MãoEste continua a ser o livro mais acessível e divulgado de Focillon. Nele o autor expõe em pormenor o seu método e a sua doutrina. Ao definir o carácter essencial da obra de arte como uma forma, Focillon procura sobretudo explicitar o carácter original e independente da representação artística recusando a interferência de condições exteriores ao acto criativo. Afastando-se simultaneamente do determinismo sociológico, do historicismo e da iconologia, procura demonstrar que a arte constitui um mundo coerente, estável e activo, animado por um movimento interno próprio, no fundo do qual a história política ou social apenas serve de quadro de referência. Para Focillon a arte é sempre o ponto de partida ou o ponto de chegada de experiências estéticas ligadas entre si, formando uma espécie de genealogias formais complexas que ele designa por metamorfoses. São estas metamorfoses que dão à obra de arte o seu carácter único e a fazem participar da evolução universal das formas.


