O Essencial sobre a Esquerda Radical
As décadas de 1960 e 1970 assistiram à afirmação de uma nova esquerda fortemente apostada em transformar o existente. Apesar da sua configuração plural, este cosmos rebelde teve características comuns, que foram da rejeição das hegemonias oriundas da guerra-fria à crítica profunda aos modelos tradicionais de autoridade. Este livro pretende lançar um olhar panorâmico sobre as grandes linhas ideológicas que marcaram a época, dando relevo à maneira como elas se plasmaram no território português.
| Editora | Angelus Novus |
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| Editora | Angelus Novus |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Miguel Cardina |
Miguel Cardina é investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Coordenou o projecto de investigação «CROME – Crossed Memories, Politics of Silence. The Colonial-Liberation Wars in Postcolonial Times», financiado pelo ERC (European Research Council). É autor ou co-autor de vários livros, capítulos e artigos sobre colonialismo, anticolonialismo e guerra colonial; história das ideologias políticas nas décadas de 1960 e 1970; e dinâmicas entre história e memória.
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Margem de Certa Maneira - O Maoismo em Portugal 1964-1974«A expressão "Meninos Rabinos que Pintam Paredes" foi ampla e pejorativamente usada nos anos quentes de 1974 e 1975 para nomear os militantes do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), um dos grupos mais activos na galáxia da extrema esquerda portuguesa da década de 1970. ( ) Acontece que o carácter jocoso da expressão tanto deixa ver uma parte da realidade como coloca na sombra o que foge à simplificação. Definindo o grupo como uma fauna agi¬tada e de duvidosa origem de classe, rasura se o facto de o MRPP ter igualmente dinamizado uma componente operária e, mais lateralmente, acaba por se reduzir a intervenção mural a um inócuo atrevimento juvenil de um dado grupo político. Expressões como esta, comuns ao contexto político do imediato pós 25 de Abril, feito de acesos conflitos verbais e até físicos, acabaram por se alojar nos interstí¬cios da memória social, forjando uma imagem bastante limitada do que foi em Portugal o complexo maoista ou "marxista leninista" (m l). Ao pretender analisar o mapa organizativo e os traços do imaginário maoista entre 1964 e 1974, este livro é também uma forma de diluir lugares comuns como esse. Na verdade, o fenó¬meno em causa foi bem mais plural do que a referência continuada ao MRPP permite supor.» -
O Atrito da MemóriaUMA REFLEXÃO SOBRE AS MÚLTIPLAS VIDAS DO PASSADO COLONIAL PORTUGUÊS Como se fez e desfez o colonialismo? De que forma a guerra colonial se constituiu como a sua etapa derradeira? Qual a memória dominante sobre este período histórico e que disputas públicas se têm expressado nos últimos anos? A memória da guerra, do colonialismo e da descolonização constitui ainda uma realidade viva no Portugal democrático, apesar de ainda não ter sido feita a discussão profunda que uma questão desta magnitude merece. Num momento em que nos preparamos para celebrar os 50 anos do 25 de Abril e da revolução, enfrentar essa memória e os efeitos do colonialismo é fazer uma reflexão indispensável sobre o Portugal de ontem, de hoje e de amanhã. «É necessário discutir este passado para que se possa abrir espaço para outros futuros. Na verdade, o longo trajeto colonial transporta heranças ativas que devemos ter a responsabilidade de saber enfrentar. A palavra decisiva talvez seja essa: responsabilidade. Ou seja, lidar abertamente com uma trama que se expressa, entre outros aspetos, na mitificação nacionalista da história, nas várias manifestações de um racismo sistémico, e na desconsideração da natureza intrinsecamente violenta do colonialismo. Estes aspetos não podem ficar na penumbra da história: um passado soterrado não é um passado morto; é um passado enterrado vivo. Mais de 60 anos volvidos sobre o início da guerra, quase 50 anos depois das independências africanas e da descolonização, é certo que a maioria da população portuguesa já nasceu depois desses acontecimentos. Mas nada disto pode ser considerado como uma simples curiosidade histórica que apenas diz respeito a quem viveu ‘aquele tempo’. O presente que habitamos é ainda feito desses escombros.»
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A Esquerda não é WokeSe somos de esquerda, somos woke. Se somos woke, somos de esquerda.Não, não é assim. E este erro é extremamente perigoso.Na sua génese e nas suas pedras basilares, o wokismo entra em conflito com as ideias que guiam a esquerda há mais de duzentos anos: um compromisso com o universalismo, uma distinção objetiva entre justiça e poder, e a crença na possibilidade de progresso. Sem estas ideias, afirma a filósofa Susan Neiman, os wokistas continuarão a minar o caminho até aos seus objetivos e derivarão, sem intenção mas inexoravelmente, rumo à direita. Em suma: o wokismo arrisca tornar-se aquilo que despreza.Neste livro, a autora, um dos nomes mais importantes da filosofia, demonstra que a sua tese tem origem na influência negativa de dois titãs do pensamento do século XXI, Michel Foucault e Carl Schmitt, cuja obra menosprezava as ideias de justiça e progresso e retratava a vida em sociedade como uma constante e eterna luta de «nós contra eles». Agora, há uma geração que foi educada com essa noção, que cresceu rodeada por uma cultura bem mais vasta, modelada pelas ideias implacáveis do neoliberalismo e da psicologia evolutiva, e quer mudar o mundo. Bem, talvez seja tempo de esta geração parar para pensar outra vez. -
Não foi por Falta de Aviso | Ainda o Apanhamos!DOIS LIVROS DE RUI TAVARES NUM SÓ: De um lado, as crónicas que há muito alertavam para a ameaça do autoritarismo Do outro, aquelas que nos apontam o caminho para um Portugal melhor Não foi por Falta de Aviso. Na última década e meia, enquanto o mundo lutava com as sequelas de uma crise financeira e enfrentava uma pandemia, crescia uma ameaça maior à nossa forma democrática de vida. O regresso do autoritarismo estava à vista de todos. Mas poucos o quiseram ver, e menos ainda nomear desde tão cedo. Não Foi por Falta de Aviso é um desses raros relatos. Porque o resto da história ainda pode ser diferente. Ainda o Apanhamos! Nos 50 anos do 25 Abril, que inaugurou o nosso regime mais livre e generoso, é tempo de revisitar uma tensão fundamental ao ser português: a tensão entre pequenez e grandeza, entre velho e novo. Esta ideia de que estamos quase sempre a chegar lá, ou prontos a desistir a meio do caminho. Para desatar o nó, não basta o «dizer umas coisas» dos populistas e não chegam as folhas de cálculo dos tecnocratas. É preciso descrever a visão de um Portugal melhor e partilhar um caminho para lá chegar. SINOPSE CURTA Um livro de Rui Tavares que se divide em dois: de um lado, as crónicas que há muito alertavam para a ameaça do autoritarismo; do outro, as crónicas que apontam o caminho para um Portugal melhor. -
O Fim da Paz PerpétuaO mundo é um lugar cada vez mais perigoso e precisamos de entender porquêCom o segundo aniversário da invasão da Ucrânia, que se assinala a 24 de Fevereiro, e uma outra tragédia bélica em curso no Médio Oriente, nunca neste século o mundo esteve numa situação tão perigosa. A predisposição bélica e as tensões político-militares regressaram em força. A ideia de um futuro pacífico e de cooperação entre Estados, sonhada por Kant, está a desmoronar-se.Este livro reflecte sobre o recrudescimento de rivalidades e conflitos a nível internacional e sobre as grandes incógnitas geopolíticas com que estamos confrontados. Uma das maiores ironias dos tempos conturbados que atravessamos é de índole geográfica. Immanuel Kant viveu em Königsberg, capital da Prússia Oriental, onde escreveu o panfleto Para a Paz Perpétua. Königsberg é hoje Kaliningrado, território russo situado entre a Polónia e a Lituânia, bem perto da guerra em curso no leste europeu. Aí, Putin descerrou em 2005 uma placa em honra de Kant, afirmando a sua admiração pelo filósofo que, segundo ele, «se opôs categoricamente à resolução de divergências entre governos pela guerra».O presidente russo está hoje bem menos kantiano - e o mundo também. -
Manual de Filosofia PolíticaEste Manual de Filosofia Política aborda, em capítulos autónomos, muitas das grandes questões políticas do nosso tempo, como a pobreza global, as migrações internacionais, a crise da democracia, a crise ambiental e a política de ambiente, a nossa relação com os animais não humanos, a construção europeia, a multiculturalidade e o multiculturalismo, a guerra e o terrorismo. Mas fá-lo de uma forma empiricamente informada e, sobretudo, filosoficamente alicerçada, começando por explicar cada um dos grandes paradigmas teóricos a partir dos quais estas questões podem ser perspectivadas, como o utilitarismo, o igualitarismo liberal, o libertarismo, o comunitarismo, o republicanismo, a democracia deliberativa, o marxismo e o realismo político. Por isso, esta é uma obra fundamental para professores, investigadores e estudantes, mas também para todos os que se interessam por reflectir sobre as sociedades em que vivemos e as políticas que queremos favorecer. -
O Labirinto dos PerdidosMaalouf regressa com um ensaio geopolítico bastante aguardado. O autor, que tem sido um guia para quem procura compreender os desafios significativos do mundo moderno, oferece, nesta obra substantiva e profunda, os resultados de anos de pesquisa. Uma reflexão salutar em tempos de turbulência global, de um dos nossos maiores pensadores. De leitura obrigatória.Uma guerra devastadora eclodiu no coração da Europa, reavivando dolorosos traumas históricos. Desenrola-se um confronto global, colocando o Ocidente contra a China e a Rússia. É claro para todos que está em curso uma grande transformação, visível já no nosso modo de vida, e que desafia os alicerces da civilização. Embora todos reconheçam a realidade, ainda ninguém examinou a crise atual com a profundidade que ela merece.Como aconteceu? Neste livro, Amin Maalouf aborda as origens deste novo conflito entre o Ocidente e os seus adversários, traçando a história de quatro nações preeminentes. -
Esquerda e Direita: guia histórico para o século XXIO que são, afinal, a esquerda e a direita políticas? Trata-se de conceitos estanques, flutuantes, ou relativos? Quando foi que começámos a usar estes termos para designar enquadramentos políticos? Esquerda e Direita: guia histórico para o século XXI é um ensaio historiográfico, político e filosófico no qual Rui Tavares responde a estas questões e explica por que razão a terminologia «esquerda / direita» não só continua a ser relevante, como poderá fazer hoje mais sentido do que nunca. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
Introdução ao ConservadorismoUMA VIAGEM À DOUTRINA POLÍTICA CONSERVADORA – SUA ESSÊNCIA, EVOLUÇÃO E ACTUALIDADE «Existiu sempre, e continua a existir, uma carência de elaboração e destilação de princípios conservadores por entre a miríade de visões e experiências conservadoras. Isso não seria particularmente danoso por si mesmo se o conservadorismo não se tivesse tornado uma alternativa a outras ideologias políticas, com as quais muitas pessoas, alguns milhões de pessoas por todo o mundo, se identificam e estão dispostas a dar o seu apoio cívico explícito. Assim sendo, dizer o que essa alternativa significa em termos políticos passa a ser uma tarefa da maior importância.» «O QUE É O CONSERVADORISMO?Uma pergunta tão directa devia ter uma resposta igualmente directa. Existe essa resposta? Perguntar o que é o conservadorismo parece supor que o conservadorismo tem uma essência, parece supor que é uma essência, e, por conseguinte, que é subsumível numa definição bem delimitada, a que podemos acrescentar algumas propriedades acidentais ou contingentes.»