O Essencial sobre o Teatro de Henrique Lopes de Mendonça
A qualidade e heterogeneidade da obra dramática de Henrique Lopes de Mendonça constitui modelo de renovação, no contexto, tão denso e válido da sua obra literária e dramatúrgica em si mesma, como expressão cultural e ideológica que marca em termos genéricos toda a criatividade do teatro português na transição do século. E esta apreciação envolve tanto as peças de tema histórico como as peças de expressão contemporânea, e tanto os dramas como as comédias, cobrindo de forma exemplar a transição temática, estilística e epocal do teatro como arte heterogénea, literária sem dúvida, mas sobretudo arte de espetáculo. E daí, a modernidade desta dramaturgia e a conciliação da expressão literária com a expressão cénica e espetacular, usando aqui o termo na sua total abrangência.
| Editora | Imprensa Nacional Casa da Moeda |
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| Editora | Imprensa Nacional Casa da Moeda |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Duarte Ivo Cruz |
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O Essencial Sobre O tema da Índia no teatro portuguêsA Índia está no centro da obra referencial da cultura portuguesa, Os Lusíadas, pois não há comparação possível, naquela síntese ímpar de poema, História e conciliação da cultura nacional com a globalização, e da época com a contemporaneidade. Na Índia estreou Camões o seu auto «Filodemo». A Índia percorre a História e a Literatura, marca a mentalidade como centro de cultura «alternativa» ao espírito europeu, origem de um estilo, referência mitológica, nascente de heróis... E no entanto, o tema não é tão recorrente, no teatro português, como outras abordagens temáticas da História, da colonização e da Expansão. África, bem ou mal, surge na dramaturgia com outro fôlego, e isto, tanto na perspectiva histórica como numa mais justificável perspectiva política e esta, tanto nos autores portugueses como nos autores africanos de expressão portuguesa. Dominados e fascinados pelo esplendor de Os Lusíadas, temos, por vezes, tendência para esquecer a importância e a constância do tema da Índia no teatro português, desde logo a partir de Gil Vicente, envolvendo os clássicos e o próprio Camões-dramaturgo e percorrendo as diversas épocas e estéticas do nosso teatro, de Garrett aos românticos e desde as correntes realistas-naturalistas aos diversos modernismos, até ao teatro épico e às correntes que hoje vivemos. E, simultaneamente, olhamos para algum teatro escrito e produzido em Goa, também de tema e de cultura local.Ver por dentro: -
Os Políticos e o TeatroDuarte Ivo Cruz concilia, há mais de quarenta anos, a intervenção económica, pública e privada, com a actividade docente e de investigação histórica ligada a temas de História do teatro e de História diplomática e de relações internacionais. É autor de mais de trinta livros numa e noutra área, publicados em Portugal, no Brasil, em Espanha e Nações Unidas. Desempenhou funções governamentais e de representação de Portugal e do Brasil em numerosas entidades internacionais. Licencido em Direito pela Universidade de Lisboa, foi professor da Universidade Católica Portuguesa, da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e da Universidade Mackezie de São Paulo. O presente livro concilia as duas vertentes de actividade, ao proceder ao estudo das dramaturgias e da acção política de escritores portugueses, de Garrett aos nossos dias, que foram simultaneamente membros de sucessivos governos. Publicou na INCM diversos estudos e recolhas da obra de dramaturgos portugueses e brasileiros e três volumes da colecção «O Essencial sobre», sendo o último O Tema da Índia no Teatro Português (2011).Ver por dentro:
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Os CavaleirosOs Cavaleiros foram apresentados nas Leneias de 424 por um Aristófanes ainda jovem. A peça foi aceite com entusiasmo e galardoada com o primeiro lugar. A comédia surgiu no prolongamento de uma divergência entre o autor e o político mais popular da época, Cléon, em quem Aristófanes encarna o símbolo da classe indesejável dos demagogos. Denunciar a corrupção que se instaurou na política ateniense, os seus segredos e o seu êxito, eis o que preocupava, acima de tudo, o autor. Discursos, mentiras, falsas promessas, corrupção e condenáveis ambições são apenas algumas das 'virtudes' denunciadas, numa peça vibrante de ritmo que cativou o público ateniense da época e que cativa o público do nosso tempo, talvez porque afinal não tenha havido grandes mudanças na vida da sociedade humana. -
Atriz e Ator Artistas - Vol. I - Representação e Consciência da ExpressãoNas origens do Teatro está a capacidade de inventar personagens materiais e imateriais, de arquitetar narrativas que lancem às personagens o desafio de se confrontarem com situações e dificuldades que terão de ultrapassar. As religiões roubaram ao Teatro as personagens imateriais. Reforçaram os arquétipos em que tinham de se basear para conseguirem inventariar normas de conduta partilháveis que apaziguassem as ansiedades das pessoas perante o mundo desconhecido e o medo da morte.O Teatro ficou com as personagens materiais, representantes não dos deuses na terra, mas de seres humanos pulsionais, contraditórios, vulneráveis, que, apesar de perdidos nos seus percursos existenciais, procuram dar sentido às suas escolhas.Aos artesãos pensadores do Teatro cabe o desígnio de ir compreendendo a sua função ao longo dos tempos, inventando as ferramentas, esclarecendo as noções que permitam executar a especificidade da sua Arte. Não se podem demitir da responsabilidade de serem capazes de transmitir as ideias, as experiências adquiridas, às gerações vindouras, dando continuidade à ancestralidade de uma profissão que perdura. -
As Mulheres que Celebram as TesmofóriasEsta comédia foi apresentada por Aristófanes em 411 a. C., no festival das Grandes Dionísias, em Atenas. É, antes de mais, de Eurípides e da sua tragédia que se trata em As Mulheres que celebram as Tesmofórias. Aristófanes, ao construir uma comédia em tudo semelhante ao estilo de Eurípides, procura caricaturá-lo. Aristófanes dedica, pela primeira vez, toda uma peça ao tema da crítica literária. Dois aspectos sobressaem na presente caricatura: o gosto obsessivo de Eurípides pela criação de personagens femininas, e a produção de intrigas complexas, guiadas por percalços imprevisíveis da sorte. A somar-se ao tema literário, um outro se perfila como igualmente relevante, e responsável por uma diversidade de tons cómicos que poderão constituir um dos argumentos em favor do muito provável sucesso desta produção. Trata-se do confronto de sexos e da própria ambiguidade nesta matéria. -
A Comédia da MarmitaO pobre Euclião encontra uma marmita cheia de ouro, esconde-a e aferra-se a ela; passa a desconfiar de tudo e de todos. Entretanto, não se apercebe que Fedra, a sua filha, está grávida de Licónides. Megadoro, vizinho rico, apaixonado, pede a mão de Fedra em casamento, e prontifica-se a pagar a boda, já que a moça não tem dote. Euclião aceita e prepara-se o casamento. Ora acontece que Megadouro é tio de Licónides. É assim que começa esta popular peça de Plauto, cheia de peripécias e de mal-entendidos, onde se destaca a personagem de Euclião com a sua desconfiança, e que prende o leitor até ao fim. «O dinheiro não dá felicidade mas uma marmita de ouro, ao canto da lareira, ajuda muito à festa» - poderá ser a espécie de moralidade desta comédia a Aulularia cujo modelo influenciou escritores famosos (Shakespeare e Molière, por exemplo) e que, a seguir ao Anfitrião, se situa entre as peças mais divulgadas de Plauto. -
O Teatro e o Seu Duplo«O Teatro e o Seu Duplo, publicado em 1938 e reunindo textos escritos entre 1931 e 1936, é um ataque indignado em relação ao teatro. Paisagem de combate, como a obra toda, e reafirmação, na esteira de Novalis, de que o homem existe poeticamente na terra.Uma noção angular é aí desenvolvida: a noção de atletismo afectivo.Quer dizer: a extensão da noção de atletismo físico e muscular à força e ao poder da alma. Poderá falar-se doravante de uma ginástica moral, de uma musculatura do inconsciente, repousando sobre o conhecimento das respirações e uma estrita aplicação dos princípios da acupunctura chinesa ao teatro.»Vasco Santos, Posfácio -
Menina JúliaJúlia é uma jovem aristocrata que, por detrás de uma inocência aparente esconde um lado provocador. Numa noite de S. João, Júlia seduz e é seduzida por João, criado do senhor Conde e noivo de Cristina, a cozinheira da casa. Desejo, conflitos de poder, o choque violento das classes sociais e dos sexos que povoam aquela que será uma noite trágica. -
Os HeraclidasHéracles é o nome do deus grego que passou para a mitologia romana com o nome de Hércules; e Heraclidas é o nome que designa todos os seus descendentes.Este drama relata uma parte da história dos Heraclidas, que é também um episódio da Mitologia Clássica: com a morte de Héracles, perseguido pelo ódio de Euristeu, os Heraclidas refugiam-se junto de Teseu, rei de Atenas, o que representa para eles uma ajuda eficaz. Teseu aceita entrar em guerra contra Euristeu, que perece na guerra, junto com os seus filhos. -
A Comédia dos BurrosA “Asinaria” é, no conjunto, uma comédia de enganos equilibrada e com cenas particularmente divertidas, bem ao estilo de Plauto. A intriga - na qual encontramos alguns dos tipos e situações características do teatro plautino (o jovem apaixonado desprovido de dinheiro; o pai rival do filho nos seus amores; a esposa colérica odiada pelo marido; a cínica, esperta e calculadora alcoviteira; e os escravos astutos, hábeis e mentirosos) - desenrola-se em dois tons - emoção e farsa - que, ao combinarem-se, comandam a intriga através de uma paródia crescente até ao triunfo decisivo do tom cómico.