Portugal como Destino seguido de Mitologia da Saudade
A história chega tarde para dar sentido à vida de um povo. Só o pode recapitular. Antes da plena consciência de um destino particular - aquela que a memória, como crónica ou história propriamente dita, revisita -, um povo é já um futuro e vive do futuro que imagina para existir. A imagem de si mesmo precede-o como as tábuas da lei aos Hebreus no deserto. São projectos, sonhos, injunções, lembrança de si mesmo naquela época fundadora que, uma vez surgida, é já destino e condiciona todo o seu destino. Em suma, mitos.
| Editora | Gradiva |
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| Coleção | Obras de Eduardo Lourenço |
| Categorias | |
| Editora | Gradiva |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Eduardo Lourenço |
EDUARDO LOURENÇO (DE FARIA) nasceu a 23 de Maio de 1923, em S. Pedro de Rio Seco, concelho de Almeida, distrito da Guarda. Era o filho mais velho (de sete) de Abílio de Faria, oficial do Exército, e de Maria de Jesus Lourenço. Frequenta a Escola Primária na sua terra natal. Depois ingressa no Liceu da Guarda e termina os seus estudos secundários no Colégio Militar em Lisboa. Frequenta o Curso de Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra onde conclui a Licenciatura no dia 23 de Julho de 1946, com uma Dissertação com o título "O Sentido da Dialéctica no Idealismo Absoluto. Primeira parte". Assume as funções de Professor Assistente nessa Universidade, cargo que desempenha até 1953. Desde então e até 1958 exerce as funções de Leitor de Língua e Cultura Portuguesa nas Universidades de Hamburgo, Heidelberg e Montpellier. Nos anos de 1958 e 1959, rege, na qualidade de Professor Convidado, a disciplina de Filosofia na Universidade Federal da Baía (Brasil). Ocupa depois o lugar de Leitor a cargo do Governo francês nas Universidades de Grenoble e de Nice. Nesta última Universidade irá desempenhar posteriormente as funções de Maître-Assistant, cargo que manterá até à sua jubilação no ano lectivo de 1988-1989. Publica, em edição de autor, o seu primeiro livro Heterodoxia I em Novembro de 1949. Casa com Annie Salomon em 1954. Em 1966, nasce o seu filho adoptivo, Gil. Ao seu livro Pessoa Revisitado - Leitura Estruturante do Drama em Gente é atribuído o Prémio Casa da Imprensa (1974). Em 10 de Junho de 1981, é condecorado com a Ordem de Sant’Iago d’Espada. Pelo seu livro Poesia e Metafísica recebe, no ano de 1984, o Prémio de Ensaio Jacinto Prado Coelho. Dois anos mais tarde, é distinguido com o Prémio Nacional da Crítica graças a Fernando, Rei da nossa Baviera. Por ocasião da publicação da sua obra Nós e a Europa – ou as duas razões, é galardoado com o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon, que distingue o conjunto da sua obra. Dirige, a partir do Inverno de 1988, a revista Finisterra - Revista de Reflexão e Crítica. É nomeado Adido Cultural junto da Embaixada de Portugal em Roma. É condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique (Grande Oficial). Recebe, no dia 1 de Julho de 1992, o Prémio António Sérgio. Participa no Parlamento Internacional de Escritores que decorre entre 28 e 30 de Setembro de 1994 em Lisboa. Pela sua obra O Canto do Signo recebeu em 1995 o Prémio D. Dinis de Ensaio. Doutor Honoris Causa pelas Universidades do Rio de Janeiro (1995), Universidade de Coimbra (1996), Universidade Nova de Lisboa (1998) e Universidade de Bolonha (2006). Exercia desde 2002 as funções de administrador não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi galardoado com o Prémio Pessoa 2011 e ainda com o Prémio Vida e Obra (Sociedade Portuguesa de Autores) a que se sucederam, entre outros, o Prémio Universidade de Lisboa (2012), o Prémio Jacinto do Prado Coelho (2013) e o Prémio Vasco Graça Moura (2016).
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Finisterra n.º 73 - Revista de Reflexão e Crítica - A Crise do Euro e o Futuro do Modelo Social Europeu"Quo Vadis" - Eduardo Lourenço Uma NOva Social-Democracia Moderna - Guilherme d'Oliveira Martins As Regras de Oiro da Senhora Merkel - Fernando Pereira Marques Crise do Euro e Modelo Social Europeu - Glória Rebelo O Estado Social em causa: Instituições Sociais, Políticas Sociais e Movimentos Sociolaborais no Contexto Europeu - Elísio Estanque Como a Reconstrução Ideológica É Indispensável ao Projecto Social Europeu - José Nuno Lacerda da Fonseca Rousseau, Trezentos Anos Depois - Joaquim Jorge Veiguinha Alfredo Margarido, Um Pensador Livre e Crítico - Fernando Pereira Marques Eduardo Lourenço - Prémio Pessoa: O interrogador de Labirintos - Guilherme d'Oliveira Eduardo Lourenço e João Martins Pereira: Conversa com Abril em Fundo - Manuela Cruzeiro O Impulso Documental e Expressão Literária em Alves Redol - David Santos A Mentira que Causa Deleite - João Soares Santos Para Uma Ética Republicana - Fernando Pereira Marques Catroga, Fernando - Ensaio Respublicano, FFMS, Lisboa, 2011 - Joaquim Jorge Veiguinha -
Obras Completas - Tempo e Poesia, Vol. IIIO livro Tempo e Poesia, de Eduardo Lourenço foi publicado em 1974 e representa um marco no ensaísmo português, constituindo-se como obra de referência para a leitura da Poesia. O presente conjunto de textos, publicados no âmbito do plano das Obras Completas de Eduardo Lourenço, da Fundação Calouste Gulbenkian, representa, em meu entender, a mais importante obra sobre a poesia alguma vez editada em Portugal. -
Obras Completas - Tempo Brasileiro: fascínio e miragem, Vol. IVO livro Tempo Brasileiro: Fascínio e Miragem de Eduardo Lourenço foi organizado em grande parte com base em reproduções da documentação original do Dossier Tempo Brasileiro que se encontra no Acervo de Eduardo Lourenço, depositado na Biblioteca Nacional em Lisboa. -
O Labirinto da SaudadeSomos, enfim, quem sempre quisemos ser. E todavia, não estando já na África, nem na Europa, onde nunca seremos o que sonhámos, emigrámos todos, colectivamente, para Timor.É lá que brilha, segundo a nova ideologia nacional veiculada noite e dia pela nossa televisão, o último raio do império que durante séculos nos deu a ilusão de estarmos no centro do mundo. E, se calhar, é verdade. -
Esquerda Na Encruzilhada Ou Fora da História?Não se pode ganhar uma partida de xadrez sem o adversário cometa erros. Esta máxima não é apenas verdadeira para o mais subtil e cruel dos jogos que os homens inventaram. Se neste momento a esquerda europeia está,ou parece estar,numa situação particularmente melindrosa,é talvez apenas por ter imaginado que os erros ou pecados políticos,sociais e económicos só podiam ser cometidos pela Direita,ou,talvez melhor,que a Direita é a expressão,nessa ordem,da História como pecado. -
Tempo da Música, Música do TempoTrata-se de um conjunto de textos inéditos, colhidos em fontes dispersas e pessoais do autor e seleccionados pela historiadora da arte e musicóloga Barbara Aniello. Dentro da produção de Eduardo Lourenço, este livro sobre a música é sui generis: surge como colecção de apontamentos escritos num arco temporal vastíssimo, a partir de estímulos musicais emoldurados numa época e num espaço que nos fogem, mas que são fotogramas da biografia do seu autor. Por se tratar de material fragmentário e ocasional, tornou-se necessário fornecer elementos que melhorassem o seu entendimento, para facilitar ao leitor esse enquadramento e para poder a crítica formular hipóteses. Por isso, respondendo à exigência de uma abordagem o mais exaustiva possível ao tema, foi feita uma versão completa com comentários musicológicos, notas de rodapé e anexos, a publicar na série das Obras Completas de Eduardo Lourenço, editadas pela Fundação Calouste Gulbenkian, com a colaboração científica da Universidade de Évora. -
Os Militares e o Poder Seguido de o Fim de Todas as Guerras e a Guerra sem fimEduardo Lourenço não cessa de nos surpreender com a sua clarividência - quase vidência - e argúcia. Neste livro, com textos dos anos 70 (à excepção do último, escrito propositadamente para esta colectânea), revelam-se com extrema clareza as características do povo português que o fazem viver ciclicamente momentos de angústia e dificuldade. Implacável e certeiro na análise, Eduardo Lourenço mostra-nos a uma luz crua o que somos e, consequentemente, o que nos espera. -
Crónicas Quase MarcianasA colecção «Obras de Eduardo Lourenço», da Gradiva, é enriquecida com um novo título de Eduardo Lourenço, um dos principais pensadores contemporâneos. Em causa está uma colectânea de crónicas (que foram sendo originalmente publicadas na Visão) de enorme actualidade em que o autor reflecte sobre o Portugal e o mundo dos últimos anos, com a ironia e o humor que lhe são habituais. Apresentando uma análise acutilante, esta nova obra dirige-se a um público vasto, com um registo ao mesmo tempo interessante e acessível. «A América que está ou tem tendência - mormente sob o ponto de vista tecnológico a estar em toda a parte e a intervir cada vez mais abertamente no destino do planeta como um todo, não só presume das suas forças como não pode levar a cabo a sua missão providencial sem o consentimento implícito e o apoio da Europa, por mais subalternizada que esteja ou pareça. Vendo bem, esta América tão fora dela e tão dominadora do mundo não está certa de um futuro tão americano, como agora o imagina e nós europeus temos tendência a crer, hipnotizados pelo exemplo dos exemplos, o do Império Romano.»
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A Crise da Narração«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.» É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades. Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação. Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração. E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade. -
Inglaterra - Uma ElegiaNeste tributo pungente e pessoal, o filósofo Roger Scruton tece uma elegia à sua pátria, a Inglaterra, que é, ao mesmo tempo, uma esclarecedora e exaltante análise das suas instituições e cultura e uma celebração das suas virtudes.Abrangendo todos os aspectos da herança inglesa e informado por uma visão filosófica única, Inglaterra – Uma Elegia mostra como o seu país possui uma personalidade distinta e como dota os seus nacionais de um ideário moral também ele distinto.Inglaterra – Uma Elegia é uma defesa apaixonada, mas é também um lamento profundamente pessoal pelo perda e desvanecimento dessa Inglaterra da sua infância, da sua complexa relação com o seu pai e uma ampla meditação histórica e filosófica sobre o carácter, a comunidade, a religião, a lei, a sociedade, o governo, a cultura e o campo ingleses. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
As Fronteiras do ConhecimentoEm tempos muito recentes, a humanidade aprendeu muito sobre o universo, o passado e sobre si mesma. E, através dos nossos notáveis sucessos na aquisição de conhecimento, aprendemos o quanto ainda temos para aprender: a ciência que temos, por exemplo, abrange apenas 5% do universo; a pré-história ainda está a ser estudada, com muito por revelar, milhares de locais históricos ainda a serem explorados; e as novas neurociências da mente e do cérebro estão ainda a dará os primeiros passos. O que sabemos e como o sabemos? O que sabemos agora que não sabemos? E o que aprendemos sobre os obstáculos para saber mais? Numa época de batalhas cada vez mais profundas sobre o significado do conhecimento e da verdade, estas questões são mais importantes o que nunca. As Fronteiras do Conhecimento dá resposta a estas questões através de três campos cruciais de investigação: ciência, história e psicologia. Uma história notável da ciência, da vida na Terra e da própria mente humana, este é um tour de force convincente e fascinante, escrito com verve, clareza e uma amplitude deslumbrante de conhecimento. -
A Religião WokeUma onda de loucura e intolerância está a varrer o mundo ocidental. Com origem nas universidades americanas, a religião woke está a varrer tudo à sua passagem: universidades, escolas, empresas, meios de comunicação social e cultura.Esta religião, propagandeia, em nome da luta contra a discriminação, dogmas no mínimo inauditos:A «teoria de género» professa que o sexo e o corpo não existem e que a consciência é que importa.A «teoria crítica da raça» afirma que todos os brancos são racistas, mas que nenhuma pessoa «racializada» o é.A «epistemologia do ponto de vista» defende que todo o conhecimento é «situado» e que não existe ciência objectiva, nem mesmo as ciências exactas.O objectivo dos wokes é «desconstruir» todo o património cultural e científico e pôr-se a postos para a instauração de uma ditadura em nome do «bem» e da «justiça social».É tudo isto e muito mais que Braunstein explica e contextualiza neste A Religião Woke, apoiado por textos, teses, conferências e ensaios, que cita e explica longamente, para denunciar esta nova religião que destrói a liberdade.Um ensaio chocante e salutar. -
O que é a Filosofia?A VERSÃO EM LIVRO DO «CONTAGIANTE» PODCAST DE FILOSOFIA, COM PROTAGONISTAS COMO PLATÃO, ARISTÓTELES, AGOSTINHO, KANT, WITTGENSTEIN E HEIDEGGER. A PARTIR DO CICLO GRAVADO PELO CCB. Não há ninguém que não tenha uma «filosofia», achando-a tão pessoal que passa a ser «a minha filosofia». Há também quem despreze a filosofia e diga que é coisa de «líricos» — as pessoas de acção que acham que a filosofia nada tem que ver com a vida. Há ainda a definição mais romântica: a filosofia é a amizade pelo saber. E para todo este conjunto de opiniões há já teses filosóficas, interpretações, atitudes, mentalidades, modos de ser. Mas então afinal: O que é a filosofia? É essa a pergunta que aqui se faz a alguns protagonistas da sua história, sem pretender fazer história. A filosofia é uma actividade que procura descobrir a verdade sobre «as coisas», «o mundo», os «outros», o «eu». Não se tem uma filosofia. Faz-se filosofia. A filosofia é uma possibilidade. E aqui começa já um problema antigo. Não é a possibilidade menos do que a realidade? Não é o possível só uma ilusão? Mas não é o sonho, como dizia Valéry, que nos distingue dos animais? Aqui fica já uma pista: uma boa pergunta põe-nos na direcção de uma boa resposta, e uma não existe sem a outra, como se verá. «Se, por um lado, a erudição do professor António de Castro Caeiro é esmagadora, o entusiasmo dele pela filosofia e por estes temas em geral é bastante contagiante.» Recomendação de Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra -
Caminhar - Uma FilosofiaExperiência física e simultaneamente mental, para Frédéric Gros, caminhar não é um desporto, mas uma fuga, uma deriva ao acaso, um exercício espiritual. Exaltada e praticada por Thoreau, Rimbaud, Nietzsche e Gandhi, revestiu-se, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, de muitas formas: errância melancólica ou marcha de protesto, imersão na natureza ou pura evasão. Do Tibete ao México, de Jerusalém às florestas de Walden, CAMINHAR (2008) inspira-nos a sair de casa e mostra como, pelo mundo inteiro, esta arte aparentemente simples de «pôr um pé à frente do outro» tem muito a oferecer e a revelar sobre o ser humano. -
Sobre a Brevidade da Vida - Edição EspecialAgora numa edição especial em capa dura.Um livro sobre o desperdício da própria existência. Escrito há dois mil anos para ser entendido agora.Com data de escrita normalmente situada no ano 49, Sobre a Brevidade da Vida, do filósofo romano Séneca, versa sobre a natureza do tempo, sobre a forma como é desaproveitado com pensamentos e tarefas que se afastam de princípios éticos de verdadeiro significado.Ainda que anotado no dealbar da era cristã, este tratado reinventa a sua própria atualidade e parece aplicável com clareza aos tempos de hoje, vividos numa pressa informativa, no contacto exagerado, tantas vezes a respeito de nada que importe, proporcionado pelas redes sociais.Sobre a Brevidade da Vida está longe de ser um livro dentro dos conceitos atuais de autoajuda. É, talvez bem pelo contrário, um texto duro, arrojado, incomodativo, como que escrito por um amigo que nos diz o que não queremos ouvir, por o saber necessário.Chegar ao fim do nosso tempo e senti-lo desperdiçado, eis a grande tragédia, segundo Séneca.

