É Preciso que Te Lembres dos Passeios com o Teu Cão - Poesia (1983-2017)
Com desenhos e pinturas do Autor.
Apresentação de Paulo Borges | Edição de Carlos Alberto Machado | Organização visual de Mariana Martins Matos | Nota editorial de Alexandre Borges
Com É PRECISO QUE TE LEMBRES DOS PASSEIOS COM O TEU CÃO conclui a Companhia das Ilhas a publicação da poesia inédita de Mário T Cabral.
O presente volume reúne 14 livros que se encontravam nos arquivos do autor em diferentes pontos de evolução – de BESTIÁRIO, PROVINCIANA, HORAS A MEU PAI ou SONETOS, que poderiam, pela sua consistência e dimensão, ser, sem dificuldade, publicados autonomamente, a outros ainda em evidente estado inicial, mas onde são já perceptíveis o conceito e o estilo projectados, em cada caso, pelo poeta. De fora, fica apenas um número residual de poemas, reunidos em conjuntos de forma ainda vaga ou inconsistente, onde ainda não era vislumbrável o caminho de um “livro”.
| Editora | Companhia das Ilhas |
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| Categorias | |
| Editora | Companhia das Ilhas |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | Mário T. Cabral |
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O Livro dos Anjos(...) Os primeiros poemas de O Livro dos Anjos (...) foram escritos ainda em 1989, quando o autor deixou Lisboa e regressou aos Açores. Deveriam integrar outro livro - Via Sacra - Poemas Místicos - mas, aos poucos, emanciparam-se e tornaram-se um projecto autónomo. Em 1998, isto é, nove anos depois, estava terminada a primeira versão, já de si vista e revista, escrita e rescrita. Mário foi sempre o oposto do poeta espontâneo, arrebatado, sentimental; era racional, cristão, porém grego, apolíneo, que pondera, traça, esculpe, em busca da beleza ou da verdade. A versão derradeira, que encontra nas páginas que se seguem, seria terminada a 13 de Julho de 2017, a quatro semanas da morte. Tinham passado 28 anos desde a redacção do primeiro verso, mais de metade da vida do Mário, toda a carreira profissional e quase toda a vida literária. Que aconteceu a estes poemas ao longo desses 28 anos? Mudaram, várias vezes. Transfiguraram-se, numas ocasiões complexificaram-se, noutras simplificaram-se, viveram, envelheceram. Como o próprio livro diz e no contexto de um tema caro ao autor, “um jardim nunca está pronto”. O mesmo com estes poemas. Nunca estiveram completos nem terminados. Cessam aqui porque cessou a mão que os escrevia, completam-se por impossibilidade de serem mais. Não houve um momento em que tivessem sido melhores nem piores; foram, como as árvores ou as flores, de acordo com a estação da vida, a destreza e a energia do jardineiro. Conheceram várias reencarnações e terminam nestas. São as que o público conhecerá. (…) Nas suas notas no fim do século, o autor definia-o como “um livro religioso, que descreve a morte física do Eu e a ressurreição metafísica do Espírito Santo ou Logos”. Mas a versão de então não o era tanto como a derradeira. Afinal, como se lê nos poemas actuais, o anjo “sabe vinte anos antes o que venho a saber”, “Estou com eles no futuro à minha espera”. Alexandre Borges (do Prefácio) -
As Quatro EstaçõesÉ já uma tese antiga, a de que existimos condicionados a um movimento constante amarrado a uma imobilidade permanente, próxima da solenidade. Primavera, tempo da revolução, dos recomeços brutais e das metamorfoses assíduas, cuja força germinadora emana também do ódio com que «o galo novo mata o galo velho». E se o Verão é a estação do vigor, regente de plenitude tal que pode já antever o seu decrescimento, o Outono, por sua vez, fica a postos para o «rodopio senil» e «o terror existe, efectivamente, ao fim da tarde», num impasse entre claridade e nostalgia. Por fim, no Inverno, lugar da cegueira, «luva sem dedos», não sabemos se estamos confrontados com o fim, se com o perpétuo replantio de novos fins. Quatro Estações pode ser lido como um ensaio poético-filosófico, ou entendido como uma narrativa teleológica, onde, sob o manto em que o caos é o denominador comum, os eventos mínimos quotidiano subjazem sempre, como uma eterna sombra, a uma ordem maior do que a sua aparência. Entrecruzando diferentes artérias literárias num pulsar verbalmente intenso, a voz de Mário T. Cabral encara-nos, neste livro, com todo o seu despojo, clarividência, desassombro, fulgor, beleza -
Para Onde Vamos, Irmãs?Serenidade e urgência, mas nunca medo: no confronto com as revelações implacáveis que a morte lhe traz, o sujeito destes poemas não resvala um só passo. Pelo contrário, mune-se dela. Pressentida e, portanto, desarmada, rendida ao poder criador do verbo, tão indefesa quanto libertadora, como em Antero, tão despida que se abre, a morte reduz-se, como nos célebres versos de Herberto, a nada mais do que uma «porta / para uma nova palavra». Que palavra? Esta parece, de facto, ser a pergunta suscitada pelo título. Para Onde Vamos, Irmãs? reúne textos escritos e reescritos entre 1985 e 2017, ano em que o poeta terceirense «enrolou todo o seu corpo em forma de viagem» e adormeceu como «as sementes que o lavrador atira, de mão em leque». A evidência da passagem e da partida não lhe merece nenhum timbre condoído, nenhum desconsolo encolerizado – à harmonia entre lei e natureza responde com a lucidez de quem «aprendeu a serenar», de quem regressa ao «reino do sol», como quem adquiriu um imperturbável «conhecimento sinestésico», mesmo que todo o conhecimento, já dizia o sábio do Eclesiastes, acarrete tristeza. É a tristeza, todavia, de quem constata estar só quando o sol «lhe entra pela boca» – nada que se compare com a miséria daqueles que querem ficar «vivos para sempre / ressequidos e podres». -
O Porta-EstandarteEm O Porta-Estandarte (obra escrita e reescrita desde 1986, a última das quais em 2017, ano da morte prematura do autor), revelam-se diversas camadas onde encontramos gravada alguma da história do seu pensamento. Mas o que importa reter nesta obra, é que a harmonia entre Espírito e Natureza parece ser uma ideia retida e aprofundada na maturidade do autor. Mas essa mesma harmonia encontrada pelo filho do Rei e Rainha (personagens da narrativa) não será sentida pelo seu próprio filho (neto, portanto, do Rei e Rainha), que sente a necessidade de regressar ao povo da Ilha das Flores. Nesta fase final da obra, levanta-se, pois, a questão do que será o verdadeiro porta-estandarte. Aquele que finalmente encontra a harmonia fora do seu povo, num modo de contemplação prática que elimina a tensão entre Espírito e Natureza? Ou aquele que pretende regressar e liderar o seu povo? Deve-se procurar a felicidade individual na contemplação ou, como Platão indica n’A República, voltar à caverna e trazer os concidadãos consigo?Mário T Cabral via o regresso à caverna como uma obrigação moral e política. No seu papel de professor, regressava diariamente à caverna, vindo na camioneta que liga São Mateus a Angra. Chegado ao Liceu, abria todas as janelas da sala de aula pedindo luz. É a luz que aponta a saída da caverna. Paralelamente, ia escrevendo a presente obra, entre tantas outras, seguindo um dos seus horários rigorosos. O Porta-Estandarte é obra de uma vida, escrita por quem foi, nas suas aulas, um porta-estandarte da filosofia nascida na Grécia, tal como preservada pela cultura cristã, e trabalhada por Mário T Cabral numa ilha portuguesa. Cada livro publicado é um reabrir da janela fechada prematuramente em 2017.O autor merece e, se aceitarmos a sua visão da Criação, todos nós também.Nuno Martins, do “Prefácio” -
Meteorologia - Contos para Adultos que não Quiseram ser GrandesDe que «meteorologia» se fala aqui? A questão ganha pertinência se pensarmos num contexto insular em que, durante certo tempo, os factores atmosféricos, climáticos, adquiriram no interior da reflexão literária e cultural algum papel de relevo.Neste particular, os contos de Mário T Cabral oscilam entre a referência explícita e a alusão tangencial que, no seu nível de conhecimento, um leitor de proximidade será capaz, ainda assim, de descodificar. Trata-se, por norma, de uma indicação pontual, sem grandes expansões descritivas, deixando ao leitor a possibilidade de lançar mão da informação empírica à disposição no seu “arquivo” pessoal – ou ainda, num outro plano, constituem os lugares de um território ficcional em que as personagens se movimentam e interagem, por vezes em situação conflituosa. Mais do que ater-se demoradamente aos traços físicos de um determinado espaço, sem a cedência à “tentação” paisagística e etnográfica, o escritor opta pela apresentação de personagens e de situações que no seu desenvolvimento configuram um jogo de experiências colectivas ou individuais e um quadro de relações interpessoais que remetem em último lugar para diferentes facetas de uma condição social.Ora, é preferencialmente sobre espaço açoriano que se recortam as personagens de Cabral. Enquadradas por situações comuns, elas movimentam-se em histórias de um quotidiano comezinho, embora complexo e diversificado, sem heroísmos nem sobressaltos, pautado pela mediania que as vidas miúdas arrastam com elas, e em que diversos caminhos desembocam na religiosidade e nos seus rituais e expressões.Urbano Bettencourt, do “Prefácio -
EudemimPrefácio de Leonor Sampaio da Silva «Eudemim é um livro polifónico e complexo, ao longo do qual acompanhamos o percurso de um homem desde o dia em que celebra o seu trigésimo aniversário até depois da sua morte, através de inúmeras vozes (incluindo a dele próprio), que nos narram as suas origens e descendência, as suas dores e fragilidades, os seus sonhos e conquistas. Bastaria isso para vislumbrar nele um projecto de escrita ambicioso. Acresce ainda ao complexo fio que urde a acção principal vários outros factores que contribuem para a opulência de uma narrativa em que a literatura se alia à pintura, à arquitectura e à filosofia para se mostrar como espaço inclusivo de saberes e sensibilidades. […] No plano geográfico, o arquipélago é o espelho territorial da temática abordada no romance. A ilha espelha o isolamento, e a condição arquipelágica reitera a unidade na multiplicidade, não só por via da proximidade insular, mas pelo tipo de nuvens que povoam o céu açoriano: “Os céus das ilhas são com a maior frequência repletos de nuvens em diversas cores e gradações, o que dá a ideia de espaço ainda maior e desdobrado até ao Eterno.” […] Na esteira do pensamento contemporâneo que aborda o tema complexo da identidade sob a perspectiva dinâmica de um conhecimento que se vai construindo com o tempo, influenciado pelas experiências e as relações interpessoais, recusando o carácter estático e unívoco que, no passado a prendeu a estereótipos, e de um tema (o Duplo) com profundas raízes na tradução literária ocidental (pense-se, por exemplo em Dr. Jekyll and Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson, ou de Orlando, de Virginia Woolf, para só citar dois exemplos) Eudemim convida à visão do Eu como o Outro-Dentro-de-Mim: não um monstro ou uma ameaça, mas uma oportunidade de recomeços infinitos. Em número plural e em nome do pluralismo se tece este romance, que é reflexão filosófica, partilha artística e manifesto a favor da diferença como a face mais promissora do Eu futuro.» [Do Prefácio] -
A Ceia GrandeApresentação de Sandra Garcia «(…) Neste livro emocionamo-nos com a dimensão do amor pelo Filho, de José, que o abre, ao de Maria, que o encerra. Um amor cheio de matizes, humano e divino, terreno e reverente, maior do que as palavras. São vários os personagens que nos vão dando novas leituras e abordagens de Cristo. Na sua maioria, à parte Maria e José, não se trata de personagens principais ou as mais óbvias, mas as que figuraram em segundo plano e que aqui adquirem centralidade e voz própria. (…) A dúvida e a divisão entre o dever de cuidar da casa e da família e entre tudo deixar para segui-Lo que angustiou o jovem herdeiro que não acedeu, de imediato, ao repto: “Vem e Segue-Me», e que depois é reconciliada com a certeza de que «não há nada de mal na posse, quando ela respeita a Lei – embora, mesmo assim, os bens jamais saciem a nossa sede de infinito.” O Mário foi um homem da sua casa, da sua família. Foi da Razão e da Filosofia, como foi da Arte, da Ética e da Estética. E foi também da Fé. Principalmente da Fé. Assim mesmo: sem contradições, por inteiro. Como o jovem herdeiro desde muito cedo que intuiu “que nada de apenas humano me alimentaria a vida”. Teve sempre sede de Infinito. Que possamos também vislumbrá-la e partilhá-la, essa sede de Infinito que nos inquieta, no banquete que é a obra A Ceia Grande.»[Sandra Garcia]
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Tal como És- Versos e Reversos do RyokanAntologia poética do monge budista Ryokan, com tradução a partir do original japonês. -
TisanasReedição das Tisanas de Ana Hatherly, poemas em prosa que ocuparam grande parte da vida da poeta e artista. -
NocturamaOs poemas são a exasperação sonhada As palavras são animais esquivos, imprecisos e noturnos. É desse pressuposto que Nocturama lança mão para descobrir de que sombras se densifica a linguagem: poemas que se desdobram num acordeão impressionante, para nos trazerem de forma bastante escura e às vezes irónica a suprema dúvida do real. -
Primeiros Trabalhos - 1970-19791970-1979 é uma selecção feita pela autora, da sua escrita durante esse mesmo período. Uma parte deste livro são trabalhos nunca publicados, onde constam excertos do seu diário, performances e notas pessoais. A maioria dos textos foram publicados ao longo da década de setenta, em livros que há muito se encontram esgotados, mesmo na língua original.“Éramos tão inocentes e perigosos como crianças a correr por um campo de minas.Alguns não conseguiram. A alguns apareceram-lhes mais campos traiçoeiros. E algunsparece que se saíram bem e viveram para recordar e celebrar os outros.Uma artista enverga o seu trabalho em vez das feridas. Aqui está então um vislumbredas dores da minha geração. Frequentemente bruto, irreverente—mas concretizado,posso assegurar, com um coração destemido.”-Patti SmithPrefácio de Rafaela JacintoTradução de cobramor -
Horácio - Poesia CompletaA obra de Horácio é uma das mais influentes na história da literatura e da cultura ocidentais. Esta é a sua versão definitiva em português.Horácio (65-8 a.C.) é, juntamente com Vergílio, o maior poeta da literatura latina. Pela variedade de vozes poéticas que ouvimos na sua obra, estamos perante um autor com muitos rostos: o Fernando Pessoa romano. Tanto a famosa Arte Poética como as diferentes coletâneas que Horácio compôs veiculam profundidade filosófica, mas também ironia, desprendimento e ambivalência. Seja na sexualidade franca (censurada em muitas edições anteriores) ou no lirismo requintado, este poeta lúcido e complexo deslumbra em todos os registos. A presente tradução anotada de Frederico Lourenço (com texto latino) é a primeira edição completa de Horácio a ser publicada em Portugal desde o século XVII. As anotações do professor da Universidade de Coimbra exploram as nuances, os intertextos e as entrelinhas da poética de Horácio, aduzindo sempre que possível paralelo de autores portugueses (com destaque natural para Luís de Camões e Ricardo Reis). -
Um Inconcebível AcasoNo ano em que se celebra o centenário de Wisława Szymborska, e coincidindo com a data do 23º aniversário da atribuição do prémio Nobel à autora, as Edições do Saguão e a tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz apresentam uma antologia dos seus poemas autobiográficos. Para esta edição foram escolhidos vinte e seis poemas, divididos em três partes. Entre «o nada virado do avesso» e «o ser virado do avesso», a existência e a inexistência, nesta selecção são apresentados os elementos do que constituiu o trajecto e a oficina poética de Szymborska. Neles sobressai a importância do acaso na vida, o impacto da experiência da segunda grande guerra, e a condição do ofício do poeta do pós-guerra, que já não é um demiurgo e, sim, um operário da palavra que a custo trilha caminho. Nos poemas de Wisława Szymborska esse trajecto encontra sempre um destino realizado de forma desarmante entre contrastes de humor e tristeza, de dúvida e do meter à prova, de inteligência e da ingenuidade de uma criança, configurados num território poético de achados entregues ao leitor como uma notícia, por vezes um postal ilustrado, que nos chega de um lugar que sabemos existir, mas que muito poucos visitam e, menos ainda, nos podem dele dar conta. -
AlfabetoALFABET [Alfabeto], publicado em 1981, é a obra mais conhecida e traduzida de Inger Christensen.Trata-se de um longo poema sobre a fragilidade da natureza perante as ameaças humanas da guerra e da devastação ecológica. De modo a salientar a perfeição e a simplicidade de tudo o que existe, a autora decidiu estruturar a sua obra de acordo com a sequência de números inteiros de Fibonacci, que está na base de muitas das formas do mundo natural (como a geometria da pinha, do olho do girassol ou do interior de certas conchas). Como tal, Alfabeto apresenta catorze secções, desde a letra A à letra N, sendo que o número de versos de cada uma é sempre a soma do número de versos das duas secções anteriores. Ao longo destes capítulos, cada vez mais extensos, Christensen vai assim nomeando todas as coisas que compõem o mundo.Este livro, verdadeiramente genesíaco, é a primeira tradução integral para português de uma obra sua. -
Fronteira-Mátria - [Ou Como Chegamos Até Aqui]Sou fronteiradois lados de lugar qualquerum pé em cada território.O ser fronteiriço énascer&serde todo-lugar/ lugar-nenhum.(…)Todas as coisas primeiras são impossíveis de definir. Fronteira-Mátria é um livro que traz um oceano ao meio. Neste projeto original que une TERRA e MAZE, há que mergulhar fundo para ler além da superfície uma pulsão imensa de talento e instinto.Toda a criação é um exercício de resistência. Aqui se rimam as narrativas individuais, com as suas linguagens, seus manifestos, suas tribos, mas disparando flechas para lá das fronteiras da geografia, do território, das classes e regressando, uma e outra vez, à ancestral humanidade de uma história que é coletiva — a nossa. Veja-se a beleza e a plasticidade da língua portuguesa, a provar como este diálogo transatlântico é também a celebração necessária do que, na diferença, nos une.Todas as coisas surpreendentes são de transitória definição. Há que ler as ondas nas entrelinhas. Talvez o mais audacioso deste livro seja o servir de testemunho para muito mais do que as quatro mãos que o escrevem. Ficamos nós, leitores, sem saber onde terminam eles e começamos nós.Todas as coisas maravilhosas são difíceis de definir. Este é um livro para ouvir, sem sabermos se é poesia, se é música, se é missiva no vento. Se é uma oração antiga, ainda que nascida ainda agora pela voz de dois enormes nomes da cultura hip-hop de Portugal e do Brasil. Mátria carregada de futuro, anterior à escrita e à canção.Minês Castanheira