Acolher ou Vencer?
Neste livro, o autor mostra como a guerra e a estratégia têm sido mal compreendidas nos últimos trinta anos. Partindo de uma posição ética, critica por igual os pacifistas e os defensores da guerra justa e das operações de imposição da paz da ONU, defendendo que a assimilação dos conceitos das relações internacionais pelos militares e pelos decisores políticos tem levado à incapacidade ocidental para gerir as guerras e para as conter.
| Editora | Esfera do Caos |
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| Editora | Esfera do Caos |
| Negar Chronopost e Cobrança | Não |
| Autores | António Horta Fernandes |
António Horta Fernandes, Docente do Departamento de Estudos Políticos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI). Estrategista e Polemologista, publicou Livro dos Contrastes - Guerra e Política (2017), Acolher ou Vencer? A guerra e a estratégia na actualidade (2011), Grandes Estrategistas Portugueses. Antologia (com António Paulo Duarte (2007), Entre a História e a Vida. A teoria da história em Ortega y Gasset (2006), Pensar a Estratégia (com Francisco Abreu) (2004), Portugal e o Equilíbrio Peninsular (com António Paulo Duarte) (2004) e O Homo Strategicus ou a Ilusão de uma Razão Estratégica (1998).
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Livro dos Contrastes, Guerra e PolíticaEm Apocalise Now, o genial filme de guerra realizado por Francis Ford Coppola, inspirado, como e sabido, no livro de Joseph Conrad, o Coração das Trevas, ao protagonista, capitão Willard, e proposta a missão de terminar com o comando, a todos os títulos, extraviado, do coronel Kurtz. Kurtz e acusado de ser um assassino, apesar de no seu sector o Vitecong ter sido reduzido a mínima expressão. Pois bem, interroga-se Willard se no meio de uma guerra completamente fora dos padrões clássicos, mal conduzida, exorbitada em termos militares, por parte dos norte-americanos, no âmbito do que deveria antes ser uma acção de contra-subversão judiciosa, faz algum sentido acusar alguém de assassínio. A Willard parece-lhe ser a coisa mais louca alguma vez ouvida, porque e como querer multar os pilotos por excesso de velocidade nas 500 milhas de Indianapolis. Na verdade, tem Willard razão e não tem. Porque se na guerra nem tudo vale, sob pena de ascensão aos extremos, naquele caso particular, como quiçá em todos os demais, no meio da violência desatada, do homicídio generalizado que e a guerra, particularmente se pensarmos no empenhamento de meios possíveis e na ingente mobilização estratégica de recursos no século XX (superando em muito a dimensão tão só militar), as reflexões de Willard não são de todos descabidas. Ainda hoje não há uma resposta cabal, se e que alguma vez haverá, para dar ao perplexo capitão da 173a Brigada Aerotransportada, apesar de já habituado a patrulhas de longo raio de acção, e sobretudo, a operações clandestinas com a CIA. Está em causa, ao mesmo tempo a malignidade da guerra e a sua complexidade. Ou melhor, a complexidade por via da malignidade. -
Guerra Santa e Guerra Justa - Um Desígnio Medieval?Hoje, quando se fala em Guerra Santa e Guerra Justa, vem-nos quase sempre à memória a lembrança das cruzadas e com elas da Idade Média, essa época dita obscura onde os homens se matavam por causa da fé, ou onde havia sempre um pretexto reputado de justo para guerrear. Nada disso parece ser verdade e a presente obra visa mostrar que não o é, procurando desconstruir um conjunto de ideias arreigadas mesmo na mais recente historiografia medievalista. Na guerra santa, não é a guerra que é santa, antes a defesa da ordem que o homem medieval julga ser maculada pelo oponente. A guerra em si nunca deixa de ser condenada e denegrida ao longo de toda a Idade Média. Porém, muitas vezes os homens vêem-se na necessidade de combater e de justificar o combate, de apelar à defesa armada e à restauração da ordem querida por Deus, sendo essa defesa que valorizam enquanto forma de restabelecer a ordem, mas não por ser armada. O leitor perceberá que na Idade Média não se caracteriza pelo cultivo dos valores marciais nem as suas sociedades se revelam como organizadas para e pela guerra. Justamente o oposto. É que a ordem, incluindo a ordem política, querida por Deus assenta exclusivamente na paz. Paz e guerra configuravam dois mundos apartados. Como argumenta o autor, neste estudo também com pendor comparativo, apenas a partir da Idade Moderna, com o surgimento do Estado, depois Estado soberano, se vai muito paulatinamente pondo fim à dicotomia entre guerra e paz, procurando integrar a guerra no tecido político, como acção intrínseca à política. A relação entre a guerra e a paz toma cada vez mais a senda de um cálculo pragmático de poder, desde o equilíbrio de poder até à luta pelo poder na cena internacional contemporânea. Todavia, a guerra continua a ser um fenómeno ultimamente incontrolável e intratável, tendente a ir de si e a gerar os seus próprios objectivos. A humanidade desde que começou a fazer guerra cedo se apercebeu disso: no mundo medieval ainda de forma mais clara, até porque pressentia não dispor de estruturas institucionais de encaixe desenvolvidas que permitissem amortecer os efeitos bélicos, como mais tarde veio, em parte, a acontecer. Sim, a Idade Média, aquilo que convencionalmente designamos por Idade Média, no seu arco temporal de 1000 anos, é uma era convulsiva, de imensa violência intestina. Mas tal não significa que aprove e elogie a violência, nomeadamente a violência da guerra; ao contrário, na Idade Média as únicas acções justas são aquelas conforme à paz. No meio de guerras tidas por inevitáveis, porque o homem se desvia do bem, diz-se, justos são os campeões da paz só e somente enquanto restauram a paz e não pela guerra que necessariamente acometem.
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A Esquerda não é WokeSe somos de esquerda, somos woke. Se somos woke, somos de esquerda.Não, não é assim. E este erro é extremamente perigoso.Na sua génese e nas suas pedras basilares, o wokismo entra em conflito com as ideias que guiam a esquerda há mais de duzentos anos: um compromisso com o universalismo, uma distinção objetiva entre justiça e poder, e a crença na possibilidade de progresso. Sem estas ideias, afirma a filósofa Susan Neiman, os wokistas continuarão a minar o caminho até aos seus objetivos e derivarão, sem intenção mas inexoravelmente, rumo à direita. Em suma: o wokismo arrisca tornar-se aquilo que despreza.Neste livro, a autora, um dos nomes mais importantes da filosofia, demonstra que a sua tese tem origem na influência negativa de dois titãs do pensamento do século XXI, Michel Foucault e Carl Schmitt, cuja obra menosprezava as ideias de justiça e progresso e retratava a vida em sociedade como uma constante e eterna luta de «nós contra eles». Agora, há uma geração que foi educada com essa noção, que cresceu rodeada por uma cultura bem mais vasta, modelada pelas ideias implacáveis do neoliberalismo e da psicologia evolutiva, e quer mudar o mundo. Bem, talvez seja tempo de esta geração parar para pensar outra vez. -
Não foi por Falta de Aviso | Ainda o Apanhamos!DOIS LIVROS DE RUI TAVARES NUM SÓ: De um lado, as crónicas que há muito alertavam para a ameaça do autoritarismo Do outro, aquelas que nos apontam o caminho para um Portugal melhor Não foi por Falta de Aviso. Na última década e meia, enquanto o mundo lutava com as sequelas de uma crise financeira e enfrentava uma pandemia, crescia uma ameaça maior à nossa forma democrática de vida. O regresso do autoritarismo estava à vista de todos. Mas poucos o quiseram ver, e menos ainda nomear desde tão cedo. Não Foi por Falta de Aviso é um desses raros relatos. Porque o resto da história ainda pode ser diferente. Ainda o Apanhamos! Nos 50 anos do 25 Abril, que inaugurou o nosso regime mais livre e generoso, é tempo de revisitar uma tensão fundamental ao ser português: a tensão entre pequenez e grandeza, entre velho e novo. Esta ideia de que estamos quase sempre a chegar lá, ou prontos a desistir a meio do caminho. Para desatar o nó, não basta o «dizer umas coisas» dos populistas e não chegam as folhas de cálculo dos tecnocratas. É preciso descrever a visão de um Portugal melhor e partilhar um caminho para lá chegar. SINOPSE CURTA Um livro de Rui Tavares que se divide em dois: de um lado, as crónicas que há muito alertavam para a ameaça do autoritarismo; do outro, as crónicas que apontam o caminho para um Portugal melhor. -
O Fim da Paz PerpétuaO mundo é um lugar cada vez mais perigoso e precisamos de entender porquêCom o segundo aniversário da invasão da Ucrânia, que se assinala a 24 de Fevereiro, e uma outra tragédia bélica em curso no Médio Oriente, nunca neste século o mundo esteve numa situação tão perigosa. A predisposição bélica e as tensões político-militares regressaram em força. A ideia de um futuro pacífico e de cooperação entre Estados, sonhada por Kant, está a desmoronar-se.Este livro reflecte sobre o recrudescimento de rivalidades e conflitos a nível internacional e sobre as grandes incógnitas geopolíticas com que estamos confrontados. Uma das maiores ironias dos tempos conturbados que atravessamos é de índole geográfica. Immanuel Kant viveu em Königsberg, capital da Prússia Oriental, onde escreveu o panfleto Para a Paz Perpétua. Königsberg é hoje Kaliningrado, território russo situado entre a Polónia e a Lituânia, bem perto da guerra em curso no leste europeu. Aí, Putin descerrou em 2005 uma placa em honra de Kant, afirmando a sua admiração pelo filósofo que, segundo ele, «se opôs categoricamente à resolução de divergências entre governos pela guerra».O presidente russo está hoje bem menos kantiano - e o mundo também. -
Manual de Filosofia PolíticaEste Manual de Filosofia Política aborda, em capítulos autónomos, muitas das grandes questões políticas do nosso tempo, como a pobreza global, as migrações internacionais, a crise da democracia, a crise ambiental e a política de ambiente, a nossa relação com os animais não humanos, a construção europeia, a multiculturalidade e o multiculturalismo, a guerra e o terrorismo. Mas fá-lo de uma forma empiricamente informada e, sobretudo, filosoficamente alicerçada, começando por explicar cada um dos grandes paradigmas teóricos a partir dos quais estas questões podem ser perspectivadas, como o utilitarismo, o igualitarismo liberal, o libertarismo, o comunitarismo, o republicanismo, a democracia deliberativa, o marxismo e o realismo político. Por isso, esta é uma obra fundamental para professores, investigadores e estudantes, mas também para todos os que se interessam por reflectir sobre as sociedades em que vivemos e as políticas que queremos favorecer. -
O Labirinto dos PerdidosMaalouf regressa com um ensaio geopolítico bastante aguardado. O autor, que tem sido um guia para quem procura compreender os desafios significativos do mundo moderno, oferece, nesta obra substantiva e profunda, os resultados de anos de pesquisa. Uma reflexão salutar em tempos de turbulência global, de um dos nossos maiores pensadores. De leitura obrigatória.Uma guerra devastadora eclodiu no coração da Europa, reavivando dolorosos traumas históricos. Desenrola-se um confronto global, colocando o Ocidente contra a China e a Rússia. É claro para todos que está em curso uma grande transformação, visível já no nosso modo de vida, e que desafia os alicerces da civilização. Embora todos reconheçam a realidade, ainda ninguém examinou a crise atual com a profundidade que ela merece.Como aconteceu? Neste livro, Amin Maalouf aborda as origens deste novo conflito entre o Ocidente e os seus adversários, traçando a história de quatro nações preeminentes. -
Esquerda e Direita: guia histórico para o século XXIO que são, afinal, a esquerda e a direita políticas? Trata-se de conceitos estanques, flutuantes, ou relativos? Quando foi que começámos a usar estes termos para designar enquadramentos políticos? Esquerda e Direita: guia histórico para o século XXI é um ensaio historiográfico, político e filosófico no qual Rui Tavares responde a estas questões e explica por que razão a terminologia «esquerda / direita» não só continua a ser relevante, como poderá fazer hoje mais sentido do que nunca. -
Textos Políticos - Antologia«É aos escritos mais evidentemente políticos que é dedicada a escolha que se segue. É uma escolha pessoal – não há maneira menos redundante de dizer o óbvio. A minha intenção é pôr em destaque a dedicação de Gramsci a um projecto revolucionário muito claro: a assunção do poder por qualquer meio adequado para chegar a uma “ditadura do proletariado” que – ai de nós!, como diria Gramsci – terá de ser encarnada inicialmente pelo domínio do Partido e dos seus “melhores”, da sua aristocracia. Gramsci não tem medo das palavras – mas conhece o seu poder. Daí a sua popularidade entre uma extrema-esquerda como a do defunto Podemos, por exemplo, cujo ex-chefe carismático disse, numa entrevista aos Financial Times: “A realidade é definida pelas palavras. De modo que quem é dono das palavras tem o poder de moldar a realidade”. Essa ditadura não é o que nós julgamos ver: quer dizer, dizem-nos, liberdade.» da Introdução. -
Introdução ao ConservadorismoUMA VIAGEM À DOUTRINA POLÍTICA CONSERVADORA – SUA ESSÊNCIA, EVOLUÇÃO E ACTUALIDADE «Existiu sempre, e continua a existir, uma carência de elaboração e destilação de princípios conservadores por entre a miríade de visões e experiências conservadoras. Isso não seria particularmente danoso por si mesmo se o conservadorismo não se tivesse tornado uma alternativa a outras ideologias políticas, com as quais muitas pessoas, alguns milhões de pessoas por todo o mundo, se identificam e estão dispostas a dar o seu apoio cívico explícito. Assim sendo, dizer o que essa alternativa significa em termos políticos passa a ser uma tarefa da maior importância.» «O QUE É O CONSERVADORISMO?Uma pergunta tão directa devia ter uma resposta igualmente directa. Existe essa resposta? Perguntar o que é o conservadorismo parece supor que o conservadorismo tem uma essência, parece supor que é uma essência, e, por conseguinte, que é subsumível numa definição bem delimitada, a que podemos acrescentar algumas propriedades acidentais ou contingentes.»